Os muros que ainda nos separam

Jornal GGN – Amanhã (domingo, 9 de novembro) a queda do muro de Berlim completa 25 anos. A população alemã está em festa. Mas em outras regiões do mundo, muros físicos ainda dividem povos e culturas. Como pretenderam fazer no Brasil depois dos resultados das eleições.

Enviado por Miriam L.

Israel, EUA, Coreia, Grécia e Ceuta: conheça cinco muros que ainda estão de pé

Por Felipe Amorim

Do Opera Mundi

Um quarto de século após queda do Muro de Berlim, episódio que simbolizou diminuição de fronteiras, barreiras físicas ainda existem em diversos continentes

Há 25 anos, caía na Alemanha o Muro de Berlim. Para muitos, o episódio sinalizava o início de uma nova era, de expansão da globalização e diminuição das fronteiras — simbólicas e reais. Um quarto de século após a queda deste ícone da Guerra Fria, ainda persiste, espalhada pelo mundo, uma série de fronteiras muradas construídas para separar povos.

Abaixo, selecionamos cinco desses “muros contemporâneos”:

1) CISJORDÂNIA-ISRAEL

“Palestina Livre”: Palestinos grafitam em trecho do muro isralense que cerca a cidade de Belém, na Cisjordânia

O Muro da Cisjordânia — ou “Muro da Vergonha”, como é chamado pelos críticos da ocupação israelense — começou a ser construído em 2002, período da Segunda Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia. Na época, foi dito que o intuito era impedir a entrada de palestinos para prevenir atos de terrorismo. Os que se opõem à barreira denunciam que o muro é uma ferramenta utilizada por Israel para, além de interditar as negociações de paz por estabelecer unilateralmente novas fronteiras, também anexar gradualmente porções do território palestino, muitas das quais passaram a abrigar assentamentos israelenses. Atualmente, a parede de concreto, ferro e arame farpado tem cerca de 440 quilômetros de extensão — se a construção da barreira for finalizada, cercando todo o território da Cisjordânia, o muro se estenderá para aproximadamente 700 quilômetros.

2) ESPANHA-MARROCOS: MUROS DE CEUTA E MELILLA

Cerca e posto de guarda na fronteira espanhola com o Marrocos em Melilla, enclave europeu na África

Ceuta e Melilla são o enclave espanhol na África e representam o resquício do colonialismo europeu no continente africano. Sob o domínio espanhol, as duas cidades fazem divisa com o Marrocos e estão muito próximas do Estreito de Gibraltar, pequeno intervalo oceânico que separa os dois continentes. Até os anos 1990, a divisão entre os territórios espanhol e marroquino era pouco perceptível, e o trânsito de pessoas de um local para o outro era comum. Com a institucionalização da União Europeia e a política de livre-circulação dos cidadãos europeus, a Espanha foi incentivada a apertar o cerco em suas zonas fronteiriças. Assim, foram erguidos os muros, que chegam, juntos, a 20 quilômetros de extensão, com o objetivo de impedir a imigração de africanos para a Europa.

3) EUA-MÉXICO              

Barreira anti-imigração em fronteira dos Estados Unidos com o México se estende até a praia

O muro construído pelos Estados Unidos na fronteira com o México é o símbolo da política anti-imigração norte-americana. Num esforço contra os chamados “coiotes”, responsáveis por atravessar clandestinamente pessoas pela fronteira, Washington começou estabeler barreiras físicas entre as cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e Tijuana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em território norte-americano via México.

4) GRÉCIA-TURQUIA: MURO DE EVROS

Faixa de manifestantes na Grécia pede o fim do muro de Evros

A fronteira entre a Turquia e a Grécia era tida pela UE como a “porta dos fundos” para a entrada de imigrantes na Europa. Por esse motivo, a Grécia, o país europeu mais afetado pela crise econômica de 2008 e alvo de severas medidas de austeridade, resolveu investir € 3,2 milhões (R$ 10,15 milhões) para erguer em 2012 um muro de mais de 10 quilômetros de extensão ao longo de um trecho da margem do rio Evros, fronteira natural que separa a o território europeu dos vizinhos turcos.

5) COREIA DO NORTE-COREIA DO SUL

Fotografia da zona desmilitarizada tirada do lado sul-coreano com vistas para a Coreia do Norte

Percorrida ao longo do Paralelo 38, a faixa de terra que divide a península coreana em dois países tem 250 quilômetros de comprimento. Após o armistício que interrompeu sem pôr fim formal à guerra entre os dois lados — símbolo do embate entre as duas superpotências durante a Guerra Fria: o norte comunista, e o sul capitalista —, a porção de território foi transformada em uma zona desmilitarizada. Ou seja, uma faixa “neutra” onde militares das duas Coreias podem transitar, mas sem cruzar a linha que demarca o território de cada um dos países.

Redação

15 Comentários

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  1. a queda do muro de berlim

    a queda do muro de berlim mostrou que o modelo de socialismo da URSS não funciona.

    Os muros ainda de pé mostram que o capitalismo, com suas diversas variedades regionais e global, não anda funcionando muito bem…

  2. Muita boa a postagem. Há,

    Muita boa a postagem. Há, entretanto, outros “muros, estes invisíveis, que separam irremediavelmente seres humanos. 

    São os “muros” feitos com as “argamassas” das iniquidades sociais. Basta ver as imponentes residências de multibilionários em bairros assistidos em tudo em confronto com a periferia abandonada. Quando esses “muros” serão demolidos?

    Por coincidência, assisti hoje uma reportagem(acho que na Record) que aborda os recorrentes incêndios nas favelas de São Paulo. É de cortar coração. 

    Como é possível que no estado mais rico da federação ainda persista mazelas da espécie? Cadê os revoltados e indignados que tomam as ruas e praças para gritar “fora PT”?

  3. faltou citar e mostrar “A Grande Muralha da Intolerância Atroz”

    faltou citar e mostrar “A Grande Muralha da Intolerância Atroz”

    eis que, em primeira mão exclusiva para GGN-Nassif, a imagem mítica, lendária, misteriosa, em um pequeno detalhe – tomada clandestinamente perigosamente corajosamente – do dito cujo “muro leviatã” da grande miséria humana:

     

    jc.pompeu, fev 2008

     

     

     

  4. Eu li essa notícia no Uol.
     

    Eu li essa notícia no Uol.

      Mas os milhares de muros que separam o rico do pobre( invisível como se fosse um ectoplasma) ninguém divulgou.

      E tem mais: Um idoso de 90 anos foi pego dando comida pra uma morador de rua.E foi preso,porque naquele estado não pode dar comida pra morador de rua.

         Foi numa cidade americana,que nem li a matéria inteira por medo de aumentar minha náusea.

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