Aposentado descobre antigo percurso feito por emboabas

Rodolfo Koeppel encontrou trilha utilizada por paulistas em busca de ouro nas terras de Minas Gerais, percurso foi também utilizado pela Estrada de Ferro Central do Brasil 
 
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Jornal GGN – Paulistas que entravam por Minas Gerais em busca de ouro eram chamados pelos índios de emboabas (homens de botas). Eles andavam pelas matas entre os municípios de Ouro Preto e Sabará. E uma dessas trilhas acaba de ser descoberta por um economista aposentado Rodolfo Koeppel. Entusiasmado, ele quer reconstituir o “Caminho dos Emboabas” e atrair turistas do mundo todo para caminhadas, ciclismo e cavalgadas em Minas Gerais. “Vamos ter que aprender mandarim para receber até chineses”, antecipa ele.
 
Se inventar moda é receita para viver mais e transformar a aposentadoria em um período feliz da vida, ele está certo. Num desses passeios que faz de moto ou a pé, descobriu também que o percurso faz parte da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil (E.F.C.B.), trazendo a cada dia uma nova surpresa. Está empenhado na parte legal, e acaba de pedir uma licença para “Direito de Passagem” à (ANTT) Agencia Nacional de Transportes Terrestres – Filial Belo Horizonte, liquidadora da companhia, para passagem de caminhantes, com data de 11 de julho de 2018. Ele garante que o custo do investimento é de praticamente zero.
 
Economia criativa (EC)? Pode ser. Tão criativa quanto econômica. Uma antiga estrada de ferro, muito bem conservada, liga o município de Raposos, logo depois de Nova Lima, a Itabirito, entre Ouro Preto e Belo Horizonte. Mas vai adiante. Pode ser ampliada, de Sabará a Ouro Preto, sempre pelos trilhos. Mas ele não pensa em reativar a ferrovia. Ao contrário, defende o percurso para caminhantes, mesmo porque é tudo bem plano, como nos melhores trechos das principais ferrovias do mundo.
 
Além de uma linda e variada paisagem, de mata a montanhas ao longe, fauna e flora são excepcionais. “Tudo está pronto”, diz com entusiasmo de um jovem de 70 e poucos anos. O problema é a burocracia que emperra e uma porteira, que é a única pedra no caminho, como diria o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, que tanto amava as montanhas de Minas Gerais.
 
Até mesmo uma antiga Pequena Central Hidrelétrica (PCH), que pertence à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), mas que foi inaugurada em 1907, está no percurso para tornar o passeio ainda mais interessante.
 
A PCH Rio de Pedras está localizada no Rio das Velhas, afluente do rio São Francisco, a jusante da confluência com o Rio de Pedras, em Itabirito, na região central de Minas Gerais. Com o início de operação em 1907, ela possui capacidade instalada de 9,28 megawatts.
 
O trecho
 
“Com 140 km de extensão, a ferrovia vai de Raposos até Ouro Preto. A estrada antiga, desativada e com vários pontilhões já sem dormentes, corre paralela numa das margens do Rio das Velhas. A ferrovia moderna, em uso para a exportação de minério de ferro, corre na outra margem do mesmo Rio e tem intenso trafego ferroviário. Portanto, podemos dar uso correto à um patrimônio público, sem interferir em atividades produtivas”, argumenta.
 
Ao longo do trecho existe apenas um portão fechado com cadeado. As laterais são protegidas por cercas de arame farpado que serão mantidas e/ou recuperadas. A faixa que se pretende usar para passagem de caminhantes, ciclistas e cavaleiros tem aproximadamente quatro ou cinco metros de largura.
 
Ele já tem tudo planejado e, enquanto isso, organiza caminhadas. “Vamos colocar placas indicativas para orientação dos turistas e centros de suporte aos visitantes em Raposos, Itabirito, Cachoeira do Campo e Ouro Preto. Os turistas poderão optar, via site Internet, pelos seguros e assistência médica já parceiros, caso ocorra algo imprevisto.
 
Como argumento, ele diz que já convenceu as comunidades ao longo dos municípios, o que vai estimular a economia da região, gerando renda e emprego por meio de atividades turísticas, como alternativa a um estado que produz num contexto de mineração intensa. “Uma atividade predadora, outra gratificante. Mas ambas necessárias, pois estamos falando no centro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais”, completa.
 
Para concretizar a ideia, ele já lançou a ONG Trilhas de Cultura Minas Gerais (clique aqui), com CNPJ e convênio com a Prefeitura Municipal de Ouro Preto. “Todo o projeto está documentado, podendo ser apresentado para a ANTT. Ele aguarda os próximos passos da agencia para que possa cumprir as exigências e fechar com os patrocinadores.
 
O Caminho dos Emboabas deve ser inaugurado dentro de 100 dias, na sua primeira fase. Depois virão outras atrações.
 
Veja aqui um vídeo sobre a descoberta, divulgado no Sistema Integrado de Acesso do Arquivo Público Mineiro – SIAAPM.
 
 
Redação

6 Comentários

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  1. Emboabas na Trilha
    Oxala! Torço para que ele tenha sucesso! Pelo Mundo a fora esse tipo de trilha por trilhos antigos é muito valorizada. Juntam-se natureza, história e prazer!

  2. só uma correção, desgraçada:

    só uma correção, desgraçada: prefeitura de itabirito acabou com a linha de ferro citada dentro da área da cidade. a classe média local aplaudiu, na sua ignorância. afinal, para ela, é melhor uma avenida para carros, como ficou definido. não custa lembrar: itabirito votou em massa em aecim.

  3. Significado de “emboaba”

    Emboaba era o termo depreciativo que os paulistas (meio índios, meio portugueses), descobridores do ouro em Minas, utilizavam para se referir aos portugueses, baianos e outros que chegaram depois à região querendo se apossar das lavras. Os emboabas usavam botas para andar no mato, enquanto os paulistas, “bugres” que eram, andavam descalços. Mas, mais tarde, os paulistas perderam a disputa pelo direito de primazia sobre a descoberta, na chamada Guerra dos Emboabas.

  4. interessante que do trajeto

    interessante que do trajeto não faz parte o MORRO VERMELHO no Município de Caeté  ..local aonde teria havido a tal GUERRA dos EMBOADOS

  5. Legal mas, não vai adiante.
    A

    Legal mas, não vai adiante.

    A burocracia vai exigir dele mapeamento, catalogação de toda a flora existente no percurso pretendido com respectivo detalhamento de plano contra incêndio para cada folha de grama e cada árvore com apreentação de quinze propostas de companhias de seguros e plano de recolhimento para aproveitamento para cada fruto comestível caído livremente ao chão.

    Boa sorte para ele.

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