Terceirização e “outsourcing”, a diferença, por Rogério Maestri

por Rogerio Maestri

Muitos dirigentes empresariais ao falarem do modo de produção dos países mais industrializados, por má fé ou ignorância confundem dois tipos de processos, a terceirização como conhecemos e o “outsourcing” que é utilizado intensamente em toda a indústria e serviços tanto no Brasil como no exterior.

A terceirização, como é conhecida no Brasil, é utilizada para serviços de portaria, limpeza, jardinagem e outras atividades essenciais ao funcionamento de qualquer empresa, mas que necessariamente não precisam ser gerenciadas por elas ficando estas entregues a outras empresas contratadas para isto.

Por outro lado existe o que se chama de “outsourcing” uma palavra em inglês que transcende por completo o que é feito com a terceirização tradicional e que já é utilizada por inúmeras fábricas e pode quando bem administrada pode trazer benefícios tanto para o empregador como para o empegado.

A expressão “outsourcing” que é o paradigma da modernidade das empresas europeias e norte-americanas pode ser traduzida como um processo usado por uma empresa no qual outra organização é contratada para desenvolver certa área da empresa. Vamos a um exemplo, um supermercado precisa uma série de sistemas de informática para levar o seu serviço, ele poderia manter um CPD próprio com analistas, programadores e técnicos de manutenção que ficariam ociosos a maior parte do tempo. Outra forma era a mesma instituição comprar uma série de softwares prontos no mercado e contratar profissionais para implantá-los e dar a manutenção. Nesta forma a especificidade que a rede deseja nos seus softwares não será a desejada para levar as suas rotinas próprias. A última forma é fazer um “outsourcing” com uma empresa de produção de softwares que manterá provavelmente fora do supermercado a disposição do supermercado uma série ampla de profissionais que realizarão diversos tipos de serviços e cobrarão, por exemplo, por hora trabalhada de seus funcionários. Esta é a terceirização que é alardeada pelos administradores modernos como eficiente e com capacidade de aumentar a produtividade das empresas.

As montadoras de automóveis desde a sua introdução no Brasil já usam o sistema de “outsourcing” nas suas peças e sistemas, geralmente são as chamadas sistemistas pois trabalham dedicadas a uma dada unidade fabril, elas podem desde fornecer sistemas inteiros que serão incorporados a montagem do veículo, como por exemplo a direção hidráulica para cada produto, como poderão produzir um só produto como pneus. As sistemistas não precisam produzir o produto dentro da sua “fábrica”, mas poderão estocar estes produtos e entregar diretamente conforme a demanda.

Em resumo, pode-se dizer que o “outsourcing” nos casos acima expostos é uma forma de deixar para a montadora somente a produção de alguns itens básicos ou a engenharia de projeto.

Na Europa e Estados Unidos o conceito de “outsourcing” vai mais longe, transferindo toda a fabricação para outra empresa que em países de mão de obra mais barata, se ocupam totalmente da produção. Ficando geralmente para a “fábrica” processos de embalagem e de novo a engenharia de projeto.

Este tipo de produção, o “outsourcing”, não depende de legislação específica para existir, pois em última instância é um negócio entre duas empresas de produção, venda e compra de mercadorias.

O “outsourcing” permite no caso da primeira empresa citada como exemplo, a de tecnologia da informação, desenvolvimento de novas soluções, treinamento de pessoal, especialização dos empregados e até uma remuneração maior do que a contratação direta de empregados que ficariam grande parte do tempo ociosos.

No caso da indústria de autopeças com as sistemistas, provavelmente os funcionários que trabalham na sistemista propriamente dita, não terão grande benefício, mas os mais especializados que trabalham na empresa “mãe” também os benefícios acima citados seriam obtidos.

Há um perigo no uso do “outsourcing”, a empresa terceirizada pode aprendendo a fazer o produto, dominando melhor os problemas de produção, manutenção dos equipamentos de produção e com um investimento em tecnologia pode se tornar a maior concorrente da sua contratante, é mais ou menos o que ocorre na China dos dias atuais, que começa com o contratada pelo regime de “outsourcing” e termina como concorrente da contratante.

No projeto de Lei 4330/2004, há uma proposital mistura de conceitos que além de não beneficiarem os empregados, servem mais para estagnar tecnologicamente as empresas que adotarem as terceirizações fora do conceito moderno descrito acima. Ou seja, o projeto de lei da margem não a modernização do processo produtivo, mas sim a criação de pequenas empresas de mão de obra que terão como o único objetivo baixar os custos de produção. Ou seja, o projeto de Lei da margem a utilização de processos de uso da mão de obra que eram muito correntes na indústria de calçado do Rio Grande do Sul. Qual era este processo? Uma empresa para baixar custos emprestava, vendia ou alugava uma dada máquina a uma pessoa física que já havia trabalhado na empresa com a mesma máquina, este levava para sua casa e usando a mão de obra de toda a família, inclusive filhos menores, ganhava por produção, este processo que sofreu uma fiscalização do ministério do trabalho, com o futuro projeto de lei, pode institucionalizar este tipo de produção.

O projeto de Lei 4330/2004 tem um discurso modernizante, porém da forma que ele é redigido ele serve mais para uma aplicação retrógrada e atrasada das relações de produção, pois ele permite tanto o moderno “outsourcing” como a exploração do trabalho do menor, pois seus pais constituirão uma empresa de terceirização e fora das dependências da indústria utilizará toda a mão de obra disponível para tirar o seu sustento. Ou seja, as cenas de crianças trabalhando em condições degradantes, muito comuns em outros países subdesenvolvidos poderão voltar a ser mais comum que já é também em nosso país.

 
Redação

52 Comentários

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  1. Desculpe, mas a confusão que

    Desculpe, mas a confusão que é feita entre terceirização e outsourcing pode ser motivada por qualquer coisa, menos por ignorância.

    1. Nem sempre, algumas vezes de quem mais se espera

      Nem sempre, algumas vezes de quem mais se espera algo é que dali que não sai nada mesmo.

      O empresariado brasileiro é de uma tal ignorância que nunca pensou num projeto nacional que beneficiaria a todos e a eles também, logo acredito que há um forte componente de ignorância nas declarações dos mesmos.

  2. O da coisa sindical apareceu

    O da coisa sindical apareceu esses dias vociferando contra o pacote de maldades do governo e ontem votou a favor desse trombolho, coerencia é isso aí; e muitos que trabalham com carteira assinada vão estar junto com essa gente que lhes fura o olho no dia 12, coerencia é isso ai; eu vou numa passeata com a dona de um banco e me sinto banqueiro tambem, tudo isso enquanto puxam o meu tapete.

  3. Tudo isto se explica pela

    Tudo isto se explica pela diferença de pensamento politico entre: europeus, norte americanos e brasileiros.

    Os daqui não consegue nem explicar por existe o UMBIGO.

    Vamos constuindo um país nas COXAS, por isto são COXINHAS.

    Num país em que um senador é acusado de trabalho escravo e não se abre investigação e mesmo quando se abre, esta investivação fica na moita, é dificil acreditar que eles pensem o Brasil.

    O empresariado não fica atras, não estão pensando em Brasil, alias, nunca pensaram e nem pensarão.

    1. Muitos, mas muitos mesmo (o

      Muitos, mas muitos mesmo (o que não quer dizer todos, é claro) são movidos por preconceitos ideológicos e ideologias antissociais toscas. E isso se difunde tragicomicamente nos demais estratos e niveis da administração.

  4. Acho que o vencedor da

    Acho que o vencedor da Eleição Presidencial foi um tucano,é impressionante como essa MULHER está destruindo o legado do Lula,eu até teria esperança de um veto Presidencial,mas sendo ela no posto máximo do Executivo tenho minhas dúvidas se ela vai vetar para mim ela não veta,ao que me parece essa mulher ouve a todos menos aos seus eleitores. 

     O maior perigo ao projeto do Lula é a Dilma,está destruindo o legado do Lula numa velocidade em que nenhum tucano faria.

  5. Acho que o vencedor da

    Acho que o vencedor da Eleição Presidencial foi um tucano,é impressionante como essa MULHER está destruindo o legado do Lula,eu até teria esperança de um veto Presidencial,mas sendo ela no posto máximo do Executivo tenho minhas dúvidas se ela vai vetar para mim ela não veta,ao que me parece essa mulher ouve a todos menos aos seus eleitores. 

     O maior perigo ao projeto do Lula é a Dilma,está destruindo o legado do Lula numa velocidade em que nenhum tucano faria.

  6. Tudo bem que….

    Agora que secou ou está em vias de secar a “mina” das empreiteiras, creio que os políticos já encontraram uma forma para obterem o dinheiro necessário para as campanhas e algo mais…….

    O que vai aparecer de empresas adminstradas por laranjas, não vai ser mole….

    Vão explorar, ao máximo, a mão-de-obra e embolsarem a diferença entre o que será arrecadado, descontando o salário de fome que o trabalhador explorado irá receber.

  7. Terceirização e escravidão

    O objetivo é demitir os funcionários que percebem altos e médios salários e recontratá-los por menor valor através de empresa terceirizada ou até mesmo como PJ. Obedecendo as empresas que investiram pesado em suas eleições, deputados que nunca trabalharam com carteira assinada e deputados que nunca trabalharam conseguiram decidir sobre os direitos trabalhistas de milhões de pessoas. Esse foi apenas o primeiro passo. O segundo será extinguir o 13º salário, férias, FGTS, PIS e etc.. O terceiro será a extinção do Ministério do Trabalho. Talvez consigam, em futuro próximo, a extinção da Lei Áurea. As empresas passariam a pagar apenas o vale transporte e o vale alimentação. Ainda assim, os empresários vão tentar aprovar uma lei que lhes permita abater do imposto de renda esses dois “altos” custos. 

    1. E viva os tempos pós modernos

       

      Conseguirão aprovar até mesmo uma lei que lhes permita abater os trabalhadores insurgentes no pelourinho.

  8. Terceirização e escravidão

    O objetivo é demitir os funcionários que percebem altos e médios salários e recontratá-los por menor valor através de empresa terceirizada ou até mesmo como PJ. Obedecendo as empresas que investiram pesado em suas eleições, deputados que nunca trabalharam com carteira assinada e deputados que nunca trabalharam conseguiram decidir sobre os direitos trabalhistas de milhões de pessoas. Esse foi apenas o primeiro passo. O segundo será extinguir o 13º salário, férias, FGTS, PIS e etc.. O terceiro será a extinção do Ministério do Trabalho. Talvez consigam, em futuro próximo, a extinção da Lei Áurea. As empresas passariam a pagar apenas o vale transporte e o vale alimentação. Ainda assim, os empresários vão tentar aprovar uma lei que lhes permita abater do imposto de renda esses dois “altos” custos. 

    1. Realmente o objetivo é este.

      Mesmo o objetivo sendo claramente este, temos que tirar a mistica de modernismo do mesmo, por isto escrevi este texto.

  9. Boa matéria!

    Para se comparar tem que haver argumentos e esse texto há tais requisitos. E não aqueles que só que nos outros paises se praticam a “terceirização”  e não argumentam nada mais.

    1. Eu procurei uma argumentação dentro da lógica do

      Eu procurei uma argumentação dentro da lógica do chamado “empreendedorismo moderno” (que tenho lá minhas dúvidas quanto a eficácia em longo prazo) e não puxando para o lado de argumentações jurídicas ou sociológicas.

      Mas mesmo puxando a discussão para dentro do campo de batalha do inimigo, se verifica que os argumentos e os resultados econômicos são pífios.

      Muitas federações de indústrias, institutos milleniuns da vida, argumento falaciosamente na vantagem da terceirização TOSCA que eles pretendem, que no fundo propõe a preservação de um operariado mal treinado, mal remunerado que ao contrário do que eles dizem diminui a competitividade e não aumenta.

      O que querem estes senhores que propõe esta terciarização tosca é aumentar a rotatividade dos empregados criando um operariado exatamente ao contrário do que existe nos países mais desenvolvidos, é um retrocesso a escravidão (não estou falando em termos retóricos, estou falando em termos reais) onde os escravos (empregados) trabalham a custo praticamente zero gerando produtos sem qualidade e sem a mínima capacidade de concorrer com qualquer indústria do mundo.

      Em resumo, a visão destes senhores é mais retrograda e produto de uma tal ignorância, embalada por “consultores” que nem sabem traduzir do inglês para o português. É o produto de cursos de MBA tipo coxinha, coxinha no sentido de ficar mais nos Coffee Breaks comendo coxinhas de galinha e fazendo “contatos” do que estudando realmente os “cases” que lhe são aperesentados.

  10. Se tudo é terceirizado, qual a razão da empresa existir?

    Terceirização: o que está em jogo?

     Por Sávio M. Cavalcante, no blogEscrevinhador:

    O Congresso Nacional está prestes a iniciar a votação do Projeto de Lei 4330/04 que, se aprovado – na íntegra ou mesmo parcialmente – representará uma modificação estrutural das relações trabalhistas no país. Seus formuladores defendem o projeto porque ele regulamentaria a terceirização no Brasil, uma prática já largamente utilizada por empresas de todos os ramos e que teria por objetivo principal a busca de eficiência, agilidade e qualidade com aumento da oferta de empregos.

    A proposta central é a de retirar qualquer barreira jurídica à contratação de “prestadores de serviços”, os quais poderiam exercer funções relativas a atividades “inerentes, acessórias ou complementares” à atividade econômica da contratante, ou seja, nas chamadas atividades-meio e atividades-fim, termos criados pela jurisprudência em vigor.

    A justificativa do projeto é a de que, desse modo, seria possível promover “segurança jurídica” às empresas e garantias e proteção aos trabalhadores terceirizados. Uma forma, portanto, de “modernizar” as relações de trabalho no Brasil, por meio da regulamentação de uma prática de gestão que é fundamental para a produção econômica contemporânea.

    Colocado nesses termos, parece ser um óbvio contrassenso se opor ao projeto. Quem seria contra eficiência, qualidade e mais empregos, a não ser possíveis (e poucos) interesses “corporativos” ameaçados pela “modernidade”? Ocorre que estamos diante de um problema muito maior, gravíssimo, que prepara um dos ataques mais fortes ao padrão de regulação do trabalho conquistado a duras penas no país.

    O debate é difícil e inúmeras questões precisariam ser discutidas. Por ora, limito-me a comentar dois aspectos do debate que, embora estejam no centro das polêmicas, não estão suficientemente claros para a sociedade em geral – por vezes, por serem deliberadamente ocultados. Esse ocultamento contribui para não identificar o que está, verdadeiramente, em jogo.

    Formato neoliberal

    O primeiro aspecto refere-se ao lugar da terceirização nas práticas mais amplas de gestão das empresas na atualidade. Os defensores do PL 4330 têm razão em um aspecto: a terceirização é marca da produção contemporânea. Faltou dizer qual é a forma dessa “modernidade”. A terceirização é a estratégia mais afeita ao formato neoliberal de regulação do mercado de trabalho que produz, por onde quer que passe, condições mais precárias para a maior parte do conjunto dos assalariados. Segundo a ótica neoliberal, empresas e trabalhadores precisam de liberdade para firmar contratos sem restrições impostas pelo Estado. Ocorre que a relação de trabalho não é uma relação simétrica e o reconhecimento desse fato elementar construiu, em todo o mundo – de formas diferentes, é claro – barreiras e limites ao uso da força de trabalho pelas empresas.

    Tudo o que consideramos conquistas civilizacionais dependem desse reconhecimento básico. Foi esse processo que tentou – nem sempre com sucesso, infelizmente – limitar a níveis decentes a jornada de trabalho, aumentar salários diretos e indiretos, promover redes de proteção em momentos de crise, enfim, fazer com que a classe trabalhadora fosse incluída, ainda que parcialmente, na repartição da riqueza produzida. Nessa dimensão do problema, a terceirização opera um dos maiores retrocessos civilizacionais possíveis: em princípio, concede às empresas uma série de benefícios, como a flexibilidade de manejar força de trabalho a um custo econômico e político reduzido.

    O plano, porém, é mais ambicioso: internalizar nas mentes e corpos – e, é claro, positivar no direito – um novo valor e um novo discurso que eliminem o fundamento da regulação social anterior do capitalismo, isto é, que possam dissociar – ideológica, política e juridicamente – a empresa de seus trabalhadores; algo que possa quebrar, portanto, a noção de que há qualquer vínculo entre os lucros auferidos e os trabalhadores necessários à reprodução dessa riqueza. O aumento da desigualdade de renda nas últimas décadas nos EUA e Europa mostram qual é a marca da “modernidade” nas relações de trabalho após reformas neoliberais.

    Fronteira entre terceirização e divisão do trabalho

    E essa questão nos leva ao segundo aspecto, que diz respeito a uma característica inerente a qualquer estrutura produtiva com elevado grau de complexidade: não seria a terceirização apenas um prolongamento da inevitável divisão do trabalho no capitalismo?

    Aqui está o xis da questão, a fonte de vários mal-entendidos, conscientes e inconscientes: as fronteiras entre a terceirização e a divisão do trabalho podem até ter algum grau de porosidade, mas elas são, a rigor, processos com sentidos e funções muito diferentes. Parte significativa das conquistas trabalhistas foi obtida em meio ao desenvolvimento da grande indústria capitalista que, em seu modelo “taylorista-fordista”, concentrava em um mesmo local de trabalho, e sob a mesma modalidade de contrato, conjuntos extensos de assalariados. Ocorre que o capitalismo de hoje, por questões técnicas e políticas, prescinde, em inúmeros casos, dessa junção física.

    Isso significa que o termo terceirização é usado, de modo equivocado, para descrever um fenômeno muito diferente, ainda que ambos pareçam responder do mesmo modo à tendência de desverticalização da produção. Explico: houve e sempre haverá diversas relações comerciais entre empresas, em que uma fornece produtos ou serviços necessários, em maior ou menor grau, ao processo de outra empresa. Faz parte de um processo de ocultação do problema – mais uma vez, deliberado ou não – confundir essa divisão do trabalho com o que realmente é a terceirização: uma forma de contratação de trabalhadores por empresas interposta em que se não se externaliza a produção, mas a própria contratação de força de trabalho, com o objetivo de redução de custos econômicos e problemas políticos que provêm da luta sindical organizada.

    Não é à toa que, na disputa atual, exista tanta dificuldade em lidar com o peso das centenas de pesquisas acadêmicas já realizadas, por diversas áreas do conhecimento, que estabelecem, no mínimo, relações de correlação e, muitas vezes, explícita causalidade entre o aumento da terceirização e a precarização do trabalho. Essas pesquisas mostram que, se a terceirização aparentemente divide e fragmenta o processo, podendo haver, eventualmente, segregação espacial de atividades, o fato é que a relação não se efetiva entre empresas “autônomas”.

    Pelo contrário, a essência do controle de fato do processo produtivo das atividades terceirizadas não muda, continua sendo da empresa contratante. Esse controle pode ser feito por diferentes métodos (até insidiosamente), mas invariavelmente inclui a detenção do know-how da atividade e a gestão da força de trabalho empregada. Com maior ou menor intencionalidade, as empresas buscam diminuir resistências da força de trabalho e as limitações exógenas ao processo de acumulação.

    Portanto, quando esses aspectos são tratados em sua significação social mais ampla e histórica, percebe-se que o contrassenso está naqueles que formularam o projeto: se uma empresa terceiriza sua atividade-fim, como quer o projeto, por que razões ela deveria existir? O disparate está naqueles que não enxergam nesse propósito um explícito abandono dos pilares da Constituição de 1988.

    A situação é ainda mais perversa, pois foram os próprios empresários que empurraram para o judiciário o termo “atividade-fim”, no início dos anos 90, como forma de legitimar o discurso de que as empresas deveriam focar a atividade em que são especializadas. Ora, se agora eles defendem a terceirização irrestrita, resta alguma dúvida de que o discurso da eficiência é um engodo?

    Todo trabalhador está sujeito à precarização do trabalho e a não ver respeitados seus direitos. O fato é que a terceirização potencializa essa tendência e, portanto, deve ser combatida e denunciada por todos que defendem a existências desses direitos.

    * Sávio M. Cavalcante é professor do Departamento de Sociologia, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp.

     

      1. Cuidado com a mão boba meu caro

        Caro Daniel,

        você não é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, razão pela qual, você pode fazer TUDO que não é proibido pela lei.

        Permitir maior terceirização , certamente, não é “apenas” permitir maior terceirização.

        A “racionalidade” vai avançar em busca do interesse  individual, pilar fundamental da “mão boba e nada invisível”.

        Saudações

      2. Você acredita mesmo que isso não ocorrerá?

        Daniel, você acredita mesmo que no fundo essa não é a intenção da maioria dos empresários? Essa PL é uma escrescência!! Só que se realmente for aprovada, lá num futuro os próprios empresários serão prejudicados se todos aplicarem essa forma absurda de contratação. Será um caos a desorganização do nosso país. E viva a mexicanização do Brasil!!!!

      3. Na realidade o projeto é uma farsa!

        Talvez não tenha lido com cuidado, mas o que estou dizendo que o projeto é uma verdadeira farsa, pois ele baseado numa possível liberação da relação comercial entre empresas, que podem existir mesmo sem ele, só agregará a possibilidade de tirar ainda mais a competitividade da indústria brasileira, pois ele reduzirá custos mediante o que eu chamo uma “Terceirização TOSCA” e não as que eles alardeiam que existe nos paises mais desenvolvidos.

    1. Se tudo é terceirizado qual a

      Se tudo é terceirizado qual a razão da empresa existir?

      Atravessadora??????????????

      O consumo se faz pela marca, que contrata celebridades para divulga-la a preço de ouro e explora legiões de miseráveis no terceiro mundo.

       

  11. Ontem, hoje e amanhã

    Caro debatedor Rogerio Maestri,

    gostei do seu esforço em tentar separar os termos Outsourcing e Terceirização.

    Você foi claro e é perfeitamente possível compreender o que quis dizer.

    Todavia, desculpe-me, mas não posso concordar com toda a sua tese.

    E, desde já, não me interprete mal hein? Caso eu coloque alguma parte do seu texto aqui não vai ser com a intenção de desvirtuá-lo. Ok? Estamos combinados?

     

    Prosseguindo.

    Chiavenato – importante autor da administração de empresas no Brasil – coloca em seu livro:

    Outsourcing: é o mesmo que terceirização.

    E logo em seguida diz:

    Terceirização:  quando uma operação interna da organização é transferida para outra organização que consiga fazê-la melhor e mais barato. Significa uma transformação de custos fixos em custos variáveis e uma simplificação da estrutura e do processo decisorial da organização.  Páginas 603 Livro: Teoria geral da administração. Oitava edição totalmente revisada e atualizada

     

    Portanto, apenas com base nessa premissa acima, podemos  refutar a sua tese de que outsourcing  e terceirzação são diferentes. Vale reforçar: terceirazação é o mesmo que outsourcing, segundo o renomado autor brasileiro da administração.

    Sem querer entrar no mérito de quem está certo ou errado,  prefiro buscar premissas para compreender bem a suposta diferenças, se é que elas existam.

    Vamos partir da seguinte premissa:

    A diferença que existe é a do discurso.

    O discurso de um instituto é “diferente” do outro, conquanto, na  essência, estão tratando do mesmo objeto.  Ai sim, eu poderia concordar.

    Outros autores, inclusive, gurus da adminstração, na tentativa de dar uma maior robustez ao próprio  discurso, digamos assim, tentam nos passar a ideia de que o outsourcing ( fonte, de fora) poderia ser melhor compreendido nas  relações internacionais entre capital e trabalho em busca de maior produtividade racional dos recursos e por ai vai.

    Esse discurso também é fraco. Frágil. Rapidamente poderíamos destruí-lo com poucos eventos históricos.

    O surgimento da OIT , por exemplo, não veio “do nada”. A primeira grande guerra,  por exemplo, não veio do nada. A constiuição do México e a de Weimar, por exemplo, não foram obras do acaso.

    Portanto, caro debatedor,  no fundo, essas aparentes diferenças não conseguem explicar essa velha relação, ou melhor, essa velha dicotomia entre Capital versus Trabalho.

    Podemos sair por ai procurando todo tipo de explicação. Just in time, Toyotismo também se incluiriam.

    Mas não podemos negar a história.

    Taylorismo, fordismo, toyotismo, sobretudo, aqui , na América latina, isto é, no CONTINENTE DO LABOR( Ricardo Antunes) a luta de “interesses” ( vou chamar assim ao invés de “classes”) tem suas razões de ser.

    Não estou negando a existência do outsourcing COM BOA FÉ.

    Ora, ele também existe e não é apenas um discurso.

    *****

    Prefiro seguir o caminho que já escolhemos, qual seja:

    Queremos formar uma sociedade livre justa e solidária.

    Para tanto, temos como FUNDAMENTOS, portanto, algo essêncial, algo inegociável, indisponível, a dignidade da pessoa humana.

    Mais especificamente ligado ao tema: Fundamentalmente,  realizamos um “contrato social” que se fundamenta nos VALORES SOCIAIS  do TRABALHO e da Livre Iniciativa.

    Garantimos a propriedade privada, mas esta precisa realizar a sua FUNÇÃO SOCIAL.

    *****

    Nessa esteira, o outsourcing Chines, ou de Taiwan, Hong Kong, Vietna entre outros, precisa respeitar DIREITOS HUMANOS UNIVERSAIS, inerentes à pessoa humana, ainda que com “certa” relatividade.

    China, por exemplo, está curiosa, ou esteve curiosa em saber o seguinte:

    Ora, que diabos é essa tal de CLT que  vocês têm ai no Brasil?

    China é China não é mesmo? Inclusive, com um poder “poderoso” que ameça, inclusive, Tratados biliateriais, multilareriais.

    E não há OMC que aguente!

    *****

    Por fim, para os que só têm a “propriedade privada do próprio corpo” como diria, salvo engano, Locke, resta apenas vender sua força de trabalho para as “famílias” , organizadoras de fatores de produção.

    Em suma, essas “famílias” conseguem “leis” para usarem recursos naturais, captar dinheiro no banco da família, contratar outros seres humanos para desenvolver alguma tecnologia ( e obviamente, patenteá-las como direito de propriedade intelectual)  e vender a tecnologia a preços de mercado.

    Não raro, utilizam-se do “outsourcing” para CONTRATAR de formar coordenada, outras “forças de trabalho” visando obter o lucro.

    Agora lembrei-me da expressão: capital humano.  Divertida não? kkkk

     

    E a vida vai seguindo….

    Saudações

     

     

    1. Caro Mogisenio.
      Não está

      Caro Mogisenio.

      Não está contrariando a minha tese, talvez não tenha sido deixado claro a nuance que coloco na divisão do que se chama e se entende internacionalmente por “outsourcing” e o que entendem os nossos industriais quando escutam que o “outsourcing” (traduzido levianamente por terceirização) aumenta a competitividade da empresa.

      Não estou questionando a acumulação de capital por contratação direta ou por terceirização, estou simplesmente dizendo, que a visão que é colocada para a maioria dos empresários da vantagem da terceirização em termos competitivos, não existe para o que poderemos chamar de uma “terceirização TOSCA”.

      A diferença não é no discurso, como falaste, a diferença está exatamente na prática da terceirização. As empresas que exemplifiquei como empresas de TI e sistemistas, estão dentro do conceito moderno do “outsourcing” que é empregado para MELHOR RETIRAR A MAIS VALIA DO TRABALHO, o que os atuais administradores chamam aumentar a produtividade.

      Agora para a maioria dos empresários, que estão ávidos em conseguir maiores lucros, o conceito de “outsourcing” não está claro, eles simplesmente pensam em terceirizar para poder pagar menores salários, quando muitas vezes em países com a economia mais desenvolvida muitas “terceirizações não TOSCAS”, resultam em salários mais altos de empregados mais qualificados, que ganhando duas vezes mais por produzirem quadruplo.

      O que fica claro no processo de “outsourcing” é que se procura uma racionalização da produção com o aumento real da produtividade pela especialização e melhor treinamento dos quadros laborais, enquanto que no que denominei “terceirização TOSCA”, o movimento pretendido é exatamente ao contrário.

      Veja, como disse no início, não estas contrariando a minha tese, simplesmente não utilizei cinco páginas para poder disserta-la de forma inequívoca.

       

      Quanto à tradução de Chiavenato, por mais importante que seja o autor em termos de administração de empresas, ela não resiste a uma crítica mais consistente e eu diria que ele está TOTALMENTE  ERRADO.

      Primeiro a definição em Inglês de outsourcing é: The action or practice of obtaining goods or services by contract from outside sources. (1981)

      Ou seja, é uma palavra relativamente recente que é utilizada a pouco no meio econômico norte-americano sendo identificada como estratégia de gestão somente após 1980.

      O que leva a confusão é que nos Estados Unidos por não existirem leis trabalhistas como as nossas a terceirização simplesmente se confunde com a contratação direta. Logo a necessidade de um termo específico para a tradicional terceirização brasileira nem é necessário. O termo que mais se aproxima em inglês da nossa noção de terceirização é “contracting out” e não “outsourcing”, esta expressão sim, derivada principalmente da contratação para obras de construção civil, que se aproxima da terceirização que empregamos. Esta diferença de legislação talvez seja a origem da grande confusão que está sendo feita sobre o assunto e inclusive levando a autores conceituados simplificar o que não é simples.

      Em todos os manuais de administração, quando falam em “outsourcing”, colocam temporalmente a partir de 1980 e não antes, ou seja, não existia nenhum termo para traduzir do português para o inglês a terceirização que já existia no Brasil!

      1. Concordo em partes caros debatedores

        Caros debatedores, RD e Anna,

        obrigado pelo debate.

        Eu apenas citei um autor  que é reconhecido.É  claro que há outros e com outras visões. Portanto, nesse sentido estou de acordo com vocês. Todavia, vale reforçar que o autor citado definiu o termo da forma que informei.

        De qualquer forma,  vocês não refutaram a outra obra citada por mim, Continente do Labor, do Ricardo Antunes. Nessa obra, temos outros elementos sérios e que embasam bem a falácia da “terceirização” em qualquer sentido do vocábulo.

        Também não refutaram as premissas que extrai da própria CR/88. Essas da CR/88 são  poderosas que servem de base para nossas relações contratuais. Deem o nome que desejarem: terceirização, outsourcing, aluguel de mão de obra etc.

        Não importa.

        Importa que um contrato de emprego prende-se, fundamentalmente, na subordinação jurídica, na hierariquia, na alteridade, na pessoalidade etc.

        Sua obrigação se prende a este contrato e não ao contrato que a pessoa jurídica realiza com o seu contratante. Se sou empregado de uma organização de fatores de produção A( que possui um acionista que manda) eu presto serviço para este contrato e não para outro contrato.

        O risco do négocio é desse pessoa jurídica e não minha.

        Evidentemente, compreendo que no mercado há organizações ( e não EMPRESAS – não gosto deste termo) que se especializam em determinados serviços/produtos.

        Mas isso é uma coisa. Outra coisa é usar essa “força de trabalho” em outro negócio.

        Força de trabalho NÃO É MERCADORIA. Já pactuamos isso em 1948, salvo engano, com a declaração dos direitos humanos. Mas, não paramos ai. Houve pactos San jose costa rica e, sobretudo, nesta questão trabalhista o de Sao salvador.

        Caro RD, você se referiu aos EUA e explicou bem quanto à possível confusão que ocorre aqui no Brasil quando se tenta traduzir o temo outsourcing.

        Não vou refutar a premissa para o mercado estadunidense.

        Mas, a refuto, veementemente, quando tentamos aplicá-la aqui, no Brasil.

        Noutras palavras, o que serve para os EUA – sobretudo nesta questão legal/contratual – não pode ser aplicado aqui no Brasil sem ressalvas sob pena de sério equívoco.

        Não há como comparar  formas contratuais de trablaho  no mercado  estadunidense com o nosso mercado.

        O sistema de lá é , notadamente, outro.

        Lá estamos num sistema saxão. Aqui no de origem romana. Lá é common law. Aqui é civil law.

        Lá temos um pib 13 ou 14 vezes maior que o nosso. Aliás, lá se observa PNB. Aqui PIB, não raro, “pibinho”.

        Concordo, no entanto, que a tradução pode gerar problemas. Mas, não apenas a tradução. O viés vem de brinde.

        Eu estou lhe compreendendo. Compreendo a sua aparente defesa do outsourcing. Compreendo que você disse claramente que outsourcing não é o mesmo que terceirização. Tudo bem quanto a isso.

        Minha questão não se prende aos vocábulos, razão pela qual, segue pelo caminho do discurso.

        O discurso edifica premissas. O discurso torna verdadeiro o que não é verdadeiro, diriam alguns.

        Particularmente, não compartilho  da ideia de que um trabalhador – que não possui os meios de produção – pode quadruplicar seus rendimentos. Isso para mim é falacioso. Ele multiplica um valor a partir de um valor que foi dado a ele. Noutras palavras: seu salário é x. Você pode fazer 4x, desde que gere, 1000x de lucro líquido no bolso do acionista. ( a relação é fictícia, chutada, serve apenas para tentar demonstrar a falácia da multiplicação dos rendimentos). Você multiplica salário, ai sim, concordo, mas não “rendimentos”.

        Um empregado recebe salário, uma contraprestação pela prestação de serviço. Não recebe “renda” nem rendimento, ao pé da letra.

        Por isso mesmo, paga “imposto de renda” mas que se aplica ao salário, que não é renda.

        É falacioso também  porque ele não fica com todo o trabalho que produziu. Receber o que produz é ausência de lucro se estes possuirem os outros fatores de produção.

        E, por favor, não estou aqui defendendo o planejamento central da economia. ok?

        Já disse que fizemos um acordo em 1988 que garante a propriedade privada.

        Resta saber como a compreendemos e como vamos distribuir a riqueza gerada.Quem paga e quanto paga de tributos e por que paga determinados tributos.

        ****

        Por outro lado, é bem possível os empregados criarem sua própria SOCIEDADE ANÔNIMA e receber “retorno do investimento”, correndo riscos, porém, obtendo a renda TOTAL auferida a ser distribuida( sem imposto de renda heim! bom demais!) Note que neste caso, não há falar em “terceirização” ou outsourcing.

        Estamos a falar de detentores de fatores de produção e recebimento dos recursos oriundos da aplicação destes recursos. Compreendem?

        Não necessitaríamos sequer de “sindicatos” para retirar nossa hipossuficiência em relação ao ser coletivo, mais conhecido como “empregador”. ( da forma que conhecemos). Não necessitaríamos contratar “prestação de serviço” que está fora do nosso core business.

        Percebam que o jogo capitalista seria outro se considerarmos uma S/A dos trabalhadores!

        Portanto, volto a dizer: ainda não foi bem resolvida a dicotomia Capital versus trabalho. E os vocábulos terceirização, outsourcing entre outros, por óbvio, não conseguem resolver a questão.

         

        Como você parece ter sugerido  caro RD , o assunto é complexo e por isso mesmo requer uma defesa de tese.

        Usar simplesmente um vocábulo, quer seja terceirização ou outsourcing etc, para qualificar uma relação contratual é, no mínimo, penso, muitíssimo frágil.

        E , no caso brasileiro, bota fragilidade nisso daí.

         

        SAudações

         

        1. Não estou defendendo o “outsourcing”!

          Caro Mogisenio.

          Não estou defendendo o “outsourcing”, talvez esteja aí a tua relutância em entender o meu ponto de vista, o que estou tentando argumentar que a proposta levantada por grupos “modernosos” de administração tem uma série de pontos falhos.

          Primeiro: Que a terceirização da forma que é compreendida por grande parte das pessoas, não tem nada em relação à pseudo-modernidade do “outsourcing”.

          Segundo: Que ao contrário que falam a terceirização que chamo Tosca, além de achatar o salário dos trabalhadores, ela é retrógrada e antiquada para o padrão dos “modernosos” que defendem o “outsourcing”.

          Terceiro: Que o “outsourcing” é uma verdadeira faca de dois gumes, pois em questão micro ele até pode trazer vantagens, mas em questão macro certamente ele trás prejuízos.

          Quarto: Que o “outsourcing” tem uma forte tendência de criar desindustrialização, tanto se ele for interno a um só país e muito mais se for estendido em termos globais.

          Quinto: Que tanto a “terceirização tosca” como o “outsourcing” podem em termos de empresa contratante representar um prejuízo em longo prazo quanto ao domínio da tecnologia fabril, como no engessamento dos processos produtivos.

          Sexto: (não é um problema para a sociedade) Que o “outsourcing” pode representar um sério risco ao contratante pois disponibiliza sistemas livres aos concorrentes ou mesmo cria o seu próprio concorrente.

          Eu, por exemplo, na pouca experiência que tive em gerenciar obras para a universidade (uns dez anos), sou adepto da administração direta (mesmo no serviço público) e consegui no tempo que empreguei gestão direta em obras consegui ganhos de custos (sem achatar salário de ninguém) de mais de 50% no custo de obras (contabilizando tudo!). Isto trabalhando inclusive com antigos funcionários públicos federais de nível de apoio (categoria em extinção, tudo terceirizado). Mas isto já é outra história e outra tese!

    2. Mogisenio, o Chiavenatto é

      Mogisenio, o Chiavenatto é referência – no Brasil e especialmente para concursos (o que não é exatamente uma chancela!) – para alguns temas em Administração, mas ele dá umas bolas fora e neste assunto especificamente, acredito que também. Para RH é bom, mas é preciso critério e muita parcimônia com alguns assuntos tratados por ele.

  12. Quando libera geral….

    a suruba rola solta !!!      Não vai sobrar pedra sobre pedra !!!   Quem viver verá !!!

    Como diria o velho filósofo Dinho de Irecê: ” neste raio de suruba, já me passaram a  mão na bunda…e  ainda não comi ninguém !!  “….

     

  13. Deixemos de conversa pra boi dormir

    Não adiantam agora textos acadêmicos explicando o que deveria ser a terceirização… a quarteirização… a quinteirização… o fato é que os ilustres deputados federais (nesse atual congresso, a bancada mais reacionária, fascista e escrota de que teremos notícia na era republicana) iniciaram o desmonte da CLT, deram o start no desmoronamento daquilo que ao a grande maioria dos empresários brasileiros (gananciosos e escravistas até o talo) chamam de “grande custo Brasil”; com a provação dessa safadeza (que em suma é isso que é a terceirização) deu-se início a uma nova etapa da apropriação de mais uns quinhões da mais-valia dos trabalhadores brasileiros, foi isso que aconteceu.

    Evidente que a bancada alimentada pelo empresariado já deve ter combinado tudo com a mídia bandida pra que quando os nefastos efeitos dessa pilantragem que eles fizeram começar a afetar a classe laboral (que… é quase cristalino isso… vão comer o pão que o diabo amassou sendo demitidos, em grande número, de seus empregos diretos e convidados por uma “empresa” a prestar o mesmo serviço onde estavam com salários bem menores) eles juntinho com os Bonners e Boachats da vida joguem tudo no colo do Governo Federal, que será responsabilizado por não fiscalizar direito os “probos empresários” brasileiros donos de prestadoras de serviço.

    1. Caro João Maria

      Não é dizendo que temos “a bancada mais reacionária, fascista e escrota de que teremos notícia na era republicana” que poderemos contrapor um discurso pseudo-modernista com a proposta retrógada que temos no congresso, pois na realidade o que estão fazendo é tentar confundir as pessoas para exatamente misturar tudo e enfiar goela abaixo uma lei que não tem o mínimo alcance na melhoria das condições da economia brasileira.

      1. Como?

        um congresso nacional eleito com uma tal “bancada da bala” (da segurança pública, segundo o filósofo Datena), com uma tal bancada evangélica fundamentalista, com uma bancada de ratos fisiológicos descarados e neo-nazistas como Bolsonaro é o que afinal?

        Deputados que querem aprovar coisas como a redução da maioridade penal para 16 anos, e todos aqui sabem quem serão os delinquentes fichados: Pretros, Podres, Putas e Favelados principalmente e certamente.

        O campo democrático e popular se muito tem uns 120 deputados (PT, PC do B, alguns do PDT)… o restante é formado de verdadeiros pilantras travestidos de legisladores.

        Pessoalmente não espero nada de positivo ou progressista para os brasileiros vindo dessa atual legislatura federal, Eduardo Cunha está com a faca e o queijo na mão, atualmente detém mais poder que Barack Obama e vai fazer uso sim desse poder para nos aterrorizar, começou com a terceirização, logo logo vão avançar mais um bocadinho.

        1. A simplificação é facilmente combatida.

          Caro João Maria, concordo com todas estas merd@s estão acontecendo no congresso, entretanto somente ficar citando-as é mais panfletagem do que oposição, temos que combater na base teórica disto tudo, não é porque dizendo que eles são pilantras que as pessoas vão acreditar que são pilantras, mas provando que eles são pilantras as coisas mudam de figura.

  14. Resumindo tudo

    Os deputados e senadores sao eleitos com ajuda de campanhas milionarias bancadas por empresas privadas.

    Quando chegam no Congresso, eles vao fazer o que ? Defender trabalhadores ou quem bancou suas campanhas?

    Resumo: Eles estao somente defendendo interesse de seus financiadores.

    O Gilmar Mendes engavetou o projeto de lei que iria vetar o financiamento privado de campanha eleitorais.

    Seus objetivo é claro: Prejudicar o CUT, MST, PT e trabalhadores em geral.

    Por isso, sou a favor do impeachment do ministro do STF Gilmar Mendes.

  15. Friamente falando…
    Depois

    Friamente falando…

    Depois dos ratos…

    É IMPOSSÍVEL acreditar que este congresso permita que se faça uma reforma POLÍTICA!

    QUem é mais rato?

    Quem filmou e OMITIU os rostos de quem fez?

  16. A maior falácia pra mim é de

    A maior falácia pra mim é de que a terceirização aumenta o número de empregos, quando é exatamente o contrário.

    Salários piores, menos garantias, etc o que leva ao aumento do rodízio de funcionários piorando ainda mais a qualidade dos serviços. 

    É ruim para os trabalhadores, para os clientes e até para a empresa contratante, se ela olhar de forma mais abragente e não apenas pelo ganho imediato. 

    1. Poderiam dizer que em alguns casos aumenta o salário, mas..

      Os defessores de esquemas de terceirização poderiam até dizer que em alguns casos aumenta o salário, mas certamente diminui o emprego pois por exemplo no caso citado das empresas de TI, o supermercado poderia ter alguns fucionários com salários mais baixo do que o mercado, mas se cada supermercado tivesse o seu grupo de TI o número de empregos seria maior e a massa salarial bruta também maior.

      Não podemos esquecer que ganho de produtividade é simplesmente uma forma de dizer retirada de “mais valia” dos trabalhadores em geral, podem inventar nomes bonitos mas tudo cai no mesmo princípio.

    1. Há quase uma correspondência entre os nomes.

      No texto do Prof. Márcio é possível identificar o que eu chamo de terceirização tosca com o que ele chama de terceirização interna e a externa corresponde mais ao “outsourcing”, porém eu não diria que 100% das duas tem por objetivos reduzir custos das empresas. Nos casos mais simples como terceirizar serviços de limpeza, portaria ou outros, o custo para a empresa contratante é inclusive maior do que a contratação direta, porém não cria a necessidade de colocar alguém para fiscalizar estes serviços. Agora outras terceirizações internas, como as propostas na lei, para atividades fins, estas sim tem por objetivo principal a diminuição dos salários.

      Já a “outsourcing” é necessário olhar caso a caso, por exemplo de outsourcing dentro da propria comunidade européias este tipo de esquema pode ser utilizado para ganhar escala de produção ou mesmo para diminuir salários. Na França, por exemplo, as empresas de transporte francesas estão desaparecendo, pois como eles tem uma legislação trabalhista rigorosa fica muito mais barato contratar serviços de países da europa oriental, como a Polônia, e estes trabalham como loucos por 1/3 do salário dos franceses.

      Já nos USA eles estão se especializando em mandar a produção inteira para fora do país, para o México ou para o oriente, porém isto em termos de macroeconmia está se revelando um desastre, ou mesmo uma bomba relógio.

  17. “Outsourcing” é bom desde que seja com a vaga do outro….

    Creio que podemos lançar a campanha de terceirização do Congresso, afinal se ela é para o bem das empresas….

    Imaginem o que o País poderia economizar com um Deputado terceirizado?, depois nos Estados, nos Municípios…..

    #terceirizeoseudeputado

  18. A pressa em colocar na pauta é que levanta suspeitas.

    Esta figura nefasta do Cunha nada mais faz do que defender seus patrões, aqueles que bancam seu mandato. Seria interessante levantar as empresas que financiaram sua campanha e verificar qual o volume das que prestam serviços bem como as que mais rapidamente engordarão seus cofres com a precarização do trabalho.

    Mas isto é apenas um ponto.

    Nós, trabalhadores, precisaremos reagir a estes pulhas com um pouco mais de inteligência. Não precisamos aceitar o que nos é colocado, temos força para parar o país pois não “batemos” panelas, mas, sim, colocamos comida dentro delas.

    Claro que os canalhas pagarão, sem dúvida, mas agora chegou a nossa vez de faze-los sangrar.

    1. A pressa também serve para que empresas que fazem “outsourcing”

      A pressa também serve para que empresas que fazem “outsourcing” de forma correta não tenham tempo para questionar esta porcaria de lei, pois se fosse para uma comissão técnica da câmara e chamasse por exemplo empresas de TI, poderia algum diretor numa crise de honestidade dizer:

      – Só uma coisa, esta lei não traz nenhuma vantagem ao aumento de produtividade, só vai aumentar a picaretagem!

  19. Como?

    E ainda tem quem defenda Parlamentarismo no Brasil.  Parlamentarismo pressupõe parlamento.  Nós temos isso?  Ou só esta Malta?

    1. Só esta Malta

      Adorei essa frase. “Parlamentarismo pressupõe parlamento.  Nós temos isso?  Ou só esta Malta?”

      Excelente análise

       

       

  20. Uma coisa é uma coisa, outra coisa… é outra coisa.

    Sim, quando uma empresa que atua em determinada área precisa desenvolver formas e processos que não são de sua competência, o normal é que contrate outra para prestar esse serviço, como no caso do exenplo dado de um supermercado que precisa desenvolver sistemas de informática para controle de mercadorias, estoques, validades, etc., e e precisa de profissionais dedicados em tal área; depois, implatado o sistema, manterá funcionários próprios para operá-lo, e contará com a manutenção da empresa contratada.

    Isso é uma coisa.

    Mas quando você monta uma empresa que não passa de um escritório, e terceiriza tudo o que você faz para ficar com o lucro das operações que efetiva, sem ter nenhum ônus de produção e gestão trabalhista, aí você está usando de uma ferramenta perversa de precarização do trabalho. 

    1. Existem os dois extremos.

      Exato Marcos, existem estes dois esquemas, mas o que procuro deixar claro que para o primeiro exemplo não é necessária nenhuma lei nova, ou seja, é um simples contrato entre duas empresas em que o custo pode ser cobrado por horas de trabalho.

      O que fica claro é que o objetivo da lei não é dar condições para que a terceirização citada, pois não é necessário nenhuma lei, agora para o segundo exemplo que é um esquema predatório e não sustentável é o objetivo desta lei.

  21. Coxinhas, obrigado !!!

    Com esse congresso estamos igual passageiros num avião pilotado por terrorista da al-qaeda. Só esperando a hora final, por que tudo que não interessa à população vai passar. Enquanto isso, manchete do portal blobo é só BBB, estadualzinho … O bom de tudo é ver o PIG (via seus colunistas fascistas e censuradores) tentando convencer seus eleitores de uma coisa que só é boa para os granes empresários !!! 

  22. O exemplo da terceirização de professores em São Paulo

    Se o objetivo do Congresso é reduzir gastos com os tralhadores, isso o governo de São Paulo já faz com os docentes temporários da categoria “O”, que precisam cumprir a chamada “duzentena”. Funciona assim: para evitar vínculo empregatício, após dois anos de trabalho os professores temporários são obrigados a ficar 200 dias afastados, sem direito a salário. Graduada em Letras, a professora Edina Ribeiro viu a renda de cerca de R$ 3 mil como professora temporária da rede estadual sumir no início deste ano. Desde então, para dar conta do aluguel e dos gastos com supermercado, ela tem feito bicos na vizinhança. “Semana passada passei algumas roupas e ganhei alguma coisinha, algo em torno de R$ 20. Também consegui fazer umas faxinas, trabalho em que dá para tirar às vezes R$ 80, R$ 100, R$ 120, dependendo do tamanho da casa”, conta Edina, moradora de Campinas.

    Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2015-02-20/sem-remuneracao-professores-temporarios-de-sp-recorrem-a-faxina-e-telemarketing.html

  23. Alhos e bugalhos

    O sujeito que escreveu isso está maluco ou não leu o projeto.

    Esse tipo de produção que ele diz que existia, continua existindo, hoje mais que nunca no Brasil. 

    Toda agroindústria trabalha dessa maneira e é perfeitamente legal. Aquilo que um dia foram grandes indústrias texteis em SC, com 10 ou 15 mil empregados, hoje também tem sua produção distribuída em pequenas empresas familiares que tem um ou dois teares em casa. Outros tem estamparia e outros a confecção. 

    O PL 4330 não tem nada a ver com isso.

    1. Ora, ora, o sujeito leu o projeto…
      O sujeito que escreveu isto além de ter lido o projeto ele sabe dos esquemas do tipo que citaste tanto na indústria textil em Santa Catarina como na indústri de calçados no Rio Grande do Sul. Devido a isto o sujeito, no caso eu, citou um dos exemplos deste tipo de exploração no texto. É interessante a citação da indústria téxtil e do estado de Santa Catarina, pois realmente aí está é uma combinação explosiva, primeiro porque Santa Catarina ocupa o desonroso quarto lugar com o uso do trabalho infantil (14,46%) no Brasil e segundo que no mundo inteiro, inclusive o Brasil, a indústria têxtil lidera o ranking de uso de trabalho infantil e trabalho escravo. O grande problema é exatamente o que a terceirização faz em termos de esconder este tipo de trabalho, como no exemplo do estado de Santa Catarina, há uma tradição de trabalho infantil na agricultura, e com isto cria-se uma cultura de tolerância. Para exemplificar melhor a tolerância ao trabalho infantil em Santa Catarina, que o Ministério do Trabalho verificou que um juiz da Comarca de São Joaquim que havia autorizado a  uma menina de 14 anos a trabalhar na colheita de maçãs numa jornada de 8 horas diárias, algo completamente fora da lei. O exemplo colocado como algo normal, o trabalho rural e o trabalho na indústia textil, por serem dispersos dificultam a fiscalização, e por estas máquinas estarem dentro das casas tornam quase impossível coibir problemas como este..O que faz esta lei de diferente, ela institucionaliza esquemas como o citado, permitindo que a terceirização muitas vezes saia das sombras e fique completamente escrachadas..O sujeito leu sim o projeto, o sujeito conhece tanto Santa Catarina como o Rio Grande do Sul, e o sujeito quanto mais velho fica, mais raiva cresce contra o cinismo de achar que coisas que estão erradas, devem continuar erradas, porque isto existe mais do que nunca no Brasil. Isto me dá vergonha e não orgulho.

  24. Outra consequência

    Isso sem falar que este sistema de contratação (ou de toda terceirização) acarreta consigo o “vicio inerente” da dependência inevitável, pelo monopólio, seja no controle da tecnologia e/ou no conteúdo de serviços das terceirizadas, em setores de oferta limitada ou exclusiva (ou que venham a sê-lo no tempo, pela sua adoção sistémica).

    A contratante torna-se “escrava” da contratada…

    E ai, os custos são determinados por esta última ou pelo mercado. Ou ambos, não pelo contratante.

    1. Há diversos problemas ocultos na terceirização.

      Qualquer que seja a terceirização ela traz diversos problemas ocultos que perpassam a questão de diminuição de salários. Hoje em dia na pátria mãe do capitalismo a discussão é entre o “outsourcing” e o “insourcing” que é exatamente o movimento contrário.

      Estes problemas são mais sutis do que a diminuição de custo, mas são mortais pelas empresas, vou falar um “case” negativo (nome fino para denominar um rolo, ou uma burrice que foi feita pelos diretores de empresas). Não esqueçam que a Xerox depois de ter em mãos a tecnologia da interface gráfica do Xerox Alto, o primeiro microcomputador comercial do mundo, simplesmente entregou de mão beijada para a Apple, simplesmente porque computadores não era seu negócio principal, ou seja, terceirizou para o Steve Jobs e se ferrou. O próprio Jobs declara muito tempo depois que se a Rank-Xerox tivesse seguido com os seus projetos, seria uma das maiores empresas do mundo.

      O caso Xerox-Apple não é muito alardeado pois é um paradigma de como uma empresa abrindo mão de uma dada especificidade se ferra literalmente.

  25. Excelente

    Perfeita a explicação R. Maestri.

    Direto ao ponto.

    O que não consigo entender, de fato, é como que a terceirização aumenta o lucro pois, além da empresa contratante ter que lucrar, a contratada que oferece a ‘mão-de-obra’ tb tem que lucrar.

    Empresários costumam justificar que qdo terceirizam setores/atividades não precisam se preocupar com encargos sociais e principalmente com demissões, qdo necessário. Mas tanto os encargos qto as multas de FGTS etc. são provisionadas pelas empresas contratadas e embutidos nos custos.

    Ou seja, pela lógica, terceirizar ficaria mais caro, EXCETO se os salários e benefícios forem menores!!! Voilá.

    Por isso precisaríamos aprovar emendas que obrigassem os benefícios serem iguais e o sindicato tb, o mesmo da empresa contratante!

     

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