Enviado por Ronaldo Bicalho
Neste programa da série Crise, João Saboia, Professor Emérito do Instituto de Economia da UFRJ, fala sobre a ascensão e a queda do mercado de trabalho no Brasil na última década, enfatizando: a melhora desse mercado no período 2004 – 2014; as razões da manutenção dessa melhora, apesar da deterioração do quadro econômico após 2010; a política de salário mínimo e o aumento da renda do trabalho e, por fim, a forte crise que, a partir de 2015, atinge fortemente o mercado de trabalho do país.
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Hoje de manhã bem cedo fui ao
Hoje de manhã bem cedo fui ao supermercado. Estacionamento quase vazio, o funcionário que cuida dos carrnhos sentado. Arrumei as compras no carrinho sem pressa e fui ao caixa. Algumas mulheres conversando. Uma delas teve que sair da animada roda de conversa, criar uma cara simpática, e me atender. Eu sei - e ela sabe mais ainda - que essa moleza ali vai acabar logo logo. Neste momento, 10 e pouco, acredito que o supermercado já começa a estar fervendo de gente.
Falo isso porque penso que existe um contrasenso no mercado de trabalho. Existe muita ociosidade e muita demanda. Só que a grande (excessiva até) demanda é somente em alguns horários. O supermercado do exemplo tem que se conformar em atender mal aos seus clientes num domingo à tarde com poucos funcionários porque sabe que, se contratar mais, eles ficarão ociosos durante a maior parte da semana.
Uma solução pra isso, e diversos outros problemas, penso ser uma redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias, com proibição de um segundo emprego (pois senão seria pior, ao invés de 8 seriam 12 horas por dia). Aí teríamos dois turnos de trabalho em todo canto, e todos teriam como administrar seu tempo sem os hoários de rush. Teriam tempo pra praticar esportes, estudar, cuidar dos filhos, descansar... e pensar até. Pois hoje em dia o trabalhador nem pra pensar tem tempo.
Proibição de um segundo emprego
Penso que melhor do que proibir um segundo emprego seria uma contribuição maior para o INSS, tanto que ao ponto de não ser vantajoso esse segundo emprego. Claro que o brasileiro iria dar um jeitinho e trabalharia sem carteira assinada no segundo emprego, mas dai não teria nenhum benefício com esse emprego e nunca poderia procurar a Justiça do Trabalho, pois se procurasse deveria ser multada e recolher todos as parcelas do INSS que deixou de recolher. É muito difícil, a maioria das pessoas são muito egoístas e cada um só pensa em si mesmo.
De quem é a culpa?
Tenho consciência que havia uma clara necessidade de mudança de rumo na política econômica depois de dois anos, 2013 e 2014, de uma política suicida em termos de finanças públicas.
Porém a guinada de 180 graus que Dilma deu a partir de 2015, ao nomear Levy como Ministro da Fazenda e adotar as medidas que jurou nunca adotar, são as grandes responsáveis pelo desastre do desemprego nos últimos 15 meses. A crise política com certeza reforçou o estado calamitoso da economia, mas a Dilma pode culpar a si mesma como principal vilã da recessão profundo onde o país se encontra.