Reforma da Previdência beneficiará ainda mais bancos e fundos privados

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Uma das alterações da Reforma da Previdência irá beneficiar diretamente os bancos e fundos de previdência privados, denunciou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e explicou a jornalista Tereza Cruvinel.
 
Trata-se de uma medida que prevê que os governos estaduais contratem planos de previdência junto a bancos e fundos privados para complementar a aposentadoria de salários integrais de servidores públicos, retirando a necessidade de completar esses benefícios com fundos públicos, como ocorria antes. 
 
Se para os que possuem rendas mais baixas, a reforma será muito prejudicial, para os militares, ela sequer foi alterada, e para “os mais ricos”, apontou Tereza, “a reforma reserva uma nova fonte de ganhos, para engordar os lucros que já são astronômicos”.
 
Por Tereza Cruvinel
 
 
Do Brasil247
 

Já se soube que o secretário de Previdência, Marcelo Caetano, antes de fechar e apresentar a proposta de reforma do governo, reuniu-se diversas vezes com empresários, banqueiros e fundos de Previdência Privada. Só quando tudo estava pronto, teve um encontro com as  centrais sindicais. O que não se sabia, e estava passando batido, é que ele incluiu na reforma um presente para os bancos e fundos de previdência privada, manobra que está sendo denunciada pela líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PC do B-RJ).

Explicando o jabuti do “exterminador da Previdência”. A reforma de 2003, no início do Governo Lula, alterou apena as regra para os servidores públicos que fossem nomeados por concurso depois da mudança. Em vez de se aposentarem com salário integral, receberiam o teto do INSS e, se o salário da ativa fosse maior, a complementação seria bancada por um fundo fechado e público de previdência, mantido pelo Estado e pelos funcionários, o Funpresp, regulamentado em 2012.

Agora, a reforma do governo Temer está exigindo que os estados também adotem esta regra. Mas, ao invés de fundos públicos e fechados, só para os servidores, ela permite que os governos estaduais (e também a União) contratem planos de previdência complementar junto a bancos e fundos de previdência privada, abertos, mais caros e lucrativos para os mantenedores. Com isso, o Funpresp tende a ser extinto e tanto o governo como seus empregados vão pagar muito mais pelos planos abertos e privados.

Ou seja, para os pobres, a reforma de Caetano reservou muitas maldades: aposentadoria aos 65 anos, inclusive para mulheres, que ele reclama de estarem vivendo mais, tempo mínimo de contribuição de 25 anos (hoje são 15), proibição de acumulação de pensões com aposentadorias, acesso ao teto do benefício só com 49 anos de contribuição, entre outras. Os militares foram poupados. E para os mais ricos entre os mais ricos, que são os banqueiros, a reforma reserva uma nova fonte de ganhos, para engordar os lucros que já são astronômicos.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. A PEC da Morte garante o

    A PEC da Morte garante o pagamento de Juros.

    A reforma da previdência garante o recebimento regular das contribuições para os fundos de aposentadoria complementar (uma bolada), recursos que os bancos usarão “adequadamente”. Deve ocorrer tb modificações que retardem a concessão dos benefícios aos servidores.Nem precisa dotes paranormais para prever o resultado de tudo isso lá no futuro distante. Quem viver, verá.

  2. O grave é que não demora para bancos quebrarem definitivamente

    Já foi dito que após a crise de 2008, os bancos em geral e no mundo todo, governos, bancos centrais e mercados financeiros não fizeram os ajustes que precisavam ser feitos e que é questão de (pouco) tempo haver um dominó de pedras caídas em grandes proporções. Costuma ser dito que as tesunamis não mata tanto quando a onda chega e sim depois de um silêncio e calmaria, quando as aguas retornam ao oceano é que há um número maior de mortos. Quando o sistema financeiro mundial, que vive no imperio das ilusões, com dinheiro sem lastro e baseado pura e simplesmente no débito alheio, ruir, não haverá previdência privada que não fique em evidência na privada fétida e entupida da exploração humana.

    1. É isso mesmo.

      A vez do

      É isso mesmo.

      A vez do Brasil de pagar a conta da bandalheira financeira, em mais uma tentativa de postergar a inevitável quebradeira.

  3. Sem contar o óbvio!

    Com o desmantelamento da previdência e a dificuldade, descrédito e falta de correção real dos valores dos proventos dos aposentados, tanta desvalorizção será uma bençâo pra vender planos privados de aposentadoria.

    Praticamente uma “reserva de mercado”…ou de gado!

  4. REVOLTANTE

    Para engordar os lucros que já são astronômicos , e ainda com um detalhe : são lucros que serão distribuídos como dividendos em um dos dois únicos países no mundo que não tributam esse tipo de rendimento (dividendos) , exclusivo das faixas mais elevadas de renda . 

    Prefere-se jogar milhões de pessoas no flagelo do que mexer com a meia dúzia que formam a elite brasileira. 

    Numa conta rápida e a título de exercício de curiosidade : quanto seria arrecadado  , a uma alíquota de 4% – bem mais baixa que a menor alíquota do Imposto de Renda de 7,5% –  entre os dividendos recebidos pelas 100 famílias mais ricas do Brasil , acaso fossem tributados , no ano de 2015 ?

    O lucro do Itaú em 2015 foi de R$23bilhões , o do Bradesco R$17 bilhões , a AMBEV R$12 bilhões , o BTG de Andre Esteves R$5,6 bilhões , a JBS R$4,6 bilhões , a BRASKEM dos Odebrecht R$3 bilhões (Fonte Revista Exame) . 

    Não sei quanto desse lucro nessa meia dúzia de empresas citadas foi dsitribuido na forma de dividendos , mas  se por hipotese fosse apenas 50% só aí já se teria uma arrecadação de R$1bilhão , com a hipotética alíquota de 4% ,

    Imagine no conjunto de toda a economia o potencial da arrecadação. 

  5. Graças ao Moro

    Penso que se vive o momento mais paradoxal de toda a história brasileira : enquanto os meios de comunicação dizem para a população que um único juiz esta supostamente limpando o país da corrupção ;  paralelamente , grupos que são fortalecidos com a defenestração de outros grupos rivais , pela ação desse mesmo juiz , promovem uma expulsão da imensa maioria da população na participação do orçamento do estado , participação popular no orçamento que avançou nos útlimos governos de Lula . 

    Enquanto a população acredita que há um herói salvando o país da corrupção , na verdade ele atua como o principal agente para destruir os grupos que permitiram o avanço da população sobre o orçamento , e acoberta a atuação dos grupos que irão desvincular e expulsar a participação dessa população no orçamento. O Orçamento irá ficar limpinho para a elite. Isso tudo com os aplausos dessa população.

    Isso é incrível , e nem o mais diabólico , ardiloso,  perfídio político estrategista conseguiria pensar numa coisa dessas . 

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