Cinco presidenciáveis falam de propostas de tecnologia e inovação

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Alckmin, Marina, Meirelles, Boulos e João Amoêdo foram entrevistados por Luciano Huck
 

Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – Evento de tecnologia da BrazilLab e do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), comandado pelo apresentador Luciano Huck, convidou apenas cinco dos candidatos à Presidência da Repúlbica para apresentarem suas propostas para o setor e agenda de inovação.
 
Sem o candidato do PT à disputa, Luiz Inácio Lula da Silva, e também sem contar com a presença do registrado a vice, Fernando Haddad, o apresentador ouviu as propostas de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e João Amoêdo (Novo).
 
Denominado GovTech Brasil, o evento foi realizado no hotel Tivoli Mofarrej, próximo da avenida Paulista, em São Paulo, nesta terça-feira (07). 
 
A justificativa usada pelas empresas para a limitação dos convidados foi que os convites foram enviados a todos que detêm a partir de 1% das intenções de voto. Mas que Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (vice na chapa de Lula, do PT) e Álvaro Dias (Podemos) não puderam comparecer por outros eventos já previamente agendados para a data.
 
https://www.youtube.com/watch?v=gPFPFPFjY6I height:394
 
Tecnologia para todos 
 
Em sua fala, o único candidato da esquerda a participar, Guilherme Boulos, afirmou que é a favor da implementação da identidade digital para facilitar a gestão pública.
 
“É preciso uma unificação dos documentos e, a partir daí, fazer uma ouvidoria, usar a tecnologia como forma de participação e consulta das pessoas. Seguramente, hoje no país, se pudessem fariam isso pelo celular, que está em maior número do que a própria população. As pessoas precisam participar da decisões – metade daqueles que compõem o Congresso já estariam fora de lá. Há formas de participação que precisam ser valorizadas”, disse.
 
Também alertou para a falta de internet em diversas regiões do país, como Acre, Mato Grosso do Sul e Pará, e defendeu a universalização do acesso, já previsto no marco civil, e fazer chegar a internet por todo o Brasil. 
 
Como exemplo para o investimento público na área, lembrou que marcar célebres, como a Apple, foram criadas com dinheiro do Estado. “A ciência e a tecnologia no mundo vêm do investimento público. No Brasil, hoje, menos de 1% do PIB é destinado à Ciência e Tecnologia”, criticou. 
 
“Acreditar que o setor privado é a panaceia que vai resolver tudo; eu não compartilho dessa ideia”, concluiu. Mas diz ser contra o uso da tecnologia quando visa substituir empregos e, com isso, ser mais barato para as empresas. “O debate não é simplesmente substituir postos de trabalho por tecnologia. É preciso avaliar como a tecnologia pode servir em cada caso.”
 
Presidente Geek
 
O indicado sucessor de Michel Temer pelo MDB, Henrique Meirelles, voltou-se mais ao passado, do que ele já fez, para seguir na mesma linha: “Como ministro fiz projetos importantes, como a digitalização de todas as operações da receita federal. Temos o problema da complexidade burocrática”.
 
Mencionou, por exemplo a existência de 48 aplicativos criados pelo governo à população. E decidiu usar termos da área para tentar mostrar que domina o tema: “Temos uma serie de aplicativos feitos por cada ministério. Precisamos de algo unificado, centralizado, único. Para isso precisa de um geek como presidente”.
 
Sem dizer como, defendeu que a tecnologia seja usada para “dar um salto de crescimento na educação, saúde, segurança e produtividade” e que, para estudar como isso se daria, seria necessária a criação de “um gabinete digital”.
 
Fã de concessão e PPP
 
O tucano Geraldo Alckmin tentou aliar as propostas da área digital com o controle do país. “Essa não é uma questão de ministério. O Brasil tem 17 mil km de fronteira seca. Sem tecnologia é impossível monitorar isso. Então precisa ser implementado na segurança, na saúde, na educação, visando redução de custos e de ser uma vacina contra desvios”, disse.
 
Ao falar sobre identidade digital, disse que é preciso mudar a “cultura do carimbo, do selo, do documento”, e também sem dar muitas explicações de como, disse que “nosso tempo é o da mudança e da velocidade da mudança”.
 
Por fim, o presidenciável do PSDB foi na contramão do que defendeu Boulos sobre os investimentos públicos para a área, e disse ser “fã de concessão e PPP”, ou seja, a privatização de setores e áreas que deveriam ser de investimentos do Estado. 
 
“O estado precisa planejar, regular, fiscalizar. Não precisa ser empresário. Fica mais forte assim. Estabelece as prioridades, os marcos regulatórios, sem partido. A PPP é um bom caminho”, defendeu.
 
Transparência
 
A representante da REDE para disputar as eleições foi a única que mencionou a tecnologia digital para auxiliar na transparência públicas. “São informações e dados utilizados a partir da boa gestão, com combate a toda e qualquer forma de desvio.”
 
Para ela, “a tecnologia tem que impulsionar os serviços para que sejam mais acessíveis e de qualidade”. 
 
E destacou, mais de uma vez, o uso da tecnologia para disponibilizar dados sobre o meio ambiente e o desmatamento da Amazônia. “É possível implementar a tecnologia nas áreas da segurança, saúde, em ações de combate aos crimes ambientais, na detecção de desmatamento, na proteção da biodiversidade, no envolvimento da sociedade em diferentes níveis.”
 
E também defendeu a proteção de dados de cada um: “É preciso segurança, a proteção dos indivíduos, pois são informação que poderiam ser usadas para interesses escusos. Trabalhamos com a ideia de criar um sistema para proteger os cidadãos. É desejável uma base integrada, mas proteger o cidadão, sem deixá-lo vulnerável.”
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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    1. Wilton, estão substituindo as peças.

      Wilton, o Aécio já é uma carta fora do baralho, a presença de Boulos no evento é mais reveladora.

      1. O discurso moralista do PSOL

        O discurso moralista do PSOL é um instrumento que serve à direita e não à esquerda ou ao campo progressista. O Boulos está seguindo por um caminho perigoso e pode se transformar linha auxiliar da direita como a Luciana Genro e o Marcelo Freixo, que foi muito útil ao golpe.  

         

  1. O Boulos com esta participação desvenda mais um pouquinho……

    O Boulos com esta participação desvenda mais um pouquinho da onde ele veio e para onde ele vai.

    Todos os partidos que participaram de uma forma e de outra deste “evento” promovido por um pouco conhecido Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), um instituto de formação recente que faz algumas parcerias com a prefeitura de São Paulo e órgãos do governo federal, e que tem uma bela página na Internet com belas fotos, mas que não é nada conhecido no meio técnico científico brasileiro. Olhando superficialmente este ITS é uma tentativa de introdução de instituições tipo “think tanks”, que são instituições privadas, grande parte financiada pelo grande capital, para influenciar o estado em aprofundar o máximo na autodestruição dele mesmo para abrir espaço ao lucro privado.

    Os participantes do evento mostram claramente a quem os “presidenciáveis” prestam contas.

    Logo a presença de Boulos, nesta festinha da Casa Grande, mostra a possibilidade de duas interpretações possíveis mas não excludentes, a primeira que o mesmo é alimentado e financiado por estas organizações tipo “TINQUES e TANQUES” (por que para o terceiro mundo o que vem mesmo são os tanques), ou que o mesmo é burro suficiente para procurar ganhar alguns votinhos e uma possível participação futura no Brasil pós-golpe do golpe (eleições 2018).

     

    1. Tanking on thinking

      Estão tambem no comando dos movimentos de periferia no Rio para produzir novas lideranças politicas que construirão a sociedade aberta do futuro (bem próximo). Naturalmente uma sociedade aberta, vibrante e diversificada, na novlingua deles.

       

    2. Não aprenderam nada! O maior
      Não aprenderam nada! O maior erro do PT e do Lula, foi justamente fazer o que o Boulos está fazendo: Se ajoelhar (quando deveriam denunciar o mal que fazem ao Brasil) diante do maior inimigo do Brasil e do povo brasileiro, cujo o maior representante, é a Globo.
      Parabéns pelo comentário!

  2. bom?

    Evento com o “narigudo” (o que ele entende de tecnologia , fora apertar trclas do celular?) e banco itau e estadão não é coisa que valha a pena comentar.

    È só para enganar os distraidos…

  3. CADÊ O AMOÊDO??????

    Jornalismo bonito esse, hein? Citou Amoêdo no bigode e no lide, e cadê a fala dele no texto? O cara é o mais sensato dos presidenciáveis até agora, o único que tem o pé na realidade e não fica fazendo joguinhos políticos. Deve ser por isso que é tão excluído. O Brasil não está a fim de pôr pessoas decentes no poder, apenas palhaços que não têm ideias concretas.

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