Farinata de Doria já tem lobby no Congresso e pode se espalhar pelo País

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Divulgação/Prefeitura
 
 
Jornal GGN – A polêmica farinata que João Doria vai comprar e distribuir em São Paulo aos mais pobres e incorporar na merenda escolar da rede pública já tem lobby no Congresso ao menos desde setembro.
 
O ante-projeto de lei consta no banco de dados do Senado, mas leva a assinatura de Rodrigo Maia, presidente da Câmara. O documento diz que “o Congresso nacional decreta” a partir da eventual aprovação da lei a Política Nacional de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos (Pefsa).
 
No mérito, o texto estabelece que empresas públicas e privadas podem produzir o alimento com função social a partir de material próprio para consumo humano, que seria descartado de forma inadequada, com o objetivo de acabar com a fome.
 
Caberá ao governo federal conceder o máximo de incentivo fiscal possível não só para as empresas interessadas em produzir a farinata, mas também para setores da indústria que fornecerão o maquinário necessário, com a isenção de impostos.
 
Em São Paulo, Doria usou a promessa de benefícios fiscais para empresas que possam oferecer a matéria prima da farinata como forma de alavancar o negócio.
 
 
Se aprovada, a lei também fará com que o governo federal seja responsável por credenciar os potenciais produtores da farinata, além de criar um “plano de ação” que tem, entre seus principais pontos, uma campanha de “conscientização” da população sobre a necessidade do projeto e fomento à realização de estudos e pesquisas para o desenvolvimento de métodos e tecnologias.
 
A íntegra do projeto de lei está em anexo.
 
Abaixo, o GGN reproduz um texto que resume as principais polêmicas da farinata de Doria.
 
Enviado por Eugência Gonzaga
 
Transcrito de uma profissional da Fiocruz
 
*Sobre o caso da Farinata, do prefeito Dória*
 
Sem politizar a fome, vou apenas enumerar as informações e cada um que faça sua avaliação:
 
1) O prefeito manda o projeto para os vereadores que rapidamente aprovam e devolvem para a prefeitura;
 
2) Em apenas um dia (coisa rara) o prefeito sanciona a lei que permite a prefeitura comprar e distribuir a Farinata aos pobres;
 
3) Uma semana depois o produto já está pronto (mais de 50 toneladas!). Em mega evento o prefeito apresenta o produto, com aparência de ração, em potes de vidro com a imagem de Nossa Senhora Aparecida (na semana da Santa);
 
4) Uma empresária chamada Rosana Perrotti se apresenta como dona da empresa que está produzindo o tal complemento alimentar. Rosana já trabalhou na Monsanto (pesquise) e tem ligações com o grupo Nestlé. A empresa Plataforma Sinergia PATENTEOU o produto;
 
5) Segundo informações da empresária e do Prefeito, a farinata foi feita com alimentos próximos ao vencimento ou fora das especificações de venda no mercado. A matéria prima, que iria pro lixo, vai ser DOADA pelas empresas;
 
6) Toda empresa tem que recolher e descartar seus produtos quando estão vencidos e isso gera custos. Não pode simplesmente jogar no lixo comum. Agora, eles podem doar de graça à empresa Sinergia pra fazer a farinata e matar a fome dos pobres;
 
7) O prefeito prometeu dar desconto nos impostos aos bons empresários que doarem a matéria prima da farinha;
 
Se descobre que a Sinergia NÃO TEM FÁBRICA. Então, é provável que a farinata esteja sendo feita pelas mesmas empresas que doam as matérias primas. Um bom negócio pois, algo que iria para o lixo dando prejuízo, pode se transformar num novo produto comprado exclusivamente pela prefeitura, que ainda dará desconto nos impostos pra quem doa;
 
9) Até agora, ninguém sabe do que exatamente é feita a farinata. Não há pesquisas para confirmar sua eficiência ou riscos;
 
10) Unicamp (engenharia alimentar) e Conselho Federal de Nutrição se posicionam contrários ao produto;
 
11) Dória diz que vai por a farinha na merenda escolar. Muda de ideia após chuva de críticas;
 
12) Hoje, se descobre que a empresa Plataforma Sinergia, da empresária que patenteou o farinha, além de não ter fábrica, sequer tem um depósito. Sua sede fica em um apartamento residencial.
 
Essas são as informações completas, que provavelmente não veremos nos telejornais.
 
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

19 Comentários

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  1. Por favor Nassif: Tem algo muito importante que não vi niniguém

    falando e isto definitivamente estancaria este malfeito vergonhoso que pretendem impingir aos mais humildes particularnente e à nação brasileira em geral. 

    Esta maçaroca não pode ser tratada por alimento, pois ainda que a produção fosse feita em um só local, não teria uma uniformização, uma tabela nutricional, uma lista de ingredientes. Como a produção estaria consignada ao que existisse de sobras e despejos dos “fornecedores” (nunca nas mesmas quantidades, das mesmas marcas etc.) a cada dia a maçaroca seria un frankestein diferente dos outros dias. Só por isto já deveria ser descartado e assombrado por especialistas de nutrição.

    Vai ser apenas um meio do erário público dar incentivos fiscais para empresas que já custearam aquilo, já que qualquer empresa que se preze contabiliza em seus custos (e repassa-os ao consumidor) os gastos com encalhes e perdas (quebras).

  2. Dou fé no texto escrito acima, mas não acredito que a Sinergia

    patenteou tal produto. Primeiro esta empresa já falseou a ONU ser uma apoiadora e não acredito ser possível patentear algo que não tem uma receita única. A maçaroca chamada de farinata se será feita com o que houver de sobra, não pode ser padronizada logo, não pode ser patenteada.

    1. Farinata

      O produto foi pensado para mitigar a fome de milhares de pessoas. Mas alguém, espertamente, ja patenteou o produto com objetivo de lucros. PQP.

    2. Não pode nem ser um alimento

      Não pode nem ser um alimento industrializado. Todo alimento industrializado deve seguir uma receita rígida. Temos a tabela nutricional na embalagem: x calorias, x de cálcio, x de sódio, etc.

      Como vão garantir uma fórmula rígida se os ingredintes são variáveis?

    1. é a…..

      Dória e seus factóides para não sair da mídia. Cada imbecil tem a imbecilidade que lhe é natural. Vamos discutir isto até quando? Enquanto Governos com ajuda da Imprensa Marron fizeram sumir dos noticiários doenças extremamente perigosas. O resultado da omissão, da falta de verbas, do mal uso do dinheiro para prevenção, do sumiço das Equipes da SUCEN, foi que a mortal FEBRE AMARELA já está dentro de São Paulo, estado e maior cidade do país. E chega juntamente com as chuvas, com o calor e com os mosquitos. Agora é que falam em prevenção e vacinação?! Mas lembrem-se, vocês votaram nestes imbecis. O Tucanato já dura quase 4 décadas. E outros dito Progressistas não fizeram nada melhor. Dória poderia usar do restante do seu mandato e fazer o que é inacreditável que nenhum Prefeito desta cidade não tenha feito: CICLOVIA desde o Aeroporto Internacional de Guarulhos até o Autódromo do Interlagos, nas laterais planas das Marginais Tiête e Pinheiros. 120 Km de ciclovias. Poderia arborizar as laterais destas vias com Ipês Amarelos, Brancos, Rosas, Jequitibás, Angicos, Sibipurunas, Perobas, Andirobas. Ou seja árvores da nossa flora. Urbanização, Lazer, Meio Ambiente, Liberdade, Arborização, Qualidade do Ar, Cidadania, Padrão de Vida…..Numa simples ciclovia.  Depois poderia pegar “esta ração para cachorro” e enfiar tudo no…..

  3. Onde está o andamento no

    Onde está o andamento no Senado:

    Projeto de Lei da Câmara n° 104, de 2017

     Autoria: Deputado Federal Arnaldo Jardim (PPS/SP)

     

     Imprimir

    Natureza: Norma Geral

     

    Ementa e explicação da ementa

    Ementa:
    Institui e estabelece diretrizes para a Política Nacional de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos (Pefsa), fundamentada em uma sociedade fraterna, justa e solidária.

    Situação AtualEm tramitação

    Relator atual:Dalirio BeberÚltimo local:25/10/2017 – Comissão de Assuntos Econômicos (Secretaria de Apoio à Comissão de Assuntos Econômicos)Último estado:25/10/2017 – MATÉRIA COM A RELATORIA

     

  4. A ideia é do secretario da

    A ideia é do secretario da agricultura e abastecimneto do Estado de São Paulo (segundo as informaçoes da Camara e Senado).

    Que tal perguntar pra ele de onde vem a tal “farinata”?

  5. Imperdível !

    Off-topic :

    Vale a pena assistir até o final este debate IMPORTANTÍSSIMO sobre os crimes de lesa pátria da gang que sequestrou o nosso Brasil .

    Crime Lesa-Pátria (Produção do Blog Cafezinho, com a participação, dentre outros, do nosso colega comentarista aqui do GGN, Romulus)

     [video:https://youtu.be/1cNJDzK-jrE%5D

  6. Ou seja , …..

    Eu sou empresário de uma industria alimentícia. 

    Antes , se tinha em meus estoques produtos que iriam vencer dali a um mês já tinha que começar a preparar o descarte desse material e me preparar também para provisionar uma perda dos estoques. 

    Agora , posso ficar com o produto no meu estoque até próximo à data de validade , não tenho mais o custo do descarte , e a perda é minimizada pela produção da farinata , ainda compenso parte da perda com a concessão de uma isenção fiscal . 

    Isso se chama mitigar risco de perda de uma meia dúzia de empresários em cima da ampla maioria de  trouxas . 

    Se querem isençao fiscal , que doem o alimento integral dentro de sua data de validade e em condições de ser consumido . O que também deve ser outra porcaria , pouco melhor que a farinata , uma vez que a industria alimenticia não faz nada que preste .  

     

  7. Falta educação, consciência…

    Olhando com um pouco de distância dá para entender que tanto esse “alimento” quanto tudo o que está relacionado à invasão do privado na coisa pública é muito menos ponto fora da curva do que os governos do PT ou outros fenômenos ditos “progressistas” quaisquer, relacionados à evolução do nosso país, ocorridos na década passada. Esse conservadorismo, essa manutenção da “escravidão” (das desigualdades sociais) sempre esteve entre a gente. Latente durante os anos “sociais”, esperava apenas a oportunidade, o apoio do capital invasor para dar o bote. Marilena Chauí dançando funk ostentação:

    “Meu negócio é ouro no pescoço, mano

    É as mina dando em cima, o carrão a reluzir,

    E agora nóis na Disney, rebentando a gringaiada,

    Com nóis com grana, ninguém pode!”

  8. Foi Darcy Ribeiro que disse

    Foi Darcy Ribeiro que disse que a fome é um projeto?

    Porque é isso. A fome é um projeto. Taí a farinata. Alimentar o povo com ração.

     

    Dória já teve que recuar nas escolas porque não havia robozinho e MBL que segurasse raiva de pai de aluno no zap.

    Mas pra miserável, ah, pra miserável pode, ajuda a expiar as culpas católicas e agora neopentecostais da classe média e alta, “é miserável mas vai morrer de fome”.

     

    Enfim, o Natal Sem Fome voltou e agora estamos definitivamente de volta no caminho “luminoso” traçado nos anos 80 e do qual nos desviamos porque o eleitor, esse ingrato, não gostou da ideia em 2002.

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