Os vencedores do Aero Design

Por M.Pinto

Prezados Nassif e leitores,

Li muita besteira nos comentários no outro tópico! Seguem informações de um ex-competidor do Aero Design.

Não há erro algum ao afirmar que São Carlos foi campeã! Ocorre que a competição possui três categorias: Micro, Regular e Advanced (no Brasil, chamamos de aberta). São restrições e desafios diferentes para cada uma no regulamento da competição.

O formato da pontuação da Micro, bem como restrições de transporte e montagem, induz a aeronaves bem pequenas, com asas de menos de 1 m de envergadura. O foco da pontuação é a relação entre peso vazio e peso de carga útil. Este foi o primeiro ano que o Brasil mandou uma equipe nesta categoria. Está aí o resultado, São Carlos campeã.

Na regular, tudo é muito amarrado na regras: motor (um ou dois modelos permitidos apenas), dimensões da aeronave e, às vezes, o material a ser utilizado. Por conta disto é a categoria mais competitiva pela proximidade de desempenho entre equipes. Basta ver que este ano a CEFAST do CEFET-MG ficou décimos a frente do segundo colocado, com o melhor avião da história da categoria. Ano passado, a diferença entre a Politécnica da USP e da UFMG foi de 0,6 (!), primeiro e segundo lugares respectivamente.

A categoria aberta restringi apenas a cilindrada do motor e o peso máximo de decolagem da aeronave. Com certeza é a que permite mais inovações. Na competição dos EUA, esta categoria passou a ser chamada de Advanced, pois exigiu das equipe a elaboração de um sistema de aquisição de dados embarcado no avião. Foi nesta que São Carlos perdeu o primeiro lugar, ficou em segundo. O Brasil era tetra campeão seguido nesta categoria.

O intuito do Aero Design é difundir o conhecimento aeronáutico! Não é fazer aeronaves de combate ou drones sofisticados, mesmo porque não voamos com carga assimétrica e a eletrônica é limitada! Até onde sei, temos apenas DOIS INSTITUTOS COM O CURSO DE ENG. AERONÁUTICA oficialmente: o ITA e a USP de São Carlos. Entretanto, na competição brasileira temos mais de 70 equipes, de vários estados, de faculdades públicas e privadas. Essa é a mágica do evento! Forma-se mão-de-obra qualificada e entusiasmada para o setor. E não apenas a Embraer se beneficia. A empresa Flight Solutions surgiu de ex-participantes do Aero.

Damos aula e show nos EUA! Quando participei ano passado pela equipe Keep Flying da Politécnica da USP ouvi um “good job, guys” do diretor da FAA que entregou o prêmio de excelência de engenharia da NASA, primeira vez que o Brasil levou o prêmio. Ouvi um “brazilians are artists” de um engenheiro da Lockheed Martin. E tudo isto no quintal da casa deles! Somos multi-campeões lá e a sociedade nem fica sabendo. Se participássemos do DBF, ganharíamos também em cima de MIT, UIUC, Royal Academy, etc. Só falta que alguém tome a iniciativa de bancar uma equipe brasileira para lá.

Este tipo de competição ajuda na formação dos engenheiros ao desenvolver espírito de comprometimento, equipe e companheirismo. Estimula a competitividade sadia no campo das idéias e empreendedorismo. A busca do conhecimento como diferencial no resultado é algo intrínseco ao Aero, mas ainda não se vê na realidade das indústrias nacionais.

Muitas mais competições existem: mini BAJA, fórmula, guerra de robos, super milhagem, casa sustentável, carro solar, etc. Com certeza, mais delas deveriam existir.

A engenharia agradece.

Luis Nassif

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