Mérito da Liga será quebrar monopólio da TV Globo, por Augusto Diniz

Por Augusto Diniz

A Liga de futebol criada por times do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro só terá mérito se quebrar o monopólio da TV Globo nas transmissões do futebol brasileiro.

O grupo pretende realizar torneio entre seus membros ano que vem, nos primeiros meses do ano. Segundo divulgado pela imprensa, a competição da Liga Sul-Minas-Rio desperta interesse da TV Record, Fox Sport, Esporte Interativo (Turner) e Globo.

A Liga vem no vácuo da crise de credibilidade da CBF, cujo presidente nem pode deixar o País por risco de ser preso – o FBI o investiga por conta de contratos ilegais à frente da entidade, assim como outros dirigentes, alguns já presos, como o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.

O torneio da Liga deve esvaziar os campeonatos estaduais que seus membros participam (cuja detentora dos direitos de transmissão é a Globo), já que será realizado no mesmo período. A Liga reúne os dois principais clubes do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, a dupla Flamengo e Fluminense, e times de Santa Catarina – todos jogam a Série A.

Se atrair as principais equipes paulistas, a configuração do grupo ficará quase igual à representação de clubes do Campeonato Brasileiro – o Brasileirão 2015 (cujo direito de transmissão é firmado entre a CBF e a Globo) é uma competição que reúne times das regiões Sul-Sudeste (foco de integração da Liga), e mais Goiás (GO) e Sport (PE).

O objetivo da Liga é em primeiro lugar acabar com a participação de seus clubes nos famigerados campeonatos estaduais e romper com as federações que os organizam.

Em um segundo momento, sair debaixo da saia da CBF e seus contratos suspeitos (inclusive com a TV Globo), sabendo que a confederação tende a sofrer mais desgastes, menos por conta de investigações no Brasil (cujas autoridades sempre foram coniventes com a entidade), e mais pelo que vem de fora: a aliança entre a justiça dos EUA e da Suíça, sede da FIFA, em uma ação internacional para deter a corrupção no futebol; e a provável pressão de patrocinadores, marcas globais com enorme poder financeiro, que já pediram a cabeça do Joseph Blatter, presidente da entidade máxima do futebol mundial, e que logo devem cobrar a renúncia de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF.

Em meio a esse quadro, o grande mérito da Liga Sul-Minas-Rio seria acabar com o monopólio da TV Globo, envolvida diretamente naquilo que contesta o grupo: os estaduais que ela transmite, a CBF e suas competições servis à grade comercial da emissora.

Se não o fizer, corre o risco de continuar fora do controle do futebol brasileiro, rompendo o princípio do qual a Liga foi criada.

Redação

14 Comentários

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  1. Conhecendo a cartolagem

    Conhecendo a cartolagem brasileira duvido que isso prospere.

    Mas seria uma benção acabar com o monopólio da Globo. 

    Talvez a última chance de reabilitar o futebol brasileiro.

  2. Acho que seria uma boa para a

    Acho que seria uma boa para a dupla Fla e Flu pararem de perder para o Vasco. Iriam perder em outras freguesias e também virar a mesa como sempre fizeram.

    1. Caraca! Já temos por aqui

      Caraca! Já temos por aqui “troll de futebol” também??? E vascaíno???

      Com esses argumentos “luzitanos” não admira serem seguidores do eumico miranda…

      Me diga, quando o Flamengo virou mesa???

      E esses pênaltis inexistentes em série pro vasco? Por causa de um impedimento que só se viu depois de replay em 2014, temos que aturar uma série interminável de apelações de arbitragem pró-vasco, tentando salvar a vaca que já está com um pé no brejo…

      E depois ainda querem ser levados a sério…

       

  3.  
    Melhor esperar sentado,

     

    Melhor esperar sentado, pois os clubes (e seus dirigentes) têm rabo preso com a Globo, que os mantém no cabresto da antecipação de receitas. As emissoras citadas já tentaram avançar, mas os próprios dirigentes refugam.

     

    Como simplesmente abandonar o seu credor na mão?

  4. Discordo do argumento central

    Discordo do argumento central do texto se por monopólio da Globo entender-se apenas a exclusividade de transmissão do campeonato. Isso porque entendo que tomar as rédeas da negociação e da organização (distribuição das cotas, datas, horários, etc.) é que seriam as grandes vitórias, ainda que a Globo ganhasse o leilão e comprasse a exclusividade da transmissão. 

    1. Tenho dúvidas

      Por certo, se a Globo comprar os direitos de transmissão do torneio, irá impor sua grade de horários. Como o torneio se realizará apenas nas janelas de meio de semana, poderemos aguardar o de sempre: jogos às 10 da noite com estádios que podiam estar mais cheios.

      O que significa que a Liga até poderá controlar as negociações e a organização da competição, mas continuará pecando em atrair público fiel aos estádios com horários esdrúxulos de futebol – um problema crônico por aqui.

      Há ainda uma outra questão: consumidor de produtos licenciados de futebol é mal explorado comercialmente no Brasil (quando lá fora se ganha muito dinheiro com isso). O motivo é simples: torcedor de sofá possui baixa relação com o clube, quando os que frequentam estádios são consumidores potenciais da marca. A Liga precisa olhar isso também.

  5. Muito bom que a trairagem do

    Muito bom que a trairagem do flamengo atinja a Globo. Só assim aquela emissora perceberá a fragillidade de sua posição beneficiando um clube em detrimento de muitos outros.  Esta liga terá vida curta, sobreviverá apenas até o momento em que os demais membros perceberem estar sendo apenas massa de manobra da dupla fla flu, que perderam a exclusividade de comando da FFERJ.

    1. Ao cesarT

      Sim, houve isso. A Liga teve um encontro na CBF semana passada, para incluir o seu torneio no calendário oficial 2016 da entidade. Na ocasião, um representante da Globo estava no prédio no mesmo instante, mas foi vetado de participar do encontro.

  6. A Liga, a CBF e a Globo

    Temos que torcer para que os clubes envolvidos se deem conta do mérito: a quebra do monopólio, digamos, estranho daquela emissora sobre o futebol.

    A negociação aberta e transparente com as demais emissoras – quem sabe um pool ? – renderá mais.

    É o primeiro e importante passo para uma Liga Nacional administrada fora do }ambito da CBF.  Clubes , calendário, horários, juizes, divisão das rendas  nos moldes dos campeonatos europeus que rendem muito e o mais das vezes com estádios cheios. Aí nossos clubers teriam recursos para segurar os jogadores aqui no Brasil – um círculo virtuoso.

    À entidade madrasta caberia o referente à seleção nacional nas datas Fifa.

     

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