Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
[email protected]

Três evidências de que o zika vírus é uma “Operação Pandemia” midiática

Por Wilson Ferreira

Fica cada vez mais evidente que a grande mídia possui uma pauta pré-estabelecida e que ciclicamente ela é “enriquecida” com a, por assim dizer, “Pandemia da Temporada”: SARS, Gripe Aviária, Gripe Suína, Ebola… e agora a pandemia Zika. Com o terrível surto de casos de nascimentos de bebês com microcefalia. Apesar de estudos científicos contrários, a mídia e Governo se apressam em estabelecer ligação inequívoca entre o zika e os casos de má formação. Evidências contrárias são imediatamente rotuladas como “teorias conspiratórias” diante da inquestionável “emergência sanitária internacional”. A Crise Zika seria mais uma “Operação Pandemia” midiática?  O objetivo dessa suposta operação seria esconder da opinião pública três outros fatos envolvidos na Crise Zika: o uso intensivo de pesticidas, a vacina TdaP e mosquitos geneticamente modificados. 

Desde que o ano iniciou, o jornalismo da grande mídia brasileira parece engessado em uma pauta recorrente de cabo a rabo da sua programação diária: no Brasil, Operação Lava-Jato, corrupção e crise econômica; no Exterior, a catástrofe econômica da Venezuela (que substitui a da Argentina, agora supostamente rediviva após a vitória de Macri), o combate anti-terrorismo e a crise dos refugiados na Europa – o que para a pauta “investigativa” dos correspondentes no velho continente, sempre apressados em buscar “conexões”, terroristas e refugiados quase sempre são a mesma coisa.

Uma pauta pré-estabelecida e urgente, que obriga os jornalistas a correrem atrás de notícias que a alimente. Na pressa ocorrem as inevitáveis “barrigas” como a mais recente: portais brasileiros (UOL, VOX Internacional etc.) noticiaram uma suposta declaração da ministra da Saúde da Venezuela de que as pastas de dentes estariam faltando no país devido ao insistente hábito da população de escovar os dentes três vezes ao dia. 

Na verdade a “notícia” partiu de um site de humor venezuelano, que estressados jornalistas brasileiros leram como verdadeira pela imperiosa necessidade diária de alimentar a pauta e agradar seus editores-chefes.

Mas essa pauta engessada é também “enriquecida” por um tema que periodicamente visita as reuniões dos editores-chefes em seus “aquários”: a Pandemia da Temporada. 

As pandemias de cada temporada

Só nesse século, as redações da grande mídia já foram visitadas pela SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome) que ameaçou espalhar-se da China para o mundo entre 2002 e 2003; a Gripe Aviária, onde novamente um surto asiático ameaçava espalhar-se para o mundo (2005); Gripe Suína, onde médicos midiáticos viravam do avesso na TV para tentar diferenciar dos sintomas de uma gripe comum (2009); Ebola, dessa vez a África ameaçando o mundo (2014); e agora o Zika Vírus.

Em todas essas pandemias, a OMS (Organização Mundial de Saúde) se apressa em decretar “emergência sanitária internacional” e a grande mídia em fazer previsões sobre milhões de vítimas potenciais aguardadas em poucos meses.

Por exemplo, o jornal Folha de São Paulo em 2009 antecipou-se em seu espírito patriótico de alertar a nação e, na primeira página, estampou números alarmantes – 53 milhões de brasileiros seriam atingidos pela gripe suína em dois meses, com 4,4 milhões hospitalizados. Nada disso se realizou.

De onde jornalistas tiram notícias?

Mas os jornalistas não tiram isso das suas cabeças estressadas: baseiam-se em digestos de revistas científicas sobre pesquisas em andamento e modelos matemáticos usados por ministérios da Saúde. Eliminam o contraditório, extrapolam os números, destacam números relativos e ignoram os absolutos e temos a Pandemia da Temporada.  

Um exemplo é como a cada final de semana, jornais e revistas alertam os incautos leitores sobre a descoberta de novas “doenças”. Em 20/08/2006 a Folha colocou na primeira página da edição de domingo “Pesquisa liga vírus a obesidade” – a obesidade poderia ser também contagiosa! No meio do texto explicava-se que as pesquisas nos EUA “não eram conclusivas”. Mesmo assim mereceu primeira página e nada mais se falou a respeito.

Diante desse modus operandi midiático, fica difícil não ficar com um pé atrás diante de mais esse fenômeno de “urgência sanitária internacional” alertado pela grande mídia, dessa vez sobre o zika vírus.

O que chama a atenção é como a grande mídia e o Ministério da Saúde rapidamente estão confirmando a associação entre o aumento de casos de microcefalia com o zika. Um vírus que existe desde antes de 1948 e que nunca foram relatadas quaisquer conexões com nascimentos e mortes. O histórico do efeito do vírus é que uma em cada cinco pessoas sempre apresentaram leves sintomas de gripe comum.

O fato é que desde novembro de 2015, 4.000 bebês nasceram com microcefalia no Brasil, país que normalmente apresenta 150 casos dessa má-formação em cada ano. Assombroso aumento de 13 mil por cento. Rapidamente culpa-se a zika vírus transmitido pelo Aedes Aegypti, espécie dominante no mundo dos mosquitos.

Médicos e repórteres investigativos independentes como Jim Stone, Dr. Kathy J. Forti, Jim West e Jon Rappoport, além de artigo na revista científica Nature dos pesquisadores Ieda Orioli e Jorge Lopez-Camelo vêm questionando essa conexão – diagnósticos errados e o impacto midiático poderiam ter aumentado a atenção ao problema de má formação – clique aqui. Previsivelmente, são contestados por órgãos internacionais e governo brasileiro e ganham pouquíssimo espaço nos veículos noticiosos. 

O Cinegnose apresenta abaixo três evidências apontados pelos autores acima, levantando suspeitas de que poderíamos estar diante de mais uma “Operação Pandemia” com o objetivo de esconder efeitos perversos de vacinas, interesses de grandes laboratórios e políticas de controle populacional em países emergentes – sempre tendo em vista que os setores de armamentos, farmacêutica e tabaco são os que mais investem em táticas de agenda setting para pautar a mídia mundial.

1. Uso de pesticidas no Brasil

Apontado como centro da crise zika (o zika teria chegado ao país com turistas asiáticos na Copa de 2014 – sempre os asiáticos…), o País usa mais pesticidas do que qualquer nação do planeta. Muitos deles proibidos em 22 outros países. Aqui está um trecho  de um artigo da Environmental Health Perspectives de 01/07/2011 “Urinary Biomarkers of Prenatal Atrazine Exposure”:

“A presença versus ausência de níveis quantificáveis do pesticida atrazine ou um metabólito atrazine específico foi associado à restrição do crescimento fetal… e redução do perímetro cefálico… O perímetro cefálico foi também associado à presença do herbicida metolacloro”.

Atrazina e metolacloro são ambos usados no Brasil.

2. A vacina TdaP

No final de 2014 o ministro da Saúde anunciou que a vacina TdaP (contra coqueluche acelular reduzida, tétano e difteria toxicoide) em gestantes seria obrigatória a partir de 2015.

Em 2011 o CDC (Centro de Controle de Doenças) não conseguiu provar que o uso da vacina era seguro durante a gravidez. Na verdade, a TdaP é classificada pela FDA como droga de Classe C, indicando que não é uma escolha segura durante a gravidez como informa o National Vaccine Information Center: testes adequados ainda não teriam sido feitos com humanos para demonstrar a segurança em mulheres grávidas e nem totalmente avaliados os efeitos adversos potenciais genotóxicos.

>>>>>Continue lendo no Cinegnose>>>>>>>

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    1. Acho que no Brasil as vacinas

      Acho que no Brasil as vacinas não são obrigatórias. Devem constar do protocolo médico e são aplicadas regularmente na rede pública de saúde É interessante notar que os casos de microcefalia  exibidos pela imprensa eram de gestantes atendidas pelo SUS. Há ainda uma questão em aberto: o zika é de fato o responsável pelas anomalias cerebrais? Parece que isto não está definitivamente confirmado, o que torna a Tdap altamente suspeita, considerando inclusive o início de sua aplicação e o período em que o surto de microcefalia surgiu. 

      Mas uma coisa é certa: criado o pânico em relação ao zika, a emergência internacionaL o que vem a seguir? VACINA, claro, e uma grana preta para a indústria farmaceutica.

      E por conta dessa já decretada emergência internacional VAI TER OLÍMPIADA NO BRASIL? Transferir o evento para outro país pode ser a próxima medida preventiva.

      a

  1. Então………….

    As novidades, para alguns, diga-se, é o faturamento dos Laboratórios e Agências de manipulaão de notícias.

    Eles faturam bilhões, e os pobres mortais, são as cobaias !!!

    Hilário ou trágico ??????????? 

  2. Evolução do Mosquito
    Não precisa ser um grande entomologista para constatar as mudanças no “modus ” do mosquito.
    Dificilmente pousa em locais visíveis, não os vemos nas paredes e muito menos nos tetos, sempre em lugares escuros
    São muito mais ágeis, quase inalcansaveis pelas raquetes elétricas.
    Picam à tarde e durante toda a noite.
    Não temos pesquisas quanto a sua resistência aos inseticidas.

    E outra coisa muito importante é de não sabermos quase nada sobre a doença causada pelo Zika vírus. Vamos ter que ter muita dedicação ao seu estudo, com muita pesquisa, e para tal vamos ter que destinar verbas.

  3. “Companhia alemã desenvolve teste rápido de zika.”

    Fiquei intrigada com essa notícia, questiono a “rapidez incrível” com que esse teste fora desenvolvido. Uma coincidência “boa” para o momento atual, ressaltando-se os interesses comerciais da venda de vacinas e medicamentos.

    30.01.2016, por Carla Bleiker (av)

    http://www.dw.com/pt/companhia-alem%C3%A3-desenvolve-teste-r%C3%A1pido-de-zika/a-19013780

    Procedimento fornece resultados em tempo real, a partir de análise de DNA em amostra de sangue. Teste consegue identificar vírus mesmo sem a presença de sintomas. Kits estão a caminho do Brasil. (grifo meu).

    A companhia alemã de biotecnologia Genekam desenvolveu o primeiro teste para detectar a eventual presença do vírus zika em humanos, mesmo quando não há sintomas. O exame a partir de uma amostra sanguínea ocorre em tempo real, fornecendo resultados rápidos sobre o número de patógenos do zika no organismo.

    Nosso teste examina o DNA e trabalha com substâncias químicas que reagem exclusivamente ao vírus zika”, relatou à DW o virologista Sudhir Bhartia, um dos desenvolvedores. “Patogênicos semelhantes, como o da dengue, não aparecem nos resultados.”

    Apenas uma em cada cinco pessoas adoece no contato com o vírus, e até o momento o diagnóstico só é possível caso se apresentem sintomas. Essa circunstância é especialmente dramática para as gestantes, pois existe uma possível relação entre a infecção pelo zika e o desenvolvimento de microcefalia no feto.

    Uso reservado a especialistas

    Um primeiro lote de kits do teste está a caminho do Brasil. Normalmente esse tipo de recurso médico passa por uma longa fase de testes, antes de ser liberado. As autoridades abriram uma exceção devido ao rápido avanço do zika na América do Sul.

    Os custos do procedimento desenvolvido pela empresa de biotecnologia sediada em Duisburg são relativamente baixos, ficando em torno de cinco euros (cerca de 20 reais) por teste. No entanto, clínicos gerais não estão autorizados a fazer o diagnóstico.

    “O teste só deve ser usado por pessoal qualificado, a fim de evitar erros”, enfatizou Bhartia. Os kits estão sendo enviados exclusivamente a institutos e laboratórios dotados de conhecimento e equipamento adequados.

    Para os turistas que retornaram recentemente da América do Sul há um método de diagnóstico simples, embora mais demorado, lembra Christian Drosten, do Instituto de Virologia da Universidade de Bonn.

    “Se a pessoa não apresenta os sintomas três semanas após o retorno, eles não vão mais se manifestar. E duas semanas mais tarde, o vírus não estará mais presente no corpo”, explica. Em adultos saudáveis, os sintomas do zika são, em geral, febre, dores nas articulações e irritação da pele.

    Microcefalia: aborto ou não?

    Estudos recentes realizados pelo Ministério da Saúde brasileiro traçaram uma conexão entre o zika e a microcefalia. Os bebês afetados nascem com crânios menores do que o normal, implicando em eventuais danos cerebrais. No momento, há no país cerca de 4 mil casos de suspeita dessa malformação congênita.

    No entanto, como têm enfatizado diversos especialistas, uma correlação não foi confirmada . Apenas seis entre os 270 casos confirmados de microcefalia no Brasil tiveram uma ligação comprovada com o zika. Também não há estudos que provem uma transmissão do vírus da mãe para o bebê.

    “Ainda há aspectos demais que não compreendemos sobre o vírus zika, para afirmar que ele cause diretamente a microcefalia”, alerta Drosten. O cientista da Universidade de Bonn admite uma correlação vaga, mas crê ser mais provável a malformação ocorrer por a gestante ter contraído rubéola, em vez do zika.

    Mesmo assim, Christian Drosten diz compreender o dilema das mulheres que foram infectadas na América do Sul e agora estão grávidas. “O risco de saúde pode não ser grande, mas essas mulheres estão tendo um período psicologicamente duro e estão sobrecarregadas com preocupações éticas.”

    Após considerar todos os fatos, uma última opção é interromper a gestação. Na prática, porém, não há como determinar se um feto cuja mãe contraiu o zika apresenta microcefalia ou não, já que a circunferência cranial final só pode ser medida numa fase mais avançada da gravidez.

  4. Um outro ponto de vista sobre a microcefalia

    … está acá:

     

    http://quiteriachagas.com/2016/01/28/causa-da-microcefalia-em-pernambuco-nao-e-zika-virus-foram-as-vacinas-em-gestantes-diz-estudo/

     

    Em sendo verdade esta afirmação, fica fácil deduzir que uma vacina estragada é que causou a microcefalia e não a zika. 

    Ou seja, mais um caso de alguém tentando abafar seu erro culpando um coitado de um mosquito, o tal Aedes.

    Então é hora dos valentes procuradores sairem a campo para estabelecer as responsabilidades.

     

  5. Ignose

     

    Atrazina e metolacloro  São muito usados em plantações de milho. Que eu saiba, a região onde existe a maioria dos casos de microcefalia não é conhecida por seu agronegócio. Se essa fosse a causa, haveria muitos casos no sul, sudeste e centro-oeste. Mas não tem.

     

    Vacina TdaP  Sabe se essa vacina foi aplicada em mulheres das ilhas do pacífico, onde houve  casos de microcefalia associados ao vírus da zica? Se não, esquece.

     

    Mosquitos geneticamente modificados   Foram soltos nas regiôes onde ocorrem os casos de microcefalia asociados ao Vírus da Zika, incluindo as ilhas do pacífico? Se não, esquece.

     

    A internet é como uma folha em branco, aceita qualquer coisa, mas o cérebro não.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador