A realidade numa bolha de sabão
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Duas imagens chamaram minha atenção hoje.
Pela manhã vi um homem idoso esqualito recolhendo latas de refrigerantes e cervejas nos lixos das “pauperum domunculas” numa favela próxima a minha residência. Ele usava um boné estampado com a bandeira brasileira.
A tarde cruzei com uma menina de 3 ou 4 anos acompanhada da mãe. Tristonha, a menina vinha com a cabeça baixa por um motivo qualquer. Na camiseta branca dela a palavra SMILE estilizada em cores vivas.
Não posso imaginar ocupação mais útil, desvalorizada e mal remunerada do que a realizada por aquele pobre brasileiro que se orgulha de ser brasileiro. A mensagem carregada pela menina não foi capaz de convencer ninguém por causa da expressão triste que ela exibia.
Quando o mundo e a representação que dele foi feita se desencontram podemos finalmente encontrar um caminho para entender a realidade. Nada é o que parece.
O nacionalismo parece ser brilhante e no entanto ele coloniza e mobiliza os corações e mentes daqueles que foram vitimados pela nação desde que nasceram pobres. A propaganda vende uma felicidade que raramente pode ser vivenciada por quem a consome.
A discrepância entre a realidade e sua aparência salta aos olhos agora que a Rede Globo afundou na corrupção e na infâmia. A empresa sempre se apresentou como um bastião da ética e da correção. Tudo o que Rede Globo fazia era imbecilizar a população e mobilizar forças políticas contra os partidos e políticos que ousaram defender investigação dos atos ilegais cometidos pelo clã Marinho.
Os barões da mídia enriquecem alimentando a pobreza dos nacionalistas que catam latas nas favelas. A alegria fácil produzida e distribuída por uma rede de TV não é capaz de alegrar as pessoas o tempo todo. A tristeza nos humaniza inclusive e principalmente quando o mercado nos vende uma camiseta para nos fazer sorrir.
O mundo de simulacros explodiu como se fosse uma bolha de sabão. Alguns vão rir, outros não.
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Os textos do Fábio são muito
Os textos do Fábio são muito bons, porque falam da humanidade explorada pelo mercado, de pessoas invisíveis para a grande mídia.