Total de trabalhadores com carteira assinada tem queda recorde em 2020

Dados do IBGE mostram que percentual de empregados com carteira assinada (exceto trabalhadores domésticos) recuou 7,8% no ano passado

Agência Brasil

Jornal GGN – Os dados do mercado de trabalho brasileiro não ficam apenas restritos aos números de desemprego, mas também abordam a formalização (ou não) dos trabalhadores. E o balanço de 2020 não é dos melhores.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de empregados com carteira de trabalho assinada atuando no setor privado (exceto trabalhadores domésticos) foi reduzido em 2,6 milhões em 2020, ou 7,8%, chegando a 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores domésticos (5,1 milhões) diminuíram 19,2%, também a maior retração já registrada.

Também houve redução no total de trabalhadores por conta própria: menos 1,5 milhão, queda de 6,2% ante o visto em 2019, levando o total para 22,7 milhões.

Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu 16,5%, equivalente a um corte de 1,9 milhão de pessoas. Até o total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4 milhões.

Já a taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020 – ou seja, 33,3 milhões pessoas estão trabalhando sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou são trabalhadores sem remuneração.  Ou seja, é a camada da população mais suscetível aos efeitos da pandemia de covid-19.

Outro destaque da pesquisa foi a alta recorde no total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. No ano, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior da série, um aumento de 13,1% com mais 3,6 milhões de pessoas.

Os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, chegaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, uma alta de 16,1% em relação ao ano anterior e o maior contingente da série anual da PNAD Contínua.

“Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus. Durante o ano de 2020, observamos que a população na força de trabalho potencial cresceu devido ao contexto. Esse processo causado pela pandemia, somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem ter reforçado a sensação de desalento”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beranguy.

As únicas atividades que não apresentaram perdas na ocupação foram as ligadas à administração pública, que cresceu 1%, com mais 172 mil trabalhadores, impulsionada pelos segmentos de saúde e educação. Já o segmento de construção fechou 2020 com perda de 12,5% na ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%).

Os serviços também foram afetados, com destaque para alojamento e alimentação (21,3%) e serviços domésticos (19%). Outros serviços reduziram 13,8% e transportes, 9,4%. Os menores percentuais ficaram com agricultura (2,5%) e informação e comunicação (2,6%), que, inclusive, interrompeu três anos seguidos de crescimento da ocupação.

Em 2020, o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.543, um crescimento de 4,7% em relação a 2019. Já a massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, atingiu R$ 213,4 bilhões, queda de 3,6% frente ao ano anterior.

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Redação

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