MPF questiona governo, Embraer e TCU sobre fusão para nova empresa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]


Foto: Divulgação – Avião da brasileira Embraer E-2
 
Jornal GGN – Após a Boeing e a Embraer anunciarem a criação da joint venture, uma fusão criando uma nova empresa de aviação, o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo pediu explicações sobre a medida de transformar a brasileira Embraer em uma nova empresa que terá 80% controlada pela Boeing.
 
O pedido de providências dos procuradores faz parte de um procedimento preparatório, ou seja, uma pré-análise do MPF se irá investigar a negociação, que foi protocolado pelos deputados federais Paulo Pimenta (PT-RS) e Nelson Pelegrino (PT-BA), alegando ilegalidade e lesão aos interesses nacionais.
 
As representações já havia sido ingressadas pelos parlamentares no início do ano e no dia 6 de março, o MPF-SP abriu o procedimento preparatório. Com o avanço da negociação entre as empresas de aviação brasileira e norte-americana e o anúncio nesta semana da fusão, os procuradores pediram explicações.
 
O pedido foi direcionado às empresas, que segundo o MPF, não divulgou as informações completas ao órgão. Por isso, reforçou nesta quinta-feira (05) um requerimento para que a Embraer apresente o termo do acordo e um relatório da operação e andamento das negociações junto à Boeing.
 
Ainda, o procurador Luiz Costa, responsável pelo caso, também pediu informações ao presidente Michel Temer, ao Ministério da Defesa e ao Tribunal de Contas da União (TCU). Apesar de as duas empresas já terem anunciado a fusão, o governo federal, que possui ações decisivas na Embraer, precisa aprovar.
 
No mês passado, o Ministério da Defesa disse que a venda – sabe-se hoje do que seria 80% dos lucros da Embraer à Boeing – não lesaria a soberania nacional e que a venda ainda não estava fechada. E o TCU também disse que não possuía acompanhamento do caso.
 
Agora, contudo, levanta-se a informação de que o TCU chegou a ser consultado pelo Ministério da Fazenda se o governo federal, hoje nas mãos de Temer, poderia abrir mão sem consultar o Congresso do chamado Golden Share, as ações que dão poder decisivos ao governo federal de veto em decisões da empresa. No novo pedido, o MPF também questionou tal informação. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Impossível entender tanto entreguismo.

    O Brasil atual é semelhante à meretriz que suga seus clientes(o povo) e entrega tudo  ao amado gigolô. (do norte)

  2. Esses babacas agora choram o
    Esses babacas das Forças Armadas, TCU, MPF et caterva agora choram o leite derramado….juram que agora defendem o interesse nacional: mas Inês é morta: e vocês fizeram das tripas coração para se juntar ao Impėrio nesse entreguismo e na perseguição a Lula, que tanto fez pela soberania deste pais e melhorou vossos salarios e condições de trabalho como parte do fortalecimento desse pais: vocês foram cúmplices desse crime lesa patria e merecem o paredão…

  3. História

    As pessoas e as organizações têm, como se sabe,  defeitos e virtudes. Não há exceção. Os militares golpistas de 1964 e da ditadura consequente tinham, ao menos, a virtude do patriotismo, demonstrado no nacionalismo. Empresas como a Eletrobrás, a Telebrás, entre outras, além da preservação da Petrobrás são inegáveis exemplos. O que ocasionou a lamentável mudança de sentimentos da tropa que nos traz a enorme decepção dos dias atuais?

    1. Meia boca

      Prezado Edson, muito se propala o mito de que os militares, durante a ditadura, foram nacionalistas. Em verdade, tratou-se de um nacionalismo meia boca. Desde o início, por intermédio do general Wernon Walters e do embaixador Lincon Gordon, milicos brasileiros se alinharam aos interesses geopolíticos do país do norte e se deixaram usar por tais interesses. Afinal de contas, comandantes militares foram comprados em dólares para permitir que o golpe de então fosse perpetrado, como queria o stablishment estadunidense. Tudo sempre em nome do combate ao comunismo, palavra de ordem do Tio Sam, não obstante a barganha de um ou outro ponto que os milicos, de fato, defenderam como sendo estratégicos, a exemplo do projeto nuclear brasileiro, desmantelado pelo Collor e sepultado pelo FHC, sem que um milico sequer desse um pio, como também se calam agora, em face da entrega do pré-sal na xepa do golpe de 2016. Noves fora, é ou não é um “nacionalismo” meia boca esse? Aliás, milicos de altas patentes continuam chantageando com ameaças, tuitadas e demais prezepadas, a retomada da soberania brasileira, a qual passa, necessariamente, pela liberdade do preso político chamado Lula. 

      [video: https://youtu.be/v-HhhdgYOaA%5D

  4. bom post.

    Só queria entender algumas coisas:

    – porque tem que ser deputados do PT os únicos a se importar com esse assunto?. Os demais partidos concordam?

    Os deputados da direita só se importam com questões de “genero”, “escola sem partido” e outras porcarias iguais?

    – porque vender essa empresa nesses termos?  Eles venderiam as suas nesses termos?

    -a empresa não tinha futuro, estava num mercado em declinio? estava teconologicamente defasada? Não era lucrativa?

    Tinha dificuldades de buscar capital? Não tinha competencia gerencial? 

    Pergunto de novo. Porque vender?

    Conclusão: Quanto mais leio sobre o assunto mais me convenço que tem mais coisa por trás e não só covardia e entregismo.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador