50% dos ciclistas expandiriam uso do modal se houvesse mais ciclovias, diz estudo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Um estudo realizado de maneira inédita no país, com o intuito de mapear o uso da bicicleta em uma dezena de capitais para servir de norte à elaboração de política públicas sobre mobilidade, mostra que pelo menos metade dos entrevistados utilizariam mais esse tipo de modal se houvesse investimentos em infraestrutura – como ciclovias, ciclofaixas, bicicletários, sinalização, entre outros pontos.

A Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro (veja aqui), realizada pela Transporte Ativo em parceria com outras onze organizações que atuam na promoção e estudo do uso da bicicleta, ouviu 5012 ciclistas nas cidades de Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, entre julho e agosto deste ano.

O resultado do trabalho indica que, para 42,9% dos ciclistas, a principal motivação para começar a utilizar a bicicleta como meio de transporte foi a “rapidez e a praticidade”. Apenas 2,2% se preocuparam com o fato de ser ambientalmente correto. Outros 19,6% sustentaram que andar de bicicleta é mais barato do que outros modais, e 24,2% afirmaram que é mais saudável pedalar.

Quando questionados sobre a principal razão para continuar priorizando a bicicleta, a maioria (44,6%) respondeu que é mais prático. Outros 25,9% disseram que é mais saudável, 17,7%, mais barato, e só 3,4% demonstraram preocupação com o meio ambiente.

A maioria, 50%, afirmou que mais infraestrutura, como ciclovias, ciclofaixas, bicicletários, entre outros pontos, ajudaria a aumentar o uso da bicicleta. Outros 21,5% disseram que pedalariam mais de houvesse mais segurança no trânsito, e 11,8%, se caísse o número de assaltos.

Problemas

Para 34,6% dos ciclistas, a falta de respeito dos condutores motorizados é o principal problema a ser enfrentado no uso da bicicleta como meio de transporte. Outros 26,6% acham que falta infraestrutura adequada; 22,7%, segurança no trânsito, e somam 10,7% os que acham que falta segurança pública e sinalizada adequada.


Fonte: Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro

Rotina e perfil

Entre o total de entrevistados, 88,1% disseram que usam a bicicleta para trabalho, 30,5% para escola ou faculdade, 59,2% para compras e 76% para lazer. A maioria (56,2%) disse que passa de 10 a 30 minutos pedalando em seu trecho habitual. Outros 22,8%, entre 30 minutos e uma hora. 14,1%, menos de 10 minutos e apenas 4,8%, mais de uma hora.

A maioria dos entrevistados (37,3%) disse que usa a bicicleta como meio de transporte há mais de cinco anos. Há menos de 6 meses, 14,5%. De dois a 5 anos, 16,3%.

De acordo com a pesquisa, costumam utilizar a bicicleta como transporte ao menos cinco vezes por semana cerca de 31,4% dos ciclistas. Outra parcela, de 28,1%, respondeu que usa todos os dias da semana. Somam 7,3% os que usam entre um ou dois dias.

Sobre o uso da bicicleta em combinação com outro modal (carro, ônibus, metrô, etc), 26,4% disseram que aderiram a esse método. 72,7% negaram o uso da bicicleta com outro meio de transporte e 0,9% não responderam essa pergunta.

Quase 20% dos entrevistados responderam que já se envolveram em algum acidente de trânsito enquanto pedalavam, nos últimos três anos.

A maior concentração de ciclistas se dá na faixa etária dos 25 a 34 anos (34,3%), e outros 23,7% se concentram na faixa dos 35 a 44 anos. São 19,6% os que têm entre 15 e 24 anos e usam a bicicleta com frequência. Dos 45 a 54, 13,8%. A partir dos 55 a 65 anos, 8%.

Quando questionados sobre escolaridade, 42,5% disseram que estão no ensino médio. Outros 23,4%, na graduação. 22,8%, ensino fundamental.

No tópico renda, a maioria (30%) se concentra na faixa do 1 a 2 salários mínimos. 17%, entre 2 e 3 salários mínimos. Entre 3 e 10 salários, 17,8%. Acima de 10 salários, apenas 4,1%. Sem renda ou até 1 salário mínimo somam 20,2%.

Conclusões

O desdobramento da pesquisa, de acordo com Zé Lobo, coordenador do estudo, será a criação da Rede Nacional de Pesquisa sobre Mobilidade Sustentável no Brasil. “Em 2016 a Transporte Ativo, o Observatório das Metrópoles, o LabMob (PRORUB) vão convidar  mais dez pesquisadores – envolvidos com o tema da mobilidade urbana de universidades e organizações de várias partes do país – para analisar os dados do Perfil do Ciclista Brasileiro, ou seja, queremos produzir um livro com análises interpretativas sobre o uso da bicicleta no país e consolidar esse Rede de estudos – algo que ainda não existe no nosso pais”, garantiu.

Ainda de acordo com os pesquisadores, há uma “revolução acontecendo nas cidades brasileiras tendo como protagonistas os ciclistas urbanos”. Apesar dos avanços alcançados, a condição atual das cidades brasileiras está longe da ideal. “O padrão de desenvolvimento urbano hegemônico ainda traz o carro particular como protagonista e relega ciclistas e pedestres ao segundo plano. Esta situação tem levado nossas cidades ao colapso e revela a urgência de uma inflexão no modelo de desenvolvimento urbano brasileiro.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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