Para Idec, concessão de linhas do Metrô traz prejuízos ao estado

Sugestão de Adir Tavares

Foto: Divulgação/Governo do Estado/Flickr

Da RBA

O governo do estado de São Paulo realizou nesta sexta-feira (19) o leilão de concessão das linhas de metrô 5-lilás e 17-ouro (monotrilho), com vitória do Via Mobilidade, consórcio integrado pela CCR e pelo fundo de Investimentos Ruas Invest. O evento ocorreu um dia após a paralisação dos metroviários contra a privatização. Ontem, a Justiça também chegou a suspender a licitação, mas a liminar foi cassada horas depois.

Para o Idec e a Rede Nossa São Paulo, era necessário manter a suspensão em função de diversos problemas encontrados no texto do edital. “As linhas estão quase prontas. O edital prevê apenas que a empresa ganhadora opere e administre as vias, ou seja, o principal gasto que é a obra já não existe. A concessionária lucrará muito com essa compra”, avalia Rafael Calabria, pesquisador em mobilidade do Idec.

Na liminar concedida pelo juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara de Fazenda Pública, nessa quinta-feira (18), na qual acolhia o pedido de suspensão feito pelos vereadores paulistanos Sâmia Bomfim e Antônio Vespoli, ambos do Psol, ele também alertava para o baixo retorno financeiro ao estado. Na sentença, citava fatores como a “fixação de valor irrisório para pagamento da outorga fixa dos serviços, em torno de 180 milhões de reais (valor mínimo), correspondente a apenas 2,69% dos custos das duas linhas acima nos últimos quatro anos”.

Além disso, o contrato da nova concessão não cria mecanismos para impedir que o preço da passagem continue subindo. Uma alternativa para reduzir os custos, de acordo com o pesquisador do Idec, seria a valorização das receitas extra-tarifárias pelo governo, mas o edital assegura que boa parte desse lucro fique com as empresas. “O documento permite que as concessionárias vendam espaços do metrô para a publicidade de lojas, marcas etc. Contudo, o Estado quase não se beneficia com esse local cedido, e perde uma grande oportunidade de investir esse valor extra no aprimoramento do transporte e na redução dos custos para o usuário”, aponta.

Edital direcionado?
Para o Idec, o edital também impediu, na prática, a livre concorrência entre as empresas, pois o texto exigia experiência em operação de transporte sobre trilhos com demanda de 400 mil passageiros por dia. Assim, somente duas companhias brasileiras se encaixavam dentro das exigências, sendo uma delas a vencedora do leilão, a CCR.

Nas semana passada, em entrevista coletiva, o Sindicato dos Metroviários alertava que o vencedor do leilão estava definido. “A licitação das linhas 5 e 17 é completamente viciada. São cartas marcadas. A própria CCR vai ganhar, é a única empresa que atende os requisitos técnicos e a única que fez visita às linhas para avaliá-las”, afirmou o coordenador do sindicato Wagner Fajardo.

Calabria não descarta ainda a possibilidade de formação de cartéis. “O documento permite que a empresa vencedora terceirize parte da operação a concessionárias que eventualmente não venceram a licitação. Ou seja, elas podem se unir para facilitar que uma companhia ganhe e depois subdividir os trabalhos durante o período do contrato”, pontua.

De acordo com o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), presente ao ato desta manhã feito em frente à Bolsa de Valores, e a privatização coloca em questão a segurança da população. “A gente sabe que quando as empresas privadas assumem o controle de atividades públicas, negligenciam a qualidade do serviço prestado”, afirmou.

Proporcionalmente, a Linha 4-Amarela (Luz-Butantã), operada pelo consórcio ViaQuatro e até agora a única privatizada do metrô paulista, apresenta mais problemas graves, como lentidão ou interrupção do serviço, do que as quatro operadas pela empresa estatal, mesmo sendo menor, mais nova e ter menos trens rodando.

Redação

2 Comentários

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  1. ia me perguntar mesmo se o

    ia me perguntar mesmo se o GGN não ia comentar sobre o assunto. aliás, os blogs de esquerda em geral estão fazendo pouco caso do tema, compreensível em vista do julgamento do Lula daqui a poucos dias. por sinal, por que será que o PT não entrou junto nesse pedido de liminar?
    a privatização do Metrô só acontece porque o governo do Tucanistão acha legal dar dinheiro público aos seus compadres. pois a gestão pública da obra e da operação/manutenção tem sido muito mais eficiente e econômica do que a gestão privada.
    é muito claro o caso da linha 4. o Estado já havia arcado com a maior parte da construção, mas a vencedora da licitação da fase 1 atrasou em 4 anos (com o bônus, se é que se pode dizer, do acidente na estação Pinheiros) e a vencedora da fase 2, que ainda não foi entregue, é bom lembrar, simplesmente rescindiu o contrato! fora que calcula-se que a ViaQuatro receba mais por passageiro transportado porque ela é privilegiada no valor das transferências (no caso de um usuário que use as linhas 2 e 4, por exemplo). e acabo de ler que ela apresenta mais problemas do que as outras!
    por outro lado, a linha 5, iniciada muito posteriormente, está tendo sua construção concluída.
    essa licitação foi um verdadeiro acinte! a CCR-Grupo Ruas, coligada com a Mitsui (sim, a japonesa investigada no trensalão), só concorreu com uma empresa PÚBLICA da Coreia do Sul que estava coligada com a CSBrasil. CCR é a principal acionista da ViaQuatro, RuasInvest pelo nome deve ser parte do Grupo Ruas, que tem uma parte enorme dos contratos de concessão com a SPTrans. me parece que o Governo não estava muito afim de promover o livre mercado!

  2. Negócio de pai para

    Negócio de pai para filho,

     

    as empresas ganham bilhões durante a construção e depois da obra pronta adquirem o direito de explorá-la pagando um ínfimo valor recuperável em menos de dois anos, melhor que isso só ganhando duas linhas de metrô, epa!!!, nem isso faltou……….

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