Pesadelos pós-modernos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Pesadelos pós-modernos, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Na Europa, apesar do esforço dos governos liberais, os imigrantes são hostilizados e tratados como se não fossem seres humanos e a direita cresce insuflando o ódio racial. Nos EUA crianças são separados dos pais imigrantes e metidos em gaiolas como se fossem bichos. Em Israel o Parlamento aprovou uma Lei oficializando a natureza judaico-hereditária da cidadania israelense. No Brasil nenhuma garantia legal/constitucional é colocada ao alcance de Lula e um candidato se esmera em oferecer ao eleitorado um programa de erradicação da diversidade. Na Ásia, a Guerra da Coréia não chega oficialmente ao fim e ameaça a paz mundial.

A supremacia militar regional da China também é vista como uma fonte de risco para o delicado equilíbrio global. Espremida entre dois mundos, a Rússia tenta evitar um confronto com os EUA e a OTAN utilizando o calor da Copa do Mundo para derreter os icebergs ideológicos remanescentes da Guerra Fria. Na África, conflitos sangrentos continuam sendo ignorados pelo respeitável público e explorados com lucro pelos fabricantes de armamentos. 

O mundo ficou louco? Não. Ele continua sendo o que sempre foi. Um barril de pólvora prestes a explodir. O século XX, por exemplo, foi um dos mais sangrentos da história da humanidade. Atualmente, o planeta tem 7,6 bilhões de habitantes e 5 bilhões de celulares. No Brasil, são 207 milhões de habitantes e 235 milhões de celulares. A quantidade de baterias em circulação é muito maior se levarmos em conta os notebooks e tablets que foram vendidos nos últimos anos.

Como sempre ocorre, o pesadelo político mais próximo é aquele que foi menos percebido. Demorou um pouco para os norte-americanos saberem que a NSA estava sendo transformada numa agência de controle total das informações produzidas e compartilhadas por todos os usuários de internet e smartphones dentro e fora ados EUA. Edward Snowden, ex-agente da NSA, vazou para imprensa o suficiente para que os amantes da liberdade e da privacidade pudessem combater o Grande Irmão. Ele mesmo produziu um aplicativo que permite aos cidadãos caçar espiões https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/edward-snowden-cria-app-que-faz-celular-virar-cacador-de-espioes.ghtml.

Uma quantidade crescente de pessoas teme que seus aparelhos celulares sejam transformados em instrumentos de controle político-ideológico nas mãos do Estado Pós-Democrático. Todavia, a esmagadora maioria das pessoas ignora o fato de que cada celular é uma bomba incendiária em potencial https://www.facebook.com/wagner.capo/posts/2081827111889405. O problema tem sido discutido na imprensa https://www.wired.com/2017/03/dont-blame-batteries-every-lithium-ion-explosion/.

A fantasia autoritária mais próxima da realidade no momento é mais aquela descrita em Duna por Frank Herbert do que a que foi concebida por George Orwell no livro 1984. Em Duna, livro que já foi adaptado para o cinema e para a TV, o execrável Barão Vladimir Harkonnen (senhor absoluto do planeta Giedi Prime) mantém o controle de seus vassalos mandando instalar plugues nos corações deles. Quando o plugue é removido o vassalo morre imediatamente https://www.youtube.com/watch?v=JHGITJqMbO4.

O futuro é sempre incerto. Exposto, o Grande Irmão norte-americano (refiro-me obviamente a NSA) começou a ser desmantelado. Contudo, num futuro plausível não podemos descartar uma hipótese ainda mais terrível. Neste exato momento, em algum lugar do planeta habitado pelos espiões norte-americanos, israelenses, europeus, chineses e russos alguém deve estar tentando desenvolver um aplicativo malicioso para provocar, mediante acionamento remoto, a explosão da bateria do smartphone, notebook ou tablet de alguém que foi considerado inimigo do Estado. A conferir.  

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

5 Comentários

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  1. Pior do que uma bateria de

    Pior do que uma bateria de smartphone explodindo na cara do usuário, é uma bateria dando energia prum smartphone espalhar na velocidade da luz toneladas de fake news explodindo o mínimo de bom senso que um ser humano devia ter . Veja o horror de pessoas mortas na Índia devido a fake news. O Horror O Horror – como falou antes de morrer o personagem Kurtz do livro Coração das Trevas. 

     

     

    1. Não vou entrar no mérito do

      Não vou entrar no mérito do seu comentário. Não sei o que está ocorrendo na Índia.

      Mas sei que Revolução Francesa foi um subproduto da radicalização espalhada pelos jornais impressos freneticamente em Paris naquela época. Ninguém culpa Johannes Gutenberg e a prensa com tipos móveis que ele inventou pelo que ocorreu com durante o Terror.

      Os smarthphones são versões novas de uma ferramenta antiga. Com um agravante: eles usam baterias que podem explodir (ou eventualmente ser programadas para explodir) nos bolsos dos usuários. Isso seria uma novidade bem desagradável. 

      1. Na Índia vem ocorrendo uma

        Na Índia vem ocorrendo uma onda de linchamentos causados por fake news, muito parecido com o que aconteceu no litoral de São Paulo, onde uma moça foi linchada por que um retrato falado falso de uma sequestradora de crianças se parecia com ela. 

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