Sobre a falsa modificação da lei do trabalho na França, por Rogério Maestri

por Rogério Maestri

Um dos escravocratas da CNI sugeriu que se permitisse que a prolongação do trabalho para 12 horas por dia, e um argumento posto por deste futuro desejoso SENHOR DE ESCRAVOS é que a França modificava a sua lei para permitir que os trabalhadores fizessem uma jornada de 60 horas de trabalho por dia.

A origem desta notícia foi veiculada em alguns blogs e sites na Internet francesa que foi desmentida pela Ministra do Trabalho do governo francês, coloco uma parte da nota de esclarecimento da Ministra, o texto original com uma tradução amadora sobre o assunto.

O mais surpreendente de tudo que nenhum jornal, site ou quem quer que seja foi verificar o que está acontecendo na França e compraram o peixe pelo preço que a CNI quis vendê-lo.

O que há na França também há na legislação atual brasileira, que permitem médicos e vigias noturnos trabalharem mais do que 10 horas com as devidas compensações.

Nota de esclarecimento do Ministério do Trabalho, da formação profissional e diálogo social.

Avec le projet de loi, les salariés devront travailler 60 heures par semaine

“Com o projeto de lei os assalariados deverão trabalhar 60 horas por semana.”

FAUX La durée maximale hebdomadaire restera fixée à 48 heures par semaine, comme aujourd’hui. Il ne sera donc pas possible de dépasser 48 heures par accord collectif. En cas de circonstances exceptionnelles, il sera possible demain comme aujourd’hui d’y déroger, pour une durée limitée, dans la limite de 60 heures par semaine, et uniquement sur autorisation de l’inspecteur du travail, comme aujourd’hui. Cette règle n’est aujourd’hui mobilisée que dans des situations très exceptionnelles (réparation navale), et fait l’objet ensuite de journées de récupération ou de majorations salariales très favorables.

FALSO A duração máxima semanal continuará a ser 48 horas por semana, como é nos dias atuais. Logo não será possível ultrapassar 48 horas por acordo coletivo. Em casos de circunstâncias excepcionais, será possível alongar, por uma duração de tempo limitado, como nos dias atuais, dentro do limite de 60 horas por semana, e unicamente sobre a autorização dos fiscais do trabalho, como é nos dias de hoje. Esta regra não é utilizada nos dias atuais, salvo em situações muito excepcionais (reparação naval), e, posteriormente, compensadas por dias de recuperação ou aumentos salariais muito favoráveis.

Avec le projet de loi, les salariés devront travailler plus d’heures par jour

“Com o projeto de lei, os funcionários terão de trabalhar mais horas por dia”

FAUX La durée quotidienne de travail restera fixée à 10 heures par jour comme aujourd’hui. Comme aujourd’hui, il sera possible de déroger à cette durée par accord collectif dans la limite de 12 heures par jour ou sur autorisation de l’inspecteur du travail. Le projet de loi ne modifie donc ni les durées maximales, ni les modalités selon lesquelles il est possible d’y déroger.

FALSO. As horas de trabalho diárias permanecerão em 10 horas por dia como hoje em dia. Como hoje, será possível prolongar este período por acordo coletivo, dentro dos limites de 12 horas por dia ou com a permissão do fiscal do trabalho. Portanto projeto altera nem a duração máxima ou as condições em que é possível prolongá-los.

Redação

22 Comentários

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  1. A notícia de 80h por semana

    A notícia de 80h por semana no Brasil também é falsa, tirada de uma fala equivocada e fora do contexto.

    1. Nao.  Temer tem Alzheimer’s

      Nao.  Temer tem Alzheimer’s ou qualquer coisa parecida.  Mostre nos essa fonte sua que eu vou te mostrar onde ele latiu pro poste errado…  mais uma vez provando que ele nao tem condicoes de ser ascencorista de elevador, muito menos de “governar” um pais.

      E por enquanto… voce so reconhece que foi uma fala “equivocada”  (contexto nao existe com Alzheimer’s).

      Entao ta.  Fonte primeiro.

        1. O que ele propôs foi 12 horas

          O que ele propôs foi 12 horas diárias, o que perfaz 80 horas semanais! Qual a dúvida? Não tem nada de “engano” não! O que tem é constrangimento devido à péssima repercussão da proposta!

          Uma proposta FDP, diga-se de passagem!

      1. Exatamente!  Os caras vem com

        Exatamente!  Os caras vem com essa conversa de 80 e depois o Temer reduz pra 60 e todos ainda vão dizer que ele é um cara justo, muito bonzinho…

        Cambada de idiotas!! A lei atual é de 44 e os sindicatos estão brigando pra ser 40!!! PORRA!!

    2. Ah, mas é sempre assim!

      Os líderes do conservadorismo e da Direita nunca erram, nem tem más intenções. Sempre suas falas são “tiradas de contexto” ou ” interpretadas incorretamente”… 

      Na hora H, ninguém disse o que disse, não era bem assim…

    3. “A notícia de 80h por semana

      “A notícia de 80h por semana no Brasil também é falsa, tirada de uma fala equivocada e fora do contexto.” 

      Que papo é esse de “fala fora do contexto”???  EU VI o representante da CNI propor isso na TV!!!

      Saiu em quase todos os jornais!!! Quem está fora de contexto é você! 

  2. Esse otario da CNI….
    É um mané de uma fabriqueta de fundo de quintal chamada Orteng…
    Trabalhei nos testes finais do trem 1 da RNEST e esta empresa tocava a parte elétrica da obra. ..
    Observava o semblante triste e sempre preocupado dos funcionários e não entendia o porquê. ..
    Agora a ficha tá caindo. ..Era o peso do chicote que rolava nos DDS da galera!
    Não me espantaria se estes cabras também estivessem envolvidos em falcatruas!

    1. Horas de trabalho na França

      Abaixo o link onde estão as explicações sobre a proposta de lei de trabalho que está sendo votada na França.

      35 horas de trabalho semanal e 8 horas diárias.

      Com horas extras o trabalhador pode chegar até o limite de 48 horas semanais. Horas extras com pagamento de 25 a 50% a mais no valor da hora normal.

      60 horas só em casos muito especiais e não o ano todo, que deverá ser limitado a 48 horas semanais em média. 

      http://travail-emploi.gouv.fr/actualites/l-actualite-du-ministere/article/le-vrai-faux-sur-la-loi-travail

        1. Horas de trabalho anual na França e outros países da Europa

          Caro Maestri

          A jornada máxima anual é de 1 607 heures, considerando as 35 horas. Muitos trabalhadores têm jornadas bem menores. Mas o trabalhador pode fazer mais horas de trabalho anual se ele fizer voluntariamente horas extras, recebendo uma remuneração entre 25 e 50% a mais em relação à hora normal de trabalho. (no final deste texto, coloco um link das jornadas máximas anuais que os trabalhadores europeus efetivamente trabalharam em 2015, por país. Verifique que a França é o país que os trabalhadores trabalham menos na Europa. 

          A jornada legal máxima de trabalho é de 35 horas semanais. Várias profissões trabalham menos, como por exemplo os professores, que tem jornada de 18 horas semanais, e não poderá ultrapassar 21 horas, e nem pode trabalhar em outro emprego.

          A jornada diária é limitada a 8 horas, e direito ao repouso semanal de 35 horas consecutivas, (e obrigatoriamente um dia completo). 35 dias de férias anuais. Mas os professores têm 4 meses de férias, ao longo do ano.

          Todo o resto é excepção:

          O limite anual é medido respeitando o limite máximo de 44 horas em média para um período de 12 semanas. Nesse período de 12 semanas, o governo autoriza até mesmo 60 horas semanais, em casos excepcionais, mas no período de 12 semanas, a jornada semanal média não pode ultrapassar 44 horas semanais.

          Veja o texto sobre as horas máximas de trabalho do site do Ministério do Trabalho.

           

          La durée légale du travail est fixée à 35 heures par semaine civile (ou 1 607 heures par an) pour toutes les entreprises, quel que soit leur effectif.

          Cependant, des dispositions conventionnelles peuvent prévoir une durée de travail hebdomadaire supérieure ou inférieure à 35 heures.

          Les heures effectuées au-delà de la durée légale (ou conventionnelle) sont considérées comme des heures supplémentaires.

          Durée maximale quotidienne

          La durée de travail effectif (y compris les éventuelles heures supplémentaires accomplies) ne doit pas dépasser la durée maximale de 10 heures par jour.

          Toutefois, des dérogations à cette durée maximale sont possibles dans certains cas, lorsqu’une augmentation temporaire d’activité est imposée (travaux saisonniers, par exemple).

          Durées maximales hebdomadaires (semanais)

          La durée de travail effectif hebdomadaire (y compris les éventuelles heures supplémentaires accomplies) ne doit pas dépasser les deux limites suivantes :

          48 heures par semaine (ou, pour des circonstances exceptionnelles et sous réserve d’accord de l’inspection du travail, jusqu’à 60 heures maximum).44 heures par semaine en moyenne pour toute période de 12 semaines consécutives (jusqu’à 46 heures maximum si des dispositions conventionnelles les prévoient, ou plus de 46 heures à titre exceptionnel et sous réserve d’accord de l’inspection du travail).

          Par exemple, si un salarié est amené à travailler 48 heures hebdomadaires pendant 6 semaines d’affilée, puis 40 heures les 6 semaines suivantes, il aura travaillé en moyenne 44 heures hebdomadaire sur la période de 12 semaines. Il ne dépasse donc aucune des deux durées maximales hebdomadaires de travail autorisées.

          Ver site do ministério https://www.service-public.fr/particuliers/vosdroits/F1911

          Aqui o site dos países europeus e do número de horas trabalhadas por ano em 2015.

          http://www.lefigaro.fr/economie/le-scan-eco/dessous-chiffres/2016/06/16/29006-20160616ARTFIG00013-les-francais-sont-ceux-qui-travaillent-le-moins-d-europe.php#

           

           

  3. Nenhuma surpresa. Essa

    Nenhuma surpresa. Essa imprensa a que você se refere é canalha, mesmo. Teria o benefício da dúvida fossem outros tempos. Mas depois da repetição agora, em 2016, do que já fizeram em ’64, por exemplo, quem mais compra desses jornais? E o pior é a casa grande, apelando para seu complexo de vira-latas:

    – “Viram só? Até na França vai ser 60 horas/semana.”

    Como se não pudéssemos ser mais avançados do que países europeus…

    ***

    Se o caro Maestri permite, eis o link: http://www.gouvernement.fr/le-vraifaux-du-gouvernement-sur-la-loitravail-3850

    1. Como coloquei transcrições completas do texto, achei …

      Como coloquei transcrições completas do texto, achei (erradamente) que não seria relevante colocar o link, mas ainda bem que corrigiste.

      Obrigado.

  4. Jornada de Trabalho na França e outros países da Europa

    NÃO ACREDITEM NAS MENTIRAS CONTADAS PELA DIREITA BRASILEIRA SOBRE A JORNADA DE TRABALHO NA FRANÇA. ( no final deste texto, o link do ministério do trabalho, antes da inclusão das 60 horas excepcionais, o resto é válido) e o link com uma tabela das jornadas semanais de trabalho de todos os países europeus.

    É uma grande mentira a notícia sobre 80 horas de trabalho semanal na França e de 12 horas diárias.

    Isso nunca existiria num país onde o sindicalismo é forte e combatente. A  CGT francesa é a mais combativa da Europa. Seria absurdo, e só ignorantes para acreditar que a jornada pulou de 35 horas semanais para 80 semanais.  

    Sou brasileira e francesa e conheço bem as leis de trabalho na França e no Brasil.
    A jornada de trabalho na França é de no Máximo 35 horas semanais. E 35 dias de férias por ano.

    Por exemplo, a jornada dos professores é de 18 horas semanais (eles podem fazer + 3 horas extras por semana, se desejarem). Eles não podem trabalhar mais do que 21 horas semanais. 

    Se o trabalhador quiser fazer horas extras, só se ele quiser, a jornada diária não pode ultrapassar 10 horas (somando jornada normal + horas extras).

    Se o trabalhador fizer horas extras, ele ganha de 25 a 50% a mais do que o valor da hora normal.

    Mas o trabalhador não pode ultrapassar 48 horas semanais de trabalho. 35 horas + 13 horas extras.

    Somente em casos excepcionais, o trabalhador poderá, se desejar, trabalhar no limite de 60 horas. Ele só é autorizado a trabalhar 60 horas por semana, em casos de acidentes, de obras emergenciais, incêndios, casos em que empresas estejam falindo por falta de trabalhador, etc. Tudo isso sob a supervisão dos técnicos do ministério do trabalho. Nestes casos, a jornada diária poderá ser de no máximo 12 horas. Mas são casos raríssimos os que trabalham neste tipo de jornada excepcional. Mas o governo não autoriza as 60 horas semanais durante todo o ano. Em um ano, a média de trabalho semanal não pode ultrapassar as 48 horas autorizadas. Se ele trabalhou 6 meses com jornada de 60 horas, os outros 6 meses não podem ultrapassar 36 horas. Foi só um exemplo de média anual.

    Portanto, o que existe no Brasil é uma desinformação total sobre a duração da jornada de trabalho diária e semanal dos trabalhadores franceses.

    Na Europa, a França é um dos países que tem a menor jornada de trabalho. 35 horas.

    Nunca existiu essa história de 80 horas, e 60 é somente para casos bem excepcionais. A CGT francesa é combativa e ninguém pode tocar na jornada de 35 horas. E o governo de esquerda na França nunca tocou na questão das 35 horas. Os protestos que existem hoje é porque o governo autorizou que o trabalhador possa fazer mais horas extras e outras questões ligadas às indenizações nas demissões.

    Segue um link da jornada semanal de trabalho de todos os países europeus. E os dados de efetivo trabalho, ou seja, da jornada oficial com horas extras.

    http://regards-citoyens.over-blog.com/article-comparatif-le-temps-de-travail-dans-les-etats-membres-touteleurope-eu-64251721.html

    Na primeira coluna, aparece a jornada de trabalho semanal obrigatória prevista em lei. 
    Na segunda coluna, aparece o tempo máximo de trabalho permitido por Lei, somando horas extras que o trabalhador faz voluntariamente e com remuneração extra.
    Na terceira coluna, o tempo efetivo de trabalho COM HORAS EXTRAS num determinado período. As horas extras não são obrigatórias.
    Na quarta coluna aparece o numero feriados normais de cada país.

     

    Link do ministerio do trabalho françês

    http://travail-emploi.gouv.fr/droit-du-travail/temps-de-travail-et-conges/temps-de-travail/article/la-duree-legale-du-travail

    1. Je me excuse de la traduction, j’ai perdu la main après 25 ans.
      Ma chère amie.Je me excuse de la traduction, j’ai perdu la main après 25 ans.Pour devenir plus fort, après un quart de siècle.

    1. Se eles não tem pão por que não comem brioches?

      Estamos cheios de Marias Antonietas. Os nossos industriais nunca gostaram de aulas de história.

  5. Como diz o ditado: de grão em

    Como diz o ditado: de grão em grão a galinha enche o papo.

    As mentiras divulgadas pela imprensa brasileira são muito nefastas. Neste caso, fomentou no coletivo daqui uma espécie de sentimento de igualdade do Brasil com um país desenvolvido como a França. Mas por meio de mentiras não vale, se um dia todos ficarão sabendo, como estamos agora.

    É assim que funciona o noticiário brasileiro: uma mentirinha aqui, outra acolá, até que se tornem verdades absolutas.

    A ignorância do povo, por ser enorme, deixa-o satisfeito com a primeira manchete, daí que é disso que políticos e imprensa se sustentam: da ignorância do povo.

  6. Burguesia brasileira, estúpida, sem noção, sem direção e….

    Burguesia brasileira, estúpida, sem noção, sem direção e sem amor a sua cabeça.

    A burguesia brasileira acostumada em olhar blogs de direita, vídeos no Youtube e revistas lixo que não darei o nome, parece que perderam por completo a racionalidade, tivemos dois exemplos icônicos que apareceram nas redes com alguns dias de diferença, o surto do industrial representante da FIESP numa palestra para empresários na Áustria e a proposta das 60 horas do outro empresário da CNI.

    Mesmo na República Velha quando representantes do capital apresentavam propostas indecentes do tipo as sessenta horas, ou iam palestrar para os ingleses pedindo dinheiro para suas aventuras tropicais, douravam a pílula no primeiro caso, dando razões completamente estapafúrdias para manter seus privilégios, ou se comportavam com elegância ao serem interpelados por plateias hostis.

    Pois hoje seus herdeiros ideológicos perderam as estribeiras e colocaram, como se diz mais vulgarmente, a baiana para rodar. Tendo nas suas rodas de conversa mais um bando de imbecis e alguns não que ficam quietos, repetem chavões escandalosos sem a mínima noção da repercussão de que estes discursos de intolerância bovina podem causar.

    No caso daquele histérico da FIESP, provavelmente os empresários foram riscado dos caderninhos de investidores internacionais, pois a truculência da palavras e referências que o mesmo proferiu, afasta qualquer um que tenha o mínimo grau de educação na Europa, talvez se estivesse falando para um bando de Skinheads até que pegava bem, porém estes não investem nada que não seja em cerveja, motos e festas.

    Já no caso do nosso amigo da CNI, talvez se a esquerda trabalhasse bem a proposta do mesmo, com toda a falta de mobilização do setor de serviços nas grandes cidades, não seria difícil levar de dois a três milhões de pessoas à rua em São Paulo.

    Mais alguns destemperos desta ordem, acho que alguns grupos vão pesquisar no escritório de patentes na França se a invenção do Doutor Joseph-Ignace Guillotin, já venceu, e o pior que já é de domínio público.

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