Institutos pelo mundo desenvolvem 17 projetos de carro voador

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por Adir Tavares

Sonho do carro voador pode estar prestes a se tornar realidade

Do DW

Em caso de congestionamento na estrada, basta levantar voo. Veículos alados prometem resolver muitos dos problemas da mobilidade urbana. Apesar da burocracia, essa visão futurista não está tão longe de entrar no mercado.

Imagine ter que se deslocar todos os dias 300 quilômetros de casa ao trabalho – a distância Berlim-Hannover ou São Paulo-Volta Redonda – e vice-versa. Com um carro voador, bastariam menos de duas horas para percorrer o trajeto.

Ao todo, 17 projetos ao redor do mundo visam transformar essa ideia futurista em realidade. Entre eles o MyCopter, da União Europeia, envolvendo seis universidades e institutos de pesquisa europeus, incluindo o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), em Braunschweig, a Universidade Técnica de Karlsruhe e o Instituto Max Planck de Biologia Cibernética, em Tübingen. A UE financia o projeto com 3,4 milhões de euros.

Durante quatro anos, os pesquisadores do MyCopter examinaram técnicas e concepções de veículos aéreos para uso diário. Na penúltima semana de novembro, os cientistas apresentaram seus resultados na cidade de Braunschweig. Entre outros equipamentos, desenvolveram um volante que permite pilotar um helicóptero como um carro.

“Os pilotos disseram: ‘Realmente, nada mal'”, orgulha-se Stefan Levedag, do Centro Aeroespacial Alemão. Até então, o volante foi testado em simulações, e atualmente está sendo instalado num helicóptero de verdade.

Todos os 17 projetos de carro voador têm o mesmo objetivo: construir um veículo que possa ser utilizado tanto na estrada como no ar. Essa é também a meta da AeroMobil, uma empresa de Bratislava, capital da Eslováquia.

Na conferência internacional sobre o futuro Pioneers Festival, realizada em Viena em outubro, a empresa apresentou seu protótipo mais recente, o AeroMobil 3.0. Ele já completou os testes na estrada e no ar com sucesso e está a apenas um passo do modelo final, apto a entrar no mercado.

O funcionário da AeroMobil Stefan Vadocz lembra que há quase cem anos se tenta construir carros voadores, em todo o mundo. “Mas o nosso é um pouco diferente: desde o início, ele foi projetado como um carro e avião comum” Sua característica especial é a possibilidade de alternar entre os dois objetos.

Falta apenas a licença europeia para o AeroMobil entrar no mercado

Carros esportivos com asas

O AeroMobil 3.0 parece um carro esportivo de luxo. Ele possui asas e rodas fabricados com materiais compostos e tudo o que é de se esperar em um carro voador: eletrônica aeronáutica, piloto automático e paraquedas. Ele utiliza gasolina comum, e, como um avião, é capaz de decolar e pousar, sobre uma superfície firme ou até mesmo sobre uma faixa de grama.

“Combinar um carro e um avião não é uma tarefa fácil”, salienta Vadocz. “Um carro deve ser pesado e relativamente bem mais largo do que um avião.” Um avião, no entanto, precisa ser o mais leve possível. “O fato de ser possível alternar entre os dois permite ter tanto um carro quanto um avião de pleno direito”, assegura.

Fundador da AeroMobil, Thomas Klein, trabalha há 25 anos em carros voadores

Depois de alguns testes bem sucedidos e da apresentação no Pioneers Festival, os construtores do AutoMobil 3.0 precisam acima de tudo resolver a papelada burocrática. Pois o carro voador precisa de licenças europeias para a estrada e para o ar.

Jan Lesinsky, professor de Técnica de Transportes e Automóveis da Universidade Técnica Eslovaca, em Bratislava, se entusiasma com a nova tecnologia por trás dos carros voadores. Mas ele não espera que o AeroMobil receba as autorizações necessárias, e muito menos que carros voadores se tornem em breve uma forma de transporte de massa.

“A ideia de simplesmente decolar, quando se esbarra num congestionamento, soa fantástica. Mas o que acontece quando carros voadores, digamos, somam 10% do tráfego? Quando os carros estiverem se movendo entre 20 e 100 metros de altura no transporte aéreo, serão necessárias regras de segurança muito claras”, alerta.

Os proprietários também precisam ser ao mesmo tempo motoristas e pilotos. E o motorista precisaria se comunicar de forma organizada com uma espécie de torre de comando, para decidir quem segue por onde.

“Definitivamente não sou pessimista quando se trata de projetos como este. Mas acredito que é pouco provável que num futuro próximo vamos ver carros voando em qualquer lugar”, afirma Lesinsky. Stefan Levedag, do DLR, segue a mesma linha: “Com certeza não iremos ver o carro voador por um bom tempo.”

AeroMobil 3.0 deverá custar algumas centenas de milhares de euros

Só para ricos

De qualquer maneira, segundo Lesinsky, a maioria das pessoas não teria como pagar um carro voador. Vadocz, da AeroMobil, também admite que seu veículo é um produto de luxo. “O preço deve ficar entre o de um carro esportivo e o de um pequeno avião esportivo, ou seja, algumas centenas de milhares de euros.”

O funcionário acrescenta que já há interessados, embora atualmente a AeroMobil não esteja aceitando encomendas. “Mas estamos bastante felizes que o mundo esteja interessado em comprar o nosso veículo. Vamos cuidar rapidamente de todas as licenças e regularizações”, o que deve ser questão de alguns anos.

Caso a AeroMobil realmente adquira as autorizações necessárias, os veículos alados poderão estar voando por aí mais rápido do que muitos imaginam. No entanto, para a maioria o que sobrará é o gostinho de observar o voo dos carros alados a partir do solo.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. Matéria para encher buracos…

    Quanta asneira… Isso não tem a menor chance de ser implementado (como alternativa séria ao transporte terrestre massivo) nos próximos cem anos. Puro “gap filler” midiático. 

  2. Eslovaca aérea.

    Não basta abarrotar o solo, o chão das cidades. Há que se pensar também de abarrotar o espaço aéreo. E quem garante que um defeito não faça o trambolho alado desabar sobre o cocoruto dos pedestres? A lei da gravidade continua em vigor, parece. 

    Mas o professor da Universidade Eslovaca tem uma idéia legal: “quando os carros estiverem entre 20 e 100 metros de altura serão necessárias regras de segurança muito claras.”  Claro! Tipo as regras de segurança do trânsito terrestre: todo mundo respeita na íntegra. Até juiz de direito, que não é Deus, mas tem procuração assinada por Ele.

     

     

     

  3. Só no mundo dos 20 por 80!

    Quando os 20% mais ricos do mundo e seus assessores necessários conseguirem eliminar ou colocar em guetos os restantes 80 % da população, um idéia como esta pode acontecer.

    Ao invés de termos transportes de massa de alta velocidade (trens balas) ou simplesmente morar-se mais perto dos locais de atividades, vêm com a idéia elitista de usarem carros voadores? Voces já imaginaram o caos ocasionado por milhares deste aparelhos, com altos níveis de ruido, alto consumo de combustível, levando uma só pessoa, descendo no meio de cidades populosas (como os helicópteros em Sampa), não permitindo que ninguem escute nada devido a alta poluição sonora, somente para permitir aos mais ricos morarem mais longe dos ambientes de trabalho, em locais aprasíveis e deixarem os problemas ambientais para os demais?

    Esta é uma vizão de um mundo cada vez menos democrático e olhem que eu sou um ferrenho defensor de novas tecnologias, porem em benefícios de todos!

  4. Quanta ilusão

    Em caso de congestionamento na estrada, basta levantar voo. Veículos alados prometem resolver muitos dos problemas da mobilidade urbana.

    Infelizmente essa promessa só seria verdade se eles não apenas voassem, mas pudessem flutuar.

    Isto é, esses carros voadores mantêm o paradigma de aviões onde “estacionar” significa fazer um pouso em um local apropriado, inclusive admitido a capacidade de pouso vertical.

    Imaginem o problema de segurança que haveria com milhares de veículos zunindo no ar sem a menor sincronia de horários confluindo para poucos locais de pouso. Os engarrafamentos de hoje seriam lembrados com saudosismo.

     

  5. Quanta bobagem!

    O dia do carro dos Jetsons está longe. Daí sim seria um meio de transporte mais confortável e seguro, não essas geringonças mistas de avião e automóvel. Não têm nada de revolucionárias essas misturebas, simplesmente juntam dois conceitos do final do século 19. Além disso, acredito que não é o meio físico de trasnporte que deve ser revisto, mas o sistema como um todo. E não venham me pedir soluções, porque não as tenho, sou apenas um comentarista do blog. Fui!

  6. Excelente…………………….

    Deixou de ser utopia !!!!!!!!!!!!!

    Que levará mais alguns anos, e possivelmente eu não estarei mais aquí, quero que meus descendentes desfrutem dest tecnologia, ao contrário dos mais pessimistas e invejosos !!!

    Que será inicialmente direcionado aos ricos, não resta a menor dúvida, tal como foram os carros no início, mas depois… 

  7. Espero que nao se consiga isso no meu tempo restante de vida

    Além de me preocupar com carros e motos, e bicicletas nas calçadas, tb será preciso ficar monitorando o céu? Passo. 

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