Lúcio Gregori explica questão da tarifa zero

Enviado por Almeida

Da TV Brasil

Espaço Público entrevista Lúcio Gregori

https://www.youtube.com/watch?v=Nb5gkEeht7Q]

Autor do projeto tarifa zero, bandeira do Movimento Passe Livre (MPL), o engenheiro civil aposentado Lúcio Gregori critica o alto preço das passagens do transporte público no Brasil. Em entrevista concedida ao programa Espaço Público, da TV Brasil, ele comparou os preços praticados na capital argentina, Buenos Aires, com os de São Paulo. E concluiu que o paulistano deveria pagar, pelas mesmas bases, R$ 0,85, em vez dos atuais R$ 3,80. Em relação a Paris e Pequim, as tarifas da capital paulista deveriam custar R$ 1,27.

“No Brasil, o subsídio tarifário é extremamente baixo. [Os governos] têm que dar subsídio maior e o limite é a tarifa zero”, afirmou Gregori, que apresentou o projeto tarifa zero quando era secretário de Transportes do município de São Paulo, na gestão da prefeita Luiza Erundina, ainda no começo da década de 1990. Segundo ele, os subsídios não precisam ser arcados exclusivamente com impostos municipais, mas com a coparticipação de governos estaduais e federal, seja com empenho de recursos ou isenção de impostos.

“Quase todos os países com forte subsídio de tarifa têm fundos com composições. É uma solução. Não pode ser minimizada só porque o prefeito X ou o governador Y diz que não tem dinheiro. Mas ele não tem que fazer tudo sozinho, é uma disputa politica de outro caráter.” Ainda na opinião de Gregori, “é preciso uma discussão séria a respeito de como um país desse porte, o sétimo PIB [Produto Interno Bruto do mundo, tem uma tarifa nessas proporções”.

Para o engenheiro, é preciso desconstruir narrativas enraizadas na cabeça das pessoas, de que é preciso pagar a tarifa de transporte, e “isso não muda do dia para a noite”. Gregori compara o debate em torno da tarifa zero ao que se travou sobre o pagamento do décimo terceiro salário. À época, lembrou, a proposta do salário extra foi apontada como populista, comunista, “disseram que quebraria o país”. O engenheiro argumenta que a questão não é contábil, mas política. E observa que a mobilidade vai proporcionar vários outros benefícios, com a melhoria da qualidade de vida.

A estatização do transporte público é desejável em certas circunstâncias, segundo Gregori, mas não é obrigatória nem se vincula à tarifa zero. Ele explica que o modelo tradicional é a concessão de serviço público e a tarifa é que garante o equilíbrio financeiro. Mas sustenta que existem outras alternativas, como o fretamento. “Eu desvinculo a tarifa do custo do serviço, eu faço do empresário um alugador de ônibus e vou cobrar a tarifa que bem entender. Ele coloca o capital, eu vou fretar, pagando uma rentabilidade da aplicação dele, e não preciso empatar o dinheiro do poder público em uma frota.”

Apresentado pelo jornalista Paulo Moreira Leite, o programa Espaço Público vai ao ar toda terça-feira, às 23h, pela TV Brasil. Da entrevista com Lúcio Gregori, também participaram o repórter Rodrigo Rodrigues, do jornal Folha de S.Paulo, e a editora do site da CartaCapital, Tory Oliveira.

Redação

12 Comentários

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    1. PODE SER QUALQUER COISA…

      O país é capitalista  por adesão política, assim como os negócios na China seguem a cartilha capitalista, mas politicamente é comunista. Mas, as decisões sobre política de transportes, por exemplo, podem ser qualquer coisa: podem ser puramente capitalista, socialista ou comunista. O que importa é o resultado final da decisão: melhores condições de vida para a população, dentre elas, também, os que professam o capitalismo do lucro a qualquer preço. Não queremos mais pagar esse preço!

  1. quanto custa ?

    Alguém sabe qual o custo para se manter  operando o metro ou o sistema de trens em São Paulo ?

    Hoje a falta de transparencia é total acerca de sistemas públicos . Primeiro passo para o debate : equacionar e botar na ponta do lápis os custos da brincadeira. E olha que nem falamos de investimentos para ampliação da malha.

    1. Marcelo, a discussão não é meramente contábil.

      Há uma discussão política que precede, assista a entrevista para entender esses aspectos.

      Você já se perguntou, por exemplo, quanto é que custa a manutenção de vias públicas e a drenagem pluvial de sua cidade? Elas têm custos evidentes, mas ninguém cobra diretamente pela manutenção desses equipamentos de prestação serviços públicos urbanos, o transporte público de uma cidade é um equipamento urbano.

      Se ficarmos olhando só para aspectos contábeis, aos quais uma certa “”esquerda”” aderiu, alguns por deslavado oportunismo e outros por serem tacanhos e reacionários, daqui há pouco, falta pouco mesmo porque iniciativas nesse sentido já estão em andamento, haverá a privatização total da saúde e da educação em nosso país. O petismo abraça ideologia de direita, neoliberal, para combater a ideia de transporte público de qualidade.

      Um abraço.

      1. um debate contábil já seria revolucionário

        sr. Almeida, respeito seu ponto de vista mas defendo ações fundamentadas e factíveis. Da forma como é gerido o transporte público em São Paulo, se o movimento do passe livre exigisse que o governo do estado abrisse as contas do metrô e da CPTM já seria um ato revolucionário. De posse dos números, a população teria elementos para uma escolha consciente se deseja ou não pagar por um transporte gratuito Além de eliminar focos de corrupção e má gestão pública.  

        1. Marcelo, seria revolucionário se não se encerrasse nele próprio.

          Como se toda discussão ele contivesse. Vai que os custos contábeis apontem, para o que a prefeitura e as concessionárias apresentam? Que elas, como arrecadadoras, dizem que não têm capacidade de ofertar nada melhor? Vamos aceitar a péssima qualidade de serviços como uma fatalidade? É isso a sua palavra final sobre o assunto?

          Quem vive nas cidades brasileiras são mais de oitenta por cento da população, pagam impostos federais, estaduais e municipais, por que em uma questão tão básica e elementar da convivência dessa população, no meio onde vivem, os ambientes urbanos, eles não têm direito de um serviço decente de mobilidade? Por que esses impostos não podem retornar como benefícios da mobilidade urbana? Você percebe as limitações do “raciocínio” de setores chamados de “esquerda” que não acordaram para isso?

          Se você concordar que a prioridade pública é pagar a renda dos rentistas, que o ‘superavit primário’, vulgo a grana reservadamente prioritária aos usurários rentistas, deve anteceder aos investimentos em educação, saúde e qualidade de vida urbana e rural da população brasileira, que temos de sustentar uma sociedade extrema de privilegiados, então vamos desistir da política, aceitar a extrema desigualdade e a injustiça como fatalidade do destino. Não conheço ninguém de esquerda que aceite as questões sociais como fatalidades, a esquerda veio ao mundo para trazer inquietações e propor mudanças. O realismo político é sempre política de direita, sejamos realistas, peçamos o impossível, porque só este acontece, o possível se repete, se repete e nada acontece.

          Se vocẽ ficar preso à questão contábil, cairá no engodo neoliberal, o senso comum idiota de que não há almoço grátis. “Raciocinando” assim, Marcelo, você chegará à conclusão de que saúde e educação não podem ser universais e gratuítas, porque geram despesas que não permitem a prioridade do pagamento dos usurários rentistas. Percebe a limitação de limitar à discussão contábil? Então é isso, uma gestão da prefeitura diz que não pode assumir a conta e fim de papo, não vamos discutir alternativas? Não podemos mijar fora do pinico do pensamento neoliberal?

          Assista o vídeo integralmente, Marcelo, você ganhará muito com isto, pense fora pinico do senso comum de platitudes neoliberais.

  2. Pra não dizer que não elogio o PT.

    Elogio o que é para ser elogiado e caio de pau em suas capitulações traidoras de suas causas originais. Abaixo vão videos sobre a tarifa zero no município de Maricá, RJ. Tenho trocentas críticas ao prefeito Quá Quá, mas nessa aí ele está certo. Ele encampou uma proposta original do PT, da histórica gestão de Erundina em São Paulo, teve a coragem de estatizar o que é para ser estatizado, o que é estatal mesmo nas mais liberais economias do mundo: o transporte público urbano.

    O PT se acovarda para o que vão dizer os meios neoliberais, encampa propostas reacionárias de sua base aliada, governa como um partido neoliberal qualquer e chafurda na mais abjeta fisiologia. Alguns de seus militontos chegam ao ponto virem a público, para defender a política de juros do interesse de rentistas; o partido hoje abraça propostas do entreguismo mais sem vergonha, para “ficar de bem” com os donos do poder.

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  3. Para irmos na direção de tarifa zero ou de alto subsídios,…

    Para irmos na direção de tarifa zero ou de alto subsídios deveremos ir na direção do transposte sobre trilhos, explico melhor.

    O transporte sobre trilhos é um transporte típico de estruturas estatais por vários motivos:

    É um modal em que geralmente o mais caro é a infraestrutura, porém é mais cara se não calcularmos corretamente. 

    É um modal sobre trilhos numa cidade é algo que tem uma vida útil enorme em relação ao transporte em ônibus, pois os veículos duram no mínimo 15 a 20 anos sem precisar de nenhuma reforma ou substituição, somente pequenas operações de atualização do controle.

    É um modal que não exige grande sofisticação na gestão do mesmo, estabelecida um manual de manutenção é só segui-lo sem precisar se preocupar com problemas na gestão direta de oficinas.

    O subsídio pode ficar claramente estabelecido na implantação das linhas, aquisições de veículos e subsídios na energia, não havendo possibiidade de problemas do tipo desvio de combustíveis subsidiados, pneus, óleos e demais itens na manutenção de ônibus.

    Se é para se pensar numa estrutura ideal em 20 ou 30 anos é o momento de se infletir para o transporte ferroviário.

  4. Foi secretario por 4 anos.

    Foi secretario por 4 anos. Qual a inovacao que introduziu Entrar pela porta da frente. Algum tipo de bilhete unico Alguma forma de reducao da tarifa para usuario constante. Olha, ainda nao conferi em detalhe, mas tenho quase certeza de que a tarifa, na sua gestáo, tinha valor real superior à atual. Como proporção do salário minimo, pelo menos, era mais alta. O que é surpreendente, nessa discussao dos dois lados – prefeito e mpl – é que não se toca na ideia de bilhete unico metropolitano intermodal, com subsidio significativo para usuario constante. Essa é a politica de numerosas cidades grandes do mundo (ou de cidades-metropoles). Até em “primos pobres” da Europa dos anos 80, como Lisboa, madrid, se fazia isso – bilhete mensal com desconto por zonas de circulacao. Faz tempo. Nisso sequer se fala! Faz uma enorme diferença para o trabalhador usuario. Acho que estou ficando gagá, porque não ouço falar nisso. O prefeito não fala, o MPL não fala, esse ex-secretario não fala… Estou delirando? Começo a pensar que sim.

  5. ótima entrevistsa.
    como é bom

    ótima entrevistsa.

    como é bom ouvir pessoa experiente que consegue ser lúcida,

    com  uma visão de mundo que não me surpreende, já que ele foi de

    um governio petista e defende o movimento passe livre sem qualquer problema….

    sabe que é mais importante juma conquista quase revolcuionária,

    como eemplificado no caso ds suragetes, .do quie críticas e discussões

     mesquinhas de quem é o culpado disso e daquilo, dos idiotas que odeiam o diálogo

    e sempre tem alguém, para culpar pelos seus fracassos, ineficiencias e taras abomináveis ….

    antológica a parte final, em que gregori conta o caso do presidente

    da aassociação comercial de uma cidade, que exigiu a volta

    da tarifa zero porque o movimento no comércio caiu quinze oor cento;;;

    quando a camara não aprovou e o prefeito teve de recomeçar a cobrar a tarifa.;…

    na hora em que os donos do capital perceberem que vão ganhar

    com a tarifa zero, não ha dúvida que serão favoráveis….

    só não são ainda porque são pateticamente incompetentes 

    para compreenderem isso….

    são tão monocórdicos quanto os diotas que criticam haddad e o pt

    e quanto a midia golpísta, que carrega a hegemonia do atraso;.;.;

  6. Tarifa zero em cidades

    Tarifa zero em cidades pequenas , vá lá. Agora tarifa zero numa cidade que tem mais gente que Portugal é impossível, arrebentaria as finanças de sp. . Aliás, o país tem muito essa mania = não faz o óbvio que países decentes já fizeram – como saneamento básico universal (um dos principais fatores pra essa praga bíblica de aedes ) mas fica querendo implantar coisas que em outros lugares do mundo há. Tarifa zero é tão inviável quanto o imposto único daquele economista ridículo, MArcos Cintra. 

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