Barco solar é uso da tecnologia como benefício social, diz secretário

Jornal GGN – A região da Amazônia vai ganhar um tipo alternativo de transporte, o fotovoltaico, tecnologia que não polui como os motores a diesel, utilziados atulamente pelos barcos da região. Foi o que defendeu na sexta-feira (5), o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secis), Oswaldo Duarte Filho. Para o secretário, esse novo tipo de transporte é um “exemplo típico” do que a tecnologia pode fazer para melhorar a qualidade de vida da população.
Financiado pelo MCTI e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o barco foi projetado especialmente para condições climáticas e geográficas da região. O objetivo principal é transportar estudantes no trajeto casa-escola e ajudar a levar suprimentos aos moradores de comunidades ribeirinhas.

Durante o lançamento oficial da embarcação, que integra o projeto ‘Energia Solar Fotovoltaica Aplicada ao Transporte e a Atividades Produtivas na Amazônia’, Duarte Filho disse que o papel da Secis é levar o conhecimento desenvolvido pelas instituições de pesquisa nacionais às comunidades mais carentes. “A parceria entre as universidades e as empresas privadas é extremamente importante para o país e contribui, principalmente, para o desenvolvimento da região Norte”, acrescentou.
 

Para o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia e professor-titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), João Tavares Pinho, a questão da energia é extremamente importante para a população local. “Há uma necessidade naquela região e nós, da universidade, temos um débito social com essa população. Não adianta só fazer pesquisas de ponta que sirvam para estrangeiros e não para nós, brasileiros”, avaliou.
Alternativa não poluente

Até meados de agosto, o barco ficará ancorado na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Com o apoio da Universidade Federal do Pará, deve ser levado, até o final do ano, à comunidade de Santa Rosa, no município de Barcarena, a quatro quilômetros de Belém. Atualmente, o trajeto escolar no local é realizado por pequenas embarcações movidas a diesel, que poluem os leitos dos rios e estressam os animais por causa do ruído.

A embarcação foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa estratégica em energia solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “O MCTI está levando tecnologia para as camadas mais desassistidas da população e contribuindo a economia local, já que, além de transportar as crianças, o barco também vai transportar cargas”, afirmou o responsável pelo projeto, o professor da UFSC Ricardo Rüter. Segundo ele, o próximo desafio será replicar o produto e levá-lo para o mercado como uma alternativa de transporte não apenas para o Norte, mas para outros locais do país.

O barco será responsável pelo escoamento da produção da comunidade, cuja atividade produtiva baseia-se na pesca e na colheita do açaí, comercializados naquela capital.
 A estrutura que servirá de base para a implantação de uma oficina comunitária voltada para atividades produtivas de homens e mulheres da comunidade já está sendo construída. No local, serão instaladas máquinas de costura para confecção de roupas e produção de artesanato pelas mulheres e equipamentos de conserto e reparo naval para os homens. A oficina contará com subsistema fixo da tecnologia fotovoltaica para geração de energia elétrica a partir da radiação solar. O sistema é semelhante ao desenvolvido para a unidade fluvial, que conta com um subsistema móvel.
 
Geração de renda

O barco possui um espaço refrigerado para transporte do gelo e dos alimentos, assegurando a qualidade dos produtos que movimentam a economia local”, ressalta o pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lucas Nascimento. “Por ser um projeto-piloto, a comunidade deve ter infraestrutura para que seja bem acompanhado e garanta a geração de renda associada ao desenvolvimento sócio econômico.  Na comunidade, será instalado um ponto de recarga para o barco, com um banco de 48 baterias, que garantem autonomia de dois dias mesmo à noite ou durante período de chuva. Seis máquinas de gelo, movidas por tecnologia fotovoltaica, serão instaladas na comunidade. Vão produzir 30 quilos de gelo diariamente. A água utilizada na produção do gelo vai ser tratada por um reator de desinfecção de baixo custo. Produzido com tubo de PVC, o reator foi desenvolvido por alunos da UFSC.

 
A Eletrobrás prestou apoio técnico ao projeto. “Temos trabalhado muito no conceito de cidades inteligentes, onde a questão da mobilidade eficiente é muito importante”, disse o gerente do Departamento de Projetos de Eficiência Energética da empresa, Fernando Perrone. “Esse é um projeto bastante emblemático e pode ser aplicado não só em regiões mais afastadas, mas, também, para otimizar a questão da energia”.
Redação

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