Fernando Nogueira da Costa
Fernando Nogueira da Costa possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1974), mestrado (1975-76), doutorado (1986), livre-docência (1994) pelo Instituto de Economia da UNICAMP, onde é docente, desde 1985, e atingiu o topo da carreira como Professor Titular. Foi Analista Especializado no IBGE (1978-1985), coordenador da Área de Economia na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (1996-2002), Vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais da Caixa Econômica Federal e Diretor-executivo da FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos entre 2003 e 2007. Publicou seis livros impressos – Ensaios de Economia Monetária (1992), Economia Monetária e Financeira: Uma Abordagem Pluralista (1999), Economia em 10 Lições (2000), Brasil dos Bancos (2012), Bancos Públicos do Brasil (2017), Métodos de Análise Econômica (2018) –, mais de cem livros digitais, vários capítulos de livros e artigos em revistas especializadas. Escreve semanalmente artigos para GGN, Fórum 21, A Terra é Redonda, RED – Rede Estação Democracia. Seu blog Cidadania & Cultura, desde 22/01/10, recebeu mais de 10 milhões visitas: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/
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Discurso de ódio antipetista, por Fernando Nogueira da Costa

A mobilidade social ocorrida na era social-desenvolvimentista (2003-2014), que diminuiu um pouco a concentração da renda do trabalho, porém não contrariou a tendência à concentração da riqueza, justificaria esse ódio de classe concentrado sobre os petistas?

no Brasil Debate

Discurso de ódio antipetista

por Fernando Nogueira da Costa

Busco entender, sem ainda compreender, as raízes mais profundas do discurso de ódio antipetista.

Empatia é a capacidade de entender e sentir o que outra pessoa está experimentando, partindo da perspectiva referencial que é pessoal a ela, ciente das próprias limitações em acurácia, sem confundir a si mesmo com o outro. Seria o exercício afetivo e cognitivo de buscar interagir, percebendo a situação sendo vivida por outra pessoa, além da própria situação pessoal.

Na Psicologia e na Neurociência contemporânea, a empatia é uma espécie de inteligência emocional. Pode ser dividida em dois tipos:

1.a cognitiva: relacionada com a capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e

2.a afetiva: relacionada com a habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.

Levanto as seguintes hipóteses para se raciocinar não emocionalmente (em uma tentativa de racionalizar) a respeito da origem do discurso de ódio contra os milhares de eleitores — maioria nas quatro últimas eleições — e/ou simpatizantes petistas:

1. ÓDIO DE CLASSE:

A burguesia acharia que os petistas visam a desbancá-la de seu poder econômico e político, enquanto a pequena-burguesia temeria sua proletarização, isto é, o empobrecimento da classe média, aproximando-a do nível de vida dos proletários?

A mobilidade social ocorrida na Era Social-Desenvolvimentista (2003-2014), que diminuiu um pouco a concentração da renda do trabalho, porém não contrariou a tendência à concentração da riqueza, justificaria esse ódio de classe concentrado sobre os petistas?

2. CONFLITOS DE INTERESSES ENTRE CASTAS:

A “socialdemocracia tropical” (ou social-desenvolvimentismo) correspondeu a uma aliança eventual entre a casta dos trabalhadores formais, organizados em sindicatos e partidos, e a casta dos sábios, seja tecnocratas, seja intelectuais pregadores (professores, sacerdotes, artistas etc.), contando de início com o apoio de representantes da casta dos comerciantes, particularmente, empreiteiros e banqueiros?

Os grupos sociais, vistos como castas, não são só organismos que buscam o interesse próprio e a vantagem econômica.Também constituem encarnações de ideias e estilos de vida, que procuram impor aos outros.

Quando a casta dos trabalhadores organizados buscou impor seus valores às demais castas, posteriormente à sucessão do Lula, sentiu o peso do ódio e foi golpeada pela aliança de interesses entre a casta dos comerciantes-industriais, a casta de aristocratas-oligarcas dinásticos regionais, governantes de Estados e seus representantes parlamentares, a casta de guerreiros (policiais militares), e as dissidências da casta dos sábios, tanto tecnocratas, quanto membros do Poder Judiciário?

3. ÓDIO RELIGIOSO:

O antissemitismo se assenta em frágeis bases preconceituosas:

1.diferenças religiosas entre judeus e cristãos da Antiguidade a respeito da figura do “salvador” de toda a humanidade,

2.acusação pela crucificação de Jesus,

3.usura – cobrança de juros só a “não-irmãos”, uma prática comum em diversas religiões –,

4.Cruzadas e reconquista de territórios ocupados por árabes e judeus,

5.a Inquisição e a conversão forçada de judeus em “cristãos-novos”,

6.o não pertencimento a um Estado próprio até a criação do Estado de Israel na região da Palestina,

7.a imputação dos efeitos da hiperinflação alemã e da crise de 1929 ao crescimento do poder econômico dos judeus etc.

É possível afirmar que o antipetismo se assentaria, analogamente, em ódio aos ateus, descrentes de qualquer fé religiosa, embora uma das raízes do PT tenha sido a teologia da libertação em aliança com o sindicalismo, os movimentos sociais e intelectuais de esquerda?

4. ÓDIO MORALISTA:

O moralismo é a doutrina ou comportamento filosófico ou religioso que elege a moral como valor universal, em detrimento de outros valores existentes. No viés heurístico da auto atribuição — onde a moral considerada correta é a própria e a incorreta a dos outros diferentes de si –, a consideração moral é inconsistente:

1.por estar separada do sentimento moral,

2.por ser baseada em preceitos tradicionais irrefletidos, ou

3.por ignorar a particularidade e a complexidade da situação julgada?

5. ÓDIO DA EXCLUSÃO:

Os trabalhadores e artesãos com espírito comunitário ou corporativista excluem “os de fora”.

Uma conhecida máxima política diz que só se convoca uma convenção partidária quando tudo já está decidido pelo “comitê central”, formado pelos líderes de suas tendências, ou, em alguns casos, pelo cacique político criador (e na prática “dono”) do próprio partido. Evidentemente, ele pode “vender” algumas vagas ou mesmo ceder, “gratuitamente”, para alguns amigos ou parentes…

Todos “de dentro” serão futuros candidatos a cargos nomeados pela Nomenclatura, onde a “troca de favores” será retribuída, segundo o critério do “homem cordial”. Os “de fora” não possuem QI (Quem Indica) — e são excluídos.

Neste sentido, a sociedade brasileira tem tido a oportunidade de assistir, em governos de coalizão, a partilha de cargos no governo federal para se montar uma maioria base governista e não ser golpeado. Na nossa Tropicalização Antropofágica Miscigenada, misturou-se presidencialismo com parlamentarismo e ausência de cláusula de barreira para partidos se representarem no Congresso. Dado o risco de golpe parlamentarista, acirrou-se o “toma-lá-dá-cá” fisiológico.

No nosso mundo político-partidário, misturam-se também os poderes tecnocráticos e as trocas de favores pessoais, deixando de lado a meritocracia tão cara aos universitários. O critério técnico de mérito, esforço próprio e reputação profissional é substituído pelo de “laços afetivos (e efetivos)” com caciques de partidos.

No “governo do PT” (sic), na formação da base governista, bastou um simples diploma de curso superior para justificar a “competência” para o cargo?

6. ÓDIO AO APARELHAMENTO:

A Constituição parlamentarista em regime presidencialista soma os defeitos de ambos os regimes:

1.a fragilidade parlamentar do presidencialismo com

2.a ausência de quadros técnicos bem formados e estáveis, na burocracia estatal, para blindar os ministérios, as empresas estatais, as fundações etc. contra o assalto dos parlamentares ao butim.

Não é na liberação de emenda parlamentar que está o problema, mas sim em muitos viverem dos lucros da triangulação entre parlamentares, seus indicados na máquina de governo, e fornecedores ou empreiteiros de obras públicas que recebem mais pelo serviço que não prestam ou que custa menos.

O PT não repetiu a prática dos outros partidos?

7. ÓDIO RANCOROSO:

Um governo (re)eleito deseja colocar em prática suas concepções ideológicas. Uma política ideologicamente orientada, se for potencialmente impopular, só será colocada em prática se o governo tiver certeza de ser reeleito, isto é, se seu nível de popularidade estiver acima de um determinado nível mínimo. Se sua popularidade estiver abaixo deste nível mínimo, o governo vai começar a ter medo de não conseguir a reeleição ou a sucessão por um “herdeiro político”.

Nesse caso, à véspera da nova eleição, ele fará um esforço para aumentar sua popularidade, implementando uma política expansionista, aumentando os gastos públicos, de forma a reduzir o desemprego e aumentar o crescimento da renda, ou melhorando a qualidade dos serviços públicos na área de segurança, educação e saúde. Naturalmente, a situação será diferente se a taxa de inflação já existente for muito alta. Neste caso, o governo pensará que poderá ser vantajosa para si a implementação de uma política deflacionária.

Sábios-tecnocratas, como a Dilma, trazem a burocratização ou a presunção arrogante típica dos especialistas. Quando aconselhados por líder dos trabalhadores, com forte espírito comunitário ou corporativista, excluem o aconselhamento de “os de fora”. Caem nos vieses heurísticos da auto atribuição — atribuem o sucesso a si próprio e culpam os outros por eventual fracasso — e da auto validação — só conversam com quem pensa igual.

O estelionato eleitoral ocorreu quando, em 2015, colocou no comando do Ministério da Fazenda, dividindo o poder com um sábio-tecnocrata no Ministério do Planejamento, um legítimo representante da ideologia neoliberal da casta dos mercadores. Esta ideologia mantém intocada a disparidade do juro brasileiro e provoca a instabilidade econômica e a elevação das desigualdades sociais em favor de:

1.um ajuste fiscal para garantir a solvabilidade da dívida pública, demanda principal dos rentistas,

2.um ajuste cambial para garantir a competitividade dos industriais, demanda principal dos novos-desenvolvimentistas,

3.um ajuste na relação entre salários e lucros, principal crítica dos social-desenvolvimentistas.

A casta dos guerreiros foi à rua através de Vem Pra Rua, Revoltados Online, MBL (Movimento Brasil Livre), pois eles atiçam guerras intermináveis por honra e vingança contra os democratas que derrubaram sua saudosa ordem-unida da ditadura militar. A direita perdeu a vergonha e “saiu do armário”, de maneira organizada, contando inclusive com financiamento externo.

A ordem social desmorona quando seu governante acredita que está fracassando – e, sob pressão, adota profundas reformas de acordo com o credo oposto. A base eleitoral do governo reeleito se sentiu traída pela adoção do programa da oposição derrotada em 2014. Dilma não conseguiu apoio dos mercadores e perdeu o apoio dos trabalhadores em 2015, solidários em 2016.

Muitos ex-petistas não acharam tudo isso odioso e guardam rancor — sentimento de profunda aversão provocado por experiência vivida, forte ressentimento, ódio profundo não expresso?

7. ÓDIO AO APADRINHAMENTO POLÍTICO:

No Distrito Federal, o apadrinhamento político parece ser normal, especialmente no Congresso Nacional, que abriga verdadeiros clãs encabeçados por funcionários que entraram por meio de “trem da alegria”, ascenderam a postos-chaves, e agora empregam mulheres, maridos, filhos, irmãos e agregados em cargos de confiança – sem a necessidade de concurso público. Têm salários muito superiores ao de qualquer Professor-Titular, que estudou durante vários anos e passou em todos os concursos públicos, com defesa de tese, obrigatórios para ascender na carreira universitária.

Os nomes de senadores ou deputados de outros partidos estão ligados à maioria dos clãs ou dinastias políticas, sendo os padrinhos da indicação da maioria de seus afilhados, inclusive em cargos públicos supostamente técnicos, cujo acesso deveria ser por mérito.

O PT teria aceitado e praticado, intensamente, essa “regra-do-jogo político brasileiro”, indo contra seu discurso original, tendo assim decepcionado a esperança nele depositada por milhares de eleitores, simpatizantes e militantes?

8. ÓDIO DA VITIMIZAÇÃO:

Valor (26/09/16): “O PT acusa Temer de traição. Qual foi o papel do vice?”

Eduardo Cunha: “Você tem que pensar o seguinte: é um momento no país muito complicado, tendo uma Constituição parlamentarista num regime presidencialista. Metade dos presidentes eleitos depois da ditadura foram impedidos. Tem que entender isso tudo. Não pode rotular, ficar fora do contexto. Tem que ter um contexto geral para se entender a visão do que aconteceu e cada um tirar a sua conclusão. Não se pode rotular nem de uma coisa nem de outra.”

Eduardo Cunha: “Essa foi a maneira que ela [Dilma] encontrou para criar o clima de que a gente estava trabalhando para incendiar e se vitimizar. Sempre foi a tônica dela. Sempre é vítima. Vítima de chantagem, vítima de pauta-bomba, vítima de não sei o quê. É a tônica do PT se vitimizar“.

Vitimização, segundo o blog Resenha Virtual, é ato ou efeito de (se) transformar em vítima. Auto vitimização acontece quando uma pessoa ou instituição se coloca no papel de vítima ou pessoa perseguida para anular críticas, opiniões ou objeções contra as quais não consegue contra argumentar.

Auto vitimização é um tipo de manipulação de natureza emocional que ocorre quando se esgotam os argumentos e o debate precisa ser suspenso por falta de lógica em seus posicionamentos.

Esse tipo de comportamento pode ocorrer em diversos contextos na vida, mas se conseguirmos identificá-lo é necessária a extinção deste comportamento, pois ele é prejudicial tanto para a vida pessoal como na vida profissional ou institucional-partidária. Em nossas relações humanas, todos nós estamos sujeitos a cair nesta armadilha emocional.

Na maior parte dos casos, a suposta “vítima” confunde ideias com sentimentos, ideologias com pessoas, apologética com ofensa pessoal, e no fundo revela certa falta de modéstia em admitir que simplesmente pode estar errada.

No pior cenário, a auto vitimização é uma espécie de desonestidade intelectual, pois quem defende suas ideias se torna o grande vilão, e o que se vitimiza pode conseguir adeptos que são exatamente como ele: “vítimas” de um sofrimento virtual que só tem plausibilidade na teimosa da sua imaginação. A auto vitimização precisa de uma plateia para funcionar.

A auto vitimização é um traço que aparece com muita frequência no discurso das pessoas que tendem a apresentar a fantasia de que não são responsáveis por nenhuma parcela do próprio sofrimento. Essas pessoas estão sempre colocando a “culpa” de seus problemas no governo, na economia, no partido, ou até mesmo na sorte!

7. ÓDIO RECÍPROCO:

Será que o discurso de ódio não é igual e contrário?

Por causa de diferenças políticas, sociais, morais, religiosas etc., os odientos em uma conjuntura de sofrimento, devido à crise econômica mundial, exigem um “bode-expiatório” para crucificar?

Em sentido figurado, um “bode expiatório” é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar sozinho a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo, embora não o tenha cometido.

A busca do “bode expiatório” é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas sem a constatação real dos fatos. Esse recurso é um importante instrumento de propaganda política.

Grupos usados como “bodes expiatórios” foram (e são) muitos ao longo da História, variando de acordo com o local e o período.

Aqui e agora, a caça às bruxas ocorre sobre petistas?

 

Fernando Nogueira da Costa

Fernando Nogueira da Costa possui graduação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1974), mestrado (1975-76), doutorado (1986), livre-docência (1994) pelo Instituto de Economia da UNICAMP, onde é docente, desde 1985, e atingiu o topo da carreira como Professor Titular. Foi Analista Especializado no IBGE (1978-1985), coordenador da Área de Economia na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (1996-2002), Vice-presidente de Finanças e Mercado de Capitais da Caixa Econômica Federal e Diretor-executivo da FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos entre 2003 e 2007. Publicou seis livros impressos – Ensaios de Economia Monetária (1992), Economia Monetária e Financeira: Uma Abordagem Pluralista (1999), Economia em 10 Lições (2000), Brasil dos Bancos (2012), Bancos Públicos do Brasil (2017), Métodos de Análise Econômica (2018) –, mais de cem livros digitais, vários capítulos de livros e artigos em revistas especializadas. Escreve semanalmente artigos para GGN, Fórum 21, A Terra é Redonda, RED – Rede Estação Democracia. Seu blog Cidadania & Cultura, desde 22/01/10, recebeu mais de 10 milhões visitas: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/

18 Comentários

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  1. Arrisco dizer que é muito

    Arrisco dizer que é muito mais simples: Pura e simples lavagem cerebral praticada pela sua mídia. Gostem ou não o brasileiro médio é estúpido, com uma mídia concentrada como a de vocês e sem nenhum freio (eu nunca vi a rede Globo ser punida por publicar mentiras ou difamações) torna-se brincadeira de criança induzir a população à fazer coisas que normalmente ela não faria.

    P.S: Lavagem cerebral não é “coisa de filmes”, acontece de verdade. Não é necessária nenhuma “máquina cerebral”, basta ficar repetindo a idéia a ser implantada de várias formas até ela “pegar”.

  2. Esqueceu do principal

    O articulista falou de váias coisas que tem sentido racional sim, mas deixou de fora o principal: a abordagem parcial e seletiva da política, feita pela mídia oligopolizada, num país que tem tantos analfabetos políticos.

    Quase tudo que ele expôs é consequência da abordagem parcial e seletiva da mídia tradicional.

    1. esqueceu…..

      Não é uma reação esperada pela mesma atuação das esquerdas contra a direita, o liberalismo politico ou figuras como Paulo Maluf? “Toda ação provoca reação igual e contrária”? Assunto que importa muito às esquerdas. Mas importa muito à imprensa, que deveria publicar as possibilidades de estabilidade política para o país? Até porque um outro partido de centro-esquerda, e não de direita, que retornou ao Poder sem ser eleito, voltou a colocar em prática uma situação que sua ideologia jurava ser um atentado e traição contra a soberania brasileira: a privatização de patrimônio público aos interesses internacionais  

  3. plim plim

    “Busco entender, sem ainda compreender, as raízes mais profundas do discurso de ódio antipetista.”

    Fácil: Basta assistir aos telejornais, notadamente os da mãe do golpe, a globobo.

    Qualquer produto ao longo de quinze anos anunciado dia e noite, inclusive por merchandise na novela, vai acabar vendendo por pior e mais falso que seja.

     

  4. Discurso de ódio antipetista

    “Eu diria que tem de tudo um pouco.

    Mas no centro está a nossa história.

    Séculos de dominação levaram o que se pode chamar de Casa Grande a montar o Estado na conveniência de seus interesses. 

    Todo o aparato legal e suas instituições estão instrumentadas para a manutenção do “satatus quo”.  O conservadorismo mais desabrido na realidade nunca foi atacado a fundo. Todos os líderes que se dispuseram a, superficialmente, reposicionar o Estado em favor do povo foram mortos ou alijados do poder.

    Desses líderes apenas Brizola teve morte natural porque sequer teve chance de ameaçar o poder de fato que se esconde nas dobras legais e estatais.

    Outro aspecto a considerar são os interesses estrangeiros defendidos internamente por brasileiros a soldo ou submetidos pelo aliciamento da metrópole: os entreguistas. A enorme riqueza de nosso subsolo, minerais, petróleo, água, a produção de alimentos, um povo submisso e o aparato legal comprometido.

    Tudo nos faz a presa ideal.

    Tambem vale lembrar o horrendo conúbio entre essa elite corrompida e nossas FFAA. Essa conjunção prefere a redução do país a colônia explorada do que a altivez e a independência.

    É um caldo de interesses diversos uns maiores outros menores.

     

     

     

  5. É a mídia tradicional que

    É a mídia tradicional que criou o ódio da classe abastada à classe proletária, tudo porque o proletariado passou a usufruir de uma pequena parcela das riquezas do país. Sou de uma pequena cidade do interior de Minas e até o Governo FHC as pessoas só tinham o fogão a lenha para cozinhar o pouco de alimentos que poderiam comprar e você teria que ir fora da cidade numa distância de mais ou menos 05 km para encontrar algum graveto de lenha, pois perto da cidade você não achava um fiapo de lenha, mesmo a beira da cidade sendo cheia de fazendas com muitas árvores, lembro que as pessos que viviam em extrema pobreza só tinham alimentos para comer até a quinta-feira, creio que 95% da população ou mais vivia em pobreza extrema, saúde e educação eram quase inexistes, mas com a eleição do Presidente Lula tudo mudou, as pessoas tiveram acesso aos bens de consumo como motocicletas, fogão a gás, a educação ainda está precária, mas mil vezes melhor que no passado. Interessante que o nível de escravidão no interior do Estado diminuiu muito e os idosos hoje vivem muito bem, tem tantas coisas que se fosse enumerar encheria uma cinco páginas, mas mesmo assim os ricos da região continuam ricos. Para mim o ódio de classes acontece por que o Presidente Lula diminuiu um pouquinho o protagonismo dessa gente. Não se enganem, tem muita gente alienada ainda, mas hoje, mesmo no interior onde as pessoas não sabiam o que era O Golpe de 64, muitos sabem hoje que estão sendo enganados.

  6. Porque – e até como – aquela

    Porque – e até como – aquela imprensa construiu e constrói discurso de ódio?

    Porque as pessoas compraram e ainda compram esse discurso?

    Um querer vender implica automaticamente no outro querer comprar?

     

  7. Tirar o Brasil do vermelho

    Acho que ai está a prova cabal: não se trata de uma campanha eleitoral!, é a propaganda governamental (com toda a força e aparelhamento que isso significa)  paga com o dinheiro do contribuinte com um final definitivamente politico.

     

    Se o PT TINHA um projeto de se perpetuar no governo, este outro projeto (golpista) não só quer se perpetuar, como não quer concorrentes!!!!

  8. O caso típico, o PT, vítima do golpe, vira culpado

    O caso típico, o PT, vítima do golpe, vira culpado, teria dado causa, democracia demais.

    Aos muitos que – simplesmente culpam o PT – em sua completude – pelo fracasso nas eleições – pergunta-se, quais os reflexos ou a importância que toda a falta de democracia, toda a falta de justiça, toda a utilização da máquina jurisdicional, midiática e financeira, tiveram neste processo todo de alijamento do partido do poder.

    Sinto muito, mas sem esta análise este é o pensamento conservador e espúrio que culpa a vítima pelo crime contra o qual foi cometido.  

    Desta forma, quando analisam grandes eventos sem incluir uma visão do todo – nem mencionam o golpe – chegam ao absurdo de culpar a vítima, pelo uso da saia curta, do horário noturno, do local ermo, pelo estupro ocorrido.

    Críticas de um fato – eleições pós golpe -,  inserido num cenário politico midiático e de aparelhamento de estado, não podem ter a pretensão de serem honestas se não abordarem a influência destes fatores (fundamentais) em suas análises.

    Este imenso aparato de poder utilizado para alijar o Partido dos Trabalhadores do governo tem existência e estrutura anterior ao primeiro mandato presidencial.

    Ele era, e é, o inimigo a ser combatido, é o criminoso que espreita nos lugares escuros e não hesita em se valer de facas, revolveres, força, para conseguir o que deseja tomar, seja dinheiro seja dignidade.

    A discussão deveria ser outra. 

    Um lamento a democracia – perdida – e a intenção declarada, que seja breve -, seu óbito

    Primeiro, escancarar a forma como este poder/força age, quais seus objetivos, quem será a vítima.

    Após, demonstrar, sem subterfúgios, todas as consequencias do crime e seus desdobramentos, principalmente sob a conduta do criminoso, que livre, pratica todos as demais vilanias, sem nada nem ninguém que lhe obstrua o caminho, afinal, a culpa é da vítima.

    Depois, passado a limpo este ponto, ai sim podemos ver como deveríamos ter feito e como devemos agir para terminar com esta impunidade.

    Outras considerações.

    Na análise geral destes “novos” tempos, de plano vemos um ponto comum, o de que não houve o necessário empoderamento da sociedade civil, de modo a que esta fosse devidamente esclarecida acerca do papel de cada um na transformação social a ser implementada, e assim pudessem exercer nestes momentos decisivos o necessário contraponto à força bruta do poder econômico e seus aparelhos.

    Uma das falhas, se houvesse coerência, é justamente destes, ditos intelectuais, que se portam como se tivessem um viés “de esquerda”,  tipo Aldo Fornazieri e outros, que tecem artigos ao sabor de uma realidade que tem em seu umbigo o centro do Universo, e apenas se dedicam a apontar falhas, que invariavelmente estão nos outros, pois suas concepções não admitem críticas a sua atuação e de seus pares, que nem mesmo conseguem construir escolas de pensamento, pois para isso seria necessário dividir ideias, o que é incompatível com seu pensamento único e mutante.  

    Seu academicismo virou meio de vida, e se restringe a pequenos grupos, que professam sempre a crítica a qualquer coisa que possa ser realizada concretamente, eram e são os críticos mais ácidos a governos, nem digo de esquerda, mas por sua expressividade, do PT.

    Entretanto, do alto de sua competência intelectual, não conseguem nem criar movimentos ou organizar críticas que envolvam, além do mencionado partido, a influência de todo poder acima mencionado neste processo, poder este que, através do aparato midiático, judicial, econômico,  vicia a democracia e subverte o estado democrático de direito.

    Reitere-se, isso por um simples fato, eles vivem desta crítica, dai extraem seu espaço junto a grande mídia, consolidam um confortável lugar na academia como críticos, não ao sistema, mas a forma como o movimento popular deveria se organizar, colaborando assim para sua desconstrução.

    Este espaço para o pensamento e discussão, é que não foi aproveitado pelas esquerdas, cujos setores, forjados para a luta política, criaram pequenas estruturas de poder e com isso se perpetuaram na mesmice do pensamento único, não deixando que houvesse a necessária inclusão e oxigenação para que se desenvolvessem formas efetivas de integração e  alternativas  de evolução na criação de uma consciência social de classe e de projeto de estado de bem estar comum.

    Lembro também de Thiago de Mello(poema logo abaixo), porque tantas vezes ouvi (e ouço) discursos – de dirigentes antigos – agora críticos – de “não passarão” – em mesas de bar – quando na realidade não tinham mais liderança alguma (apesar de muitos ocuparem cargos diretivos politicos sindicais…) – e sua inércia nestes longos 13 anos cobrou seu preço… seus discursos, por descolados da realidade, não mais tem reflexo nas categorias de trabalhadores – servidores.

    E não digam que a culpa é do governo dos trabalhadores, como se não fizessem parte integrante dele – … porque 13 anos é muito tempo para no mínimo formar um campo crítico e consciente do espaço ideológico e social do qual fazemos parte…

    No entanto, formaram-se guetos – grupos de amigos – que não são oxigenados a muito tempo – olha-se para o lado e são os mesmo antigos amigos.

    Ora, agrupamentos políticos … não são grupos estanques de amizades, mas conjuntos que se constroem diariamente e que pela diversidade e inclusão… modificam e se reconstroem como força…

    O QUE ME ESPANTOU

    Não foi a multidão indo para casa

    (nós no meio dela, disfarçando),

    cabeça baixa, as pernas pesadas,

    seguindo a ordem que o inimigo lhe dava.

    Eram operários, homens e mulheres.

    Eram homens de todas as idades,

    subindo silenciosos a Grande Avenida.

    Nenhum brado, nenhum braço erguido.

    Nem foi a organização perfeita do inimigo,

    a pontaria espantosa de seus aviões,

    o rigor implacável do seu ódio.

    Nem a ingenuidade dos que atenderam

    ao turvo e meloso apelo

    da monstruosidade humana

    repetido pelo rádio.

    Pois acreditaram na idiosincrasia,

    e de mão beijada se entregaram

    ao reino das trevas e do ranger de dentes,

    onde até hoje, tirante os que foram mortos,

    aprendem todos os escalões do escárneo.

    O que me espantou foi o assombro

    que de repente, desorbitado,

    o chão fugindo, o ar faltando,

    eu vi se erguer no olhar, no peito,

    nas mãos que não se achavam,

    daquele companheiro

    marinheiro de tanto mar,

    quando ele compreendeu,

    depois de tanto acreditar amando,

    que as barricadas, os grupos de combate,

    os cordões de milhares, a vanguarda de fogo,

    não íam chegar, não íam se erguer, não,

    e que os planos e projetos de resistência

    (escorriam de brasa as suas lágrimas)

    eram planos e projetos de palavras.

    © THIAGO DE MELLO

  9. “Eu odeio a classe média” – Marilena Chauí

    eis uma amostra que inverte a tese do post-título https://www.youtube.com/watch?v=OsvhFMrJLT8 . A adesão a uma ideologia política por vezes se assemelha à adesão a uma religião, daí  a arrogãncia, a pretensão de donos da verdade, de puros imaculados e de vítimas perseguidas (este último fator pode acontecer, mas o que atento é pra só serem enxergados fatores externos, exteriores, e, quanto aos internos, ora, são absolvidos, relevados pelo fim maior… quando não ocultados). Persiste a tese do vitimismo, que já vimos e continuaremos a ver em abundância cansativa. E renovações superficiais.

  10. Moro consta da lista do neonazista da Camargo Correa?

    Suzana Vieira , miquete, globete, morobloquista, cunhista não está sabendo que políticos do Paraná constavam da lista de simpatizantes  dos neonazistas que a polícia do Paraná tem em poder dela, depois de estourar a célula neonazista do paraná, cujo líder neonazista é um paulista coxinha rico, Ricardo Barollo, que trabalhava na época a prisão em projetos especiais da Camargo Correa, e é o manante do assassinato do casal destoante do grupo, 23, e 21 pobres jovens, iludidos, os assassinos confessaram tudo e parece  que estão presos. Não entendo como a lista de simpatizantes estrangeiros e nacionais dos neonazistas brasileiros interessou muito pouco aos jornalões e as entidades que combatem o nazismo.

     

  11. Faltou o complexo de caim

    Neste caldeirão de motivos para o ódio merece destaque aquelas figuras,que considera o incômodo com o bem estar ou sucesso do vizinho, da empregada ou mesmo colega de trabalho maior que os benefícios que recebeu. Certamente uma atitude mental tão vergonhosa e mesquinha como esta não é compatível com a coragem para assumí-la e e declará-la, restando a fuga ao apelo das máscaras como “não tenho ladrão de estimação”, “morte aos corruptos”, “minha bandeira jamais será vermelha” e outras mais. Mas na verdade o Caim está dentro deles frustrado porque Abel colocou os filhos na faculdade pública ou comprou uma casa com o apoio do governo.

  12. Perpetuação
    Um partido que tem como meta perpetuar-se no poder será odiado pelos outros partidos.
    Um partido que tem como meta perpetuar-se no poder será odiado pelos eleitores de outros partidos.
    Um partido que tem como meta perpetuar-se no poder será odiado por instituições internas e externas, governos e oligopólios que tem interesses divergentes de seu programa de governo, mas não podem empreende-los ou sequer muda-los.

  13. Já refleti muito sobre esse

    Já refleti muito sobre esse ódio ao PT, e cheguei a conclusão que é como ter amor ou ódio por um time de futebol, é inconsciente, sem pesquisa ou intencionalidade, acontece simplesmente, vejo isso nas famílias, onde sendo todos da mesma origem, tendo a mesma educação e oportunidades, alguns são petistas e outros anti-petistas. Simples assim, observo isso no seio da minha própria família, e não adianta as conversas esclarecedoras, cada um defende a sua ideia e não aceita os argumentos do outro.

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