Flávio Rocha critica “BNDES do PT”, mas teve empréstimos em governos Lula e Dilma

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Studio Fernanda Calfat / Getty Images
 
Jornal GGN – O dono da Riachuelo e da Guararapes Confecções, Flávio Rocha (PRB), pré-candidato à Presidência, afirmou em vídeo pelo Movimento Brasil Livre (MBL) que o BNDES “foi transformado num instrumento da política ideológica do PT”. Entretanto, omitiu que todos os empréstimos feitos por suas empresas datam dos governos petistas, de Lula e Dilma.
 
“O BNDES do PT é bem diferente do BNDES de Roberto Campos”, seguiu criticando, e ressaltou: “A nossa relação com o BNDES tem 10 anos. Nesse período, nós assumimos empréstimos de R$ 1,3 bilhão. Nesse mesmo período, pagamos 12 vezes isso em impostos, mais de R$ 15 bilhões”, sem detalhar que o período que suas marcas tiveram o auxílio do BNDES foi justamente os dos governos petistas.
 
Do BuzzFeed News, Brasil
 
 

“O BNDES do PT não diz respeito a um período de tempo, diz respeito a uma prática. O BNDES com o qual nós nos relacionamos é o mesmo de Roberto Campos, de FHC, de Michel Temer”, disse ao BuzzFeed News o pré-candidato e dono da Riachuelo.

 
Em um vídeo publicado pelo MBL (Movimento Brasil Livre) — que apóia a candidatura do empresário — em janeiro, Rocha afirma que o banco estatal “foi transformado num instrumento da política ideológica do PT” e que “o BNDES do PT é bem diferente do BNDES de Roberto Campos”.

“O BNDES do PT não diz respeito a um período de tempo, diz respeito a uma prática”, desenvolveu Rocha em entrevista ao BuzzFeed News, referindo-se à política de Campeões Nacionais.

“É uma arrogância de um tecnocrata que quer escolher quem é o campeão. Quem tem que escolher o campeão é o mercado, quem faz mais por menos. O BNDES com o qual nós nos relacionamos é o mesmo BNDES de Roberto Campos, de Fernando Henrique, de Michel Temer”, disse o pré-candidato.

Segundo dados oficiais do banco, os empréstimos às empresas de Rocha foram todos aprovados nos governos Lula e Dilma. O primeiro ocorreu em outubro de 2009 e o último em março de 2016, dois meses antes de Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República.

No vídeo, Rocha não diz claramente que os empréstimos à empresa dele foram aprovados durante os governos petistas. “A nossa relação com o BNDES tem 10 anos. Nesse período, nós assumimos empréstimos de R$ 1,3 bilhão. Nesse mesmo período, pagamos 12 vezes isso em impostos, mais de R$ 15 bilhões”, afirma.

“Agora, o BNDES do PT é bem diferente do BNDES de Roberto Campos. É o BNDES da relação com Eike Batista, com Marcelo Odebrecht, com Joesley. São empresas, os chamados campeões nacionais, que recebiam injeções bilionárias de capital, correspondente a muitas vezes o que essas empresas pagavam de impostos”, continua o pré-candidato.

Os empréstimos já são explorados por adversários de Rocha. Nesta quarta (28), o secretário parlamentar Gildevânio Diniz, lotado no gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que o empresário pratica “capitalismo de Estado”.

“Você prega liberalismo para os outros, mas se alimenta do suor dos mais pobres”, escreveu Diniz, que é conhecido na internet como Carteiro Reaça e possui centenas de milhares de seguidores. Ele costuma acompanhar e transmitir ao vivo agendas do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência.

“Os aliados do Bolsonaro quererem ver nisso um escândalo eu acho um absurdo”, disse Rocha ao BuzzFeed News. “Não adianta procurar pelo em ovo. Não vai na onda desses radicais bolsonaristas, eles enxergam escândalo em tudo.”

“Foram feitas 200 lojas com esse dinheiro, o que gerou 15 mil empregos diretos e 65 mil empregos indiretos”, disse Rocha à reportagem. “Nesse mesmo período, pagamos 12 vezes isso em impostos, mais de R$ 15 bilhões.”

O próprio vídeo gravado por Rocha para o MBL foi feito em resposta ao petista Fernando Haddad, ex-ministro dos governos Lula e Dilma e ex-prefeito de São Paulo e um dos petistas com mais seguidores online.

Em janeiro, Haddad — que é cotado para substituir Lula como candidato à Presidência pela sigla — publicou no Twitter um link com a informação sobre os empréstimos.

 

 

Veja a lista de empréstimos à Riachuelo e à Guararapes:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. cospem no prato com vontade

    Nassif,

    Se não tivesse herdado tudo o que tem, este palerma não seria mais que um zemané.

    O camarada só acertou em uma coisa, também cospe no prato em que come. Agora, esta prárica abominável parece ter se tornado mania nacional e um exemplo formidável para os jovens um pouco mais atentos, que o digam JBarbosa, CLucia, Toffoli, CFux, os tres marinho, os grandes huck e doria, estes dois com seus aviõezinhos comprados com $$$ do BNDES durante o governo de lula/dilma, e por aí segue a trilha de cretinos que resolveram inovar em matéria de princípios.

    Como bem disse MAMello, vivemos tempos estranhos. 

  2. boa lembrança.

    Boa a resposta do Hadad.

    Esse capitalista sem risco, que mama nas testas do estado, quer se lançar candidato.

    Acho uma ótima ideia, vai só mostrar quanto é insignificante em termos de votos. Um nanico!

    Se está junto com mbl já mostra as companhias com quem anda.

    Me diz com quem andas, te direi quem és. Diz o ditado.

  3. Diz um ditado popular: “Pã comido é pão esquecido”.

    Esse sujeito é tão nojento, hipócrita e parcial quanto o $érgio Moro, que viola o princípio constitucional da presunção de inocência até o transito em julgado de sentença penal condenatória mas invoca a Constituição para se beneficiar com o auxílio-moradia, um penduricalho questionável, segundo o próprio Moro.

    Uma lei descumprida não dá a ninguém o direito de se beneficiar de algo que não é legal.

    Detalhe: O $érgio Moro justifica o recebimento do penduricalho auxílio-moradia porque não há o reajuste legal anual dos seus vencimentos desde 2015 mas quando havia o reajuste anual dos supersalários dos Magistrados, o $érgio Moro não abria mão do auxílio-moradia.

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