Conhecimento ainda se limita geograficamente apesar da internet

Jornal GGN – O compartilhamento de conhecimento ainda encontra “barreiras” geopolíticas apesar do crescimento da internet nos últimos anos, revela estudo feito por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos (EUA). De acordo com o estudo, o conhecimento (artigos, teses, dissertações e outros formatos referentes à produção de informação com base acadêmica) se multiplica muito mais rapidamente em alcances menores (empresas, cidades, estados), enquanto, ao mesmo tempo, enfrenta dificuldades para ir além das fronteiras políticas do próprio país onde foi gerado.

A pesquisa usou como base 30 anos (1975-2004) de dados de citação de patentes, totalizando mais de 4 milhões de registros. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que as citações de patentes entre as empresas estão 1,3 vezes mais propensas a se espalhar dentro das próprias fronteiras do país do que fora dele, mais de duas vezes mais propensas a se espalhar em um estado no próprio país e quase três vezes mais a se espalhar na região metropolitana dentro do estado. Para os autores do estudo, a difusão do conhecimento tem uma “forma geopolítica clara”.

“Quando as pessoas tendem a trabalhar nas mesmas áreas geográficas, o conhecimento tende a ficar compartilhado, e não apenas nas empresas, mas entre eles”, afirma Matt Marx, professor assistente na Sloan School of Management do MIT. “Algumas pessoas disseram que isso é tudo sobre a distância, e quanto mais perto você estiver, mais o conhecimento está fluindo. Mas descobrimos que existe um efeito-estado [de fronteira], embora ele esteja ficando mais fraco ao longo do tempo”. Por outro lado, ele pondera que “o efeito-país está ficando mais forte”.

O resultado do estudo do MIT contraria o conceito de compartilhamento de conhecimento criado pelo economista Alfred Marshall em 1920, ideia que ganhou grande popularidade como objeto de estudo na década de 1990. A maioria dos estudos da época, contudo, examinou dados de patentes em um nível geográfico limitado, analisando isoladamente o país, estado ou região metropolitana. Os pesquisadores do MIT defendem que uma análise das três esferas de de uma só vez é importante para comparar o fluxo de conhecimento por fronteiras políticas variadas.

Protecionismo

“Não se trata apenas de quantos quilômetros estão entre os pesquisadores”, diz Marx. “Você pode pensar que, com a internet, as fronteiras não deveriam importar. Mas elas importam”, reconhece. O pesquisador sugere algumas explicações para o fenômeno. Uma das teorias é de que, apesar da adoção, a partir dos anos 1990, de registros online de patentes (o que facilitaria a disseminação), muitas citações de patentes ainda estão protegidas por escritórios de advocacia, com conhecimento local especializado.

Outra ideia sugerida é que algumas patentes são tão especializadas que não são adequadas em outros países, com realidades técnicas e científicas diferentes. “Pode ser que as indústrias dos EUA estejam se tornando mais especializadas”, afirma Marx, o que explicaria um menor número de conhecimento compartilhado porque as inovações seriam menos aplicáveis entre os países. Além disso, argumenta o pesquisador, a própria política de negócios locais ou regionais pode querer manter o impacto local do conhecimento como forma de agregar valor ao que foi produzido.

Redação

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