Emenda parlamentar é “fraude” oficializada pela Justiça Eleitoral, por Janio de Freitas

Mecanismo distribuído em ano eleitoral para base governista mina poder de concorrentes antigos e novos nos redutos eleitorais impedindo renovação do Congresso 
 
Congresso Foto de Antonio Cruz / Agência Brasil
 
Jornal GGN – A emenda parlamentar, em ano eleitoral, é uma ferramenta contra concorrentes na corrida pelo pleito. Os deputados agraciados pelo governo conseguem concluir projetos em seus redutos eleitorais, saindo na frente de velhos e novos concorrentes, portanto impedindo a renovação do Congresso. A análise é do articulista Janio de Freitas, que em sua coluna da Folha neste domingo observa o poder do mecanismo para manter o status quo. 
 
O presidente Michel Temer (MDB) alocou R$ 10 bilhões para responder pedidos de parlamentares por emendas. O valor estaria sendo utilizado para convencer o Congresso a votar em favor da reforma da Previdência, como já vem sendo destacado na imprensa, porém poucos foram mais a fundo mostrando que a distribuição de emendas parlamentares é uma espécie de “fraude oficial” na Justiça Eleitoral, contribuindo para melhorar a imagem de um grupo de políticos em detrimento de outros em suas respectivas zonas eleitorais. Leia a seguir a coluna de Janio de Freitas na íntegra. 
 
Folha de S.Paulo
 
Janio de Freitas
 
Emendas parlamentares são espécie de ‘fraude oficial’ na Justiça eleitoral
 
Os R$ 10 bilhões que Michel Temer vai liberar para indicações de deputados têm a finalidade divulgada pelo governo e uma segunda, de efeitos mais importantes, nunca mencionada. A primeira é a compra de votos na Câmara para tentar a aprovação do remendo na Previdência. A velha chantagem do “é dando que se recebe”. A segunda é uma interferência nas eleições. Digamos, uma “fraude oficial”, a primeira das fraudes que haverá na compra de cabos eleitorais e de votos, nas verbas partidárias e contribuições embolsadas e, claro, nas contabilidades para a Justiça Eleitoral.
 
O mecanismo é simples. A quota financeira liberada para um deputado pelo Tesouro Nacional, seguindo indicação de nome e montante pela Presidência, corresponde a uma proposta do parlamentar incluída no Orçamento da União, a chamada emenda. No Estado e no município recebedores, a liberação é festejada como vitória do deputado. Passa a ser a bandeira, ou uma delas, na propaganda do parlamentar. Assim é pelo país afora.
 
Em ano eleitoral, como 2018, esse mecanismo é um trunfo, com frequência decisivo, do parlamentar contra os concorrentes não agraciados pelo governo. Sobretudo contra os novos. E, portanto, contra a renovação do Congresso.
 
Os pacotões do “é dando que se recebe” são alvos costumeiros de repulsas fortes. Não o atual, porque está vendido à imprensa como recurso para a “reforma” da Previdência. Mas sua aceitação é também a do despejo antecipado e camuflado de R$ 10 bilhões na disputa eleitoral, favorecendo deputados (mal) escolhidos. E quando ações eleitorais ainda estão proibidas.
 
Diante dessa “fraude oficial”, inabordável pela Justiça Eleitoral e efetivada com dinheiro público –o mesmo cortado para saúde, educação, saneamento, ciência, segurança– a palavra fraude hostilizada é a que se encaminha para as 200 mil assinaturas em seu apoio, como peça-chave do documento “Eleição sem Lula é fraude”. Reduzida entre nós a mínimas notícias, essa argumentação está divulgada e assinada no exterior por intelectuais, artistas e professores (calma, de todos os gêneros, sim) com nomes expressivos.
 
Substituir a palavra é uma possibilidade para os desagrados. O que as evidências, em número enorme, não admitem a sério é negar que a ausência forçada de Lula na eleição presidencial resultaria de um processo em que não faltaram anomalias judiciais, arbitrariedades acobertadas pela alta hierarquia do Judiciário e do Ministério Público e uma campanha de opinião como poucas foram vistas. São fatos e ficaram com sua comprovação registrada para dirimir nossas divergências e para a história.
 
Tais fatores terminaram por fazer, acima dos processos judiciais, um processo político. Agora mesmo, Sergio Moro e seu grupo de procuradores dispensam-se de mandar à perícia a nova leva de recibos que exigiram. “É claro que são falsos.” Mas a obrigação é mandar ao teste pericial. O que está usado na condenação é mero palpite, a denotar um tratamento que não é dado a outros processos e investigados. E se o dono do apartamento vizinho de Lula recebeu aluguéis e não os declarou ao Imposto de Renda, precisando negá-los? Plausível, a hipótese não foi investigada, por incompatível com a pretensiosa opinião do juiz e dos procuradores.
 
Ninguém pode negar que seja no mínimo suspeita a condução desse caso tão brasileiro, por suas afinidades judiciais, políticas e social-elitistas com o passado de nossas instituições ditas republicanas. E já, mal começado o ano eleitoral, com R$ 10 bilhões a contribuírem para sua continuidade, tais como são. 
Redação

2 Comentários

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  1. POR FAVOR, NASSIF, FAÇA CHEGAR AO JANIO

    POR FAVOR, NASSIF, FAÇA CHEGAR AO JANIO (pois nós, meros leitores, não temos como chegar ao Janio de Freitas),faça chegar a ele essa pergunta:   por quê ele não mencionou os bandidos da lava jato, seja de curitiba, seja do STF, ao comentar a fraude eleitoral que o TSE finge não enxergar.     Afinal, se os lavajatistas são tão ciosos em querer punir caixa dois como corrupção, por quê não consideram corrupção o fato de Temer estar comprando votos na cara dura para tentar desgraçar com a vida de milhões de brasileiros, ferrando-nos quanto à aposentadorias futuras, e ao mesmo tempo dando chance a que ltucanalhas, demonistas e peemedebistas mais os partidecos capaxos  continuem tendo maioria para que o PT não consiga governar mesmo que Lula concorra e vença em 2018.    É importante que, com tanta capacidade, Janio desmascare os lavajatistas hipócritas e, quem sabe, os imbecilizados leitores da Folha aprendam alguma coisa.

  2. POR FAVOR, NASSIF, FAÇA CHEGAR AO JANIO

    POR FAVOR, NASSIF, FAÇA CHEGAR AO JANIO (pois nós, meros leitores, não temos como chegar ao Janio de Freitas),faça chegar a ele essa pergunta:   por quê ele não mencionou os bandidos da lava jato, seja de curitiba, seja do STF, ao comentar a fraude eleitoral que o TSE finge não enxergar.     Afinal, se os lavajatistas são tão ciosos em querer punir caixa dois como corrupção, por quê não consideram corrupção o fato de Temer estar comprando votos na cara dura para tentar desgraçar com a vida de milhões de brasileiros, ferrando-nos quanto à aposentadorias futuras, e ao mesmo tempo dando chance a que ltucanalhas, demonistas e peemedebistas mais os partidecos capaxos  continuem tendo maioria para que o PT não consiga governar mesmo que Lula concorra e vença em 2018.    É importante que, com tanta capacidade, Janio desmascare os lavajatistas hipócritas e, quem sabe, os imbecilizados leitores da Folha aprendam alguma coisa.

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