“Herói”

Mais um colega policial morreu em serviço. Na mídia e em entrevistas se chora o “herói” caído. Até a esposa do colega publica carta em que diz que ele não morreu como herói, mas que nasceu e viveu como herói.

Problema sério. Policial não é herói. Policial é servidor público, em uma carreira diferenciada. Todos nós, do gari ao médico, saímos de casa sem sabermos se vamos voltar. É um dado da realidade, e do contexto de insegurança em que vivemos. O que diferencia o policial dos demais é que ele, por dever de ofício, tem de correr em direção ao perigo, enquanto todos os outros correm no sentido contrário.

É importante que todos nós, policiais, cidadãos em geral, e, principalmente os governantes, reconheçam essa circunstância. E que se dê ao policial o suporte necessário para o cumprimento de sua missão. E esse suporte pressupõem treinamento constante, equipamento atualizado, salário em dia e compatível com a função, bem como reconhecimento da importância social do serviço policial.

Nada disso é pressuposto para o “herói”. Os “heróis”, segundo a cultura dos gibis, com exceção do Homem Aranha, não precisam de salário em dia, não adoecem, não sentem fome, não tem namoradas, esposas ou filhos com quem se preocupar, não pagam aluguel, não precisam ir ao supermercado, etc.

Já os policiais são pessoas comuns, que tem os mesmos problemas e dificuldades dos garis, pedreiros, padeiros, dentistas, pilotos, jornalistas e qualquer outro cidadão tentando tocar sua vida e cuidar da família.

Redação

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