Por que o Brasil não atrai turistas? Comentário de Flavio Martins e Nascimento

O Brasil se constituiu nos últimos anos um grande emissor de turistas, com impacto direto nos países da América do Sul e mesmo em Portugal

Por Flavio Martins e Nascimento
comentário no post Por que o Brasil não atrai turistas?, por Andre Motta Araujo

Caro André, estudo o Turismo e seus fenômenos há muitos anos, portanto, vou adicionar um ou dois pontos aqui, apenas no sentido de ampliar a discussão.

Não discordo dos pontos apresentados por você e acho, inclusive, que a maioria das entidades do setor trabalham mais contra que a favor do crescimento das estatísticas da área; um desserviço, sobretudo se considerarmos o efeito multiplicador do Turismo, uma vez que afeta diretamente outros 52 setores da economia.

Há, entretanto, um aspecto relevante que contribui para os números baixos: a distância do Brasil em relação aos grandes centros emissores de turistas: América do Norte, Europa, Japão e agora a China.

Este último, em especial, representa um boom na economia e nas estatísticas do turismo mundial: Não por acaso, cidades e países no entorno do gigante asiático desbancaram campeões históricos – como Paris e Roma – nos últimos anos.

Há muitas pesquisas que apontam que o turista médio – o Turista de Massas Individual e Turista de Massas Organizado, na tipologia clássica – evita deslocamentos superiores a seis horas. Portanto, nunca poderemos nos comparar a países como Portugal, Grécia, Turquia ou mesmo Marrocos e Tunísia.

Ainda assim, se nos comparar à Africa do Sul, país em condições muito semelhante ao Brasil – mas que recebe praticamente o dobro de turistas que nós -, veremos como é necessário trabalharmos mais profissionalmente o setor.

Por fim, mas necessário salientar como o Brasil se constituiu nos últimos anos um grande emissor de turistas, com impacto direto nos países da América do Sul e mesmo em Portugal, representando hoje o segundo grupo mais importante para o país. E isso tem impacto direto na conta corrente nacional.

É isso aí. Abraço

 

Redação

6 Comentários

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  1. Em 2013 eu fiz uma viagem de férias ao Peru e fiquei impressionado com o volume de turistras Chineses em Machu Pichu. A impressão que dava era a de que eles eram a maioria (o que não é pouca coisa, pois a cidadela estava lotada!). Com o Real em baixa, tem muita gente nos EUA, Europa e China que talvez viesse ao Brasil, mas parece que o fator segurança é um impeditivo maior que a distânicia…

    1. Tentando complementar: a distância não podemos mudar, mas as demais questões devem ser consideradas, elencadas e trabalhadas, profissionalmente e não politicamente por interesses setoriais ou regionais.

    2. Muitos aqui se ofenderão mas o Brasil em termos de imagem no contexto da segurança para atração de turistas é similar a Somalia, Guatemala ou Nigéria. Basta verificar as estatisticas anuais de homicidios e assaltos (furtos) da ONU e o Banco Mundial. Isso assusta quem deseja visitar determinados países, as agências de turismo internacionais que promove e vende pacotes tem aquelas listas nas cabiceiras. Somalia e Guatemala também têm praias lindissimas..

  2. Tal como no futebol, onde temos duzentos milhões de técnicos, e dada a quantidade de opiniões manifestadas no artigo inicial, também gostaria de tecer outras considerações, mais diversas a respeito de turismo.

    Esse quantitativo de seis milhões de turistas fazendo turismo anualmente no Brasil, embora possa ser correto, me parece não levar muito em conta o turismo interno, o turismo interestadual, o turismo regional e outros turismos especializados praticados pelo Brasil afora pelos seus residentes. Somando estes quantitativos é bem provável que todo o complexo turístico brasileiro movimente muito mais pessoas do que estes estimados seis milhões.

    Penso que algo parecido deve ocorrer também em países mais populosos como a Índia – por lá deve haver milhões de indianos que se banham nas águas sujas, ops, sagradas do Ganges e que talvez não entram na estatística deles.

    Como exemplos mais conhecidos regionalmente e/ou pelos clientes de uma organizadora turística como a CVC, cito alguns casos em Belo Horizonte.

    Um deles é o turismo de vãs, ou turismo médico. Todo santo dia centenas de vãs trazem cada uma, dezenas de pessoas do interior de Minas para a capital para serem atendidas pelo SUS em tratamentos como hemodiálise, cirurgias oftalmológicas e outros procedimentos médicos mais complexos. Um passeio com o Google Maps pelas redondezas da praça Hugo Werneck mostra essa imensa quantidade de vãs estacionadas por lá. Todo dia.

    Também há casos de pessoas que necessitam ficar mais tempo na cidade e com isso algumas residências acabaram virando “casas de acolhimento” próximas a este local. Que aliás é conhecido como “área hospitalar”; se diz que essa área possui a maior densidade de leitos hospitalares por quilômetro quadrado do mundo.

    Para um prefeito de cidade pequena entre as 850 cidades mineiras sai muito mais barato operar diariamente uma vã para Belo Horizonte e alugar uma casa de acolhimento do que montar uma estrutura hospitalar em sua cidade. Assim, sob certos aspectos, estas viagens poderiam ser encaixadas como turismo. Sem falar nos casos mais raros de atendimento médico para residentes no exterior, que procuram assistência médica por aqui.

    Em BH também existe também um certo “turismo religioso”, com destaque às peregrinações ao bairro Padre Eustáquio, e à basílica da Serra da Piedade, entre outras, especialmente na semana santa. Claro, bem menos do que o turismo para Aparecida do Norte.

    E o Carnaval de BH tem sido destaque com seus 4,3 milhões de foliões neste ano, durante o mês do carnaval. Por ser bastante organizado e por isso mais seguro, este evento anda atraindo turistas que freqüentavam anteriormente o carnaval de cidades sujeitas à menor segurança pelo Brasil. Carnaval de rua, diga-se.

    Cabe também citar outros eventos anuais como o “comida de buteco” (um concurso de pratos típicos), a semana do café, que atrai cafetistas e cafeteiros do mundo todo, e o festival da jabuticaba de Sabará, entre vários outros. Uma peculiaridade deste festival é a possibilidade de “locar por um dia” uma jaboticabeira e levar todos os seus frutos. Além das exposições para venda de alimentos contendo jaboticaba, como geléias, condimentos, sorvetes, sucos, etc.

    Como muitas outras cidades mineiras são também voltadas à agropecuária, o programa semanal Globo Rural exibe cartazes de tudo quanto é festa nestas cidades, durante o ano todo.

    E na capital mundial do zebu em Uberaba temos o que se poderia apelidar de “festival de racismo explícito”, que é a feira do zebu, Expozebu. Zebu é uma, digamos, confederação de raças de bovinos, que atrai criadores, consumidores, carniceiros de todo o mundo e que dura em torno de duas semanas.

    Ao longo do ano há ainda as exposições específicas para cada uma das raças desta confederação.

    Os expositores afirmam que a “população bovina” brasileira equivale numericamente à população humana daqui. Isto é, o seu boi está por aí, à sua espera.

    O mesmo Google Maps mostra que Minas não tem mar, o que não é tãããão correto assim. Por exemplo, às margens da represa de Furnas no Rio Grande existem várias cidades balneárias freqüentadas pelos mineiros e por cidadãos dos estados vizinhos. Aliás, o apelido dessa represa é “Mar de Minas”.

    Além disso, nos balneários litorâneos como Guarapari no Espírito Santo e Cabo Frio no estado do Rio, uma grande parte dos imóveis é propriedade de residentes de Minas Gerais, e, em cada feriado prolongado, estes balneários “incham” tal como as cidades litorâneas de São Paulo. Durante muitos anos, a comercialização de imóveis destas cidades era realizada principalmente em BH. Ou seja, praias de mineiros!

    Há algum tempo um “espião” da operadora de turismo CVC descobriu que a voadora TAM estacionava algumas aeronaves por algumas horas à noite e madrugada adentro em Confins. A referida operadora turística montou então uma ponte aérea madrugadora entre Confins e Porto Seguro na Bahia, fretando estes aviões parados. Acabou que todos saíram ganhando: a TAM, com um tilintar extra em seu cofrinho, a CVC com seus hotéis conveniados ocupados e os mineiros, com preços mais em conta em hospedagem.

    Ou seja, deve existir um imenso turismo no Brasil, ignorado ou desconhecido dos tecnocratas em Brasília.

    Por falar neles, essa mania de construir ressorts imensos para receber turistas não é exclusividade brasiliense. Na Alemanha nazista foi levantado o chamado “colosso de Prora”, uma série de edificações geminadas na cidade de Rügen. Seus corredores mediam 4,3 quilômetros de extensão. Parte desta obra foi destruída por bombardeios e no regime comunista a parte deste colosso que sobrou foi utilizada como caserna militar.

    Uma outra consideração a fazer é parte do fenômeno Airbnb, que prioriza a hospedagem fora dos hotéis, visando a diminuir custos. Com o tempo é bem provável que alguns grandes hotéis em cidades com viés turísticos venham a sucumbir.

    De fato, a prefeitura de BH tentou viabilizar a construção de hotéis para a Copa do Mundo de 2014. Só que muitos ainda não estão prontos, mesmo depois da copa de 2018, e um grande hotel no centro, o Othon Palace fechou suas portas recentemente.

  3. So atrairemos turistas em peso o dia em que as celulas de um pais; as familias, tiverem condicoes de por boa comida em suas mesas e quando estas tiverem trabalho para onde ir todas as manhãs e seus filhos tendo uma escolaridade decente, isso ajudara em muito a diminuição da pobreza e consequentemente da violencia. Claro ha que se acabar com as milicias do RJ e com o crime organizado, seja do RJ e de SP, MG, PR, PA, etc, e tambem com o crime da corrupcao de partidos como o PSDB (Aecio, Serra, Paulo ‘Preto’, e demais Psdbistas), MDB, PP e outros. No RJ nos bairros mais pobres 70% da eletricidade (que deveria ser publica/estatal) é paga a milicianos assassinos, ou seja terra sem lei. Quando o pais tiver leis serias e respeito por elas e por seus semelhantes e as coisas alheias, quando tirarmos os pobres de suas condicoes ‘africanas’ e estes tiverem chances e escolhas mais saudaveis, quando ao inves de trombadinhas e trombadoes tivermos estudantes e pesquisadores, quando vendilhoes da patria se tornarem nacionalistas e tiverem seu complexo de quintal da latrina america extirpados, quando ao inves de traidores da patria vaza jatos e seus procuradores e juizecos forem devidamente condenados por traição e omissão, quando por fim nossa classe media aumentar e ser a maioria do pais poderemos entao desfrutar das riquezas que os bons turistas trazem em suas carteiras e reservas, ate la so vejo uma solucao: dar aos pobres do brasil condicoes dignas de viver e de progredir, proteger nossas riquezas nacionais (petroleo, solo e mar) de interesses estrangeiros, aumentar a qualidade de nossa agricultura para uma quase organica (america do norte e europa aumentam ano apos ano consumo de organicos e não-OGM), fortalecer nossas leis civis, aumentar pesquisa e desenvolvimento (a China esta anos-luz em comparacao a muitos paises do G7), poderemos assim receber turistas sem medo de tomar um tiro na cara ou serem roubados no Rio ou em SP ou em qualquer outro estado onde hoje a violencia impera por causa da pobreza e da falta de condicoes basicas.

  4. interessante que nem você ou Araújo, consideram o ponto segurança e doenças. Os turistas vivem sendo alertados por suas embaixadas, quanto os riscos de segurança no país. Balas perdidas, assassinatos, trânsito caótico e perigosíssimo, atendimento médico-hospitalar precário. Some-se a isto a fama de golpistas, oportunistas, que nosso povo sustenta, diante do “trouxa” do turista. Modificar preços de acordo com a cara do cliente, desconhecimento da língua inglesa ou de outro idioma, e um servilismo que desagrada a muitas pessoas esclarecidas, tornam o Brasil um local tão belo quanto uma serpente. Agora, para piorar, temos governo nazi-fascista, apoiado por uma população de igual quilate. Nosso país é cronicamente inviável.

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