Telemar e Brasil Telecom

O sonho nem tão oculto da Telemar é simples. Primeiro, pulverizar seu capital no Novo Mercado – que só aceita ações ordinárias, com direito a voto. Depois, propor uma fusão, com troca de ações, para a Brasil Telecom.

O argumento é que, com o controle pulverizado, não haverá resistência dos controladores atuais da Telemar. Hoje em dia eles se digladiam internamente, pela concepção de negócios diferente em cada um. Os fundos e a GP Investimento têm cabeça de investidor; o grupo LaFonte, cabeça de comerciante; a Andrade Gutierrez, cabeça de empreiteira. E o Opportunity, cabeça de vento.

Por essa lógica, os controladores da Brasil Telecom encontrariam uma porta de saída para seus investimentos. No momento, controlam a BrT os fundos de pensão e o Citigroup – todos investidores.

A legislação atual não permite esse tipo de fusão, mas será invocado o velho nacionalismo. A alegação é que será a única maneira de se ter uma empresa de capital nacional em condições de brigar de igual para igual com os gigantes.

Dirão que a Telefônica é fruto de uma política do Estado espanhol, que juntou meia dúzia de bancos para alavancar seu crescimento no mundo. Que a Claro-Embratel é uma extravagância de um dono só que se desenvolveu com apoio do governo mexicano em um mercado vizinho ao dos EUA. E que a Telecom Itália enfrenta problemas societários, mas tem fôlego de gigante.

É o teste do “se-pegar-pegou”.

Há três pedras no meio do caminho. A primeira, a de mudar a legislação, enfrentando o discurso da oposição, sobre a proximidade da Telemar com Lula. A segunda são as regras de conversão das ações, que diluirá enormemente a posição dos minoritários. A terceira é a situação da Telecom Itália, que morreria com o mico.

Luis Nassif

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