Suplicy, a Livraria Cultura e o veneno do fascismo, por Carlos Motta

Do blog Crônicas do Motta

Suplicy, a Livraria Cultura e o veneno do fascismo

O ex-senador Eduardo Suplicy desde há muito não é unanimidade entre os eleitores do PT.

Em diversas ocasiões desviou-se da orientação partidária, tomou decisões unilaterais, deu declarações que contrariavam as do partido, agiu, enfim, como um corpo estranho na legenda.

Mas, pesando tudo isso, é óbvio que Suplicy, em todos seus anos de vida pública, é um raro exemplo de sinceridade, honestidade e coerência intelectual entre seus pares.

Tanto assim que, apesar de alguns rompantes de puro marketing, que ajudaram a desgastar a sua imagem de professor universitário, economista e jornalista, ele sempre foi tratado com extrema urbanidade por seus colegas de todos os partidos, aliados ou adversários do PT.
Além disso, Suplicy deixou duas marcas importantes em sua vida legislativa: a obsessiva peregrinação para divulgar e emplacar o seu projeto de renda mínima, que de certa forma vem sendo desenvolvido pelo Bolsa Família, e a sua defesa intransigente dos desprotegidos e das vítimas de injustiças de toda espécie.

Em resumo: Suplicy pode ter vários defeitos, mas é um humanista – e, neste mundo em que vivemos, os humanistas são uma espécie que tem de ser preservada – e louvada.

O fato de um bando de fascistas, claramente financiados para agir como tais, ter insultado Suplicy, em plena Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na capital paulista, é um episódio que, em vez de denegrir o ex-senador e atual secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, o honra.

As palavras de ordem que vomitaram – “Suplicy, vergonha nacional” – dão bem uma ideia do que esses debiloides representam: o lumpesinato intelectual, se existe essa classificação, gente que é incapaz até mesmo de concatenar a mais rasa ideia sobre convivência social ou de adotar a mais primitiva concepção da vida em civilização.

Bem, vamos deixá-los de lado, porque ninguém será capaz de transformar tais homúnculos em seres humanos.

O triste dessa história toda é o fato de o incidente ter ocorrido numa livraria, não qualquer uma, mas a mais conhecida do Brasil, talvez a de maior faturamento, uma potência em seu setor, frequentada não só pela classe média que lê livros de auto-ajuda, mas por artistas, estudantes e intelectuais, e cuja publicidade sempre procurou destacar o que seu nome representa – a cultura.

Anos atrás, um maluco matou um freguês no mesmo local a porretadas desferidas com um taco de basebal. 

De lá para cá, parece, a direção da empresa pouco fez para garantir a segurança de seus frequentadores e de livrá-los de constrangimentos.

No caso específico da agressão contra Suplicy, simplesmente ignorou a ação dos fascistas.

O vídeo que corre na internet mostra bem isso: a inação completa dos funcionários, como se toda aquela confusão fosse a coisa mais normal do mundo.

Certamente por isso a página da Cultura no Facebook está inundada de comentários repudiando a omissão dos seguranças e da diretoria da empresa no lamentável episódio.

De tudo isso, resta uma lição: a ação desses grupelhos Brasil afora tem de ser contida e não estimulada, velada ou abertamente, como agora.

O risco de que algo mais grave que xingamentos possa ocorrer brevemente é muito grande.

O melhor remédio para debelar o fascismo é tratá-lo como o veneno que é, ou seja, exterminá-lo do corpo social antes que ele o infecte completamente.  

Redação

21 Comentários

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  1. Agressão a Suplicy
    Vamos ver se quando os esquerdas começarem a agredir alguém dentro dessa livraria – se isso ocorrer – seus responsáveis vão ficar calados, inertes, omissos. Ou será que vão bradar por meio da grande mídia, escancaradamente conivente com esses atos de fascismo?

  2. Eu não vou por esse caminho,

    Eu não vou por esse caminho, caro debatedor Carlos Motta.

    Vi o video agora a pouco. Causou-me espanto. 

    As pessoas estão nervosas, quase descontroladas. A senhora mais ativa bufa de ódio  e de  descontrole emocional.  Não há qualquer possibilidade de diálogo com uma pessoa naquele  estado de ódio.

    Por outro lado,  esperar exatamente o que por parte  dos empregados da livraria? Que eles comecem a gritar também? Que eles tentem  conversar e convencer os “alucinados do ódio” a pararem de gritar?

    Enfim, o que eles, como meros empregados, subordinados,  poderiam fazer para evitar aquela situação?

    A situação ali, pelo que deu para perceber pelo  vídeo, é de ofensa, injúria, talvez, calúnia e difamação também.

    E pelo que a gente vê por ai,   há tempos estamos perdendo aquele bom convívio humano; aquela urbanidade necessária para uma boa convivência etc.

     O negócio agora é gritar e dizer que pode se manifestar. Berrar!  Insultar, chamar uma pessoa de burra, de bandida, e dane-se tudo e todos. E não quero saber e tenho raiva de quem sabe. E se achar que estou errado vai pra ….

    Qualquer tentativa de diálogo com tais “manifestantes” é,praticamente, impossível. Perda de tempo.

    O que vale agora parece ser a máxima de  discordar a qualquer preço, com ou sem razão. Invandir a vida privada de uma pessoa, insultá-la, xingar “a mãe, o pai e o avô e o filho que ainda não veio”…

    No caso em exame, a polícia deveria ter sido chamada. Deveria estar lá para acompanhar aquela situação que beirava a agressão física.  Deveriam ter assinado um termo circunstanciado para que providencias judiciais fossem tomadas. Esse é o caminho. 

    Gritou, ofendeu, injuriou?  Ora, que responda pelos atos de injúria.

    Caso contrário, veremos mais atos como estes pipocarem por aí sem que nada aconteça aos alucionados do ódio, ops, aos “manifestantes” no uso do direito de “liberdade de  expressão”

     

    Saudações 

     

     

     

  3. A livraria cultura deixou de ser A Livraria Cultura

    Tinha pela Livraria Cultura uma admiração muito grande, não superada somente (e até hoje) pela Francesa da Rua Barão de Itapetininga, no centro de SP.

    Antes da mudança, era a grande referência para aquisição de livros de língua inglesa. Lembro-me que havia um anexo exclusivo para obras de economia, de gestão de empresas e finanças. O acervo de literatura, artes e de cinema, nem se fala. Para amantes de música clássica e de jazz, um espaço dedicado, era como se você saísse da agitação da cidade e contemplasse um outro ambiente.

    Hoje não mais. A atual livraria cultura tornou-se um verdadeiro parque de diversões, lotada, gente que vai fazer não sei o que, menos contemplar um livro ou folhear umas páginas. Uma barulheira danada. Sabe-se que, atualmente, parte significativa do faturamento vem das vendas pela internet, não mais somente da venda na loja. Logo, uma pequena fração de obras é que são expostas, deixando muito de seus antigos clientes com a sensação de que falta de acervo para ser folheada na loja.

    Não se pode negar que os acontecimentos recentes tem a ver sim com a mudança do perfil da loja. Antes, o espaço mais racionalizado, dedicado mais a contemplação dos livros, seria impossível qualquer tipo de manifestações ou externalidades gritantes. Hoje, todo aquele espaço é certo que tornou-se espaço propício a muvucas de todo e qualquer tipo.  

      

     

    1. A transformação da livraria Cultura…

      Fui livreiro por um período. A Cultura era vista como poderosa. E ouvi mais de uma vez em editoras e distribuidoras que quem gostava de livros era a mãe do Pedro Herz, porque o Pedro, mesmo, só gostava de dinheiro…

  4. INFELIZMENTE A INTERNET DEU VOZ E PÚBLICO AOS “IGNORANTES”

    Na nossa sociedade sempre teve pessoas deste tipo, mas não conseguiam se organizar e ter mecanismos a disposição para divulgar com facilidades as suas idéias. 

    Hoje a internet dá público para todas as tribos, inclusive a dos intolerantes, fascistas e muitos outros.

  5. Talvez seja por por a

    Talvez seja por por a referida livraria, em suas prateleiras e seções, bem espelhe a ignorância boçal (redundância) que hoje se traveste de “cultura” em nosso país. Há um programa de entrevistas na tv brasil, com o Eric Nepomuceno: assistam a tragédia (diga-se, assim) quando ele coloca um brasileiro para ser entrevistado: nada, nada, nadica de nada. Qualquer roqueiro de língua espanhola sabe mais do que a grande maioria da “inteligência” nativa. Vergonhoso.

  6. O problema não é….

    O problema não é….

    A Empresa,

    Os Facistas,

    A Oposição,

    A questão é que tirando os blogueiros, quem do PT, quem da Militancia fez um desagravo para ao Suplicy?

    O problema dos facistas hoje é que eles sempre estão ultrapassando os limites de civilidade e qual a resposta? Nenhuma, apenas o silêncio e o medo.

    Anteontem foi o Matenga e nada fizeram

    Ontem foi o Cardozo e o velorio do Eduardo Dutra e nada laram

    Hoje é o Suplicy e mais uma vez nada,

    Qual a resposta aos “bonecos”?

    Cada dia evolui-se, enquando não saírem das cordas esse comportamento será cada vez pior.

    Aliais, já chegaram a empresa de um dos filhos do Lula, até quando?

  7. Acho o Sulpicy um homem

    Acho o Sulpicy um homem digno. Como foi dito em algum momento no texto, é um exemplo de honestidade e coerência intelectual. Está acima da média dos quadros do PT e do quadro político nacional.

    Mas, na minha opinião, a esquerda só está colhendo o que plantou. Parte da militância de esquerda sempre agiu assim.

    Eu mesmo, na época da faculdade, vi isso um bocado de vezes. Nem todos que criticam a hostilidade contra Suplicy abriram a boca para falar das hostilidades contra aquela blogueira cubana que veio aqui (o próprio Suplicy é uma exceção, pois foi lá defendê-la). Pelo contrário, o Breno Altman, por exemplo, cagou pela boca quando disse que estava tudo bem porque não houve agressão física. 

    É a terceira Lei de Newton. Parte considerável da esquerda foi tão autoritária por tanto tempo, que agora vêm esses caras pra cima do Suplicy.

     

     

    1. A culpa é sempre do outro

      Desculpe, mas é um argumento muito simplista atribuir à esquerda a histeria coletiva que tomou conta desses grupelhos que não respeitam nem gente em hospital. Aliás, se odeiam tanto assim os petistas por que supostamente copiam seu comportamento ? Sentem-se tão superiores aos petralhas, por que então não dão lição de boa educação e civilidade?

  8. Tudo pelo bom mocismo

    “De tudo isso, resta uma lição: a ação desses grupelhos Brasil afora tem de ser contida e não estimulada, velada ou abertamente, como agora.
    O risco de que algo mais grave que xingamentos possa ocorrer brevemente é muito grande.
    O melhor remédio para debelar o fascismo é tratá-lo como o veneno que é, ou seja, exterminá-lo do corpo social antes que ele o infecte completamente.”  

    Pelo que o Suplicy publicou no Facebook, a tradução é de que tudo vai ficar como está, nada vai acontecer, vai ficar por isso mesmo. Tudo em nome do bom mocismo e do republicanismo. Suplicy tem a obrigação de processar a agressora, se não por ele, mas no mínimo em respeito aos eleitores do PT

     

     

  9. “O melhor remédio para

    “O melhor remédio para debelar o fascismo é tratá-lo como o veneno que é, ou seja, exterminá-lo do corpo social antes que ele o infecte completamente.”

    É preciso cuidado para que esse extermínio se dê por outras vias que não as que o fascismo adota, a saber, a violência.

    Na verdade tudo o que os fascistas querem é um pretexto para iniciar uma guerra, que certamente a imprensa coxinha – Globo, Abril, OESP – e o Instituto Millenuim, além da Folha, venderão como culpa dos anti-fascistas. Provocar reação… os nazista fizeram assim com os judeus da Polônia, os judeus de Israel fazem assim com os palestinos…

    Assim talvez “extermínio” não seja o termo mais adequado à postura que neutralizará esse fascismo. Sugiro humildemente “neutralização”, certo de que haverá quem tenha sugestão melhor mas no mesmo sentido. Desprezo sem arrogância costuma funcionar para neutralizar. E para ações como o soco que aquela mulher deu no rapaz: lei.

    1. É o que estes ignorantes

      É o que estes ignorantes querem: que o PT perca a cabeça e parta prá cima. O PT tem de se controlar, mas eu que não sou do PT posso partir prá cima. E é o que faria se lá estivesse. Estes “caras” deram uma sorte…

  10. .

    Me parece um exagero impingir à Livraria Cultura a responsabilidade pelo ocorrido , e ainda misturar nos últimos acontecimentos o episódio do maluco que desferiu uma porretada em um cliente . Não tem cabimento. 

    A Livraria Cultura é um estabelecimento aberto ao publico .  Não foi o ato de uma ou duas pessoas .  

    Como ela iria impedir a manifestação de uma turba durante um evento .

    1. Papo furado. Experimenta dar
      Papo furado. Experimenta dar um berro ou fazer algazarra na frente da Cultura sozinho pra ver o que acontece: no mínimo a segurança te puxa dali em dois tempos ou chama a polícia pra te enquadrar.

      A Cultura patrocina o site de extrema-direita neocon Mídia Sem Máscara (olhe o banner dela lá, há mais de 10 anos), a Cultura divulga lixo de extrema-direita no país na maior cara de pau, política deliberada.

      Deixaram sim os caras entrarem com faixa e tudo pra agredir, coisa que coibiriam com qualquer pessoa, isso se não avisaram do evento ali.

      Não tem mais espaço pra gente ingênua nesse país, chega. Quem financia extremismo tem que ser boicotado, simples assim.

      Na Europa ou EUA, empresa que fizesse isso, financiando site de extrema-direita e afins, sofreria um boicote violento da população, tá na hora dessa esquerda brasileira parar com essa síndrome de Ghandi que só tem incentivado a violência fascistoide no país, principalmente em SP. Guerra é guerra, se a extrema-direita quer conflito, vão sentir no bolso, pois burro xucro que vota em Bolsonaro não lê livro, a esquerda lê e compra, tanto que quando o campo progressista passou a boicotar a Veja, Estadão, Falha, Globo e cia, vários estão quebrando.

      É bom o empresariado entender que coxinha relincha mas não compra: livro, DVD, produtos culturais e afins, quem consome isso em peso, em geral, é o campo progressista do país. Querem guerra com a gente? Vão sentir no bolso, pra aprender. Até demorou pro povo ter noção da postura política desse Shopping Center que vende livros, pois me recuso a chamar isso de livraria.

  11. Resposta à senhora Celene Carvalho

    PARA VOCÊ, CELENE CARVALHO:
    Para quem não sabe, esta senhora que vive de renda do marido foi aquela idiota sem educação que ofendeu o Suplicy na Livraria Cultura. A criatura, me mandou uma mensagem inbox, e depois excluiu o seu facebook porque um covarde não fica para ouvir a resposta. Nem aguenta, não é.
    Ai vão minhas considerações e conselhos generosos de vida… vai… porque eu sou uma pessoa legal:
    1- Eu trabalho desde os 13 anos e não vivo de bolsa nada, nem da renda de marido falecido (oopppsss);
    2- Existem muitos profissionais e remédios disponíveis no mercado para o seu tipo de distúrbio. Procura um psiquiatra, exorcista ou terapia de vidas passadas flor. Poxa, imagina a vergonha que você é para sua família;
    3- minha foto de perfil não tem barba e eu não falei nada demais no seu perfil, só que você é burra. Tão burra que deve ter me confundido com alguém que realmente te mandou para o lugar que você merece. Aceita que dói menos;
    4- o Aécio amigo meu, disse que se você se jogar do viaduto da nove de julho você consegue resolver todos os problemas do Brasil! Vai que é sucesso!!!
    5- não fofa, não vou te ver na Paulista, porque como eu já disse eu trabalho desde os 13 anos, eu não vivo do prédio e do terreno que o maridinho deixou. Alias, excelente casamento a senhora fez, hein….a bolsa pensão-sou-sustentada-por-homem-porque não-tenho-competência-na-vida também entra no mesmo critério daquelas as quais você critica? Hein, hein, hein…..
    6- Mas, a hora que você resolver das as caras por aqui, venha, eu sempre me divirto brigando com madame daquelas falidas que adoram manter a pose, espanta o tédio e torna a vida mais divertida.
    Beijo no coração
    ps.: esquece não fofa: você, viaduto nove de julho, de cabeça. vai com fé

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