Da Folha
A primavera é contagiosa, os sintomas já estão aqui
Ronaldo Lemos
Você sabia? Que a Tunísia, berço da Primavera Árabe, juntou-se a uma coalizão de 20 países em defesa de uma internet livre e aberta?
Que há dois anos o país era uma ditadura, onde a rede era censurada, e que hoje é uma jovem democracia onde qualquer pessoa fala o que quiser on-line?
Como dizem por lá, “falta emprego e educação, mas ao menos eu posso dizer quem é o culpado”.
Você sabia? Que cinco países da América Latina deixaram o Brasil para trás e aprovaram leis defendendo a neutralidade da rede? São eles Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.
Que o Marco Civil da Internet, projeto de lei que protege a privacidade de usuários, a liberdade de expressão e a neutralidade da rede vai completar em agosto dois anos no Congresso sem aprovação?
E que, enquanto é ignorado no Brasil, virou inspiração para vários outros países (até a Jordânia!) para a criação de novas leis protegendo a liberdade na rede?
Você certamente sabe que os jovens estão na rua e que os partidos e as forças políticas tradicionais não entendem direito a razão, mas querem em vão tirar uma casquinha de um movimento que é justamente o reverso da falta de representatividade da política tradicional.
A primavera é contagiosa. A energia que primeiro manifestou-se em Túnis mudou o país e a região. O processo de avanços e retrocessos continua e não é fácil.
Estamos agora vivendo a adrenalina de que tudo pode acontecer.
Ronaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil. É professor titular e coordenador da área de Propriedade Intelectual da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como “Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música” (Aeroplano). Escreve às segundas na versão impressa de “Ilustrada”.
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