Trigo transgênico não aprovado ameaça exportações dos EUA

Da Reuters

Descoberta de trigo transgênico nos EUA ameaça exportação, assusta consumidor

quinta-feira, 30 de maio de 2013 17:32 BRT
 
Por Risa Maeda e Charlie Dunmore

TÓQUIO/BRUXELAS, 30 Mai (Reuters) – Trigo geneticamente modificado não aprovado encontrado nos Estados Unidos está ameaçando as exportações norte-americanas da maior commodity alimentar negociada no mundo, com o Japão interrompendo uma compra devido à alta sensibilidade do consumidor a alimentos geneticamente alterados.

O Japão cancelou uma proposta de compra de trigo branco ocidental dos EUA, enquanto outros grandes importadores de trigo asiáticos –a Coreia do Sul, a China e as Filipinas– disseram que estavam monitorando de perto a situação.

“Vamos deixar de comprar o trigo branco ocidental e para forragem a partir de hoje”, disse à Reuters Toru Hisadome, funcionário do Ministério da Fazenda japonês responsável pela negociação do trigo.

O maior importador de trigo do mundo, o Egito, disse que não estava preocupado com o fornecimento.

A União Europeia está se preparando para testar as próximas cargas, e vai bloquear as que tiverem trigo transgênico.

O trigo geneticamente modificado foi descoberto recentemente em uma fazenda no Estado do Oregon, na costa oeste dos Estados Unidos, em uma área que foi utilizada para a plantação de trigo de inverno em 2012. Autoridades do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) disseram na quarta-feira que um fazendeiro espalhou sobre as chamadas plantas “voluntárias” um herbicida de glifosato, algumas sobreviveram de forma inesperada.

Os cientistas descobriram que o trigo era de uma cepa testada em campo de 1998 a 2005, e considerada segura antes da gigante da biotecnologia Monsanto, baseada em St. Louis, retirá-la do processo de aprovação regulatório por causa da oposição mundial ao trigo geneticamente modificado.

Culturas de organismos geneticamente modificados toleram certos pesticidas, o que permite aos fazendeiros melhorar o controle de pragas e aumentar a produtividade da safra.

Nenhuma variedade de trigo geneticamente modificado é aprovada para colheita nos Estados Unidos ou em outros lugares, disse a USDA.

A UE pediu à Monsanto um método de detecção para permitir que seus controles sejam feitos.

Com a alta desconfiança do consumidor com relação a alimentos geneticamente modificados, poucos países permitem a importação de tais cereais para o consumo humano imediato.

“Os criadores do trigo transgênico têm dito, repetidamente, que esse trigo não vai contaminar o trigo orgânico ou convencional porque é predominantemente autopolinizador. Apesar dessas promessas vazias, a contaminação do transgênico aconteceu”, disse a cientista Janet Cotter do Greenpeace International.

“A única maneira de proteger nossa comida e meio ambiente é parar as emissões de plantações transgênicas no meio ambiente – incluindo uma proibição aos testes em campo.”

No entanto, a maior parte das plantações de milho e soja nos EUA é geneticamente modificada.

CANOLA, ARROZ

A mais recente descoberta revive memórias de fazendeiros involuntariamente plantando canola geneticamente modificada na Europa em 2000, enquanto em 2006 uma grande parte da plantação de arroz dos EUA foi contaminada por uma cepa experimental da Bayer CropScience, levando à proibição de importações na Europa e Japão.

A companhia concordou na Justiça em 2011 a pagar 750 milhões de dólares aos agricultores como indenização.

A Ásia importa mais de 40 milhões de toneladas de trigo anualmente, quase um terço do comércio mundial de 140-150 milhões de toneladas. A maior parte do fornecimento regional vem dos Estados Unidos, o maior exportador do mundo, e da Austrália, o segundo maior.

Luis Nassif

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