Pesquisa brasileira em mar profundo

Estou neste momento a bordo do Navio Oceanográfico Seward Johnson, na borda da talude continental do Banco dos Abrolhos. Este barco foi construído para ser um Navio de pesquisas oceanográficas e uma plataforma de lançamento do sumersível Sea Link. Este submersível – apesar de continuar sendo do Harbor Branch – vai ficar em território brasileiro, desembarcado, a procura de comprador. É que o Harbor Branch, por causa da crise, foi incorporado pela Universidade da Flórida, que não tem intenção de manter dois submersíveis e tantos navios como tinha o Harbor Branch. Como a indústria do petróleo brasileira está a todo vapor, precisamos de bons navios oceanográficos. Mas não precisamos de submersíveis para esta indústria.

Sendo assim o Sea Link vai ficar parado e o Seward Johnson, que hoje pertence a uma empresa de consultoria do Brasil, a CEPEMAR, vai servir a Petrobras. Estão falando aqui que ele vai ficar 5 anos trabalhando direto. Ou seja, como o Seward Johnson ficará ocupado direto com a Petrobras, o Sea Link vai mesmo ficar parado aqui no ES, nas nossas barbas, com 8000 km de litoral profundo inexplorado para a ciência. Pode?

 

Oito pesquisadores brasileiros foram convidados para uma operação piloto de “divulgação” do submersível. O primeiro mergulho foi a 800 m de profundidade e pelos dados preliminares teremos muitas novidades para a ciência. Os primeiros organismos coletados evidencia o grau de desconhecimento da nossa talude da plataforma, bem na região do pre-sal.

Meu foco nesta pesquisa são os corais de profundidade. Estamos mantendo vivos pela primeira vez algmas espécies de mar profundo em uma câmara fria a bordo. Iremos coletar também alguns corais que vivem em torno de 100 m para identificar sua capacidade fotossintética. Vamos usar um fluorímetro especial para medir in loco a fotossíntese o que será muito importante para identificarmos a sensibilidade destes organismos às mudanças climáticas.

Segue um vídeo da subida do sumersível:

http://www.youtube.com/embed/IZyj5_jNa6U

Segue um vídeo da subida de um equipamento de medição de água:

Pesquisador Gustavo Duarte coletando amostras de corais de mar profundo:

http://alistairdove.com/storage/IMG_32252682010124839.jpg

O fato deste Navio Oceanográfico (NO) Americano hoje pertencer a uma empresa brasileira mostra o sinal dos tempos, onde os países emergentes começam a investir em pesquisa de ponta enquanto os países ricos precisam vender seus ativos para se capitalizarem. Nunca antes na história deste país tivemos um NO tão bem equipado. 

Segue então um alô para o companheiro Mercadante. Quem sabe não é possível fazer um acordo com a Petrobras para tirarmos o Sea Link da Doca e possamos intensificar os estudos científicos em mar profundo. Um submersível é interessante por levar o pesquisador pra perto do ecossistema, poder escolher as espécies que pretende coletar bem como melhorar a compreensão destes ambientes tão inóspitos e que já são alvo de uma intensa atividade exploratória. Para podermos preservar estes ambientes precisamos estudá-los.

Companheiro Mercadante, #ficaadica

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador