Darcy Ribeiro, paixão pelos índios e pela escola pública

Darcy Ribeiro

Por Tamára Baranov – Rio Claro/SP

“Dediquei a vida aos índios, à minha paixão por eles e também à escola pública. Minha vida é feita de projetos impessoais para passar o Brasil a limpo, porque o Brasil é máquina de gastar gente. Gastou seis milhões de índios e o equivalente de negros. Para eles? Não! Para adoçar a boca do europeu com açúcar, para enriquecer uns poucos. O povo foi gasto como carvão neste país bruto”.

Darcy Ribeiro
(Montes Claros, Minas Gerais, 26 de outubro de 1922 – Brasília, Distrito Federal, 17 de fevereiro de 1997)

Educador, sociólogo, etnólogo, poeta, romancista, antropólogo, político, ativista, fundador de universidades, Darcy Ribeiro é um dos mais notáveis intelectuais do Brasil. Abandonou o curso de Medicina e matriculou-se na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Formado, dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Trabalhou com o Marechal Rondon no Serviço de Proteção aos Índios. Neste período fundou o Museu do Índio e ajudou a criar o Parque Indígena do Xingu. Foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília e Ministro da Educação e Cultura do governo João Goulart. Exilou-se após o golpe de 1964. Anistiado associou-se a Leonel Brizola, para reorganizar o Partido Trabalhista Brasileiro. Como vice-governador do Rio de Janeiro e coordenador do Programa Especial de Educação, criou os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e as Casas da Criança.

Como senador em 1990, foi relator do anteprojeto aprovado da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), que passou a ser conhecida como Lei Darcy Ribeiro. E vários outros projetos, entre eles, uma lei de trânsito para defender os pedestres contra a selvageria dos motoristas; uma lei dos transplantes que, invertendo as regras vigentes, tornou possível usar órgãos dos mortos para salvar os vivos; uma lei contra o uso vicioso da cola de sapateiro que envenena e mata milhares de crianças. Colaborou na criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto de Oscar Niemeyer. E mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne e das Universidades de Montevidéu, Copenhague e da Venezuela. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Darcy era alegre e de bom humor, mas não era suficiente para afogar a angústia de suas decepções ou fracassos. 

Uma co-produção da GNT e TV Cultura, idealizado e dirigido por Isa Grinspum Ferraz, o documentário ‘O Povo Brasileiro’ conta com a participação de Chico Buarque, Tom Zé, Paulo Vanzolini, Gilberto Gil, entre outros. A série, dividida em 10, recria a narrativa de Darcy Ribeiro em linguagem televisiva e discutem a nossa formação como povo. Trata-se da obra final do autor publicada antes de sua morte e nela Darcy Ribeiro estabelece 5 “brasis” distintos: o Brasil sertanejo; o Brasil crioulo; o Brasil caboclo; o Brasil caipira; o Brasil sulino. Em 1995, lendo os primeiros capítulos dos originais de ‘O Povo Brasileiro’, Isa Grinspum Ferraz sugeriu a Darcy Ribeiro, com quem colaborou por 13 anos, que contasse aquela história para mais gente, em programas de televisão. Apesar de já muito doente, Darcy aceitou a provocação e, por quatro dias, tornou-se ator de um grande depoimento sobre a nossa formação cultural.

http://www.youtube.com/watch?v=aTHpzqiWo-g align:center

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador