Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Dúvidas e porquês, ditados por Rui Daher a Nestor & Pestana

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Dúvidas e porquês, ditados por Rui Daher a Nestor & Pestana

Ninguém estava alcoolizado. Termos postado, ontem, junto com a coluna em CartaCapital (sempre reproduzida para vocês) a incrível interpretação de “O Ébrio”, por Vicente Celestino, levou-nos a severa abstinência. O prazo será determinado pelo Conselho Consultivo do Dominó de Botequim. Vamos lá, tecladistas N&P.

Depois de duas semanas, afastado das folhas e telas cotidianas, ao recuperar as leituras, fico sossegado, otimista até, se não estiver exagerando. Caso positivo, me avisem.

Folheio-as rapidamente. Providencio alguns recortes de textos inteligentes que possam me ajudar a pensar e entender o planeta, o Brasil, e a presença de Doriana Jr., em Davos.

Luciano Huck ainda não. Casado com Angélica, pode ser que queira se tornar angelical, doando ou reformando casas, ônibus, e food-trucks. Um de meus neurônios, o mais lesado, diz que após quatro anos, Huck se separará de Angélica, entrará numa ordem de padres católicos, e esperará idade para ser nomeado Papa.

Dória foi difícil, embora me pareça estar sempre com um sorriso indicando iminente diarreia. Um motorista de Uber, muito simpático, mudou a rota só para que eu pudesse conhecer a casa onde mora o prefeito de São Paulo. “Marcelino, Pão e Vinho”, me ajude: se ele tiver uma caganeira, quantos quilômetros andará até o vaso sanitário. Dará tempo? Ah, tem muitos gabinetes espalhados pela casa. Bem, o que não deixa de ser muita merda.

Mas vamos às alvissareiras notícias que nos trouxeram esses dias de metacarpo fraturado:

Êpa: “as empresas de cartões de crédito querem acabar com os tais “parcelamentos em três vezes sem juros”. Dizem que será melhor para o consumidor, sobretudo o de remédios em farmácias. Vocês têm notado o aumento de seus preços? Cairão? Quem ganhará? A indústria farmacêutica, as farmácias, ou vocês? Têm alguma doença grave? Recorram à Farmácia Popular, que logo atenderá apenas consumidores de aspirina.

Ôpa: “depois da condenação do Lula no TRF-4/RS, melhorou a concessão de crédito internacional para o Brasil”. Arbitragem está fora de discussão.

Uia: “investidores, depois de Lula fora, veem o risco Brasil menor do que o consideram as agências de rating”. Certo, em qual outro rabo mais aberto enfiariam a grana?

Eita: No dia 25/01, logo após a condenação de Lula, a Bolsa chegou aos 83 mil pontos. E se mantém. O que você ganhou?

Vixe: Mais veloz que o melhor cara da F1. “As instituições nativas apostam que os lucros das empresas crescerão 27% em relação a 2017”. Base baixa ou mágica de Temer e Meirelles?

Experiência pessoal, mas tem a ver com a 1ª parte

Em 1995, contratado como Diretor-Geral de uma grande empresa de fertilizantes, para recuperá-la, tive como benefício o melhor seguro-saúde de São Paulo. A partir de 1998, a empresa, quebrada com a privatização – uma história que tenho escrita e o setor, honesto fosse, deveria ter a dignidade de contar – passei a bancar sozinho a assistência médica. Depois de completar 70 anos, sabendo a mim e à minha mulher, mais afeitos a doenças graves, aumentaram as prestações a níveis estratosféricos.

Entrei com uma ação contra eles e já ganhei em 1ª e 2ª instâncias, o que não quer dizer que os valores atuais não consumam 50% de meu orçamento.

Depois de 12 horas em jejum, até decidirem se iria ou não para a cirurgia, liberado, decidimos, eu e minha acompanhante, comer uma esfiha no Arábia Express, que fica no lobby do hospital. R$ 10,- cada e R$ 6, – pela divisão de uma Coca Zero.

Nem tanto assustaram-me os preços, mas o público local. Dos ternos bem cortados e as gravatas sob os jalecos de linho dos médicos às montanhas de ouros e pedras preciosas que adornavam os corpos femininos, crianças portando celulares de última geração, tudo me fez lembrar filmes épicos passados no Oriente. As minas do Rei Salomão, Spartacus, Ben-Hur, turcos narizes pontiagudos e afilados, dedos ágeis em charutinhos, quibes, coalhadas secas. Puta vergonha alheia. Mas enquanto puder, estarei lá. No Brasil de Temer e Meirelles.

   

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

2 Comentários

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  1. É O NOSSO FUTURO!

    Caro Rui

    Excelente texto. Como sempre. Muito inteligente e que nos permite refletir e muito sobre o momento que passamos.

    Agora, no futuro, as privatizações que hoje estão ocorrendo irão nos deixar, com certeza, literalmente falando em baixo da tal ponte para o  futuro.

    É o pior: vem aí o tal estado diminuto, ou seja, tão pequenininho, mas que custa ao povo os juros da cara!

    É um pouco diferente da seu importante depoimento, mas taí a Mineradora do Vale do Rio Doce. Um patrimônio mineral para 400 anos, foi vendido por 3 bilhões, quando o lucro, na época era de 2 bilhões. Hoje, o patrimônio vale mais do que 156 bilhões de reais. E, por falta de investimento, em segurança, provocou o maior desastre ambiental de todos os tempos em nosso País. Viva a privatização.

    Falando agora, refletindo sobre a profundidade de seu texto, penso que o principal caminho a percorrer,  quase impossível dentro do balaio de gato que estamos, releve-se, certamente, será a minimização da política econômica neoliberal, o fortalecimento do Estado para que sejam priorizadas, para valer, a educação, a saúde pública e a ação garantidora dos direitos das crianças e dos adolescentes, bem como a prática de toda a malha de políticas públicas possíveis, ao lado do apoio às organizações assistenciais não governamentais, probas e honestas, permitindo-se criar melhores condições de vida e desenvolvimento aos indivíduos e à população.

    O Estado tem que garantir a Saúde e impedir que empresas, que surtam e fogem para os caminhos suíços, tomem seu lugar, mesmo com uma carga tributária suportado por 80% daqueles que ganham até 8 salários mínimos.

     

    1. Edward,

      mesmo com a dificuldade que me impede responder à sua importante reflexão, Vale o esforço. Não sei o motivo, talvez a falta de chamada nos destaques, mas perdi muitos leitores que aqui vinham com frequência. Também não sei por que insisto em postar. Serve-me apenas a alertar pelos meus poucos amigos de FACEBOOK. Antes, aqui, travávamos boas discussões. Pena.

      Estamos sendo destruídos, Edward, enquanto discutimos ações personalizadas de uma canalha de onde nada mais se poderia esperar. Ora, Barroso, Moro, Carmen, Gilmar, Ora, Temer, Geddel, Meirelles, Eunício, Maia, Jucá, Aécio, Serra, Cristiane Brasil. Quanto mais falados, mais repetem as falcatruas para se manterem no Acordo. Mataram miseráveis pondo a Lei como propriedades suas, eles que sempre sentiram o prazer em ass(i)assinar sua próprias leis. O que deseja para sem-terras, assentados, indígenas, quilombolas o “colunista de agronegócios” da Folha, Ronaldo Caiado. E vamos falar dele, como forma de defender o País, a democracia?

      O que se irá fazer com nosso patrimônio estatal não cabe mais discutir. Está feito e mais virá. O que deixaram de fazer nesses quase dois anos de golpe? Mentiras econômicas ilusórias enquanto a população pobre é exposta à expropriação de renda, emprego e sistemas assisteciais. E nós discutindo suas doutas personalidades.

      Resta-nos apenas uma discussão: como derrubá-los. Antes que seja ainda mais tarde.

      Obrigado pela presença. |Abraços

       

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