Começo estimulante em Curitiba para resistir ao retrocesso Temer, por J. Carlos de Assis

Aliança pelo Brasil

Começo estimulante em Curitiba para resistir ao retrocesso Temer

por J. Carlos de Assis

Estive em Curitiba na quarta e quinta-feira últimas com a expectativa de levar a dirigentes sindicais, professores universitários, estudantes e líderes de movimentos comunitários as propostas da Aliança pelo Brasil, focadas, principalmente, no imperativo absoluto de reversão das taxas indecentes de desemprego e da queda sem precedentes do PIB, de quase 8%, acumulados em dois anos. O debate com os metalúrgicos liderados pelo presidente do Sindicato, Sérgio Butka, me lavou a alma: fiquei com a certeza de que, com um pouco de organização, poderemos, em Curitiba e no Brasil, derrotar o ciclo de retrocesso em todas as áreas econômicas e sociais que estamos experimentando com o governo Temer.

Curitiba é simbólico de movimentos políticos. Foi ali que, nos anos 80 do século passado, tomou corpo o movimento das Diretas Já, que logo contaminou o país inteiro. É a capital dos experimentos urbanos progressistas do prefeito Roberto Requião, voltados para os pobres, com intervenções inéditas com resultados fantásticos que só se perderam pela desídia dos sucessores. De uma forma que acredito também inédita, a aceitação do governo municipal foi tanta que Requiao se elegeria e reelegeria três vezes governador, e duas senador da República. É a prova inequívoca de que a decência na política, o rigor contra a corrupção e a competência no campo administrativo são bem premiados pelos eleitores. Isso é evidência de que a política tem também um lado bom, e só a política boa pode afastar a ruim.

Meu recado para os metalúrgicos e outros dirigentes sindicais parte de uma constatação inescapável: a natureza fundamental de nossa crise é que todas as instituições da República – Executivo, Legislativo, Judiciário, Promotoria, Polícia – se divorciaram do povo e se derreteram. Perderam total credibilidade perante a opinião pública e o conjunto da Nação. Elas não foram destruídas de fora para dentro, isto é, por forças externas, mas de dentro para fora, a partir de seus próprios defeitos e de sua própria decadência. Não há como reverter essa situação a partir delas próprias. Por exemplo: alguém em sã consciência pode esperar que o Congresso Nacional recupere credibilidade perante o povo para regenerar o Judiciário?

Quando essa situação ocorre numa Nação, e isso ocorre raríssimas vezes, a regeneração das instituições passa necessariamente por iniciativas da sociedade civil. É a sociedade que terá de organizar a recuperação institucional do Estado . Infelizmente, no espectro clássico da sociedade civil, não podemos contar plenamente com o empresariado. Parte dele, com os Paulo Skaf e os Eduardo Eugênio da vida, presidentes da Fiesp e da Firjan, são entreguistas declarados, e totalmente indiferentes ao destino do país. Claro que uma parte do empresariado, os poucos progressistas dentre eles, poderá ter um papel relevante no processo. Não estarão sozinhos, pois a sociedade civil é maior que eles.

No meu entender, além dos sindicalistas progressistas, teremos que contar com a mobilização sobretudo da universidade, professores e estudantes. Também os secundaristas. E, naturalmente, as lideranças dos movimentos sociais. Contudo, pelo ânimo que constatei em Curitiba, me pareceu perfeitamente possível essa mobilização. Mas não faremos mobilização pela mobilização, nem levaremos gente para a rua a fim de propor objetivos abstratos. Estamos propondo programas concretos. Está em circulação o programa para a economia da Aliança pelo Brasil. Logo estarão sendo divulgados o de nova política e a proposta social. Como objetivos intermediários colocamos a resistência ao furor regressivo concreto do governo Temer. A longo prazo focaremos em 2018 para democraticamente removermos o lixo governamental que ameaça ser acumulado até lá.

 

*Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política brasileira.     

Redação

4 Comentários

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  1. Esqueceu que no presente

    Esqueceu que no presente Curitiba é o berço da nossa ruína como nação.

    E tudo por culpa da Lava J(R)ato e de um juiz de primeira instância anabolizado pela mídia.

    A cada dia que passa perco mais as esperanças de um Brasil grande.

     

  2. Primeiramente #ForaTEMER

    E, segundamente #VOLTADILMA. Pensar em 2018 diante do atual “estado” de coisas, é pura UTOPIA. Quem me garante que esse governo interino, se transformando em definitivo a partir de setembro, teremos eleições em 2018? Estão de brincar de “estudiosos”. Nem em CURITIBA e nem em outro lugar, teremos uma visão futuristica diante dos fatos presentes. A principal preocupação é remover esse ENTULHO GOLPISTA instalado em todo o GOVERNO, dilacerando a CONSTITUIÇÃO e retirando Direitos duramente conquistados.  Me recuso a ler a mão de um futuro sombrio, sem qualquer iniciativa presente de ação lógica e comum para todos. 

  3. Éprofessor para nós

    Éprofessor para nós parananenses a história conta que não é bem assim. Os Paranaenses votaram em Collor de Mello, em FHC e em Aécio Neves.Se tem Requião tem também Jaime Lerner, Alvaro Dias e Beto Richa. Alguns destes bateram na classe professoral do Estado sem dó e piedade. Vamos por partes nobre e respeitado professor.

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