Encontros contra, por Janio de Freitas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Folha

Janio de Freitas

Encontros contra

A cara do Congresso que se instalará em 2015 está na dependência de como se decida a divisão do PMDB

Divisão por divisão –esqueceram aquela?– há uma que, sobre ser verdadeira, está sem o reconhecimento de sua importância e, no entanto, é decisiva para muitas das questões suscitadas com o resultado da eleição presidencial.

O PMDB tem agendadas para hoje duas reuniões contraditórias. Vice-presidente reeleito e presidente do partido, Michel Temer reúne governadores e outros eleitos, lideranças e ministros peemedebistas para considerações conjuntas sobre metas do PMDB e sobre projetos passíveis do apoio partidário, em especial a reforma política. Essa pauta da reunião é real, mas o que une todos os temas é a busca de unir também os presentes, contra a contestação a Temer, ou ao comando partidário em geral, organizada pelo deputado Eduardo Cunha, líder da bancada na Câmara.

Marcada a reunião no Palácio Jaburu por Michel Temer, Eduardo Cunha saiu com a represália: convocou os seus deputados para reunião também hoje. As aparências oferecidas por ele são de que age para defender o objetivo de eleger-se presidente da Câmara. Mas, antes mesmo de expor tal propósito, veio emitindo sinais de um plano de dissensão. Desde logo, por exemplo, com a condução da bancada em frequente oposição à linha do partido. Todos os assuntos pareceram ser-lhe úteis para ser visto como um problema em crescimento.

Eduardo Cunha entrará muito fortalecido na nova Câmara. Adotou uma igreja evangélica, que lhe assegurou votação extraordinária, obteve grande apoio financeiro para candidatos a deputado e não se limitou a ajudar correligionários diretos. É dotado de sagacidade muito aguda e de audácia que ainda não mostrou limite algum, ao impulso de ambições que se revelam sempre maiores do que o já espantoso.

A solução interna dos peemedebistas terá o mesmo significado para o PMDB e para o governo. O predomínio continuado do comando com Michel Temer e sua corrente levará à permanência do convívio peemedebista com Dilma Rousseff, com o governo e com o PT, sem maiores alterações. Incluída a composição em torno da eventual reforma política e de outras possíveis reformas. Esse peso decisivo do PMDB se refletirá, portanto, nas tendências do Congresso e, em particular, da Câmara semelhantes às atuais.

O êxito de Eduardo Cunha levará ao desalinhamento entre PMDB e governo, sem que daí se deduza o alinhamento à oposição. Ser disputado aumenta o valor. E o maior valor torna mais fácil abrir caminhos para o objetivo. É o que Eduardo Cunha tem feito, desde que surgiu, como do nada, recebendo de PC Farias já o cargo, com múltiplas utilidades, de presidente da telefônica do Rio.

A cara do Congresso que se instalará em 2015 está na dependência de como se decida a divisão do PMDB.

NOTÍCIA

Desde o segundo turno é diária a especulação na imprensa sobre a preferência de Dilma Rousseff para o Ministério da Fazenda, quem apoia ou recusa Aloizio Mercadante, Nelson Barbosa e fulano e beltrano, e a indicação de Henrique Meirelles por Lula. E tome de “interlocutores do Planalto” e “interlocutores da presidente” e de Lula. Procurei saber da Presidência o que poderia haver aquém ou além dessa lenga-lenga.

Nada. A presidente “não falou ainda desse assunto com ninguém”.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

7 Comentários

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  1. a tal virtude do pmdb de ser

    a tal virtude do pmdb de ser um partido de centro pode

    desvirtuar-se com essa radicalização insensata do eduardo cunha,

    cujos interesses são so mais contraditórios e sempre misteriosos.

  2. Como um congresso

    com mais de 500 deputados consegue ficar rfem de uma única pessoa? Alguma coisa está muito errada.

    O que esse cara tem que consegue barganhar tanto o apoio dos outros deputados?

    Coloca uma lupa em cima desse pessoal.

  3. Tá explicado então de onde se

    Tá explicado então de onde se legitima o enorme poder de Eduardo Cunha: PC Farias. Se ao menos tivéssemos uma PF e MP republicanos, certos “líderes”, não desfilariam com tanta desenvoltura. Por certo é muito amigo do Roberto Jefferson, o da tropa de choque do caçador de marajás. E essa telefôncia, não recebe a auditoria dos tribunais de contas ou já foi privatizada e funciona sob o rigor das nossas auditorias independentes, tão confiáveis como as que auditam a Petrobrás. Uma coisa é certa, a bandidagem continua com a desenvoltura adquirida desde antes do Amore Mio”. E, sob a proteção do gangster de Berlim, jogando a pecha de corrupto e malversador nas costas dos patos de sempre.

  4. Dono

    O PMDB é o verdadeiro dono deste país, sempre foi e sempre será.

    As brigas entre o PT e o PSDB não representam nada comparado com a fome insaciável do PMDB pelo poder e suas benesses.

    Ao contrário do que falou Garotinho, o verdadeiro “Partido da Boquinha” é o PMDB. O resto é resto.

  5. “Marcada a reunião no Palácio

    “Marcada a reunião no Palácio Jaburu por Michel Temer, Eduardo Cunha saiu com a represália(…)Todos os assuntos pareceram ser-lhe úteis para ser visto como um problema em crescimento.”

    A segunda deputada mais votada no Rio, Clarissa Garotinho, definiu com perfeição o referido deputado: chantageador geral da república.

    A filha de Garotinho promente lutar para que seu partido, PR, faça oposição aos movimentos de Cunha. É bom, acredito que já estejam conversando, que o governo se entenda com os pequenos partidos da base. A tática do ex- homem forte de PC Farias no Rio é conquistar o apoio das pequenas legendas. O homem que quase levou  a ruina a estatal(TELERJ) que ganhou de presente no governo Collor, está empenhadíssimo em repetir o feito na Câmara dos Deputados. Olho nele!

  6. Cunha foi derrotado na PEC

    Cunha foi derrotado na PEC dos Portos. Aquele em que ele defendia o interesse do Daniel Dantas e contou com apoio do Paulinho da Força, apelidado de pauzinho do Dantas.

     

    O PT sabe que o PMDB tem preço para apoiar o governo. E esse preço é o comando de estatis como a Petrobras para fazer seus caixas 2, 3, 4, 5…

     

    Aliás, sejamos franco, esses caixas são a razão de viver dos partidos no Brasil e das campanhas mais caras do universo.

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