Baixo IDH favorece exploração do trabalho escravo, revela novo Observatório

MPT e OIT lançam modelo inédito de portal digital sobre trabalho escravo apontando que mais de 90% dos trabalhadores resgatados vêm de municípios com baixo desenvolvimento

foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasilfoto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Jornal GGN – Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil comprova a forte correlação entre a exploração do trabalho escravo e a pobreza, déficits de desenvolvimento humano e vulnerabilidade social. Juntos, esses três fatores facilitam o aliciamento para o trabalho escravo, explicou o procurador do Trabalho Luís Fabiano de Assis, co-coordenador do Smarty Lab de Trabalho Decente, responsável pelo Observatório desenvolvido em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Entre 1995 e 2017, mais de 50 mil pessoas foram resgatadas de trabalho em condições análogas à escravidão no Brasil. Segundo os dados consolidados no Observatório, 91% dos trabalhadores resgatados da escravidão entre 2003 e 2017 nasceram em municípios com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) considerado baixíssimo pelas nações Unidas, levando em consideração dados de 1991. Submetendo a mesma análise após duas décadas, ou seja, considerando o IDH-M de 2010, 32% dos municípios continuaram apresentando índices baixos ou muito baixos de desenvolvimento humano.

O Observatório também apontou que 57% desses municípios onde nasceram os trabalhadores resgatados entre 2003 e 2017 possuem pelo menos um terço de seus habitantes vivendo em domicílios nos quais nenhum morador tem ensino fundamental completo. Segundo Assis as informações regatadas e relacionadas do novo Observatórios são essenciais para a elaboração de diagnósticos e de intervenções no combate e prevenção à escravidão.

“[A partir das fontes organizadas no portal] os diagnósticos e o conhecimento produzidos sobre o tema serão cada vez mais precisos, de modo que as políticas públicas sejam guiadas por dados”, explicou.

O mecanismo fornecendo informações sobre a escravidão detalhados de forma inédita, integrando o conteúdo de diversos bancos de dados e relatórios governamentais. Durante o lançamento realizado na sede do MPT em Brasília, no dia 31 de maio, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, afirmou que o Observatório “demonstra que nós podemos focar as nossas políticas públicas, principalmente as políticas de prevenção e repressão do trabalho escravo e as políticas de acolhimento, nos trabalhadores submetidos às condições análogas à escravidão”.

Algumas das bases de dados analisadas na primeira versão do Observatório são do sistema de Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado e do Sistema de Controle da Erradicação do Trabalho (COETE), considerados no contexto das informações do Sistema de Indicadores Municipais de Trabalho Decente da OIT, do IpeaDATA Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Censo, também do IBGE.

A plataforma também fornece números e estatísticas sobre remuneração e postos de trabalho formal, beneficiários de programas sociais, operações e resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão, naturalidade e residência dos resgatados e fluxos dos trabalhadores aliciados, além de recortes de raça, gênero e educação, além de possibilitar a consulta de informações em cada município brasileiro e obter comparativos históricos. As informações da ferramenta são constantemente atualizadas a partir dos novos dados inseridos nos sistemas públicos.

*Com informações do Trabalho Decente

Redação

2 Comentários

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  1. baixo….

    A continuidade do Trabalho Escravo no país é decorrência da mediocridade de politicas implantadas pela esquerda nacional. Uma inutilidade fantasiosa gerida por incompetentes. Não à toa, a maciça maioria de trabalhadores em condições de escravidão se encontram na cidade de São Paulo, berço da esquerda brasileira que governa estes país há 30 anos. A Imprensa ideologizada e cúmplice até tenta esconder tais fatos, usando e abusando da censura. Mas fica dificil ser indiferene a milhares de bolivianos ou peruanos pelas ruas da cidade. Quando sabemos obrigados a turnos de trabalho de até 16 horas diárias, escondidos em subsolos, produzindo itens de 1.a qualidade, que serão vendidos em luxuosos shoppings centers da cidade. Ou sabendo que africanos ou haitianos são submetidos ao mesmo tratamento em páteos de obras grandiosas espalhados pelo municipio ou estado, maioria destas obras cujo cliente final é o próprio Estado brasileiro. Haitianos, que além de tudo, ainda sofriam por outro problema grave, de governos progressistas corruptos e incompetentes. Estavam abandonados à própria sorte no meio da Amazônia, na periferia de Rio Branco, onde olhares e cameras do sul do país não podiam constatar tamanha omissão de tais governo.  Serem expulsos rumo a SP, pelo menos explicitou tamanho crime. Algo, que agora é realidade de nossos vizinhos venezuelanos. Enquanto o Estado brasileiro, paralisado por tamanha incompetência estrutural e histórica, nada faz, o governo norte-americano ensaia ajuda a milhares de Kms. Medíocre e Anão Diplomático. Omisso e cúmplice de Trabalho Escravo. Quem, governo e mídia brasileiros culpará? 

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