Baixada santista exportou a morte de funkeiros

As recentes mortes dos chamados cantores MCs continuam sem esclarecimentos. Foram cinco apenas na Baixada Santista em 2010. Agora, “exportamos” esse tipo de crime, e foi assassinado mais um cantor de funk em Campinas, o MC Daleste [foto]. Haveria envolvimento entre os crimes, fruto de guerra entre facções criminosas ou apenas uma infeliz coincidência?

Na verdade, pouco importa. O que é relevante nesse contexto é a ausência do Estado, que viu os índices de violência crescerem significativamente, sem que tenha tomado alguma medida concreta para evitar essa tragédia. A sensação de insegurança é tamanha, que atualmente não nos sentimos à vontade sequer para passear com nossos cachorros à noite. Está na hora de rompermos com isso.

Aliás, as recentes manifestações ocorridas em todo o país são, claramente, um alerta da população contra essa passividade do governo, seja federal, estadual ou municipal. Iniciadas por uma questão pontual, o tal aumento de R$0,20 nas tarifas do transporte público na cidade de São Paulo, logo se transformaram em um grito contra quase tudo e todos. A impaciência da população brasileira está muito próxima de chegar a um limite insustentável.

A segurança pública se mostra frágil. Equipamentos, inteligência, e melhor capacitação de nossas forças policiais são fatores que apontam e refletem nessa onda criminal. Pobre dos MCs, coitados dos Zés, dos Joãos e das Marias deste país.

Não podemos esquecer, infelizmente, que muitos pais continuarão a perder seus filhos para o crime organizado e desorganizado. Enquanto ainda enfrentamos escândalos com policiais corruptos, a banda boa da polícia se encontra de mãos atadas: ora são os movimentos dos direitos humanos, ora são os setores religiosos que se manifestam contra ações mais contundentes da polícia. Sinto dizer, mas enquanto não deixarmos a polícia fazer seu trabalho (sempre respeitando os limites e a própria Constituição), não venceremos essa guerra.

No fundo, nossos policiais não deixam de ser vítimas desse sistema, juntamente com os MCs, os Zés, os Joãos e as Marias. 

Entretanto, as manifestações são uma lufada de esperança para os cidadãos de bem deste Brasil. Obviamente que as ações de vandalismo gratuito são condenáveis, porém, grande parte das pessoas que estão indo para as ruas são pessoas como você, eu, nossos irmãos, amigos e colegas. São, em última instância, nós mesmos.

Vamos torcer para que, desta vez, as tais autoridades que se dizem representantes do povo, de fato se comportem dessa maneira. Ainda resta uma esperança para o Brasil: sua gente.

*Elton dos Anjos é advogado especializado em Segurança Pública

Redação

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