Como pensa o morador de periferia que se declara ex-eleitor do PT

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Fábio Arantes/Secom
 
 
Jornal GGN – A Fundação Perseu Abramo realizou, entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, uma pesquisa com 63 moradores da periferia de São Paulo, cuja renda familiar gira em torno de dois a cinco salários mínimos, e que declararam algo em comum: votaram no PT em todas as eleições desde 2000, mas não ajudaram a reelger Dilma Rousseff em 2014 nem Fernando Haddad em 2016.
 
A pesquisa revela como pensa esse eleitor em relação ao Estado, à política, ao trabalho, religião, família e sociedade. E concluiu, entre outros pontos, que para esse campo, a política está em descrédito, o Estado é sinônimo de coisa pública e de má qualidade, que as igrejas neopetencostais cresceram não por difundir um pensamento conservador, mas por dar sentido às relações comunitárias, e que figuras como Silvio Santo, Lula e João Doria são exemplos do que esses eleitores querem ser: alguém que ascendeu de baixo e “chegou lá”. 
 
Para o grupo pesquisado, os partidos políticos deveriam fundar uma organização suprapartidária, com a nata de cada legenda, ou seja, aqueles nomes que não estão envolvidos com corrupção e querem trabalhar pelo País. 
 
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O GGN resumiu outros pontos levantados pelos entrevistados:
 
– Os entrevistados têm rotina agitada e, por isso, debates políticos mais aprofundados não são prioridade no cotidiano.
 
– Os assuntos debatidos com frequência são os escolhidos pela grande mídia, como Lava Jato e, no período em que a pesquisa foi feita, eleições municipais.
 
– Não há delimitação clara entre quem poderia ser de esquerda ou de direita e esses conceitos tampouco são discutidos. Palavras pejorativas usadas atualmente para delimitar esses campos (como coxinhas ou reaças) não habitam o imaginário dessa população.
 
– A polarização política não é bem definido ou é inexistente para o público estudao.
 
– Não há clareza entre o que é governo federal, estadual e municipal e suas obrigações e limitações. Tampouco entre o que é Legislativo e Executivo. “É tudo governo”.
 
– Quando o assunto é classe trabalhadora e burguesia, o entrevistado mostra que não vê distância entre o trabalhador e o patrão. Eles são diferentes, mas não há exploração, um precisa do outro porque estão no “mesmo barco”. Não há ideia de coletivo nem de conflito de interesses.
 
– Não importa a renda ou ocupação, as pessoas tendem a dizer que são “classe média”, porque acham que pobreaz está relacionada à falta de moradia e comida e riqueza, à abundância de patrimônios pessoas e familiares.
 
– Buscam ter “singularidade e valores reconhecidos dentro da competitividade capitalista”; não gostam de ser tratados como “os pobres”; organizam estrutura de vida (trabalho, família, religião) em torno da motivação de “serem alguém”. Logo, não negam a importância de política públicas e de acesso a oportunidades, mas rejeitam aquelas que aparentam duvidas das “capacidades individuais”, como as políticas de cotas.
 
– Trabalham para “chegar lá”, serem diferentes dos “mais pobres”. 
 
– Rejeitam situações de caos ou instáveis que ameaçem essa ascensão.
 
– Acham que o “esforço supera tudo”, ou seja, com trabalho e esforço serão alguém na vida, não importa se, na prática, a oportunidade não é democratizada.
 
– Se inspiram em figuras públicas de sucesso como Lula, Silvio Santos de Joao Doria, percebidos como “pessoas que vieram de baixo e cresceram por mérito próprio”.
 
– A ideia de religião é associado ao mérito e às conquistas que chegam com o trabalho. O “Deus ajuda quem cedo madruga” se encaixa muito bem.
 
– Muitos querem ser empreendedores, porque assim se aproximariam de ser “patrões” ou de ter independência. Mas a maioria trata a questão como sonho distante.
 
– Em alguns casos (como cotas), a política pública desvaloriza o cidadão. Muitos entendem que como o Estado é falho, o ideial é pagar pelo mesmo serviço na rede privada (como educação e saúde).
 
– Essa visão de que o público é ruim, contudo, só funciona onde existe um “sentimento de vazio de políticas públicas”. Por exemplo: quem teve acesso aos CEUs, iniciados na gestão Marta Suplicy, consegue fazer uma avaliação independente do que é dito pela grande mídia – que costuma formar o sentimento coletivo de que nada presta no meio público.
 
– Quando o assunto é consumo, os entrevistados que são de faixa etária mais velha deixam claro que o dinheiro é escasso e que investem mais em alimentação, coisas para casa ou educação. Já os mais jovens estão em busca de itens superfluos.
 
– Na questão familiar e moral, há o entendimento de que a sociedade vai mal por causa de “famílias desestruturadas”.
 
– Não gostam de mistura política com religião nos espaços religioso. Têm “posicionamento crítico em relação à ligação de Política e Religião se dá menos por um princípio de ‘laicidade’ do Estado, mas mais pelo medo de que a política “suje/contamine” os espaços religiosos: tratam com desconfiança quem se envolve com a política, como se fosse impossível estar nesse campo sem se render e participar da corrupção.”
 
– Mas não descartam votar em um político que tenha sido indicado pelo líder religioso ou algo assim. “Mas, não parece ser na essência um voto conservador: o voto religioso aparenta se orientar mais por uma relação de proximidade do que por um sentido/motivação ideológica conservadora.”
 
– A política é algo visto com descrédito, como sujeira, embora a maioria entende que ela faz tem importância porque é como se define um governo e, consequentemente, a qualidade dos serviços públicos.
 
– O “sucesso” neopetencostal se daria mais por questões organizacionais, seu papel acolhedor e de sociabilidade na comunidade do que por questões de conteúdo ideológico. Política também é vínculo, acolhimento e identidade – as igrejas nas periferias proporcionam isso.”
 
A pesquisa completa está em anexo.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

56 Comentários

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  1. É um estupido
    São massa de manobra. Gado. Que é culpado por não enxergar a realidade. Gostam dos empresários então mais do que merecem tudo que está por vir.

    1. Um grande problema do intelectual esquerdista…

      Um grande problema do intelectual esquerdista é achar que o povão pensa como ele. Alguns estão tão convictos disto, que não é raro eu ouvir manifestações de desalento como essa acima sempre que é feita a constatação de que o povão tem outras ideias. É nesse ponto que vem a acusação de doutrinação pela mídia, como se o povo das periferias lesse editorial da Globo…

  2. É um bando de tapados

    que adoram o PIG, principalmente a rede de esgoto de televisão. Esses tapados que saíram da miséria com a ajuda do PT e do Lula vão voltar para a miséria e não vai demorar. Mas, por outro lado em parte dessa alienação é culpa do PT e do Lula por não terem enfrentado o PIG e teve tudo para enfrentar. 

    Como pensa um POBRE DE DIREITA : https://www.youtube.com/watch?v=Jj5fnJNP7q4

  3. sei lá, estamos em metástase

    Dizem na bota: “Chi é causa del suo male pianga sé stesso”

    Agora com a reforma da educação é só colher os frutos da nova escravidão para os próximos 500 anos.

  4. Comparem Lula com o resto da esquerda

    Comparem Lula e seus discursos públicos com aqueles que o resto da esquerda faz. Não surpreende que a palavra de Lula tenha grande alcance nessa massa do proletariado que, em virtude da exploração a que é submetida, tem pouca disponibilidade de tempo e ferramentas pra fazer análises políticas mais sofisticadas.

    1. Lula repetiu o palavreado…

      Lula repetiu o palavreado dos intelectuais marxistas enquanto foi conveniente, mas desde que ele surgiu lá no fim dos anos setenta, me veio a impressão de que ele sempre teve desprezo por aqueles intelectuais diletantes que diziam coisas que ele intuitivamente percebia que não tinham nada a ver com o cotidiano do povão que ele conhecia muito bem. É por isso que não há contradição nenhuma entre ver Lula como um modelo e descartar o ideário esquerdista.

    2. Concordo. Até acho que o

      Concordo. Até acho que o Haddad chega perto do Lula. Só que preferiu falar para a Jovem Pan e Folha em vez da periferia.

  5. Pesquisador em busca de empregabilidade no PIG/PPV?

    Prezados,

    Ao ler esta matéria, duas percepçõe sme vieram à cabeça:

    1ª) O pesquisador acena para o PIG/PPV, para que não se esqueçam dele e o convidem para entrevistas. As observações dele guardam enorme semelhança com as de ‘intelectuais esquerdistas’ que até pouco tempo se esforçavam por encaixar críticas ao PT e ao governo Dilma, para conseguirem espaço na mídia comercial golpista e criminosa;

    2ª) Grande parte da classe trabalhadora que teve oportunidades durantes os governos petistas e ascendeu socialmente continua analfabeta política, histórica e social, incapaz de perceber os benefícios que ações acertadas e bem coordenadas do Estado podem lhe proporcionar. Impropriamente chamada de ‘nova classe média’, essa classe trabalhadora tomou para si e defendeu valores de outras classes: a dominante e média-alta tradicional; parcela significativa dessa classe trabalhadora apoiou o golpe ou ficou indiferente.

    Está havendo e haverá, no seio dessa nova classe trablhadora que ascendeu durante os governos Lula e Dilma, choro e ranger de dentes pela apatia, letargia, indiferença ou adoção de posição contrária ao interesse dela própria.

  6. a pesquisa prova aquilo que
    a pesquisa prova aquilo que alguém mais atento já deve ter percebido há tempos: o brasileiro, independente da classe social, é classista e odeia pobre, só ver o sucesso de expressão como ‘sou pobre mais sou limpinho’ e de personagens a lá zorra total que esculhambam gente que não tem dinheiro, educação, posses e etcs. vejam bem, o brasileiro é tão classista e odeia tanto ser pobre ou ser classificado ou ao menos estar próximo de ou ser pobre que tudo nesse país gira em torno disso. é gente se endividando para ter carro bonito e zero quilômetro, é gente que paga caro em determinados produtos/serviços porque “pode pagar”, e para aí vai. talvez – só talvez – isso explique porque é que a inflação nessas terras é endêmica e também uma fixação por parte de nossos formuladores de políticas econômicas. depois vem o estadão, analisando essa pesquisa, dizer que ela significa que “o discurso do pt fracassou”(ou algo que o valha) e que os pobres ‘refutam a ideia de luta de classe” – e ainda o jornalão usa “burguesia”, bem assim mesmo, entre aspas. ora, como é que alguém (eu, você, qualquer um) pode recusar ou refutar uma ideia se não tem nem ideia do que essa ideia trata? (?!). Pra mim, a pesquisa mostra é justamente o contrário: se eles não se sentissem explorados, eles não iriam sonhar em ser empreendedores, em virar patrão. esse sonho existe porque eles bem sabem que a ascensão social se torna mais palpável quando eles, também, detém os meios de produção, por menores que eles sejam. se não fosse isso, a pesquisa iria indicar que o sonho seria se transformar funcionário público, esse sim o sonho de parcela que não é lá muito pequena da classe média, incluindo reaças e até uns neolibelês por aí.

  7. Isto explica a pobreza moral,

    Isto explica a pobreza moral, intelectual, política e educacional do brasileiros.

    Se esforço e dedicação fossem sinônimo de sucesso o brasil não seria a porcaria que é.

    Não há lugar para todos na riqueza. isto só funciona em livros de auto ajuda. a realidade é bem mais dura.

  8. O povo é vítima

    O povo não é gado. Ele é levado diabolicamente a essa condição pela galera do andar de cima – a eterna casa-grande brasileira.

    Como disse o nosso grande educador: “Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.” Eis aí o ponto nevrálgico 

  9. globalização

    Quando a senzala introjeta por completo a ideologia da casa-grande é sinal de que está tudo dominado.

    Décadas de doutrinação ¨global¨, onde o aparelho de TV é o centro da família, não poderia ter resultado diferente.

    A obsessão dos milicos na ditadura de 1° de abril de 64 com o aperfeiçoamento e a expansão das telecomunicações se explica. 

  10. Jesse Souza

    Nossa ninguem do PT foi atras dessas informaçoes antes , Marcio Pocman e mais recente o Jesse Souza ja tinham captado essa tendencia de que o periferico nao se  ve mais como tal e sim como um protagonista personagem da tv.

      1. Nem todo mundo no PT é 

        Nem todo mundo no PT é  verdadeiramente de esquerda.

        Nas bancadas uma grande parcela não é mesmo.

  11. A pesquisa só constata o que

    A pesquisa só constata o que todos já sabemos: Somos um país cheio de potencial material e riquezas naturais, só falta POVO…

  12. O povão e boa parte da classe

    O povão e boa parte da classe média não entende p… nenhuma de política, história ou qualquer outra coisa que não sirva para seu dia-a-dia imediato. Nossas escolas são péssimas inclsive várias particulares e não ensinam o sujeito a pensar só sabem que um dia ficarão ricos.

    Sobra a Globo, Hollywood e parte da igreja para (de)formar a visão de mundo do sujeito. Viram zumbis de uma meritocracia capenga e não conseguem ver o mundo da forma que ele é. Aceitam ser doutrinados pelas novelas e jornais da grande mídia até porque não tem nenhuma base de pensamento para questionar tal doutrinação. 

    A situação é séria e antiga porque nossos intelectuais sempre acabam escolhendo o comodismo de um bom salário público sempre se aliando a elite ou ao menos se omitindo.  Seus ideiais morrem depois da primeira viagem a Paris ou de uma reportagem lisonjeira na grande mídia.

    Não sei bem porque mas  viramos um país de covardes não sobrou 1 Leonel Brizolla pra contar a história.

  13. O que faltou foi um

    O que faltou foi um interlocutor dos governos do PT junto a esses povos.

    Essas pessoas só ouviam uma voz, a da Globo.

    E lá só se houve, o PT é ladrão, deputado do PT foi preso, Lula desviou dinheiro, Senado do PT é preso. Essas coisas.

    Reparem, o locutores da Globo são treinados a fazerem uma inflexão, para frisar bem o nome do PT envolvido em falcatruas.

    Dos outros partidos , principalmente do PSDB, muitas vezes eles omitem até o nome do partido.

    Faltou comunicação. Só o controle remoto não resolveu.

  14. 40 anos de Globo
    40 anos de Globo não ficaria impune jamais. Se Lula tivesse lembrado do discurso do sábio Leonel Brizola : “Se for eleito presidente, meu primeiro ato será cassar a concessão da Globo”. Nós da esquerda tivemos a oportunidade. Jogamos fora. Como disse o Zé Dirceu, para o Requião, “para que criar uma TV publica poderosa, se temos a Globo”. Taí, Zé, por quem tenho tanto apreço. Vai ter muito tempo para se arrepender. Só nos resta rezar para os Deuses da misericórdia. Ou alguém iniciar um processo revolucionario.

  15. pesquisa na periferia paulistana

    a pesquisa foi bastante esclarecedora, mostra a arte da manipulção da grande mídia, impedindo a formação do pensamento crítico, complementado pelas igrejas neopentecostal, quando distribui ardilosamente a Teologia da prosperidade, em detrimento das oportunidades criadas pelo Estado administrativo.

  16. Independente de gostar ou não

    Independente de gostar ou não dessas informações, o fato inconstestável é que somos todos brasileiros. Não há um “eles” e um “nós” nessa história. Quando a gente diz “o brasileiro isso” ou “o brasileiro aquilo” estamos falando de um conjunto que nos abrange a todos. E se alguém pensa que em outros países é diferente, que há paraísos nacionais onde as pessoas pensam e sentem de forma homogênea, bem… vale a pena dar uma olhada para além da revista Veja, que pinta o que é estrangeiro como maravilhas e o que é nacional como lixo. Gozado é que essa revista é… nacional.

    Talvez não seja tão fácil assim a gente pensar e trabalhar com coletividade. Mas impossível não é. E com certeza ajudará muito mais do simplesmente discriminar.

  17. Leitura

    “Os entrevistados têm rotina agitada e, por isso, debates políticos mais aprofundados não são prioridade no cotidiano.”

    Quantos e quantos brasileiros nunca terão lido um único livro na vida?

    Tampouco basta a leitura de um volume apenas. É assim, dizem, que se criam fanáticos. Em tempo: o tal João Dória obteve, dizem, uma doação livresca do Instituto Mises. Parece que em breve os alunos da rede pública municipal estarão com esses livros sobre as suas carteiras escolares (LINK AQUI). É para rir. Isso vem de alguém que se dizia contra a “doutrinação” – como se só se doutrinasse à esquerda. Além da queda, o coice. É o Brasil.

  18. Nos
    Nos bares,consultórios,pizzarias,comércios, 80 por cento é na Globo q se está sintonizado a tv,aí Goebbels fica “Dilma é o capeta,Lula é o capeta,PT é o capeta,vcs querem o quê? Como disse o mano Brown “Vcs gostam da Globo, então chapem de globo !”

  19. Aprovação automática

    Não iria passar impune, está aí a colheita, essas últimas gerações não sabem pensar, aliás, pensam o que a Globo manda porque a lógica deles é seguir o vencedor, a Globo é o vencedor, entra na casa de milhões todos os dias. Essas religiões neopentecostais, vão empurrar os votos para os candidatos dos partidos amarelos, verdes e azuis. Aceitem, colocar a cor vermelha, laranja, rosa, roxo e abraçar a causa LGBT é sinônimo de perder votos dessa gente.

  20. É tudo que o Ciro Gomes

    É tudo que o Ciro Gomes costuma dizer. Ele é coerente e totalmente certo quando critica a esquerda acadêmica e bitolada de alguns partidos políticos e DCE’s. O povo pensa completamente diferente e é um tipo de pensamento bem básico, quase binário. Digo que politicos progressistas que querem deixar o país em condições humanas daqui a trinta anos vão ter que melhorar e mostrar na prática muita coisa para o povo começar a se integrar a realidade

  21. Neopentecostais…

    Minha casa é próxima a uma IURD (a maior de Brasília), todo dia passo em frente a ela para ir ao trabalho e fico observando os frequentadores… A maioria negros e pobres! Meu bairro é de classe média alta e me assombra, TODO SANTO DIA, a movimentação em frente à universal. As igrejas neopentecostais ganharam as periferias e nós, de esquerda, não entendemos como isso se deu. Essa pesquisa é cristalina: SO-CI-A-BI-LI-DA-DE! Quem não tem acesso a bens culturais, quem está lá longe, nas periferias: sem saneamento básico, com escolas e com os equipamentos hospitalares caindo aos pedaços, encontra acolhida nas igrejas, que proporcionam passeios em grupo (que incluem até viagens), acampamento de jovens, reuniões de casais, casamentos coletivos e com transporte (não sei se gratuito, mas aos domingos param dezenas de ônibus “foi Jesus quem me deu” nas proximidades do templo)… Enfim, dão ao cidadão e à cidadã o que o Estado não proporciona, o sentimento de pertencimento a uma coletividade, que se ampara e, além disso, é chata pra caramba! Se você não vai à igreja, eles vão até você… Sei disso, porque tenho uma amiga cujos pais são da universal. Ou nós fazemos uma autocrítica e partimos para o “mano a mano”, para ganhar as consciências dessa parcela da população, ou desistimos e ligamos a Netflix… Militância na rede é muito válida, mas a vida real está lá fora e, nela, nós estamos perdendo feio para o fundamentalismo religioso que é, sim: conservador e atrasado!

  22. a sensação é de exílio dentro

    a sensação é de exílio dentro da própria cidade. quando o poder publico está ausente e falta tudo a construção de uma rede comunitária supre o sentimento de solidão e de desorganização.. a criação de ídolos supre o básico que falta.. não há creches, não há asfalto nas ruas, não há saúde, não há escolas.. mas há o exemplo a ser seguido. não importa muito se o exemplo é sentido como real mas no fundo é uma distorção do real.

    João Dória alguma vez foi trabalhador na vida?

    Silvio Santo vem de uma familia judaica. a familia não era rica mas toda a familia judaica leva a serio a formação escolar dos filhos. com silvio santos nao foi diferente. um vez eu li uma entrevista com o famoso apresentador e ele afirmou que cursou o ensino medio.

    lula é um caso a parte. mas teve acesso a formação politica sindical e aprendeu com ela.

  23. Quem se habilita?

    Alguém tem que eplicar para essa turma que o Dória não veio de baixo.

    O Dória ja nasceu encima.

    O pai dele foi um deputado cassado pela ditadura, é certo.

    Mas era publicitário e dono de uma puta agência

  24. Debate com as pesquisadoras

    Na página da Fundação Perseu Abramo tem um link para assistir o debate com as pesquisadoras.

    Embora, evidentemente, o debate não traz maiores novidades além do que já foi divulgado, vale a pena assistir para conhecer melhor os resultados da pesquisa.

    http://novo.fpabramo.org.br/

  25. Essa pesquisa só mostra que a
    Essa pesquisa só mostra que a Globo e midias da plutocracia está ganhando de braçada na intenção de formar uma sociedade sem senso critico e acostumada a acompanhar o estouro da boiada. Não existe esquerda nem direita, o que existe é dominação e adestramento de cabo a rabo!

  26. É tudo que o Ciro Gomes

    É tudo que o Ciro Gomes costuma dizer. Ele é coerente e totalmente certo quando critica a esquerda acadêmica e bitolada de alguns partidos políticos e DCE’s. O povo pensa completamente diferente e é um tipo de pensamento bem básico, quase binário. Digo que politicos progressistas que querem deixar o país em condições humanas daqui a trinta anos vão ter que melhorar e mostrar na prática muita coisa para o povo começar a se integrar a realidade.

  27. A pesquisa mostra um universo

    A pesquisa mostra um universo pesquisado assustadoramente ignorante, estúpido e egoísta. É  o oprimido que tem como meta única na vida tornar-se ele próprio o opressor. Solidariedade humana e social, nem falar. É o “cristão” que não interiorizou a mensagem de amor no Nazareno. 

  28. Na cabeça dos paulistas, foi

    Na cabeça dos paulistas, foi incutido uma espécie de “conceito definitivo” de que existem duas classes sociais definidas, uma dominante e outra servil, cada qual com diferentes escalas.

    Classes consolidadas pelo tempo, formadas por descendentes de senhores e por descendentes de escravos.

    Imgrantes (japoneses, árabes e italianos) são citados como exemplos de pessoas que chegaram sem nada e, através de seus próprios esforços, passaram da condição de servis para a condição de dominantes.

    Negros e retirantes nordestinos, por sua vez, representariam aqueles a serem marginalizados por serem ignorantes, inferiores e, portanto, sujeitos a continuar servos.

    Dentro desse conceito absurdo, os trabalhadores pobres, mesmo os negros ou filhos de retirantes, rejeitam a possibilidade de serem associados à classe servil, se auto intitulando “classe média”, têm pavor de serem confundidos.

    É comum aos paulistas viverem de aparências num esforço para manter a ilusão de que pertencem a uma classe superior, de alguém que chegou lá por seus méritos tal como fizeram os imigrantes.

    Enfim, uma massa iludida, fácil de manobrar.

    Não percebem o que há de nocivo na concentração demográfica e na concentração de renda. Alimentam a desigualde, o preconceito e a segregação.

    São Paulo é um barril de pólvora que uma hora vai explodir. Só os paulistas não se dão conta disso.

     

     

     

  29. Acho que essa pesquisa vai de

    Acho que essa pesquisa vai de encontro ao que constato no dia-a-dia:

    1. Essa gente pobre de periferia tem um problema mais sério para pensar do que política: sobrevivência;

    2. Muitos largam cedo os estudos porque tem que trabalhar para viver. Conhecimento não faz parte das suas vidas;

    3. A Globo é sua única fonte de informação.

    4. A Globo impregnou esse povo com ideias reacionárias e neoliberais. Eles não tem a menor noção de como elas os afetam;

    5. Eles não tem capacidade mínima de compreensão da sua realidade e da realidade brasileira.

    Há muito o que aprender com a pesquisa, mas fundamentalmente constata-se que são legítimos “bestializados”: não tem a menor noção do que são, onde vivem, como vivem, como são governados, das funções do Estado e quem está do seu lado. Estão tão lobotomizados e midiotizados, que sua visão de mundo é mínúscula… Com alguns agravantes a mesma pesquisa valeria para a classe médica coxinha imbecil…

    Agora entrando no reino do “achismo”, penso que essas pesquisas são vitais para orientar um futuro projeto de esquerda. Não basta dar renda e trabalho para um povo estúpido. É fundamental sua politização. Deixar claro quem os beneficia e quem os prejudica, e porque. Tarefa árdua. Mas tem que ser feito. Pior mesmo é que isso não é novidade. A anos os blogueiros de esquerda diziam que o PT falhava estupidamente na comunicação. Deu no que deu.

     

    1. Prova do erro no discurso do quanto pior, melhor

      Você tirou ótimas conclusões que reforçam um ponto que defendo: o erro dos grupos à esquerda do PT (com exceção do PCO) de apostar no quanto pior, melhor, pra derrubar o PT e superá-lo à esquerda. Entendem que quanto pior estiver a situação econômica, mais propício à revolução (ou, ao menos, a soluções de esquerda mais radicais) estará o trabalhador. Por isso tantos (como o PSTU) apoiaram a derrubada de Dilma ou só perceberam a tragédia e mudaram de tática aos 40 do segundo tempo (PSOL).

      Quanto pior a situação econômica dessa parcela da população, mais precarizada e desesperada ela estará. Sua condição de reflexão política depende muito de superar os desafios básicos, como segurança alimentar.

      1. Essa gente da esquerda

        Essa gente da esquerda radical é completamente bitolada. São bons numa coisa: masturbação mental. Desconhecem a realidade do Brasil e do seu povo. Constróem delírios políticos-psicodélicos baseados em manuais sem ter a menor noção da realidade que os cerca, dos anseios do seu povo. Impressionante a falta de maturidade dessa gente.

        Olha a Luciana Genro. Tem ideias de uma adolescente idiota e não de uma quarentona que viveu a política e deveria ter aprendido com ela. Passou a vida repentido chavões. Nunca amadureceu. Parece uma débil-mental. 

        A seu modo a esquerda radical é tão desmiolada quanto o pior coxinha da classe média coxinha imbecil.

        Até por isso essa pesquisa é bem-vinda. Dá uma ideia do que pensa a periferia. E se a esquerda for minimamente esperta vai traçar uma estratégia de ação sobre o que se descobriu. 

  30. Cada vez mais isolados, em

    Cada vez mais isolados, em guetos mesmo, restam apenas às novelas e os cultos.  As telenovelas são a grande atração de uma população completamente desprovida de outras alternativas de lazer e cultura. A mídia sabe disso e por isso difundem conteúdos sociais e cultarias totalmente permeados de uma falsa ilusão. Já os cultos engessam para aceitação e a continuação.  Rebelar? jamais.  Tá tudo dominado para manter tudo como está. 

  31. O que faltou

    Os governos do PT (até 2014) deram tudo ao andar de baixo. Esqueceram da conscientização. Perderam, por inépcia, a guerra da comunicação. Aproveitando, quando limito os governos do PT a 2014 é porque  não considero do PT um governo que adota a política econômica da oposição  e se alia, por omissão, aos adversários que tentam derrubá-lo (Dilma, a partir de 2015).

  32. “A pesquisa revela como pensa

    “A pesquisa revela como pensa esse eleitor”…

    Moro numa região de periferia paulistana, e digo: este eleitor não pensa, ele apenas reproduz o que a mídia propaga. Ouço muita conversa em ônibus e ponto de ônibus, até palavras ditas nos jornais nacionais da vida são repetidas; sigo facebooks do bairro, é a mesma besteira nas psotagens e comentários. Além disso, o povo pobre acaba assumindo também o discurso de seus patrões e chefes de classe média. Sinto muito, não vou discutir a causa, mas o povo é burro. Não consegue dar mais importância à própria realidade e experiência do que àquilo que a TV diz. Outro dia um cobrador de ônibus ligou a TV no celular e ficou assistindo jornal nacional durante o percurso. E quando a gente diz coisas assim, sempre aparece a turma do “que é isso, companheiro?”, e toca a falar que a esquerda abandonou o trabalho que fazia junto a comunidades mais pobres, etc. Mas isto confirma minha tese: sem ter quem o oriente, o povo faz c.gada na hora de votar.

  33. Educação.

    Eu sempre acreditei que nosso país só mudaria quando a educação fosse a prioridade número um.
    Educação para todos!

    Como educador, hoje, isto me parece incompleto.

    Sem precisar ir muito longe, basta que olhemos para uma pesquisa que li, aqui mesmo, sobre o que pensam os manifestantes que estavam nesta última manifestação promovida pelos MBL’s da vida.
    A grande maioria, classe média, com formação. Nem preciso gastar tempo descrevendo seus pensamentos.
    Hoje coloco a informação como algo tão importante quanto a formação/educação dos nossos cidadãos.
    Inevitavelmente qualquer discussão sobre o pensamento e comportamento dos brasileiros, de qualquer classe social, ideologia, religião, posição geográfica, teremos que falar na grande mídia em geral e, em especial, da rede globo.
    Criamos esse monstro e quaisquer mudanças almejadas no campo progressista têm que passar pela equalização desta questão.
    Eu não admitiria um novo governo democrático que voltar a se instalar por aqui que fuja desse desafio.

  34. Acho que esta pesquisa deve

    Acho que esta pesquisa deve ser contextualizada. Foi realizado no pior momento possível para as forças mais progressistas, após o impeachment da presidenta Dilma e de uma caça implacável às forças de esquerdas.

    Não creio que os indicadores pesquisados são estáticos. Talvez se fosse realizada atualmente, os resultados já seriam outros.

    Não podemos nos esquercer que foram as periferias e principalmente os mais pobres que elegeram Lula e Dilma, Haddad e outros governos populares.

  35. O resultado da pesquisa é

    O resultado da pesquisa é óbvio. 

    Foi feita em uma época de quada do PIB de 10%, desemprego altíssimo, ou seja, com a vida da população piorando, após uma grande melhora dos últimos anos. 

    Com a mídia martelando dia e noite que a culpa é da Dilma, do PT e de Lula ( não esquecendo que ele saiu do Governo em 2010, mas isso não interessa), é claro que pessoas sem maior poder de análise, que são 99% da população, vai seguir a mídia, o pensamento de manada. 

    Igonorante é quem não sabe analisar a pesquisa. 

    Queriam o que, que a população soubesse diferenciar certinho de quem é culpa do que ? Que falasse sobre os erros economicos e politicos da Dilma, sobre os erros da lava jato, e sobre os erros economicos que Temer insiste em cometer e que definisse que o melhor é Lula voltar em 2018 ?

    É um pouco demais esperar isso. 

    Claro que com o País piorando, a tendência é que o apoio de Lula aumente cada vez mais, isso é fato. 

    Por isso mesmo que provavelmente a lava jato e seu lider, Moro, já está preparando novo bote a Lula

     

    1. Entendi! Vamos extrair os

      Entendi! Vamos extrair os cérebros dessa gente ignorante (99%) e deixar só gente como você (1%) decidir tudo.

  36. Nada como estar fora do

    Nada como estar fora do governo para descobrir a América!!!! Colocaram o trabalhador na classe média, bombardearam a lógica do consumo (pesquisas feitas pelo e para o mkt?), deu no que deu…. Aliás, se o Doria acha que a Lapa fica na ZN, perguntem ao Haddad onde fica Parelheiros, Perus, Brasilandia, Guaianazes, M boi mirim, Cidade Tiradentes, Socoooorrro, …. Aff…. Mas Pinheiros ele sabe onde fica. Francamente!

  37. “Ameaçem”???

    Sem querer ser chato, mas já sendo: quem fez a análise está de parabéns, mas, por favor, “ameacem” não se escreve “ameaçem”.

    1. Nossa, são vários erros que

      Nossa, são vários erros que prejudicam a leitura do texto. Avisar ao pessoal do Nassif pra dar uma revisada.

    2. resposta ao Lair, com respeito

      A mensagem tão boa, você achou uma cedilha abelhuda?????

       

      Parabéns pelo seu senso de observação , porém, atualmente, não precisava ser tão crítico:  foi só um detalhezinho

       

      ab 

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