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TV GGN 20h: Bolsonaro entrega anéis e dedos para o centrão

Jornal GGN – O programa começa com uma análise dos dados da covid-19 no Brasil: nesta quarta-feira, foram 109.034 casos de covid registrados no país. A média atingiu 37.746, queda de 12,1% ante sete dias, e de 24,9% ante 14 dias. “Com exceção do Centro-Oeste, todos os Estados apresentam queda na média de casos de 14 dias”, diz Nassif.

Ao analisar os dados norte-americanos, em que os dados dispararam e a média de óbitos permanece estável em 50 estados, Nassif diz que “essa nova cepa, que é uma cepa que espalha muito rapidamente, os óbitos são menores. Ela é menos mortal do que nos outros casos”.

Nassif destaca ainda a mudança ministerial anunciada pelo governo Bolsonaro, em que tiraram o general Ramos e desmembraram o superministério do Paulo Guedes. “O Paulo Guedes caminha para ser o pior ministro da Economia da história”.

“O que ele (Guedes) conseguiu nesse período foi terrível: a indústria automobilística paralisada porque não tem chips. O que faz Paulo Guedes: nada. A única coisa que ele faz são os respiros da economia e ele vende o peixe”, diz Nassif. “Com essa mudança de colocar um senador do Centrão na principal articulação política do país, do governo, o que significa: o bolsonarismo, aparentemente, ele se move sem estratégias – significa enfraquecimento dos militares, significa desespero…”

Para tratar do assunto, Nassif conversa com a jornalista e ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas.

“Eu acho que o que move o Bolsonaro, em primeiríssimo lugar nesse momento, claro – além da sobrevivência dele que é não deixar passar, não deixar tramitar um pedido de impeachment (…) O que move ele nesse momento é o interesse eleitoral, evidentemente”, diz Helena.

Na visão de Helena, para que Bolsonaro  chegue viável para a campanha de reeleição no ano que vem, “ele precisa manter um pouquinho que seja dessa base. Então, ele tá fazendo isso porque alguém foi lá, falou no ouvido dele que o PP, do qual o Ciro Nogueira é o presidente, estava meio que costeando o alambrado”.

“Ele (PP) não estava pronto pra sair, pois está cheio de cargo no governo, mas já estava começando a alguns setores do PP a se interessarem pela candidatura do ex-presidente Lula. O PP é um partido com líderes regionais”, pontua Helena Chagas. “Esse pessoal, na última hora, acaba apoiando o Lula, porque o Nordeste é Lula, basicamente. Mas enquanto pode mamar desse governo, enquanto pode tirar recursos, cargos, favores, obras, eles vão ficando e vão tirando”, diz.

“Então, o movimento do Bolsonaro meio que, de repente, chamar o Ciro Nogueira para Casa Civil, eu acho que tem muito a ver com o medo da debandada do PP, que é o principal partido do centrão. E a debandada do PP seria o fim do governo Bolsonaro”, afirma Helena Chagas, ressaltando que Nogueira é um político “habilidoso” e que Bolsonaro precisa de alguém que o apoie no Senado Federal – “No Senado o Bolsonaro precisa de alguém que o apoie, mas é uma maneira dele conquistar mais apoio no Senado”.

“Se vai dar certo, eu não sei. Acho que nos primeiros meses pode até dar certo, mas se vai dar certo daqui um ano, quando a gente estiver lá em julho de 2022, pertinho ali daquela fase de realização de convenções sobre a eleição”, avalia a jornalista. “Se o Bolsonaro não tiver revertido essa queda dele, se o Lula continuar ali subindo e na situação boa que ele tem hoje nessa disputa, eu não sei o que vai acontecer com o PP, acho que eles também debandam. O Bolsonaro está retardando esse processo”, explica.

“Você vê o antipetismo na direita mais radical, você vê o antipetismo em setores da elite do país. Em setores que, no fundo, foram responsáveis pela eleição do Bolsonaro – por esse descalabro todo, por esse desastre que a gente está vivendo”, diz Helena Chagas.

“Esse pessoal, essas elites, acabaram apoiando Bolsonaro para não votar no Fernando Haddad. Eu não sei se tem muita gente desse grupo que está arrependida”, ressalta a ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

“Uma parte com certeza eu acho que já está procurando conversar com o Lula, se aproximar dele – mas pega mal sair correndo, então eu acho que eles estão um pouco ali nas aparências”, diz Helena. “Mas entre o Bolsonaro e o Lula, eu não tenho dúvida que a maioria desse establishment vai cair na real porque o Lula já tem uma experiência prévia, e o Lula não acabou com o mercado financeiro, o Lula não tirou a riqueza deles, não houve nada disso”.

“O Lula está bem quieto na dele, ainda falta muito tempo para a eleição, mas eu acredito que com essa habilidade, essa coisa agregadora que o Lula sabe fazer política dessa forma, acredito que ele vai vencer essas barreiras”, pontua Helena Chagas.

Impeachment apresenta sinais mais concretos

Para continuar o debate em torno do tema, Nassif conversa com o cientista político Thiago Trindade. “Para mim, isso é um claro sinal de que o risco do impeachment adquiriu uma concretude que há dois, três meses atrás era absolutamente impensável”.

“Acho que o governo Bolsonaro hoje – isso tem muito a ver, claro, com a situação econômica do país que não melhora muito (…) e, por outro lado, a queda de popularidade dele nas pesquisas já é um fato consolidado”, diz Trindade, que afirma se surpreender que Bolsonaro “ainda ter uma base de 24, 25% dependendo da pesquisa (…)”.

“Eu acho que esses sinais, e o fator novo que são os protestos – os protestos recentes puxados pela esquerda – inegavelmente isso acendeu um sinal de alerta no governo, acendeu um sinal de alerta na articulação política e também nos militares, obviamente (…)”, afirma o cientista político, ressaltando que toda essa movimentação no governo é concatenada, a começar pela recondução de Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República (PGR) e a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF).

“O episódio da desestruturação do Ministério da Economia, contrariando a vontade do Guedes (…) Eu acho que esses fatores apontam para um medo, para um receio concreto do governo de que haja um encaminhamento no processo de impeachment”, ressalta Thiago Trindade

Contudo, apesar desse receio do impeachment, Trindade diz: “O que eu fico me perguntando é o seguinte: apesar de tudo isso que a gente está falando, de novo, pelo menos publicamente a imagem que se vende é que o Guedes é o fiador do governo Bolsonaro, que o mercado não abandonou o governo Bolsonaro por conta do Paulo Guedes (…) Quando o Guedes se torna o nome oficial do ministério, o mercado abraça o Guedes”, pontua.

“Depois de 2018, que nós cientistas políticos erramos em tudo que falamos, eu tenho muito receio de fazer algum tipo de previsão em relação ao cenário do ano que vem, do ponto de vista eleitoral, com alguma segurança”, diz Trindade.

“Eu acho que está tudo muito em aberto. A posição dos militares, pra mim, continua sendo uma incógnita absoluta (…)”, ressalta o cientista político, que afirma que a economia ainda pode ser um fator relevante para o cenário do ano que vem. “O Bolsonaro ainda tem um ponto da base de apoio relevante no eleitorado evangélico de baixa renda (…) A minha questão é a seguinte: será que a Bíblia é mais importante do que a comida para essas pessoas?”.

Redação

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  • Nassif, como acompanho seu blog me sinto autorizado a fazer uma sugestão. Muitos têm falado na presença dos militares no governo, mas a mamata não se limnita isso, seria interessante uma matéria sobre os militares empresários, ou seja, aqueles que abriram empresa e usam a crdencial militar para contratar com o governo.

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