TV GGN 20hs: O Brasil a um passo do golpe

Luis Nassif conversa com Júlia Braga, economista e professora Associada da Faculdade de Economia da UFF, sobre as manipulações das estatísticas de trabalho

“Hoje foi um dos dias mais decisivos desde a Constituinte, desde as Diretas, eu diria”, diz Nassif na abertura do programa. “O Bolsonaro está à beira de um golpe”.

Sobre os dados da covid-19, o Brasil registrou 84.318 casos nesta sexta-feira. A média em sete dias chegou a 32.639, queda de 7,8% em sete dias e de 29,6% em 14 dias.

Quanto aos óbitos, 2.112 pessoas perderam a vida para a covid-19. A média semanal chegou a 900, queda de 11,5% ante sete dias e de 20,6% em relação a 14 dias.

Brasil à beira de um golpe

Nassif começa a detalhar o plano de Bolsonaro, conduzido junto com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. “Você tem duas disputas: primeiro, como que a gente se livra da praga do Bolsonaro”.

“E aí você tem a centro-direita que diz ‘bom, já que o Bolsonaro vai cair como é que a gente se livra do Lula?’ E você embaralha tudo, e bagunça tudo – Bolsonaro entrega o governo para o Centrão e começa um jogo malicioso (…) Você acha que, se o Centrão tiver a possibilidade de ser coautor de um golpe e ter o poder absoluto ele vai abrir mão disso? Santa ingenuidade!”

“O que está acontecendo claramente: o Bolsonaro investe pesadamente contra o Barroso (…) O Lira, hoje, chega, atropela todos os ritos, aplica um golpe no Congresso e pega uma matéria que tinha sido rejeitada pelo CCJ e joga no plenário – a matéria do voto impresso”

“Essa reforma eleitoral que está acontecendo, de combate aos chamados problemas eleitorais, tira do Tribunal Eleitoral e passa para a polícia (…)”, lembra Nassif. “Qual é a intenção do grande democrata, o Lira: você joga toda a eleição, o controle, nas mãos das polícias, que são todas ligadas com o Bolsonaro”.

“Você imagina o que o Bolsonaro vai fazer com essas polícias todas, os militantes dele, juntos pelo WhatsApp, articulando anulação de urnas em todo o país. ‘Onde que tem mais voto aí? Vai lá e anula’, como as milícias fazem no Rio de Janeiro”, afirma Nassif. “Você tem as eleições, tenta jogar o voto impresso, coloca as milícias e polícias em todo o país articulada como um partido político (que é o que ele tenta hoje), tentando anular votos ou criar escândalos em locais onde tiver maior concentração de votos contra ele. É esse o jogo”

“Onde entra o TSE: a parte criminal não vai caminhar, porque depende do Augusto Aras e depende do Congresso. Mas a parte eleitoral depende só do Tribunal Superior Eleitoral”, diz Nassif, citando o programa TV GGN Justiça desta sexta-feira, que contou com a participação do advogado eleitoral Luiz Paulo Viveiros de Castro e pode ser visto abaixo

“Se o Tribunal Superior Eleitoral decretar que a eleição está anulada, e a chapa está cassada, acaba. Acaba. Então é esse o medo do Bolsonaro – e o que ele (Bolsonaro)  quer fazer – ofender o Barroso para tentar criar um fato político e, lá na frente, se apresentar como uma vítima do Barroso para tentar acionar as milícias dele, ou as polícias, ou as Forças Armadas”, diz Nassif.

“O Centrão, se ele puder dar o golpe, ele dá o golpe. Se tira um Bolsonaro, quando ele percebe que o barco tá caindo ele pula fora lá na frente”, afirma Nassif. “Mas ele (Centrão) já teve um baita poder que ele nunca teve – em todos os momentos em que você enfraqueceu o presidencialismo brasileiro, o Centrão cresceu”.

Mercado de trabalho

Para discutir os dados de emprego, Nassif conversa com Júlia Braga, economista e professora Associada da Faculdade de Economia da UFF.

Segundo Julia, os dados do Caged representam apenas o emprego formal, enquanto a pesquisa do IBGE é mais ampla, que segue os conceitos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e permite uma radiografia mais completa. “O que aconteceu com o Caged foi uma mudança na metodologia e na forma de registro, e essa mudança foi implementada justamente nesse período que começou a pandemia. Os primeiros números são de fevereiro de 2020”, diz Júlia.

Por conta da mudança de metodologia, surge um problema de comparação com os dados anteriores, já que uma gama mais ampla de ocupações tem sido apurada. “Agora, o Caged está considerando trabalhos temporários também como trabalhos formais”, diz Julia.

“Por essa nova metodologia, o Caged acabou captando ocupações que a gente não tem como aquele ideal de ocupações formais como era anteriormente, e que são mais cíclicas e que são mais precárias no sentido de que amanhã aquele trabalhador pode não ter mais aquela ocupação”, ressalta a professora da UFF.

Redação

2 Comentários

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  1. Nassif, farmácias, as grandes, em shoppings ou em cidades pequenas, são para lavagens de dinheiro. Igrejas evangélicas e materiais de construção, idem! Na cidade em que moro atualmente, tem 2 grandes farmacias, uma frente a outra, do mesmo dono, detalhe: a cidade tem menos de 10 mil habs.
    Meus comentarios estão sendo censurados pela plataforma Youtube!😡
    Abraços Luminosos!

  2. Até o último suspiro.
    O golpe militar, estratégia, situação nacional e a geopolítica.

    Primeiro precisamos lembrar que sempre que tem votação de questões delicadas no congresso, o governo eleito em 2018 buscar criar conflitos institucionais para tirar o foco do congresso e facilitar as votações, e até tem obtido grande sucesso, nas votações da retirada dos direitos trabalhista, reforma da previdência, privatizações.
    Agora temos a privatização do correios e a questão do voto impresso.

    Dito isso, precisamos lembrar que se não houve golpe militar até agora, não foi por falta de vontade ou tentativas.
    O que estamos assistindo são movimentos constantes para viabilizar um golpe militar, que vão permanecer até o último suspiro.

    Em função da pandemia não é possível avaliar corretamente as mobilizações sociais contra o golpe, o que dificulta uma avaliação dos militares disposto a realizar o golpe, pois a capacidade de resistência da sociedade é parte fundamental para tomada de decisão, afinal é a cabeça que estará risco, se for dado um passo em falso.

    Outro fator é divisão de poder que as forças armadas terá que fazer com as polícias e as milícias ligadas ao governo eleito em 2018, o que seria inédito em se tratando de golpe militar no Brasil, onde os militares sempre exerceram o controle absoluto.

    A intervenção militar ocorrido no Rio de janeiro recentemente, que para muitos serviu de teste para avaliar a viabilização do golpe militar, demonstrou as enormes dificuldades das forças armadas em controlar as polícias, as milícias e tráfico de droga.

    A questão geopolítica também é fundamental para determinar a capacidade interna de resistência ao golpe militar, e certamente está sendo avaliada pelos militares.
    Temos a questão regional na América do Sul, onde vários países poderiam dar suporte para uma resistência interna, como o Peru, Bolívia, Argentina, Venezuela e Uruguai. O que certamente será considerado pelas forças armadas na sua tomada de decisão, já que é praticamente impossível controlar as fronteiras em um país com as dimensões do Brasil.

    Isto se diferencia da situação dos golpes militares corridos no passado, onde a maioria dos países vizinhos colaboraram com os militares do Brasil e vice-versa.

    Na questão internacional, precisa ser colocado a questão das redes sociais operadas pelas grandes empresas tecnologia americanas e uma chinesa. O que tornaria praticamente impossível praticar a censura.
    A censura só seria possível com o bloqueio da internet, o que contraria os interesses das principais empresas de tecnologia americanas, não basta mais controlar as emissoras de rádio e tv, jornais e revista.

    Não falta vontade, muito menos faltará tentativas, mas a disposição de tentar alterar controle eleitoral, e aumentar o valor do bolsa família, é uma indicação de que não há condições para uma golpe militar.

    Com o golpe militar, não há necessidade de lei eleitoral, já que não haverá mais oposição, muito menos eleições.
    Muito menos do apoio popular dos mais pobres, já que os pobres serão tratados com a brutalidade dos militares.

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