Primeiro submarino nuclear brasileiro ficará pronto em 2023

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Sugerido por Marco St.
 
Primeiro submarino nuclear do país fica pronto em 2023, diz almirante
 
Por Gorette Brandão
Da Agência Senado

O primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear deve ficar pronto em 2023, de acordo com almirante de esquadrão Gilberto Max Roffé Hirschfeld, coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), criado em 2008, a partir de um acordo de cooperação e transferência de tecnologia entre o Brasil e a França.

Hirschfeld deu a informação durante audiência pública nesta quinta-feira (13), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O debate foi sugerido e coordenado pelo presidente do colegiado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

 
 
Além do submarino nuclear, o programa sob a responsabilidade da Marinha do Brasil prevê ainda a construção de quatro submarinos de propulsão convencional (diesel-elétricos). Serão ainda construídos uma base naval e um estaleiro, em Itaguaí, no Rio de janeiro.

O almirante defendeu a necessidade de o país desenvolver e manter um forte sistema de defesa. Ao justificar, ele disse que o país é foco de “ambições”, em razão de suas riquezas naturais e capacidades. Diante das incertezas sobre o que acontecerá no mundo em médio e longo prazo, Max Hirschfeld observou que o Brasil precisa estar preparado, com uma Força Armada potente.

— Não para entrar em guerra, ao contrário, mas exatamente para ter o poder de dissuasão — observou o almirante.

De acordo com ele, um submarino de propulsão nuclear é ideal, já que é considerada a arma de maior poder de dissuasão que existe.  Entre outras vantagens, o almirante destacou o poder de deslocamento e a capacidade de se manterem submersos de forma prolongada. Isso ocorre porque são capazes de gerar oxigênio, dispensando subidas regulares à superfície. Graças a essa característica, eles seriam menos detectáveis, ficando mais protegidos contra ataques inimigos.

Com o Prosub, disse ainda o coordenador do programa, o Brasil ganha capacidade não apenas para construir, mas também projetar submarinos convencionais e nucleares. Ele explicou que o acordo com o governo francês assegura a transferência de toda a tecnologia necessária para esse ganho de autonomia.

— Projetar é a palavra chave. Até agora vínhamos construindo apenas submarino de superfície, mas nunca projetamos — observou.

O almirante fez questão de esclarecer, contudo, que o país já domina todo o ciclo tecnológico para a construção do reator de propulsão nuclear a ser utilizado no projeto, de responsabilidade da estatal Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A (Nuclep), que está sendo desenvolvido em São Paulo. A França entra com a parte de “interface” para aplicação no submarino e seu projeto, além das tecnologias de operação e manutenção do equipamento.

Respeitabilidade

A partir dessa conquista, previu o almirante, o país será visto com muito mais respeitabilidade no cenário internacional. Ele acredita que, como parte do seleto grupo de nações com capacidade de projetar e construir esses equipamentos uma das contribuições será reforçar o poder de garantir o antigo pleito do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O almirante Max Hirschfeld observou, contudo, que o alcance do Prosub vai muito além da questão de defesa. Ele explicou que o programa — com custo estimado em cerca de R$ 21 bilhões, em todas as suas etapas — tem amplo potencial para irradiar conhecimentos e capacitação em favor dos centros de pesquisa, das universidades e da indústria brasileira.

Para que os ganhos sejam permanentes, porém, ele observou que o país não pode se acomodar após a construção dos submarinos já projetados. Se isso acontecer, conforme explicou, os conhecimentos se perderão.

— Não podemos parar de fazer, não temos o direito de perder um programa dessa envergadura — apelou.

Sobre os investimentos projetados pelo Prosub no orçamento federal para 2014, de quase R$ 2,5 bilhões, ele disse que ficaram um pouco aquém do necessário. Porém, disse estar seguro de o governo não deixará de fazer as complementações necessárias.

Empregos

Ricardo Ferraço confirmou a importância estratégica do programa, tendo em vista os ganhos para o desenvolvimento científico-tecnológico e o fortalecimento da indústria. Ele observou que a indústria de defesa é um setor que multiplica conhecimento e gera renda, emprego e desenvolvimento como poucos, sendo responsável por parcela importante do PIB em países desenvolvidos.

O presidente da CRE também registrou que, no auge de sua capacidade, o Prosub deverá gerar 9 mil empregos diretos e outros 32 mil indiretos. Por tudo isso, observou, os investimentos são totalmente justificáveis, mesmo “num país que não é assombrado pelo fantasma da guerra, em que falta dinheiro para áreas essenciais”. Ainda para o senador, o desenvolver um submarino não é só “uma questão de prestígio internacional”.

— Um submarino nuclear vai nos dar, com certeza, retaguarda e poder de dissuasão em águas profundas. Vai nos permitir, também, disputar em melhores condições um assento no Conselho de Segurança da ONU — avaliou Ferraço.

Parceria

Em resposta a questão feita por um telespectador, encaminhada por meio do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o almirante reforçou esclarecimento dado anteriormente, sobre a escolha da França, como parceiro do Brasil. Segundo ele, apenas esse país e a Rússia dispunham à época de tecnologia para construção de submarino com propulsão nuclear (hoje o time integra a China, os Estados Unidos e a Inglaterra). Porém, apenas a França aceitou o compromisso de transferir a tecnologia.

Também rebateu a afirmação de que o Chile e a Índia, por meio de acordo com a Alemanha, tivessem conseguido acesso à mesma tecnologia, em bases econômicas mais vantajosas. Ele assegurou que, nos dois casos, foram contratos totalmente diferentes, sem abrangência do acordo brasileiro em termos de tecnologia. Além disso, observou que a Alemanha, ainda que domine a tecnologia, nunca construiu um submarino do tipo.

O almirante também contestou o comentário de que a construção da nova base naval em Itaguaí era dispensável, já que as operações com os submarinos poderiam ser feitas no arsenal da Marinha na capital fluminense. Ele assegurou que esse arsenal não comportaria tais operações, inclusive pela reduzida profundidade das águas. Apontou ainda a inconveniência de operar equipamento com propulsão nuclear junto a uma grande metrópole.

Max abordou na audiência os cuidados ambientais e as ações de responsabilidade associadas ao projeto em Itaguaí. Em março do ano passado, a presidente Dilma Rousseff inaugurou uma unidade de fabricação de estrutura metálica que integra o programa, onde serão construídas peças de alta resistência para os submarinos.

O secretário-geral do Ministério da Defesa, Ari Matos Cardoso, também participou da audiência. Ao reconhecer a necessidade de mais recursos para o setor, ele ressaltou os esforços do atual governo. Ele observou que de 2003 até 2007, “antes da aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, as necessidades do setor foram atendidas em 35% do que foi solicitado”. No período de 2008 a 2013, no entanto, esse percentual foi aumentado para  65% evidenciando, de acordo com Ari Matos, o empenho do governo para aumentar os investimentos em projetos como o Prosub.

Participaram ainda da audiência o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Mais um programa do tipo VLS
    Mais um programa do tipo VLS Brasileiro . Certamente só constrói-se um submarino a propulsão nuclear , caso se tenha já completamente dominado a construção de reatores nucleares de propulsão , com urânio enriquecido a 10-15% .E aramar só enriquece a 4% e o Brasil não sabe nem construir uma turbina naval convencional , daquelas que equipam a corveta barroso (aquela corveta que levou quase 20 anos para ser montada !).Uma fraude grotesca e muito cara do delírio naval do Almirantado Brasileiro .Assim como foi o programa balístico VLS . Que o Senado Brasileiro cancele imediatamente tal loucura , caso contrário a quarta frota da US Navy o fará .

  2. Almirante  nem de esquadrão

    Almirante  nem de esquadrão nem de esquadrilha é de  esquadra. A matéria é boa e  esclarecedora e claro, não interessa ao PIG. Conforme  aquela  circular  que circulou  além  do gabinete  dos editores,” e proibido  noticiar fatos  positivos  sobre a copa”. Contudo,o  assunto vai muito além,pois o negócio é toldar  de negror o horizonte para que não  surja nenhum ponto de entusiasmo otimista…

  3. Prezado Nassif
    Vamos aos

    Prezado Nassif

    Vamos aos fatos concretos :

    1- É extremamente improvavel que depois de supostamente dominar a tecnologia da propulsão nuclear  naval de submarinos (um dos segredos mais bem guardado de qualquer potencia militar -cavitação ), vai ser possível adaptar estes propulsores nos convencionais , considerados “obsoletos” (um erro grotesco-perguntem a Marinha Sueca sob a importancia dos subs convencionais )!) pelo próprio Almirantado Brasileiro.

    2- Não faz sentido construir um submarino , se o País não tem uma doutrina de possuir uma flotilha (de pelo menos uns doze …) .E aí pergunta-se o porque de Itaguaì (Odebrecht -França) .Destruiram aForça inteira por causa de 7 bilhões de euros !.

    3- A cadeia de possesão de tecnologia militar avançada é a seguinte :

    Primeiro obtem-se o domínio de :1Artefatos atomicos (bombas atômicas ) -2)vetores de lançamento (Artilharia de campo e caçasbombardeiros e especialmente mísseis de alcance de 2.000 km (alcance médio )- 3)Bombas de Hidogênio -4-Satélites militares -5Submarinos atômicos.

    E a Marinha que passar do analfabetismo  (-10) diretamente para o premio Nobel .fase 5! -Não existem Lulas neste processo !.

    E esta estória de o Brasil ter um assento no Conselho de segurança da ONU , só pode ser pilhéria !. E grotesca ! .

    E argumentar que precisa -se para  defender o Pré Sal , outra fraude , já que quase todo o Petróleo brasileiro passa necessariamente pelo estreito de Ormuz ! (é importado) .E ai precisa operar militarmente  conjuntamente com as potencias ocidentais(Prosuperfície)   O interesse maior da defesa militar do Pre Sal Brasileiro é da US Navy , já que todo ele é vendido diretamente aos Americanos (das plataformas diretamente para os superpetroleiros ) .

    E finalmente subs nucleares só servem , nos tempos modernos de  guerra integrada altamente avançada  anti submarina do século 21 , como base de lançadores de mísseis balísticos  de mutiplas  ogivas termonucleares de re-entrada (como os Bulavà russos!) .

  4. Nego não consegue nem

    Nego não consegue nem construir aeroporto no prazo, vai construir submarino nuclear…

    Se ficar pronto em 2040 estaremos no lucro…

    1. Para os militontos que me

      Para os militontos que me negativaram em 3 minutos, pergunto:

      Falei alguma mentira? Os aeroportos estão prontos?

      A transposição do S. Francisco está pronta?

      A Ferrovia Norte-Sul está pronta?

      A simples compra dos caças demorou quantos anos? Está pronta? Já assinaram o contrato? 

        1. Ao invés de responder a

          Ao invés de responder a qualquer de minhas indagações, V. S.a preferiu me chamar de vira-lata.

          Deduzo tratar-se, evidentemente, de mais um militonto que, à falta de argumentos e na ânsia de defender a qualquer custo o governo atual, opta pelo artifício de desqualificar o interlocutor.

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