O Cafezinho e o Luar do Meu Sertão

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Por Jns

Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão

O Engenho Velho é dotado de moinho, monjolo, fornalha, fogão de tacho e um antigo engenho onde é moída a cana para a rapadura e os seus proprietários conservam as antigas tradições da preparação do melado, fubá de moinho de pedra, broas caseiras, doces e o delicioso café torrado no fogão de lenha e pilado em um antigo pilão de madeira.

Oh! que saudade do luar da minha terra
Lá na serra braqueando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção é a Lua Cheia a nos nascer do coração

Mas como é lindo ver depois pro entre o mato
Deslizar calmo regato transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez roubando as estrelas lá do céu

Engenho Velho Delícias da Roça, está localizado no Bairro do Serrano, em São Bento do Sapucaí, São Paulo, e está aberto para visitação todos os dias da semana, para degustar o  gostoso café caipira com bolos, roscas, geléias e queijo mineiro feito ali mesmo, no pequeno pedaço de paraíso, escondido nas montanhas.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nossinhorr!

    Essa turma da roça não tem jeito. Sempre declamando a nostalgia do tempo do fogão à lenha. E gente da cidade, cuspindo fumaça, fica com uma vontade de ir pra roça. Ao menos tomar o café do Engenho Vellas (e boas) Delicias. So o cheiro daquele café…

    Alias, minerim, esse post lembrou aquele bolo de laranja com café que ja “tomamos” por aqui, ha tempos…

     

    1. Chá parisiense, cafézinho mineiro, pinga e tuaregues

      Você convidou o Mineirinho e o Velho Lobo do Mar para saborearmos o bolo de laranja que você acabara de tirar do forno.

      Fiquei assuntano aquela indecente proposta parisiense e, meio desconfiado, para não fazer desfeitas, indaguei:

      – Cadê a pinga e o queijinho canastra do Serro, para a degustação após nos regalarmos com o seu “bolinho”?

      Vou, logo, avisando, que, sem uma cachacinha da mió qualidade, não adianta me convidarem nem pra participar de um menáge à trois de responsa, curtindo o som do Tinariwen.

      [video:https://youtu.be/VoPPMktXCEI width:600]

      Não fique sabendo se o Véim do Ceará apareceu, incontinente, para revisitar a Avenue des Champs-Élysées, porque daquí, do paraíso do meu sertão mineiro, não saio por pouca coisa não.

      O melhor lugar do mundo é aquí, sob o luar dos campos Gerais, e agora…

      Beijos franceses!

      1. “Saudade é ser. Depois de ter”

        Ah! Esse queijo… Me fez sonhar com as cidades coloniais do interior.

        Eh, ja faz tempo que falamos em tomar um café, você lembrou da pinga bem tradicional (aquela figura a que me apresentaste) e ficamos nesse estado cogitativo, se um dia, finalmente, todos nos tomaremos esse café. Bem quente e forte, como dizem os baianos ( e tô com eles, que não gosto de café fraco nem doce). 

        Felicidade se acha é em horinha de descuido.

        “Guima”

        Ele detestaria 🙂

        1. Sentimental

                          Ponho-me a escrever teu nome
                          com letras de macarrão.
                          No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
                          e debruçados na mesa todos contemplam
                          esse romântico trabalho.

                          Desgraçadamente falta uma letra
                          Uma letra somente
                          para acabar teu nome!

                          – Está sonhando? Olhe que a sopa esfria.
                          Eu estava sonhando…
                          E há em todas as consciências este cartaz amarelo:
                          “Neste país é proibido sonhar.”

                          – Drummond

          [video:https://youtu.be/DT7_7CChHiY width:600]

    1. SERRO

      A Terra do Queijo nas Gerais

      O conjunto de igrejas e o preservado casario colonial são o charme da cidade, também conhecida como a “Terra do Queijo”.Em ruas estreitas e íngremes, caminhar pode ser um pouco cansativo. Os povoados de Milho Verde (22 km) e São Gonçalo do Rio das Pedras (29 km) são procurados por suas cachoeiras e trilhas.

      Imagens da Internet

  2. Europa, França e Bahia

    Carlos Drummond de Andrade

    Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
    Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um caranguejo.
    Os cais bolorentos de livros judeus
    e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.

    O pulo da Mancha num segundo.
    Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.
    Tarifas bancos fábricas trustes craques.
    Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas formam um tapete
    para Sua Graciosa Majestade Britânica pisar.
    E a lua de Londres como um remorso.

    Submarinos inúteis retalham mares vencidos.
    O navio alemão cauteloso exporta dolicocéfalos arruinados.
    Hamburgo, embigo do mundo.
    Homens de cabeça rachada cismam em rachar a cabeça dos outros
    dentro de alguns anos.
    A Itália explora conscientemente vulcões apagados,
    vulcões que nunca estiveram acesos
    a não ser na cabeça de Mussolini.
    E a Suiça cândida se oferece
    numa coleção de postais de altitudes altíssimas.

    Meus olhos brasileiros se enjoam da Europa.

    Não há mais Turquia.
    O impossível dos serralhos esfacela erotismos prestes a declanchar.
    Mas a Rússia tem as cores da vida.
    A Rússia é vermelha e branca.
    Sujeitos com um brilho esquisito nos olhos criam o filme bolchevista
    e no túmulo de Lenin em Moscou parece que um coração enorme
    está batendo, batendo mas não bate igual ao da gente…

    Chega!
    Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
    Minha boca procura a “Canção do exílio”.
    Como era mesmo a “Canção do exílio”?
    Eu tão esquecido de minha terra…
    Ai terra que tem palmeiras
    onde canta o sabiá.

    ARTE: Marcel Caram é um artista brasileiro que cria incríveis pinturas surrealistas através de técnicas digitais.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador