CCR é favorita em leilão de duas linhas do metrô de SP

Empresa brasileira foi responsável por realizar o estudo de viabilidade do projeto e propostas do edital não são atrativas para outros concorrentes, analisa Valor  
 
Foto: Agência Brasil

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Jornal GGN – Poucas empresas apresentam condições de concorrer ao leilão para operar as linhas 5-Lilás e 17-Ouro, do Metrô de São Paulo, que nesta sexta-feira (19), às 10h, na Bolsa de Valores de São Paulo. Na verdade apenas uma teria condições de concorrer: a brasileira CCR, segundo apuração do jornal Valor.
 
O que estaria travando a participação de outros competidores são as exigências do edital. Outra brasileira, a Primav, organizou um consórcio junto com a operadora argentina Benito Roggio e um fundo de investimentos do BTG para disputar, solicitando 45 dias a mais para o governo, mas teve o pedido negado. Ainda, segundo informações do Valor, antes dela, outro consórcio interessado surgiu pedindo o adiamento de 60 dias, mas também foi rejeitado. 
 
As informações do jornal confirmam as suspeitas de cartas marcadas indicada por metroviários e engenheiros que organizam uma greve de 24h do Metrô de São Paulo a partir da zero horas desta quinta-feira (18) e um ato na frente da Bolsa de Valores amanhã, uma hora antes do leilão, as 9h. 
 
“A CCR e a Odebrecht realizaram o estudo de viabilidade e vão receber R$ 204 mil por isso. E temos convicção que se a CCR não vencer, vai operar as linhas”, afirma o coordenador do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Fajardo. Isso porque, além de atende os requisitos técnicos do edital, a empresa definiu o estudo inicial do projeto. 
 
O leilão das linhas Lilás e Ouro deveria ter ocorrido em setembro do ano passado, mas foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) após acatar o pedido de representação do deputado estadual Alencar Barga (PT) alegando que o edital causava prejuízos aos cofres públicos e limitava a competitividade. Em dezembro o Tribunal liberou o Estado a prosseguir com a concorrência. 
 
Além da CCR, que já é acionista da Linha 4-Amarela, outras duas concorrentes naturais na disputa seriam a Invepar e a Odebrecht Transport (OTP), mas segundo o Valor dificilmente vão participar por estarem em processo de redução de endividamento para atrair novos sócios, processo que a última empresa já vem realizando no braço Odebrecht Óleo e Gás (OOG) que desde segunda-feira (15) passou a se chamar Ocyan. 
 
Os problemas 
 
A concessão terá validade por 20 anos por um valor de contrato estimado de R$ 10,8 bilhões correspondentes a soma das receitas tarifárias. A empresa ou consórcio que oferecer ao governo de São Paulo um ágio maior que o lance mínimo de R$ 189,6 milhões levará as linhas. Os metroviários acusam que o preço que as concessionárias privadas irão devolver ao Estado, não chegará a 0,5% do custo da obra tirado do bolso do governo e o lucro estimado por ano com a operação das duas linhas será de R$ 400 milhões por ano. Portanto, em vinte anos receberão R$ 8 bilhões. 
 
O Estado diz que as duas linhas estão sendo licitadas juntas porque a 17-Ouro não é viável economicamente. O monotrilho vem sendo considerado problemático começando pelos atrasos, pois deveria ter sido entregue no ano da copa do mundo de 2014 com cerca de 17 quilômetros. Agora a previsão é que a obra seja concluída em dezembro de 2019 com apenas 6,7 quilômetros ligando o Aeroporto de Congonhas à estação Morumbi. 
 
Outro problema que estaria afastando investidores é que o material rodante da Ouro é diferente do material de outras linhas, como por exemplo com outra linha que também é monotrilho, a Linha 15-Prata. A empresa contratada para construir os veículos também é pouco conhecida: a malaia Scomi. Ela, segundo o governo, também teria interesse de participar do leilão.  
 
Em entrevista ao Valor, o consultor Luiz Eduardo Serra Neto, do escritório Duarte Garcia comentou, entretanto, que o maior problema não é as duas linhas serem de modais diferentes, mas o fato de faltar pouco para uma ser concluída e a outra não. 
 
“A Linha 5 já existe, mas por enquanto não se liga ao metrô e vai passar a se conectar com a Linha 1-Azul, o que vai levar a um salto de demanda. Já na Linha 17, há ausência absoluta de histórico de demanda e não saber quantos passageiros vão transitar é um problema bastante grande.” 
 
Para mitigar o risco o governo de São Paulo estabeleceu no edital uma tarifa compensatória por 180 dias. Ou seja, durante seis meses a empresa poderá receber do Estado o que podeira estar lucrando na operação em caso de atrasos na conclusão das obras. 
 
Em nota, a gestão Alckmin respondeu que divulgou o leilão para “ao menos quatro grupos europeus capacitados para participar da licitação”. 
 
Leia também: Concessão de linhas do metrô de SP dará prejuízo, alertam metroviários
 
 
Redação

4 Comentários

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  1. Ah…

    … uma daquelas que são “donas” da Linha Amarela?

    O pior metrô de São Paulo, segundo a minha opinião.

    A não ser que vc curta só uma janelinha no vagão como critério de qualidade. 

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