Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira

Jornal GGN – Segundo artigo mais lido de 2013, “Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira” também ficou em segundo lugar entre os mais comentados de 2013, com 542 opiniões. Análise de Renato Santos de Souza sobre o reacionarismo da classe média em função da supervalorização da meritocracia provocou elogios, críticas e até comentários nem pró, muito menos contra. 

Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira – Renato Santos de Souza 

A primeira vez que ouvi a Marilena Chauí bradar contra a classe média, chamá-la de fascista, violenta e ignorante, tive a reação que provavelmente a maioria teve: fiquei perplexo e tendi a rejeitar a tese quase impulsivamente. Afinal, além de pertencer a ela, aprendi a saudar a classe média. Não dá para pensar em um país menos desigual sem uma classe média forte: igualdade na miséria seria retrocesso, na riqueza seria impossível. Então, o engrossamento da classe média tem sido visto como sinal de desenvolvimento do país, de redução das desigualdades, de equilíbrio da pirâmide social, ou mais, de uma positiva mobilidade social, em que muitos têm ascendido na vida a partir da base. A classe média seria como que um ponto de convergência conveniente para uma sociedade mais igualitária. Para a esquerda, sobretudo, ela indicaria uma espécie de relação capital-trabalho com menos exploração.

Então, eu, que bebi da racionalidade desde as primeiras gotas de leite materno, como afirmou certa vez um filósofo, não comprei a tese assim, facilmente. Não sem uma razão. E a Marilena não me ofereceu esta razão. Ela identificou algo, um fenômeno, o reacionarismo da classe média brasileira, mas não desvendou o sentido do fenômeno. Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUE”. Por que logo a classe média? Não seria mais razoável afirmar que as elites é que são o “atraso de vida” do Brasil, como sempre foi dito? E mais, ela fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social. Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana. E por que a classe média brasileira e não a classe média em geral? Estas indagações me perturbavam, e eu ficava reticente com as afirmações de dona Marilena.

Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela), bem como a postura desta mesma classe nas manifestações de junho deste ano, comecei lentamente a dar razão à filósofa. A classe média parece mesmo reacionária, talvez não toda, mas grande parte dela. Mas ainda me perguntava “por que” a classe média, e “por que” a brasileira? Havia um elo perdido neste fenômeno, algo a ser explicado, um sentido a ser desvendado.

Então adveio aquela abominável reação de grande parte da categoria médica – justamente uma categoria profissional com vocação para classe média – ao Programa Mais Médicos, e me sugeriu uma resposta. Aqueles episódios me ajudaram a desvendar a espuma. Mas não sem antes uma boa pergunta! Como pode uma categoria profissional pensar e agir assim, de forma tão unificada, num país tão plural e tão cheio de nuanças intelectuais e políticas como o nosso? Estudantes de medicina e médicos parecem exibir um padrão de pensamento e ação muito coesos e com desvios mínimos quando se trata da sua profissão, algo que não se vê em outros segmentos profissionais. Isto não pode ser explicado apenas pelo que se convencionou chamar de “corporativismo”. Afinal, outras categorias profissionais também tem potencial para o corporativismo, e não o são, ao menos não da mesma forma. Então deveria haver outra interpretação para isto.

Bem, naqueles episódios do Mais Médicos, apesar de toda a argumentação pretensamente responsável das entidades médicas buscando salvaguardar a saúde pública, o que me parecia sustentar tal coesão era uma defesa do mérito, do mérito de ser médico no Brasil. Então, este pensamento único provavelmente fora forjado pelas longas provações por que passa um estudante de medicina até se tornar um profissional: passar no vestibular mais concorrido do Brasil, fazer o curso mais longo, um dos mais difíceis, que tem mais aulas práticas e exigências de estrutura, e que está entre os mais caros do país. É um feito se formar médico no Brasil, e talvez por isto esta formação, mais do que qualquer outra, seja uma celebração do mérito. Sendo assim, supõe-se, não se pode aceitar que qualquer um que não demonstre ter tido os mesmos méritos, desfrute das mesmas prerrogativas que os profissionais formados aqui. Então, aquela reação episódica, e a meu ver descabida, da categoria médica, incompreensível até para o resto da classe média, era, na verdade, um brado pela meritocracia. 

A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora. 

Assim, boa parte da classe média é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito; é contra o bolsa-família, pois ganhar dinheiro sem trabalhar além de um demérito desestimula o esforço produtivo; quer mais prisões e penas mais duras porque meritocracia também significa o contrário, pagar caro pela falta de mérito; reclama do pagamento de impostos porque o dinheiro ganho com o próprio suor não pode ser apropriado por um Governo que não produz, muito menos ser distribuído em serviços para quem não é produtivo e não gera impostos. É contra os políticos porque em uma sociedade racional, a técnica, e não a política, deveria ser a base de todas as decisões: então, deveríamos ter bons gestores e não políticos. Tudo uma questão de mérito.

Mas por que a classe média seria mais meritocrática que as outras? Bem, creio que isto tem a ver com a história das políticas públicas no Brasil. Nós nunca tivemos um verdadeiro Estado do Bem Estar Social por aqui, como o europeu, que forjou uma classe média a partir de políticas de garantias públicas. O nosso Estado no máximo oferecia oportunidades, vagas em universidades públicas no curso de medicina, por exemplo, mas o estudante tinha que enfrentar 90 candidatos por vaga para ingressar. O mesmo vale para a classe média empresarial, para os profissionais liberais, etc. Para estes, a burocracia do Estado foi sempre um empecilho, nunca uma aliada. Mesmo a classe média estatal atual, formada por funcionários públicos, é geralmente concursada, portanto, atingiu sua posição de forma meritocrática. Então, a classe média brasileira se constituiu por mérito próprio, e como não tem patrimônio ou grandes empresas para deixar de herança para que seus filhos vivam de renda ou de lucro, deixa para eles o estudo e uma boa formação profissional, para que possam fazer carreira também por méritos próprios. Acho que isto forjou o ethos meritocrático da nossa classe média. 

Esta situação é bem diferente na Europa e nos EUA, por exemplo. Boa parte da classe média europeia se formou ou se sustenta das políticas de bem estar social dos seus países, estas mesmas que entraram em colapso com a atual crise econômica e tem gerado convulsões sociais em vários deles; por lá, eles vão para as ruas exatamente para defender políticas anti-meritocráticas. E a classe média americana, bem, esta convive de forma quase dramática com as ambiguidades de um país que é ao mesmo tempo das oportunidades e das incertezas; ela sabe que apenas o mérito não sustenta a sua posição, portanto, não tem muitos motivos para ser meritocrática. Se a classe média adoecer nos EUA, vai perder o seu patrimônio pagando por serviços privados de saúde pela absoluta falta de um sistema público que a suporte; se advém uma crise econômica como a de 2008, que independe do mérito individual, a classe média perde suas casas financiadas e vai dormir dentro de seus automóveis, como se via à época. Então, no mundo dos ianques, o mérito não dá segurança social alguma.

As classes brasileiras alta e baixa (os nossos ricos e pobres) também não são meritocráticas. A classe alta é patrimonialista; um filho de rico herda bens, empresas e dinheiro, não precisa fazer sua vida pelo mérito próprio, portanto, ser meritocrata seria um contrassenso; ao contrário, sua defesa tem que ser dos privilégios que o dinheiro pode comprar, do direito à propriedade privada e da livre iniciativa. Além disso, boa parte da elite brasileira tem consciência de que depende do Estado e que, em muitos casos, fez fortuna com favorecimentos estatais; então, antes de ser contra os governos e a política, e de se intitular apolítica, ela busca é forjar alianças no meio político. 

Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual. Assim, ser meritocrata implicaria não só assumir que o seu insucesso é fruto da falta de mérito pessoal, como também relegar apenas para si a responsabilidade pela superação da sua condição. E ela sabe que não existem soluções pela via do mérito individual para as dezenas de milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza, e que seguramente dependem das políticas públicas para melhorar de vida. Então, nem pobres nem ricos tem razões para serem meritocratas. 

A meritocracia é uma forma de justificação das posições sociais de poder com base no merecimento, normalmente calcado em valências individuais, como inteligência, habilidade e esforço. Supostamente, portanto, uma sociedade meritocrática se sustentaria na ética do merecimento, algo aceitável para os nossos padrões morais. 

Aliás, tenho certeza de que todos nós educamos nossos filhos e tentamos agir no dia a dia com base na valorização do mérito. Nós valorizamos o esforço e a responsabilidade, educamos nossas crianças para serem independentes, para fazerem por merecer suas conquistas, motivamo-as para o estudo, para terem uma carreira honrosa e digna, para buscarem por méritos próprios o seu lugar na sociedade.

Então, o que há de errado com a meritocracia, como pode ela tornar alguém reacionário?

Bem, como o mérito está fundado em valências individuais, ele serve para apreciações individuais e não sociais. A menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas. Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social. Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa. 

Vou gastar as últimas linhas deste texto para oferecer algumas razões para isto, para mostrar porquê a meritocracia é um fundamento perverso de organização social. 

a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.

b) A meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervalorizando o sucesso e estigmatizando o fracasso, bem como atribuindo exclusivamente ao indivíduo e às suas valências as responsabilidades por seus sucessos e fracassos. 

c) A meritocracia esvazia o espaço público, o espaço de construção social das ordens coletivas, e tende a desprezar a atividade política, transformando-a em uma espécie de excrescência disfuncional da sociedade, uma atividade sem legitimidade para a criação destas ordens coletivas. Supondo uma sociedade isenta de jogos de interesse e de ambiguidades de valor, prevê uma ordem social que siga apenas a racionalidade técnica do merecimento e do desempenho, e não a racionalidade política das disputas, das conversações, das negociações, dos acordos, das coalisões e/ou das concertações, algo improvável em uma sociedade democrática e pluralista.

d) A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável “ética do merecimento”, uma perversa “ética do desempenho”. Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas, merecimento e desempenho podem tomar rumos muito distantes. O Mário Quintana merecia estar na ABL, mas não teve desempenho para tal. O Paulo Coelho, o Sarney e o Roberto Marinho estão (ou estiveram) lá, embora muitos achem que não merecessem. O Quintana, pelo imenso valor literário que tem, não merecia ter morrido pobre nem ter tido que morar de favor em um hotel em Porto Alegre, mas quem amealhou fortuna com a literatura foi o Coelho. Um tem inegável valor literário, outro tem desempenho de mercado. O José, aquele menino nota 10 na escola que mora embaixo de uma ponte da BR 116 (tema de reportagem da ZH) merece ser médico, sua sonhada profissão, mas provavelmente não o será, pois não terá condições para isto (rezo para estar errado neste caso). Na música popular nem é preciso exemplificar, a distância entre merecimento e desempenho de mercado é abismal. Então, neste mudo em que vivemos, valor e resultado, merecimento e desempenho nem sempre caminham juntos, e talvez raramente convirjam. 

Mas a meritocracia exige medidas, e o merecimento, que é um juízo de valor subjetivo, não pode ser medido; portanto, o que se mede é o desempenho supondo-se que ele seja um indicador do merecimento, o que está longe de ser. Desta forma, no mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” – se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito.

e) A meritocracia escamoteia as reais operações de poder. Como avaliação e desempenho são cruciais na meritocracia, pois dão acesso a certas posições de poder e a recursos, tanto os indicadores de avaliação como os meios que levam a bons desempenhos são moldados por relações de poder; e o são decisivamente. Seria ingênuo supor o contrário. Assim, os critérios de avaliação que ranqueiam os cursos de pós-graduação no país são pautados pelas correntes mais poderosas do meio acadêmico e científico; bons desempenhos no mercado literário são produzidos não só por uma boa literatura, mas por grandes investimentos em marketing; grandes sucessos no meio musical são conseguidos, dentre outras formas, “promovendo” as músicas nas rádios e em programas de televisão, e assim por diante. Os poderes econômico e político, não raras vezes, estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos.

Critérios avaliativos e medidas de desempenho são moldáveis conforme os interesses dominantes, e os interesses são a razão de ser das operações de poder; que por sua vez, são a matéria prima de toda a atividade política. Então, por trás da cortina de fumaça da meritocracia repousa toda a estrutura de poder da sociedade.

Até aí tudo bem, isso ocorre na maioria dos sistemas políticos, econômicos e sociais. O problema é que, sob o manto da suposta “objetividade” dos critérios de avaliação e desempenho, a meritocracia esconde estas relações de poder, sugerindo uma sociedade tecnicamente organizada e isenta da ingerência política. Nada mais ilusório e nada mais perigoso, pois a pior política é aquela que despolitiza, e o pior poder, o mais difícil de enfrentar e de combater, é aquele que nega a si mesmo, que se oculta para não ser visto.

e) A meritocracia é a única ideologia que institui a desigualdade social com fundamentos “racionais”, e legitima pela razão toda a forma de dominação (talvez a mais insidiosa forma de legitimação da modernidade). A dominação e o poder ganham roupagens racionais, fundamentos científicos e bases de conhecimento, o que dá a eles uma aparente naturalidade e inquestionabilidade: é como se dominados e dominadores concordassem racionalmente sobre os termos da dominação.

f) A meritocracia substitui a racionalidade baseada nos valores, nos fins, pela racionalidade instrumental, baseada na adequação dos meios aos resultados esperados. Para a meritocracia não vale a pena ser o Quintana, não é racional, embora seus poemas fossem a própria exacerbação de si, de sua substância, de seus valores artísticos. Vale mais a pena ser o Paulo Coelho, a E.L. James, e fazer uma literatura calibrada para vender. Da mesma forma, muitos pais acham mais racional escolher a escola dos seus filhos não pelos fundamentos de conhecimento e valores que ela contém, mas pelo índice de aprovação no vestibular que ela apresenta. Estudantes geralmente não estudam para aprender, estudam para passar em provas. Cursos de pós-graduação e professores universitários não produzem conhecimentos e publicam artigos e livros para fazerem a diferença no mundo, para terem um significado na pesquisa e na vida intelectual do país, mas sim para engrossarem o seu Lattes e para ficarem bem ranqueados na CAPES e no CNPq. 

A meritocracia exige uma complexa rede de avaliações objetivas para distribuir e justificar as pessoas nas diferentes posições de autoridade e poder na sociedade, e estas avaliações funcionam como guiões para as decisões e ações humanas. Assim, em uma sociedade meritocrática, a racionalidade dirige a ação para a escolha dos meios necessários para se ter um bom desempenho nestes processos avaliativos, ao invés de dirigi-la para valores, princípios ou convicções pessoais e sociais.

g) Por fim, a meritocracia dilui toda a subjetividade e complexidade humana na ilusória e reducionista objetividade dos resultados e do desempenho. O verso “cada um de nós é um universo” do Raul Seixas – pérola da concepção subjetiva e complexa do humano – é uma verdadeira aberração para a meritocracia: para ela, cada um de nós é apenas um ponto em uma escala de valor, e a posição e o valor que cada um ocupa nesta escala depende de processos objetivos de avaliação. A posição e o valor de uma obra literária se mede pelo número de exemplares vendidos, de um aluno pela nota na prova, de uma escola pelo ranking no Ideb, de uma pessoa pelo sucesso profissional, pelo contracheque, de um curso de pós-graduação pela nota da CAPES, e assim por diante. Embora a natureza humana seja subjetiva e complexa e suas interações sociais sejam intersubjetivas, na meritocracia não há espaço para a subjetividade nem para a complexidade e, sendo assim, lamentavelmente, há muito pouco espaço para o próprio ser humano. Desta forma, a meritocracia destrói o espaço do humano na sociedade.

Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos. Assim, embora eu tenda a concordar com a tese da Marilena Chauí sobre a classe média brasileira, proponho aqui uma troca de alvo. Bradar contra a classe média, além de antipático pode parecer inútil, pois ninguém abandona a sua condição social apenas para escapar ao seu estereótipo. Não se muda a posição política de alguém atacando a sua condição de classe, e sim os conceitos que fundamentam a sua ideologia. 

Então, prefiro combater conceitos, neste caso, provavelmente o conceito mais arraigado na classe média brasileira, e que a faz ser o que é: a meritocracia.

Redação

652 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Se você se ativer ao que

    Se você se ativer ao que chamo inércia social, talvez concorde que é este o real sentido do que chamas meritocracia.

    Meritocracia é algo que a própria classe média reivindica como nome do motor de sua continuidade, o que impegna o termo de moralismo justificante.

    A classe média brasileira é das maiores obras do Príncipe do Mundo. Não há, em termos genéricos, nada mais deformado que dois exemplares deste grupo: o juiz e o médico brasileiros são os ápices da deformação.

     

    1. The middle class

      Em uma cena do filme “Os Dez Indiozinhos”, adaptação de Agatha Christie, o médico e o juiz travam o seguinte dialago, bem ao gosto british:

      Juiz – “Então o doutor não confia na medicina… “

      Médico – “E o juiz, confia na Justiça ?”

      Risos cinicos, aperto de mão e cada um parte para seu lado.

       

    1. A classe média brasileira e Carolina

      Esta análise é ainda melhor. Parabéns ao autor do blog A Poção de Panoramix. Mais breve, e perfeita. Discordo só sobre a classe média alta, pois eu incluiria a classe média-média também.

  2. Não existe meritrocracia no Brasil
    Longo texto para uma visão orgulhosa de quem quer se justificar.
    Não existe meritrocracia no Brasil, no máximo conchavocracia.
    A classe média é reacionária pois quer manter seu destaque social em relação a maioria.

    1. Rapaz, voce não viu como o

      Rapaz, voce não viu como o autor explicou magistrlamente como a “conchavocracia’ está inserida na “meritocracia à brasileira”? Leia de novo, vale a pena

  3. Os CRMs não representam os médicos

    Nassif, sua analise é brilhante, mas discordo da tão falada unanimidade médica. A imprensa, querendo atingir o governo alardeou em primeiras capas um tal movimento médico na maioria das vezes com 50 ou 60 gatos pingados que se diziam representante dos médicos. Nossos representantes são do CRM – um Conselho, não um sindicato. Sou médico aqui no Paraná e o tal movimento aqui foi um fracasso. 150 médicos não representam os20 mil de médicos que temos aqui. Os CRMs são tomados pela direita médica reacionária e a maioria dos médicos não participou. Lembre que a imprensa é que ajudou a construir este dito movimento médico que na minha avaliação foi pífio e desortganizado…sem representatividade. Houve unanimidade nos Conselhos, não na classe médica.

  4. Meritocracia

    Prezado Renato,

    É preciso fôlego para lê-la, mas a sua análise é excelente. Acrescentaria apenas uma observação qie, talvez, possa ajudá-lo: o uso do incentivo à meritocracia pelas classes ricas e médias altas, patromonialistas econômicas e culturais, servem para dispersar qualquer foco transformador da sociedade, fosse ele através de arranjos políticos ou revolucionários. E são intencionais.

    São os tais: “por que não estudaram, não procuram emprego, gostam de axé e pagode, ninguém lê livros”.

    Posso estar errado, Renato, mas seus pensamentos bebem, creio que de forma intencional, bastante nas fontes deixadas por Pierre Bourdieu.

    Parabéns e abraço!

    1. Resposta

      Obrigado Rui Daher. Concordo com você sobre a conveniência das elites fomentarem a meritocracia, acho que me escapou porque, provocado pela Marilena Chauí, eu estava preocupado em interpretar o comportamento político da nossa classe média, e mostrar porque a seu ethos meritocrático gera um comportamento concervador e despolitizado. Mas suas observações são muito pertinentes.

      Minhas influências são múltiplas, Bourdieu (o campo de lutas dos critérios de avaliação, as distribuições de capitais nos campos que influem nos poderes sobre a avaliação, etc.); Foucault (os “efeitos de verdade” das avaliações meritocráticas), Weber, o ethos meritocrático e a racionalidade instrumental que ele acaba forjando; Husserl e os fenomenologistas sobre a formação da subjetividade humana, dentre outros.

      Abraço, e obrigado pelo comentário

      1. Pq nao usa um nick, em vez de apenas se intitular de anônimo?

        Nao acho que ninguém tenha a obrigaçao de revelar sua identidade da vida offline. Mas se chamar de anônimo impede que os outros te identifiquem como alguém específico e te reconheçam em outros comentários. Vc fez um ótimo comentário, mostrou ter boas leituras (adoro Bourdieu), seria bom poder seguir seus comentários. 

        Além disso, a identificaçao, mesmo com nome fantasia, se acompanhada de CADASTRO, é um meio de defesa dos espaços contra trolls… 

  5. Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira

    Fiquei impressionado com a lucidez do Renato.

    Parabéns pelo texto.

    Acredito que ele está no caminho certo ao perceber que a “desempenhocracia” é a raiz  da intolerância.

    Penso, no entanto, que a classe média americana também acredita piamente nesses valores, até mais do que a brasileira.

    Daí o Tea Party, por exemplo, que reflete exatamente os valores que o Renato apontou.

    Grande abraço,

    Marcuses

     

     

     

    1. Obrigado Marcuses
      Com relação

      Obrigado Marcuses

      Com relação à classe média americana, não estou bem certo, mas acho que o seu conservadorismo está mais associado a uma moral religiosa intolerante e a um nacionalismo imperialista, mais do que à meritocracia. Afinal, o Obama foi eleito, em grande parte, por suas promessas de oferta de mais serviços públicos, não de incrementar a desempenhocracia. O que existe lá, também, no plano político, são poderosas elites a manipular o Congresso e lobies profissionais que distorcem o sistema legislativo, baseado em um sistema de representação arcaico. Não estou certo de que o Tea Party represente o pensamento médio da classe média americana.

      De qualquer forma, muito obrigado pela contribuição.

  6. Não há, em termos genéricos,

    Não há, em termos genéricos, nada mais deformado que dois exemplares deste grupo: o juiz e o médico brasileiros são os ápices da deformação.¨

    Meu Deus, gerei dois monstros………….!

    1. Pois é, veja só a China:

      Pois é, veja só a China: tentou implacar o positivismo (Legalismo) em 221 a.C.. Não deu certo, retornaram ao Confucionismo e está aí até hoje como o mais antigo povo.

  7. Classe média

    Excelente texto.Parabéns ao autor pela clarividência demonstrada. Espero que o “desvendamento da espuma”  tenha ressonância e possibilite mais desdobramentos.

  8. Primeiro, deve-se saudar o

    Primeiro, deve-se saudar o autor por não partir para o “ad hominen” tão comum na blogosfera, e tentar identificar quais são as forças que fazem da classe média brasileira o que ela (supostamente) é. No entanto, vale fazer algumas provocações com base nos argumentos do texto:

    – realmente a meritocracia é um conceito muito complicado. Eu sempre fui um “fã” do conceito, pelo simples fato de ter me beneficiado imensamente dele (boas notas na escola, bom desempenho profissional no trabalho, entre outras coisas). No entanto, com o tempo percebi que a minha facilidade com os estudos e o aprendizado está longe de ser um “mérito” meu, e sim apenas um acaso, quiçá genético, quiçá fenotípico, que não deveria me dar o direito de automaticamente ganhar mais que alguém sem as mesmas características.

    – por outro lado, ninguém pode discutir a importância da meritocracia para o avanço da produtividade, da economia, do conhecimento científico … não estou falando aqui puramente de crescimento do PIB, mas de questões importantes como a capacidade de resposta do setor público, que hoje é certamente prejudicada pela falta de meritocracia – não adianta o concurso público ser “meritocrático” (e eu coloco entre aspas porque o concurso é, ao meu ver, uma forma bastante limitada de seleção) se, ao entrar nas carreiras, os servidores são promovidos automaticamente, independentemente do seu desempenho (ou falta dele).

    – assim, talvez o caminho mais razoável seja aumentar a igualdade de condições (e é aí que políticas como a de cotas mostram seu valor) e, fundamentalmente, construir uma sociedade com salários mais homogêneos – em que um médico não ganhe 30 vezes mais que um lixeiro. No entanto, é aí que aparece outro problema da classe média brasileira: ela está acostumada com uma sociedade “pós-escravocrata” em que a mão-de-obra de baixa qualificação é muito barata. Inclusive, não concordo com o diagnóstico que os EUA não são uma sociedade meritocrática, muito pelo contrário (eles são e muito – até por uma questão cultural/religiosa decorrente do calvinismo). No entanto, existe claramente uma diferença no valor do trabalho: mesmo com a importação de imigrantes para atuar com trabalhos de menor qualificação, são poucas as pessoas que podem ter uma empregada doméstica, e a cultura DIY (do it yourself) para atividades domésticas como jardinagem, pintura, instalações elétricas etc é muito mais forte do que aqui. 

    – outro reparo importante é observar que, embora a Europa seja realmente mais adepta dos Esatdos de Bem Estar social, sua classe média também não vê necessariamente com bons olhos as políticas de proteção aos desempregados/desamparados. Da mesma forma que aqui, muitos enxergam tais coisas como “dar dinheiro pra vagabundo”. De fato, muita gente aqui no Brasil da “nova classe média” (que para mim está mais para uma classe baixa “remediada” em termos de condições financeiras e estabilidade de longo prazo) também pensa da mesma forma.

    – por último, o caso dos médicos é muito peculiar, primeiro porque a categoria é mais organizada que a média, e segundo porque é o primeiro caso de uma política pública que explicitamente traz profissionais estrangeiros para “concorrer” com os brasileiros. Eu duvido que os CREAs não iriam “enlouquecer” se o governo lançasse um “Mais Arquitetos”.

    Resumindo, como em tantas outras coisas na vida, não cabe nem demonizar nem fazer uma apologia à meritocracia, e sim saber em que situações ela é benéfica para a sociedade e atacar os casos em que ela justifica desigualdades e injustiças.

  9. Lembrei-me de um comentário

    Lembrei-me de um comentário publicado nesse blog há meses atrás. Orgulhoso senhor que tinha acabado de passar em um concurso público federal (o céu da classe média brasileira no momento é o serviço público), falava com desdém não sei mais de que situação, acho que de cotas em universidades, e sempre afirmava: eu, que ralei dois anos estudando para passar em meu concurso…  

  10. nunca vi tamanho besteirol
    o

    nunca vi tamanho besteirol

    o merito so pode ser dado em uma disputa igualitaria, o proprio vestibular é uma maneira de previlegiar classe media alta, a 50 anos nao passava de 5% da sociedade, classificar de “merito” um guri que teve condicoes de vida digna, com dedicacao integral ao estudo ate 18 anos, acesso a informacao, viagens, etc,,, com um guri da periferia, sem estabilidade financeira da familia, sem condicoes adequadas de moradia, sem alimentacao adequada, sem esgoto com doencas constantes, tendo que trabalhar para ajudar familia, cursando uma escola que num semestre tem 3, 4 professores diferentes, uma sala de aula com 50 alunos, etc,,,isso nao nem nada de meritos, por,,,, nenhuna, na inglaterra, franca ou europa em geral, todos tem condicoes pelo menos semelhantes, ai tudo bem,,,,aqui forma manutencao, so ver melhores escolas publicas do pais, predominancia da origem classe media alta, desvio recurso publico para uma setor determinado, usp claramente, 

    o me pareceu é que autou quer esconder a origem da classe media brasileira, ao inves de meritos, historicamente tem a ver com corrupcao, crimes, autoritarismo, seja do campo onde predominava relacao com estado e boa equipe com “meritos”de tomar terras ou da cidade, ligadas a corrupcao do estado ou indicacao politica, principalmete a paulista, forte origem nas indicacoes para altos salarios de estatais e governo, vide regra, 

    o autor despresa que para este setor a democracia e principalmente governo como do lula tirou previlegio do grosso da classe media, principalmente paulista, seus filhos ja nao podem mais ser indicados para um servico publico com bons salarios, seus filhos nao sao mais os unicos a ter acesso a facudade, o status de quem tinha um fusca era superior a quem andava de carroca, a ira contra popularizacao de carro alias nao é monopolio da classe media paulista, rio grande deu varios exemplos de intolerancia, inclusive nos seus comentarios de tv, se pegamos so exemplo das dometicas que estao perdendo da pra montar uma tese, sem democracia, tinham varias, sem direito, trabalhando 24 hs e ainda era um favor empregalas e dar comida,,,

    senhor professor, lamento pelos seus alunos, mas origem reacionaria da classe media brasileira tem a ver perda de previlegios advindos da democracia e da melhor distribuicao de renda e OPORTUNIDADES, DAI A REACAO

    em tempo: ao afirma que conseguir ser medico se deve ao MERITO pessoal, como explica quase inxistencia de negros e classe nao media em suas origens, SERIA POR FALTA DE MERITOS DOS NEGROS E CLASSE NAO MEDIA??????

     

     

    1. Resposta

      Desculpe ao Anônimo, mas sugiro ler o texto até o final, creio que você tenha ficado com uma impressão errada sobre ele por não ter concluído a leitura. Talvez suas impressões sobre ele mude um pouco. Acho que você confunde a elite com a atual classe média brasileira, esta da qual estou falando e provavelmente não atentou para a minha visão sobre a meritocracia impregnada no imaginário desta classe média.

      De qualquer forma, obrigado pelo comentário, todas as críticas me são bem vindas, me ensinal alguma coisa.

        1. Identificação de anônimo

          Excesso de anônimos por aqui dificulta identicar os diálogos. Sugiro pelo menos se identicarem como anônimo 1,2,3,4, etc… 

      1. li sim, ate o final,,,
        vi o

        li sim, ate o final,,,

        vi o seu desfecho, a tese do texto é baseada no merito, quando origem da classe media, principalmente a paulista nem tem vinculo com isso, ate concordo que ele seja usado como falso dogma, mas veja bem, a origem, a assencia da origem da classe media paulista e brasileira esta relacionada manutencao de previlegios sobre resto da sociedade, com uso de autoritarismo e corrupcao do estado, na nossa historia quantos periodos de democracia tivemos? o que quero disser que origem REACAO  da classe media é contra a democracia, na democracia a meritocracia se sobrepoe ao dar condicoes teoriamete a todos, portanto, a classe media tambem reage ao merito, ela reage a dar mesmas chances de estudo a seu filho e um da classe baixa, nao aceita meritocracia, dai tese toda do texto, eu considera um vicio de origem

        a classe media antiga ou anterior a democracia, a de antes de 90, digamos, nao se mantem nessa condicao social justamente por falta de meritos, herancas estao sendo consumidas, o DNA parasita que existe nesse setor ira liquida los, se democracia (consequentemente valorizacao do merito indivdual) permanecer por uma ou duas geracoes

        1. Permitem-me, os dois, dar um

          Permitem-me, os dois, dar um pitaco. Acredito que a discordância principal está na palavra “mérito”. Duvido que o Rentao discorde quando o “Anonimo” afirma que “em igualdade de condições, sem as vantagens que o dinheiro (e poder) oferecem ao rico em detrimento do pobre, é o mérito que prevalece”.

          Só que o autor discute as implicações do que signiifca de fato o ‘mérito” em nossa sociedade. Ela analisa o “mérito” dentro de um contexto, não como um valor absoluto, em si, como o Anonimo. 

          1. Obrigado Juliano, pela

            Obrigado Juliano, pela força.

            No meu texto está escrito:

            “A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável ética do merecimento, uma perversa ética do desempenho”.

            “Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas, merecimento e desempenho podem tomar rumos muito distantes”. “No mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” – se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito”.

            “A meritocracia escamoteia as reais operações de poder… tanto os indicadores de avaliação como os meios que levam a bons desempenhos são moldados por relações de poder; e o são decisivamente… por trás da cortina de fumaça da meritocracia repousa toda a estrutura de poder da sociedade”.

            Tentei deixar clara a minha visão no texto, de que na meritocracia não é o merecimento e sim o desempenho que conta, e este é pautado não só pelas condições diversas de cada um, mas também pelas estruturas de poder na sociedade.

            Renato Souza

    2. Anônimo intercedendo com o Anônimo pelo Anônimo

      Caro Anonimo

      Na verdade, seu comentário me parece ir um tanto ao encontro do resumo do post (que gostei, tirando alguns poucos pontos e vírgulas, o que é natural).

      Juntando ambas as constatações e opiniões, constroi-se uma visão complementar do tema, o qual é muito relevante.

      Abraço do Anônimo ao Anônimo e parabéns ao Anônimo.

       

      PS: mutio esclarecedor: este anônimo é o ed. não logado, o anônimo parabenizado é o Renato Souza e o outro anônimo ainda é anônimo (mas fora a (des)qualificação de “besteirol”, também contrbuiu positivamente).

       

  11. Aula de Sociologia

    O artigo é uma verdadeira aula de Sociologia. O texto do Sr. Renato sugere um excelente tema aos estudantes para a conclusão do Curso (TCC – Tema: Meritocracia).

  12. Ideologia 1 x Bom Senso 0

    Vamos sortear nossos mecânicos, médicos, advogados? Por mais subjetivo que seja meu relacionamento com meu mecânico se ele pisar na bola eu costumo procurar outro, não tem nada de subjetivo nisso. Meritocracia perfeita não existe, mas seguindo esta argumentação a fábula da cigarra e da formiga vai ser condenada como propaganda direitista conspiratória.

  13. Classe Média e Meritocracia

    Interessante sua análise Renato, mas acredito que você esqueceu de incluir um aspecto fundamental em sua análise, como segue:

    Todos que pertencem à classe média sabem que usaram ou usam o Estado de alguma forma. Ou a universidade pública onde estudou ou seus filhos estudam, ou no seu salário como funcionário público ou como empresário fornecedor para a máquina pública; ou até mesmo na hora dos “xunxos” na declaração do imposto de renda.

    A reação dos médicos é diretamente proporcional ao fim dos contratos com prefeituras para atender o interior ou periferias das grandes cidades. Perder um contrato de R$ 30.000,00 para atender um dia por semana vai doer no bolso de qualquer pessoa. “Uma grande injustiça”

    Entendo ser muito otimista enquadrar a visão da classe média brasileira como baseada na Meritocracia.  Essa classe média tem origem no brutal sistema escravocrata, e considera-se herdeira de privilégios, sonha com a Casa Grande e morre de medo da Senzala.

    A Meritocracia pertence à sociedades culturalmente liberais, o que não é o caso das Terras Brasillis.

    A classe média brasileira acha muito “chic” a Meritocracia, tem cheiro e aparência de “primeiro mundo”, mas na prática ela sabe muito bem que por estas paragens o que funciona são os privilégios – mantidos na base da violência.

    1. Anonimo, porque só agora voce

      Anonimo, porque só agora voce me explica a oposição tão histérica dos coxinhas de branco ao “Mais Médicos”? Putz, eu presumia algo assim, mas não tinha certeza.

      Fim dos contratos com as prefeituras, em que os CRMs iriam negociar para que o salário oferecido aos que fossem aos cafundó do Judas pudessem, quem sabe, aumentar ainda mais? Mais de 30 mil? Aí chegam os “escravos do Fidel’ para atrapalhar?

      Está explicado o furor “civico” dos coxinhas de jaleco. E toda a disposição para lutar por uma saúde “padrão Fifa”

  14. Competição

    A meritocracia é a nossa forma (ir)racional de nos igualarmos às espécies predatórias de animais.

    Em nossa sociedade (como um todo) existe o culto ao vencedor, ao melhor, ao mais rico, à tudo que represente algum tipo (subjetivo ou objetivo, como queiram) de sucesso. Sendo que para existir um vencedor, deve existir um perdedor, para existir um melhor, deve existir um pior. Isso é ensinado desde cedo, o culto à competição. Todos querem se sair melhor em tudo, geralmente com os fins justificando os meios.

    O culto à competição é tão feroz que até coisas de julgamento subjetivo, como músicas, filmes, têm de ter um melhor e outro pior. Até em eventos esportivos, onde a competição deveria ser algo objetivo, também há julgamentos subjetivos, por notas, como em ginastica artística.

    Atualmente a principal competição que se nota é a de quem consegue juntar mais dinheiro. Se tornou sinônimo de um ser humano bem sucedido aquele que enriquece. Não importam os meios, não importa a finalidade de se ter tanto dinheiro. Importa é estar na lista dos mais ricos para provar o sucesso (?) de uma vida. Se você parar algumas pessoas na rua e perguntá-las “qual seu sonho?”, várias dirão: – ficar rica(o). O conceito de sucesso é ter dinheiro para esbanjar, para poder fazer o que quiser, não necessariamente ser produtivo para a sociedade.

    Voltando à nossa classe média, ela parte em um rumo muito perigoso, que não gosto de pensar. Um rumo de extremismos. Não só extremismos políticos, mas de pensamento. Um rumo de uma intolerância, uma pseudo-moralidade (outro conceito subjetivo), uma insensibilidade que me amedrontam.

    Estas manifestações de junho, julho, agosto, setembro… de início me motivaram, me animaram, mas depois me mostraram que os tempos serão difíceis. Não pela classe política, que é e sempre foi a mesma, mas pelo povo (do qual faz parte a classe política, e do qual sairão os “novos” políticos, que terão os mesmos métodos e mesmas práticas, pois não há mudança cultural nem de pensamento). Mas uma vez o importante era vencer, desta vez no grito. Só no grito. A inteligência, a capacidade de pensar, em nenhum momento foi usada. Fruto da competição? Da importância suprema de vencer? Alguém venceu?

      1. Nao misture alhos c/ bugalhos, Darwin com Spencer

        Se nao entendeu no título, vá ver na Wikipédia quem foi Spencer, e vc entenderá porque o que pensa que é Darwin é na verdade Spencer. Que apenas usou o pensamento de Darwin como pretexto exatamente para justificar os privilégios sociais dos “vencedores”. 

  15. Não é dificil identificar a

    Não é dificil identificar a razão por tras do “reacionarismo” da classe média: não tem direito à Bolsa Familia (dos miseravies) nem à Bolsa BNDES (dos miliardarios), mas sustenta a ambas com seus impostos; ao contrario dos ricos, não tem muita margem de manobra pra fugir da sanha confiscatoria do Leão brasileiro em todas as suas esferas, quando muito tem um descontinho aqui ou ali no IR porque paga por educação e saude privadas;  sempre que algum despossuido de manual reclama por direitos, do tipo andar de graça à vontade no transporte publico, a classe média ja sabe do bolso de quem vai sair o aumento da popularidade do politico que porventura os conceder. Enfim, a classe média é feita de gente que no geral trabalha muito, paga muito imposto, se diverte pouco, não usa os seviços publicos porque de péssima qualidade, vive com medo de levar um tiro na cara de algum marginal. Marilena Chaui e o autor do texto queriam o que?

      1. Privilégios

        Isso só vale para as gerações que atravessaram as décadas de 80 pra cá, quando os serviços públicos foram deprimidos por causa da crise fiscal do Estado e da hegemonia ideológica neoliberal. Antes disso as classes médias sempre tiveram, sim, muitos privilégios que nunca admitiram; pelo contrário defendiam como merecidos.

        Hábitos de classe são forjados ao lngo de gerações e gerações; vêm de longa data.

    1. O pagador de impostos

      Fala como se fosse o unico que paga imposto. As classe baixas que recebem bolsa família, que voce chama de vagabundos, pagam imposto também, além de tambem trabalharem (o bolsa é complemento a um salário de fome).

      Pagam no consumo, que é para onde vai 100% do que ganham. A classe média pode fazer poupança, a duras penas, eles nem isso.

      E uma das injustiças tributárias é exatamente essa. Os impostos cobrados no consumo no varejo, deveriam diminuir, e o cobrado no salário deveriam aumentar proporcionalmente. É assim nos países nórdicos, por exemplo

       

      1. Senhor Juliano (pelo menos se

        Senhor Juliano (pelo menos se identifica com um nome, não é simplesmente “anônimo”), não seja desonesto ao ponto de botar palavras no teclado alheio: onde chamei quem quer que seja de “vagabundo”? Depois os comentaristas “de esgoto” são os outros, né?

        Pobre paga muito imposto? Paga, proporcionalmente à renda, paga muito. Mas, em termos absolutos, não é o imposto do pobre que sustenta o país. E, bem ou mal (mais mal do que bem, certamente), o pobre ainda faz uso dos serviços públicos precários que temos. A classe média (com exceções, não se dê ao trabalho de apontá-las que eu conheço bem) só paga, amigo. Paga e tem de aguentar, de preferência calada e, mais do que isso, penitente, puxão de orelha de intelectual engajado que também deve seu salário aos impostos que ela paga.

        Mas, bom, a gente sabe o que a classe média tem que fazer pra se redimir aos olhos da Marilena Chauí, do autor do texto e, acredito, pro senhor também, não sabemos? Basta votar na Dilma em peso ano que vem.

        Votar no PT é o Omo da alma.

        1. Verdadeiramente

          70% da arrecadação da Uniao é bancada pelas 5000 maiores empresas do país. O resto é o que as demais PJ e PF pagam. Classe média não paga benefício de pobre algum, quem paga é a Petrobrás, a Vale, a Embraer, Ipiranga, Raízen, Ambev, Cargill, Bungee, Fiat etc. Dentre as características meritocráticas da classe média há essa, de acreditar que seus impostos sustentam o país. Besteira. Não conheço um empresário que paga mais imposto de renda do que qualquer empregado de salário mediano, que vem retido na fonte, e ganham algumas vezes mais que esse empregado.

  16. Como apontar o médico (ou

    Como apontar o médico (ou mesmo o juiz como alguém mencionou depois) como representante(s) da classe média se até pela classificação do próprio governo, considerando o salário que tais profissionais ganham já seriam considerados parte de uma família da classe A? Podem não ser a nata da nata, mas estão longe de ser considerados classe média.

     

    Outra ressalva que faço em relação ao bom artigo é quando fala dos EUA, pois o “sonho americano”, a noção de que qualquer um pode vencer e ter sucesso na vida desde que trabalhe duro é essencialmente meritocrática. Tal meritocracia pode até não “proteger” a classe média americana daqueles mais abaixo, mas não é facilmente negada por lá, basta ver o drama que foi a discussão do Obamacare recentemente. A meritocracia é parte inseparável da cultura americana. E provavelmente, o “sonho americano”, influencia (in)diretamente os nossos defensores da meritocracia, graças ao consumo de várias formas de cultura oriunda dos States.

  17. Que tal pensar por outro lado?

    A classe média, até agora, tem sido a grande vítima e o alvo preferido do PT.

    Quando precisaram fazer uma reforma da previdência, quem se ferrou? a classe média.

    Quem foi o principal prejudicado pelas cotas? a classe média

    Enfim, basta ver em várias áreas que a classe média tem se ferrado.

    Por outro lado, em fez de afagar a classe média, o PT prefere atacar. Que tal mudar a tabela do IR, para desafogar um pouco a classe média?

    Enfim, em vez de atacar, o PT deveria afagar um pouco a classe média. 

    1. Erro de estratégia

      Concordo com quase todas as afirmações. Mas não com a palavra “alvo”.

      Ora, para diminuir a desigualdade, é preciso redistribuir renda.

      Quem teria mais a fornecer seria a classe econômica A e os muito ricos.

      Mas toda vez que se tenta redistribuir usando a grana da “cobertura”, é uma grita geral.

      E sabe quem sempre fica do lado dos mais ricos: a pobre da classe média.

      Portanto, vai continuar pagando a conta enquanto não reconhecer que para defender seus próprios interesses não pode ajudar a blindar os que estão muito acima.

       

      1. Vá lá, Orides, explica pra

        Vá lá, Orides, explica pra gente como a classe média “blinda” os mais ricos. Gostaria de ver isso. Mas, por favor, não saque o voto (majoritário, mas longe de ser uma maioria absoluta, esmagadora) no Serra em 2010 como “argumento”.

    2. Não só do PT, temos que ser

      Não só do PT, temos que ser justos. Sempre que algum político quer fazer bonito junto à massa de desassistidos, não tem dúvida: assalta de algum jeito o bolso da classe média.

  18. Escelente  análise. É bom

    Escelente  análise. É bom destacar que o autor não apresenta uma teoria fechada. Ele argumenta bem e dá bons exemplos para ilustrar o que diz. Não se mostra dono da verdade. Apresenta caminhos convincentes para se chegar a uma conclusão sobre o que se convencionou chamar de classe média. Cito uma experiência recente que se incorpora como uma luva a esta análise. Ao comprar ingresso para o cinema apenas perguntei para a pessoa à frente, na fila, sobre o filme. Descendente de japoneses a pessoa me informou e começou a conversar e de repente a repetir as críticas mais primárias sobre o Bolsa Família. Reagi em defesa do programa e literalmente quase apanhei. Seu argumento básico: “estão dando dinheiro a vagabundos”. Acrescentou: “meu pai trabalhou a vida inteira muito duro para os filhos estudarem e nós fizemos faculdade, ele virou empreendedor e está bem de vida, ninguém ajudou, não precisou de bolsa família”, etc. É a meritocracia em ação como analisa o autor. Esta é a claase média por aqui.

  19. Escelente  análise. É bom

    Escelente  análise. É bom destacar que o autor não apresenta uma teoria fechada. Ele argumenta bem e dá bons exemplos para ilustrar o que diz. Não se mostra dono da verdade. Apresenta caminhos convincentes para se chegar a uma conclusão sobre o que se convencionou chamar de classe média. Cito uma experiência recente que se incorpora como uma luva a esta análise. Ao comprar ingresso para o cinema apenas perguntei para a pessoa à frente, na fila, sobre o filme. Descendente de japoneses a pessoa me informou e começou a conversar e de repente a repetir as críticas mais primárias sobre o Bolsa Família. Reagi em defesa do programa e literalmente quase apanhei. Seu argumento básico: “estão dando dinheiro a vagabundos”. Acrescentou: “meu pai trabalhou a vida inteira muito duro para os filhos estudarem e nós fizemos faculdade, ele virou empreendedor e está bem de vida, ninguém ajudou, não precisou de bolsa família”, etc. É a meritocracia em ação como analisa o autor. Esta é a claase média por aqui.

    1. Bem, nem tanto ao céu, nem

      Bem, nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.

      Bolsa Família é um programa de assistência social imprescindível em um país como o Brasil, que possui dezenas de milhões de excluídos e em estado de miséria. 

      Ao mesmo tempo, representa o reconhecimento, pelo próprio Estado, de sua incapacidade em fornecer meios, garantir subsídios para que o indivíduo alcance a sua autonomia. Que se destaque esta minha afirmação, pois existe uma mania de alguns de celebrar o BF como se fosse um início de “Welfare State”. Não, não é. É, na verdade, a negação dele.

      O discurso do descendente de japonês, embora revele uma incompreensão com o Programa que o leva a insensibilidade social, não pode ser totalmente descartado. 

      A história dos imigrantes que vieram do Japão sempre foi pontuada pela pobreza e pela miséria. O Japão, até o quarto final do século 19, era feudal. Os japoneses que vieram para cá – em sua esmagadora maioria antigos servos – nunca tiveram chances de estudar lá, subir na vida (pois a sociedade era dividida em rígidas classes), e assim investiram todas as suas fichas na educação dos filhos. A aposta foi acertada, o que demonstra (se é que precisava de demonstração) que o maior instrumento de emancipação social existente é a educação.

      O governo federal, de 2003 para cá, teve um indiscutível mérito em amparar milhões de brasileiros com o Bolsa Família. 

      Só que, 11 anos depois, a educação – que deveria ser o investimento de longo prazo enquanto o BF matava a fome destas pessoas – não deu nenhum salto qualitativo, e o sonho de consumo dos excluídos do nosso país ainda é a educação privada. Isto causa uma situação perversa, em que mantém os beneficiários atrelados ao assistencialismo do Estado e os torna eleitores vulneráveis, altamente suscetíveis a cair no “discurso do medo” (o da perda do programa caso algum opositor chegue ao poder). 

      Os japoneses que vieram para cá tiveram a sorte de ter encontrado ensino público gratuito e de qualidade. Os seus filhos estudaram na Usp e os seus netos puderam estudar em bons colégios privados. Se tornaram algo que a maioria nunca foi no Japão: classe média.

      Teriam a mesma ascensão, se tivessem migrado pobres, HOJE, para o Brasil, com ensino público em frangalhos e ensino privado a preços aviltantes? Não sei não..seria muito mais difícil..

      É por isto que o discurso do descendente, apesar de acertar no que se refere a educação como principal meio de ascensão social, peca no simplismo de considerar ser a meritocracia do seu pai algo puro, despido das condições sócio-políticas da época. Todavia, tão simplista quanto, é celebrar o Bolsa Família sem cobrar do governo sua fatura mais cara: educação gratuita e de qualidade.

      Assim, no caso dos nossos excluídos, que hoje recebem Bolsa Família, ou figuram dentre os milhões que conseguiram empregos com baixa especialização e rendimentos de até 1,5 Salário Mínimo, só uma educação pública gratuita, universal e de qualidade poderá retirá-los deste estado de eterna estagnação social.

      1. Boa contextualização

        Bem lembrado o contexto da época e sua correlação com a meritocracia. Cabe colocar outra contextualização histórica. Apesar de todos as penúrias da época aqueles que imigraram para o Brasil foram beneficiadas por alguma politica pública. As vezes um pedaço de terra sordida no meio do nada. Coisa que nem de perto tiveram os escravos libertos.

  20. ArthurTaguti

    Excelente reflexão Renato. Uma verdadeira aula.

    Só queria acrescentar alguns pontos, que você e outros podem ou não concordar.

    1) Nossa sociedade sempre teve duas classes sociais muito fortes: os “donos” (donatário, senhor de engenho) e o povão marginalizado. Como uma classe detém poder absoluto e a outra sente o poder do chicote, a classe média surgiu basicamente para funcionar de “equipe de apoio” às classes mais altas, tornando-se advogados, médicos, contadores, engenheiros, e por aí vai. 

    2) Por não deter os meios de produção (tal qual a elite), está mais perto dos pobres que dos ricos. É muito fácil amanhã eu estar na pindaíba, mas quase impossível um dia estar num jantar de gala da Fiesp ou da Febraban como um banqueiro ou industrial.

    Assim, a “meritocracia” torna-se status diferenciador entre pobres e classe média, e esta se torna essencialmente conservadora, defensora dos mais abastados, pois a ela fora concedida “regalias”, “benesses”.

    3) O que Marilena Chauí esquece de dizer, talvez por acreditar que há 10 anos vivemos governos “pós-neoliberais”, é que há tempos (desde a época de FHC) a classe média das grandes metrópoles (tal qual SP e RJ) enfrenta um processo não de proletarização, mas de recrudescimento do padrão de vida. 

    O sujeito que hoje se casa e tem seus dois filhos em SP/Capital, vai procurar um apartamento no bairro que morou a vida inteira (vamos supor, Pinheiros) e encontra latas de sardinha a R$ 700.000,00, apartamentos de 3 quartos a R$ 1.000.000,00, preço proibitivo até para a classe média “tradicional”. Ao mesmo tempo em que ouve do pai que este estudou em ótimos colégios públicos e gratuitos, o sujeito procura o mesmo colégio privado que estudou a vida inteira, e encontra mensalidades batendo a casa de R$ 3.000,00, isto na Pré-Escola.

    SP e RJ já figuram entre as cidades mais caras do mundo, comparáveis a NY, Londres, só que com um detalhe singelo: possuem Renda Per Capita muito, mas muito menor. 

    4) Portanto, além da meritocracia, impossível retirar do contexto o fato de que o custo de vida e as condições de vida da classe média, nas grandes metrópoles brasileiras, estão chegando a patamares insuportáveis.

    Tanto que os protestos de junho irromperam destas duas cidades, e se espalharam para o resto do país identificando não um problema regional, mas nacional.

    Nesse contexto, não causa surpresa que a molecada da classe média – ao contrário do senso comum que sejam reacionários e defensores do Estado mínimo – pediram “Mais Estado”, na forma de investimentos em mobilidade urbana, educação e saúde gratuitos.

    5) A meritocracia é uma ideologia ainda cara a classe média, mesmo a que engrossou o coro das ruas em junho, só que o processo de “empobrecimento” – que é o que ocorre quando o seu dinheiro não compra coisas que eram possíveis há anos, décadas atrás – leva os seus membros a pedir medidas que “aliviem” o seu custo de vida crescente, dando uma destinação adequada aos 27,5% de IR que é descontado todo mês do seu salário.

    Assim, deixar de pagar colégio privado para os filhos, deixar de bancar planos de saúde com preços cada vez mais proibitivos, e a possibilidade de deixar o carro em casa para ir ao trabalho, importaria no restabelecimento de um status financeiro que a classe média vem perdendo lenta e gradualmente há décadas.

    6) Existe espaço para um partido político, ou grupo político, que abrace verdadeiramente a bandeira do “Welfare State”. E, levando a discussão para um rumo adequado (ou seja, ganhando a discussão com a mídia, que de todo jeito tentaria desviá-la), é possível convencer a classe média a defender um Estado de Bem-Estar. 

    A carga tributária para esta classe já é alta igual no Welfare, a tributação sobre os mais ricos não a prejudicaria, e mesmo que ficassem obrigados a eventualmente arcar com Imposto de Renda mais alto (na base de 40%), no final seus ganhos no orçamento seriam maiores, pois deixariam de pagar educação e saúde privados.

    Os maiores entraves (e que entraves!) são a falta de grandes financiadores de campanha e apoio da mídia. Teriam que fazer o que o PT fez nos primórdios, com pequenas doações de pessoas físicas e apoio da militância.

    1. Avestruz

      A classe média não quer enxergar o lugar que ocupa na estrutura de poder!
      E acha que “tem sim direito de ser dona de um apê em Pinheiros”.
      Se não tem, é culpa do PT ! 
      kkkkk

    2. Taguti, pq até seu comentário está aparecendo como de 1 anônimo?

      Tá difícil de seguir a discussao neste tópico, é anônimo respondendo a anônimo! Nao estou pedindo, claro que nao, identidade da vida offline a ninguém, mas, pelos Céus, usem nicks identificatórios de quem está falando. 

  21. Emilio

    Não estou convencido de que isso explica tudo. Acho que é bastante clara a idéia de meritocracia que é brandida pelas pessoas de classe média no Brasil contra cotas, programas socias e afins. Mas me parece que isso é a superfície.

    Ora, meritocracia subentende dar oportunidades a todos e premiar os melhores desempenhos. Qualquer análise sobre a idéia de meritocracia no Brasil terá de levar em conta alguns fatores importantíssimos:

    1. O Brasil está muito longe de dar oportunidades iguais a todos os brasileiros.

    2. A desigualdade no Brasil é abissal.

    3. A correlação entre o nível de renda dos pais e de seus filhos é muito grande.

    4. A correlação entre cor da pele e renda no Brasil é muito grande.

    Esses quatro fatores anteriores são claríssimos e evidentíssimos no Brasil, não vê quem não quer ver ou se alienou completamente do que ocorre à sua volta.

    Parece que acreditar que o próprio desempenho merece ser premiado embasado em meritocracia no Brasil subentende as seguintes premissas, casadas com os 4 fatores acima:

    1. Existem oportunidades para todos, pobres são pobres porque se acomodam e não as aproveitam.

    2. O que gera a desigualdade abissal é a diferente capacidade das pessoas e seu desempenho.

    3. A capacidade é genética.

    4. Cor da pele tem correlação com capacidade.

    Além disso, tem que haver um lapso de memória sobre a transferência de patrimônio de pais para filhos através de heranças.

    Acho que esses fatores de fundo explicam muito mais a indignação da Marilena que a superficial idéia de meritocracia.

    1. Mas o artigo nao nega nada disso, pelo contrário!

      Ele nao está assumindo a ideologia do mérito, está denunciando-a! Ou seja, ele nao está dizendo que aquilo que a classe média chama de mérito é realmente um mérito. Mas que ela pensa que é, pensa. Porque precisa disso para justificar seus privilégios. Que ainda existem, por mais que tenham diminuído; o que aliás só torna mais necessário para ela agarrar-se ao seu “mérito”, berrando contra a diminuiçao da distância que a separa dos mais pobres.  

      1. Realmente não acho que ele nega

        É, não acho que o texto nega isso, mas não focaliza isso.

        O texto dá a entender em muitas e muitas passagens que o problema é a meritocracia em si, não o discurso da meritocracia usando para mascarar privilégios.

        Acho que ele não tocou o cerne da questão, ou no máximo tocou bem de leve e indiretamente. Isso aí que você disse foi o que você entendeu, mas não está escrito assim tão claramente no texto. Isso só vai aparecer na cabeça de quem já tem isso na cabeça, como você, eu, e acho que até do autor do texto.

        1. Caro Emílio
          No meu texto está

          Caro Emílio

          No meu texto está bem clara a minha posição, não falo da meritocracia em si, mas do que ela representa modernamente, que resolvi chamar de “desempenhocracia”.

          Textualmente…

          “A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável ética do merecimento, uma perversa ética do desempenho”.

          “Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas, merecimento e desempenho podem tomar rumos muito distantes”. “No mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” – se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito”.

          “A meritocracia escamoteia as reais operações de poder… tanto os indicadores de avaliação como os meios que levam a bons desempenhos são moldados por relações de poder; e o são decisivamente… por trás da cortina de fumaça da meritocracia repousa toda a estrutura de poder da sociedade”.

          Não acho que isto sugira a interpretação que tu deu às idéias contidas no texto.

          De qualquer forma, obrigado pelos comentários, a repercução que teve este post mostra que o tema é pulsante e que muitas pessoas ainda tem disposição para encarar um texto longo, refletir e criticar idéias. Num blog de notícias, não somos só consumidores de informação. Embora muitas das críticas, sobretudo as mais concervadoras, só reforçam as teses que defendi no texto, tenho refletido sobre a maioria dos comentários como os teus, e tentado aprender com eles.

          Abraço

          Renato Souza

          1. Esses trechos para mim são indiretos

            Continuo achando indireto. Até porque você cita essa idéia de desempenhocracia lá pelo final do texto, depois de ter criticado a meritocracia variadas vezes. E até acho que esse fato da dificuldade de medição de mérito em si, dado que o que se mede é o desempenho, não é um fator tão crucial assim. Dado que haja um empenho em se manter condições e oportunidades iguais, em se dificultar privilégios de nascença e herança, desempenho e mérito têm grande correlação.

            Veja esse trecho:

            “Assim, boa parte da classe média é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito; é contra o bolsa-família, pois ganhar dinheiro sem trabalhar além de um demérito desestimula o esforço produtivo; quer mais prisões e penas mais duras porque meritocracia também significa o contrário, pagar caro pela falta de mérito; reclama do pagamento de impostos porque o dinheiro ganho com o próprio suor não pode ser apropriado por um Governo que não produz, muito menos ser distribuído em serviços para quem não é produtivo e não gera impostos. É contra os políticos porque em uma sociedade racional, a técnica, e não a política, deveria ser a base de todas as decisões: então, deveríamos ter bons gestores e não políticos. Tudo uma questão de mérito.”

            Tudo uma questão de desfaçatez, isso sim. Uma verdadeira crença na meritocracia veria que cotas são a favor da meritocracia. Uma verdadeira crença na meritocracia impeliria as pessoas a verem os verdadeiros entraves à meritocracia no Brasil, e não esses efeitos colaterais e de menos importância elencados no parágrafo.

            A desigualdade de renda é medida no Brasil, não é uma questão de opinião. Você realmente acha que as pessoas de classe média acreditam que o talento segue aproximadamente o mesmo perfil de distribuição na nossa sociedade que a renda? Acha que elas acreditam que 40% do talento está com os 10% mais talentosos da população? Acha que elas acreditam que são realmente 10 mil vezes menos talentosas que um banqueiro, já que o patrimônio delas é 10 mil vezes menor? Toda a evidência aponta que há uma minoria muito talentosa, uma minoria pouco talentosa e uma grande massa de médio talento. Não é isso que você vê em qualquer profissão? Alguém que acredite firmemente na meritocracia, além de ver que nosso país está muito longe de viver um modelo assim, seria muito contra o status quo. Não vejo a classe média tendo esse tipo de posição, e parece para mim muito claro que essa conversa de meritocracia é fachada, e não a fonte do reacionarismo. Isso está escrito no texto? Indiretamente, talvez, certo?

            Uma verdadeira crença na meritocracia levaria as pessoas a se depararem com o estado abissal de desigualdade no Brasil e passarem a defender coisas como:

            1. Eliminação de toda e qualquer forma de discriminação, seja cor de pele, social, nascença, filiação a partidos, orientação sexual.

            2. Uma verdadeira reforma tributária que visasse um sistema genuinamente progressivo, que ajudasse a diminuir a distância entre pobres e ricos.

            3. Intervenção governamental que redistribuísse renda de forma a incluir no jogo meriticrático a maior parte de nossa população que sempre ficou de fora, excluída.

            Você vê grande parte da classe média defendendo princípios assim? Você conclui disso o quê? Para mim, parece que não é meritocrática coisa nenhuma, e logo essa não pode ser a fonte do reacionarismo, como sustenta o texto. O texto fala isso? Indiretamente, talvez. A conclusão de se combater a meritocracia certamente vai na direção oposta.

            Uma das partes mais fracas do texto foi ter que sustentar que a classe média americana não tem uma ideologia meritocrática. Concordo que a sociedade deles não é, mas a ideologia sem dúvida é. Pesquise sobre o American Dream e você verá elogios e mais elogios à meritocracia, mérito pessoal, talento, e, muito importante, igualdade de oportunidades. Não há como negar isso. Negar que o American Dream tenha sido parte da ideologia da classe média americana foi um lapso muito grande. Tentativa de torcer os fatos para caberem nas idéias? E como fica, diante disso, a tentativa de se dar um aspecto mais geral à idéia de que meritocracia leva ao reacionarismo.

            Concordo que meritocracia não pode ser o único e exclusivo critério para o ordenamento de uma sociedade. Há mais coisas envolvidas. Há que se ter uma rede de proteção social em razão de toda a aleatoriedade envolvida na vida. Mesmo com oportunidades iguais e falta de herança, as pessoas podem apenas não ter sorte. Além do quê, o simples fato de se ser uma pessoa já é um mérito em si.

             

  22. Antes da Chauí, Cazuza já

    Antes da Chauí, Cazuza já teria decifrado o enigma: a burguesia fede, a burguesia quer ficar rica…

    Parabéns Renato! Mass…a classe média tá mais pra invejosa que meritocrática.

    Nunca dantes nesse país comerciantes de classe média ganhou tanto dinheiro, médicos de classe média que há 15 anos atrás atendiam x pacientes, triplicou a clientela. Pior que esses só jornalistas classe média que chamam o patrão de colega, e o pior de todos promotores/procuradores classe média que prevaricam pra beneficiar determinadas pessoas.

    Já tem guru da classe média querendo proibir o bife na mesa do pobre, pra eles classe média pode. Dificultar a viagem de avião, mas os cavalos do seu marineiro correligionário, pode.

    Entre sua análise e a filósofa Chauí, prefiro a do Cazuza: a burguesia ……….além disso é ciumenta.

  23. ótimas observações e muito

    ótimas observações e muito bem costuradas pelo autor! paremos e reflitamos em como esses conceitos permeiam o dia-a-dia do homem moderno.

  24. O melhor post do Blog do Nassif em 2013

    Pra mim, este texto já ganhou (por meritocracia kkkkk) o titulo de melhor texto publicado neste blog, neste ano!

    1. Indiscutivelmente – o melhor post de 2013

      Também concordo com o Caio Freitas!!! Post parece mais uma tese acadêmica brilhantemente escrita ! Nota 1000 com louvor

       

  25. Muitos comentários com

    Muitos comentários com “identificação”(o termo parece ser nick, não?) oriundos, parece, de pessoas distintas. 

    Se preferem o anonimato, tudo bem. É uma faculdade dada pelo blog. Mas que pelo menos fizessem uma singularização qualquer(anônimo 1, anônimo 2…….). 

    Não entendam isso como patrulhamento, e sim como mera sugestão. 

    1. Emilio

      Não sei o que está acontecendo, mas para mim pelo menos não aparece o campo para preencher meu nome e e-mail, só aparece o campo assunto. Esse post, por exemplo, vai aparecer como anônimo, porque eu percebi isso e coloquei meu nome no assunto…

    2. desvendando….

      Há um pequeno problema na caixa de comentários do post:  a janela Nome (pelo menos no meu computador )  está ausente. Postei um comentário pela manhã e ele teve de ir anônimo. Acredito que varios , talvez até todos os outros anonimos estejam com este problema.

       

      Meu Nick: Campos

      1. Obrigada, Campos, pelo esclarecimento

        Eu nao estava entendendo essa “invasao” de anônimos, inclusive comentários de comentaristas conhecidos, como o Tagutti, aparecendo como de anônimos. Bom, se o problema continuar, talvez alguns se convençam das vantagens do CADASTRO… (rs, rs). 

      2. Confirmado.
        Em teoria eh so

        Confirmado.

        Em teoria eh so deslogar e logar de novo mas como eu nao logo nunca e tive o mesmo problema, tracei o diretamente ao cookie do “addthis”, que esta prohibido no meu computador agora:  veja se resolve no seu computador tambem.

  26. Vestibular = meritocracia

    Nada tão ‘classe média brasileira’ que fazer festona por ter um filhinho que passou num vestibular depois de 2 anos naquele cursinho caríssimo.
    Na maioria dos casos, não importa muito qual o curso, nem se o cara vai mesmo cursá-lo: “Ya Basta”! O jovem coxinha conseguiu alí sua medalha, sua distinção! Já pode ganhar o carro e uma mesada maior.
    “Orgulho da nação”, vovô acha que ele merece um bom emprego!

  27. meritocracia

    Parabéns, Renato. Seu texto é excelente. Eu tinha uma idéia nebulosa sobre estas questões e a sua leitura clareou a minha mente a respeito. Gostaria de acrescentar conceitos emitidos pela classe média meritocrática que se ouve com muita frequência: o pobre, o ignorante e o bandido são os culpados por serem pobres, ignorantes e bandidos, como se o pobre gostasse de ser pobre, o ignorante tivesse tido oportunidade para estudar (dizem que ele é assim porque fugiu da escola) e o bandido teve formação ética,de educação, de saúde e estabilidade familiar, e no entanto, “deu no que deu”!

  28. Excelente. Supimba. Nota 10!

    Excelente. Supimba. Nota 10! Desnudou em termos políticos, sociológicos, psicológicos e principalmente ideológicos, o que efetivamente move a nós, classe média. 

    Gostei imensamente quando fez a distinção entre a meritocracia como valor individual, o que certamente nunca poderia deixar de ser válido, da meritocracia instrumentalizada como ideologia de classe.

    Daí se pode muito bem entender o que move, por exemplo, o ódio devotado ao ex-presidente por parte da classe média. Para ela, Lula teria um horizonte, digamos de “sucesso” na vida. Até mesmo uma eventual formação de nível superior ou mesmo um médio comerciante. Agora galgar o mais alto posto da República só com o primário e aposentado precocemente por acidente de trabalho, não. Isso foi uma afronta. Não tinha, e continua não tendo méritos para isso. 

    A propósito, vale lembrar da estória contada pelo próprio Lula quando na campanha de 2002 visitou a redação do jornal Folha de São Paulo(típica leitura da classe média meritocrática) e foi inquirido pelo sr. Otávio Frias Filho(Tavinho) acerca do seu conhecimento de inglês. 

    Na mesma linha, de forma sub-reptícia os marqueteiros que nas eleições de 2006 e 2010 trabalharam para a oposição exploraram isso quando, por exemplo, Serra se enaltecia de ser  “o mais preparado”. 

  29. Classe média

    Classe média: Come salame e fala que arrotou presunto (nem arrotar consegue).

    Interessante que, todos aqui no blog, estão na classe média brasileira (segundo o IBGE). Então não é bem assim.

    Gosto de salame com pão frances maionese e coca cola.

  30. Caixa de Pandora

    Ao colocar na berlinda a meritocracia, abriu-se uma Caixa de Pandora.

    Excluindo-se o mérito, o que entra no seu lugar?

    O problema da classe média é não ter coragem para ser hegemonia. Contenta-se com pouco e tem medo de perdê-lo. 

    No Brasil, os bancos LUCRAM (líquido!) 50 bi por ano, p. ex.. E a classe média acha que o problema do país é o Bolsa Família. Qual o mérito nisso? Ou melhor, porque Itaú e Bradesco podem embolsar 10 bi por ano cada um? Será que eles são tão melhores que um “classe média”? Será que esta classe se vê como medíocre?

    Não! – Mas é pq ela se compara com a “classe trabalhadora” (pobre). E aí, se acha!!!

    Pobre classe média. Que mérito há em ser conduzida (afinal, não é ela quem garante boa parte do lucro dos bancos)?

    O problema é que seu mérito é relativo a mediocridade (aos pobres), se fosse aos “AAAs” do Brasil, aí a conversa seria outra. Que mérito tem um “dono de banco” para colocar no bolso 10 bi por ano? Será que esta classe que se acha tão meritocrática assim, é tão mediocre a ponto de embolsar somente 0,001% disso, e ainda achar que é resultado de mérito? (além de correr o risco de ser assaltado num restaurante em Sampa, enquanto os outros, por terem mais competência, estão jantando em Paris)

    Esta diferença de renda é uma questão de mérito, ou é pq há uma estrutura econômica que coloca uma âncora no pescoço de alguns e uma turbina a jato na traseira de outros?

    Mas, para questionar isso precisa ter coragem e projeto de PODER que a classe média não tem. Nem um, nem outro.

    Falta-lhe mérito!

    Triste classe média…

  31. Emilio

    É difícil contestar a idéia de que considerar o mérito como critério de promoção ou premiação em uma sociedade é mais justificável que utilizar critérios como orientação sexual, privilégios de nobreza, condições sociais, cor de pele.

    Parece-me que a crítica mais fundamental à idéia de meritocracia como um dos pilares de ordenamento social não foi feita pelo texto, que é justamente a de que o Brasil não vive uma meritocracia, já que os critérios de condições sociais dos pais é um preditor quase infalível da condição social dos filhos. O critério no Brasil é condição social, não mérito.

    O texto parte do princípio de que a classe média está realmente convicta de que a meritocracia é um dos bom pilares sobre os quais deve se assentar um ordenamento social. É difícil de acreditar que alguém que realmente empreste tanta importância ao mérito não enxergue o quanto é importante para o funcionamento de um sistema assim que as oportunidades para colocar a potencialidade individual em prática estejam relativamente bem distribuídas para todos.

    Não vejo como uma pessoa possa sustentar de boa fé que um modelo meritocrático funcione sem essa igualdade de oportunidades. Não há como propagar valores meritocráticos sem propagar conjuntamente a igualdade de oportunidades, a menos que se queira soar profundamente hipócrita.

    Acho que a crítica é que a classe média não é meritocrática coisa nenhuma, pois não a vejo defendendo com unhas e dentes a igualdade de oportunidades, como seria de se esperar de quem realmente está preocupado em premiar as capacidades individuais de cada um. O que se tem é esse discurso de meritocracia como maneira de se mascarar privilégios, na melhor das hipóteses.

    Tomando a luta pela igualdade de oportunidades como indissociável de uma verdadeira crença na meritocracia, a maior parte desses argumentos do texto cai por terra.

    Não se esvazia espaço público coisa nenhuma, pois seria estimulada uma luta contra privilégios que seria muito benéfica para o nosso país. Seria estimulada uma luta contra diferenças de renda entre pessoas de cor de pele diferente, de orientação sexual diferente.

    Então acho que é isso. A verdadeira crítica é que essa estridência em torno de meritocracia não vem acompanhada de uma estridência equivalente contra a evidente falta de oportunidades para grande parte de nossa população. E o nome disso é hipocrisia. E já que é para lutar contra conceitos, lutar contra a hipocrisia soa mais benéfico que lutar contra a meritocracia.

  32. … o enigma da classe média brasileira

    Excelente! Parabéns ao professor Renato Santos Souza pelo artigo brilhante, que conseguiu expressar de forma clara e contundente o verdadeiro pesadelo representado pela classe média brasileira.

  33. “Mérito” no sistema escolar é um substituto para herança

    Tive uma amiga que foi colaboradora no Moçambique, como professora de Português, e desistiu. O ensino de Português estava sendo usado como filtro para quem assumia cargos e posiçoes ou nao, e a maioria dos alunos nao falava Português em casa. Eram os filhos dos dirigentes, que tinham estudado em Portugal, que falavam. Nao havia mais herança de dinheiro, mas a herança se dava por meios indiretos. 

    E ISSO NAO É MUITO DIFERENTE DO QUE ACONTECE NAS ESCOLAS BRASILEIRAS. Os alunos falam “português”, mas é o português real, variável, muito diferente do português oficial (que, aliás, nao é mais falado nem pelas classes altas… é a tal de “norma oculta”, a que o Marcos Bagno se refere). Mas os falantes filhos das classes mais escolarizadas falam uma versao da língua mais próxima da oficial. E isso permite nao só que tirem melhores notas, mas, muito mais importante que isso, que nao sejam calados a toda hora por estarem “falando errado”, como acontece com os estudantes das classes populares, que têm o seu auto-respeito ferido, porque eles próprios acabam sendo convencidos de que “nao sabem falar direito”. Boa parte dos problemas de fracasso escolar passa por aí. 

  34. Acho que não salientou suficientemente o cerne da questão

    É difícil contestar a idéia de que considerar o mérito como critério de promoção ou premiação em uma sociedade é mais justificável que utilizar critérios como orientação sexual, privilégios de nobreza, condições sociais, cor de pele.

    Parece-me que a crítica mais fundamental à idéia de meritocracia como um dos pilares de ordenamento social não foi feita pelo texto, que é justamente o de que o Brasil não vive uma meritocracia, já que os critérios de condições sociais dos pais é um preditor quase infalível da condição social dos filhos. O critério no Brasil é condição social, não mérito.

    O texto parte do princípio de que a classe média está realmente convicta de que a meritocracia é um dos bom pilares sobre os quais deve se assentar um ordenamento social. É difícil de acreditar que alguém que realmente empreste tanta importância ao mérito não enxergue o quanto é importante para o funcionamento de um sistema assim que as oportunidades para colocar a potencialidade individual em prática estejam relativamente bem distribuídas para todos.

    Não vejo como uma pessoa possa sustentar de boa fé que um modelo meritocrático funcione sem essa igualdade de oportunidades. Não há como propagar valores meritocráticos sem propagar conjuntamente a igualdade de oportunidades, a menos que se queira soar profundamente hipócrita.

    Acho que a crítica é que a classe média não é meritocrática coisa nenhuma, pois não a vejo defendendo com unhas e dentes a igualdade de oportunidades, como seria de se esperar de quem realmente está preocupado em premiar as capacidades individuais de cada um. O que se tem é esse discurso de meritocracia como maneira de se mascarar privilégios, na melhor das hipóteses.

    Tomando a luta pela igualdade de oportunidades como indissociável de uma verdadeira crença na meritocracia, a maior parte desses argumentos do texto cai por terra.

    Não se esvazia espaço público coisa nenhuma, pois seria estimulada uma luta contra privilégios que seria muito benéfica para o nosso país. Seria estimulada uma luta contra diferenças de renda entre pessoas de cor de pele diferente, de orientação sexual diferente.

    Então acho que é isso. A verdadeira crítica é que essa estridência em torno de meritocracia não vem acompanhada de uma estridência equivalente contra a evidente falta de oportunidades para grande parte de nossa população. E o nome disso é hipocrisia. E já que é para lutar contra conceitos, lutar contra a hipocrisia soa mais benéfico que lutar contra a meritocracia.

     

  35. Meritocracia é só o verniz

    Belo artigo, Renato, mas vou discordar de quase tudo! Concordo que a meritocracia tem seus efeitos colaterais, mas não creio sermos tão meritocráticos assim, e ainda não estou convencido de que meritocracia seja a causa do reacionarismo. Acho que é um componente importante, mas apenas um verniz, uma motivação que seja possível de se admitir.

    Vejo o reacionarismo da classe média mais ligado à perda da sensação de exclusividade. Muitas pesquisas sobre felicidade já identificaram que a questão comparativa é crítica, e a forma como enxergamos a situação do próximo é parte fundamental na definição do quanto nos sentimos felizes. Isso contribui para entendermos como alguém na Tanzânia pode sentir-se mais feliz que outro na Suíça.

    Sempre foi sofrido para a classe média conquistar acesso ao “pacote mínimo” da classe de cima: colégio particular, faculdade, plano de saúde, automóvel, viagem de férias… Antes disso houve a época do computador, da linha telefônica, etc.

    Enquanto não era sequer possível para os mais pobres ter acesso a tal pacote, esses primeiros passos acima do mínimo de dignidade representavam um bem escasso e, portanto, mais valorizado. Havia a sensação na classe média de que um diferencial foi conquistado, de que fazemos parte do clube dos privilegiados, e o estado de fato nunca ajudou nossas conquistas. A meritocracia, bem identificada pelo Renato, está presente, mas é a “cobertura” do bolo; o recheio é diferente.

    As queixas contra as cotas para minorias e alunos da rede pública têm sem dúvidas seu componente meritocrático, mas também carregam a reação contra um mal estar gerado pela perda de exclusividade. É o mesmo caldo do “agora todo mundo tem carro”, “está impossível viajar de avião”, etc. Tudo o que veio a reboque do consumo popular contribuiu para o aumento desse mal estar: desde os carros “populares” parcelados, passando pelos pacotes da CVC até o celular pré-pago. Ninguém faz isso com Bolsa Família, mas com aumento de renda do trabalhador – o que está mais ligado a oferta x demanda, mas também pressupõe mérito (ainda que sempre apareça um espírito de porco para reclamar do governo pelo aumento do “custo” com domésticas…).

    Além disso, o crescimento também da população na classe A pressionou a demanda dos serviços de melhor qualidade, e os preços foram ficando proibitivos. Alguém nos comentários mencionou as mensalidades escolares de R$3mil; aí não tem a mão da tal “nova classe C”. Engraçado que pouca gente vê mérito na nova classe A, só sacanagem, sonegação, heranças, privilégios, mulheres ricas, etc.

    Percepção é parte do jogo: a classe média não empobreceu, mas subiram a barra do pacote que atribuía o selo de diferenciação no Brasil, e ela passou a enxergar-se mais próxima dos pobres do que dos ricos. A sensação de exclusividade foi violada – e isso doeu para alguns, principalmente se encontrar o ambiente propício (mídia, valores, etc.). Esse é o “recheio” do bolo; reivindicar a meritocracia é apenas a cobertura.

    “Cada um de nós é um universo”? Pois é, e a necessidade de perceber-se especial é individual, com algumas características mais freqüentes em cada lugar. Numa sociedade desigual como a nossa, isso muitas vezes passa por negar ao próximo as mesmas oportunidades – e não há nada meritocrático nisso.

    É triste, porém não menos humano, e tampouco é intrínseco à classe média no Brasil. Onde houve redução de pobreza, mas também crescimento do fosso em relação aos mais ricos, foi a classe média a camada que, apesar de também melhorar, ficou mais exposta à percepção de perda de privilégios exclusivos, ou um “downgrade“ comparativo.

    Talvez só a conscientização ou o tempo resolvam isso, quando alguma geração ainda por nascer no Brasil achar natural todos terem direitos básicos respeitados. Acho melhor aguardarmos pelo tempo…

    Alocar recursos escassos em larga escala sem critérios objetivos é praticamente impossível para qualquer organização complexa. Por isso acho que nossa batalha fundamental não deveria ser contra a meritocracia, mas sim pela necessidade de nivelar oportunidades – mesmo em sistemas sabidamente imperfeitos. Assim como a outra “cracia” mais famosa, meritocracia pode ser o pior regime que se pode adotar, só é melhor que todas as alternativas disponíveis até o momento.

    P.S. Abaixo o maniqueísmo! Isso é que é conhecimento em rede. Ôpa! “Em rede” não pode mais, já se apropriaram… Viva a construção coletiva do conhecimento! Xi… “coletivo” também já era… Enfim, gostei da discussão como a discussão está evoluindo e pronto.

    1. Produto de grife

      A mediocridade precisa de uma boa apresentação.

      Aécio Neves é uma grife local, e o povo adora consumir produtos de marcas famosas. O ruim é o produto dentro do pacotinho, o Aecim Cunha.

      Ainda, é o primeiro nome anti-PT que lhes aparece na cabeça!

  36. A meritocracia não é o problema, é a solução.
    A meritocracia não é o problema, é a solução. Quem acha isso quer viver do suor dos outros.Sem ela, ninguém produzirá nada e todos chafurdaram na lama da pobreza. Ou pior, seremos submetidos a trabalhos forçados para sustentar uma minoria.    

    1. “De cada qual, segundo sua

      “De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”

      Amigo, os homens não são iguais, nem em capacidade de produzir, nem na necessidade de consumir. Ao sistema social cabe dar a todos as mesmas oportunidades para que cada um se desenvolva conforme sua capacidade e devolver a cada um, independente dos seus limites, aquilo que necessita.

      Qualquer coisa fora disso só leva a dominação e ao servilismo.

      1. > De cada qual, segundo sua

        > De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades (…)

        Levamos séculos para acabar com a escravidão dos mais fracos pelos mais fortes. Você acha mesmo que o destino redentor da Humanidade é a escravização da minoria talentosa pela maioria de medíocres? Definir fora da subjetividade do indivíduo aquilo de que ele necessita (que pode ser sim meramente um desejo, por que não?) é o caminho para uma sociedade justa? Merci beaucoup, prefiro continuar vivendo nessa sociedade injusta mesmo.

        1. Bem, se você prefere a

          Bem, se você prefere a escravização doa maioria pela minoria ou da minoria pela maioria, eu não sei, é preferência particular sua, e, creio eu, deve estar sendo definida pela sua atual situação, que deve ser de um escravo feliz e faceiro.

           

          1. E você triste?

            Nesse caso, a sua seria de escravo triste e ressentido?

            E defende a troca da escravidão atual por outra, que pelo menos garantirá menor esforço? Teoricamente, é claro.

      2. Acabe com a meritocracia, e

        Acabe com a meritocracia, e eu sou o primeiro a parar de trabalhar. Se vou ganhar o mesmo que aquele que não faz nada, pra que fazer?

          1. Sorte

            Ainda bem que teríamos gente como você pra sustentar a massa.  Se é serviria…..

            Pena que não daria pra nada, já que não lotariam uma kombi.

        1. Perfeito, se todos vão ganhar

          Perfeito, se todos vão ganhar o mesmo independente do estudo, esforço e trabalho que tiver Então vou trncar minha pós graduação no dia seguinte e viver da renda do Estado Mãe…assim como acontece em Cuba onde os médicos ganham US$12/mês e uma faxineira ganha US$10/mês

      3. Como se todos tivessem que

        Como se todos tivessem que produzir o mesmo, e consumir o mesmo. 

        Cada um produz aquilo que consegue, e consome aquilo que deseja.

        Esse argumento não inviabiliza a meritocracia, muito pelo contrário.

      4. E o quê a necessidade cada um?

        Casa, comida, roupa lavada?

        Iphone mega hiper ultra caro prá carái devido a maçã podre?

        Um Rolex?

        Um prato de arroz, feijão, salada de tomate com alface, batata frita e bife?

        Um implante de silicone para ficar peituda igual as americanas?

        Uma prótese peniana para competir com ator afro de filme pornô?

        Uma marmita com tutú, couve e torresmo?

        Um casaco de zibelina e jóias de diamante?

        Um barracão de zinco, sem telhado, sem pintura…

        Um jantar sofisticado num restaurante de padrão Michelin?

        Um apartamento duplex?

        Uma cervejinha depois do expediente, numa mesa na calçada?

        Um grand cru de Bordeaux para ostentar o conhecimento de enologia?

        Caviar Beluga?

        Responda: aquilo que cada um necessita como pode ser demonstrado e quantificado? para atender a essa necessidade como será a distribuição para quem contribui mais, o produto devolvido será em quanto proporcionalmente menor?

        E perguntado como Lenine, o quê fazer com que açambarcar mais que lhe for atribuído?

        A nomeklatura que irá repartir o montante final ficará enquadrada nos mesmo parâmetros?

         

         

         

    2. Solução ou desculpa?

      Caros,

      Sou mais pela Janteloven (lei de Jante) que pela Meritocracia.

      Me parece mais civilizada, mais razoável e mais sustentável que a última.

      Sem falar no paradigma do “Bem Viver” que nos foi presenteado pelas culturas andinas.

      Esse, então, não dialoga em nada com a meritocracia capitalista.

      Lembro de Max Gonzaga em sua ótima canção Sou Classe Media. Deixo o link:

      http://m.youtube.com/watch?v=nd2YUNNBbrY&desktop_uri=%2Fwatch%3Fv%3Dnd2YUNNBbrY

       

  37. Sobre Méritos Eméritos e Méritos Deméritos

    Jé faz algum tempo que eu me incomodo com o uso da palavra meritocracia (que em princípio prezo), seu uso, organização e sequestro pelo neoliberalismo.

    Já comentei que acho muito gozada a “meritocracia que envolve, por ex. um herdeiro empresarial que (dependendo da geração), não raro acaba quebrando o negócio. Ainda que seja apenas um néscio preguiçoso e bem relacionado.

    Ou de um executivo de família rica que fez PhD em Harvard e ganha bönus anual de $150 milhões num banco de investimentos porque trouxe lucros de 20 bilhões, mesmo que os complexos modelos matemáticos que ele pode aprender e levem a extrair suco de papel (podre), acabem por quebrar o banco (alguns “nem podem quebrar”).

    Aí como o banco quebrou, e ele teve “méritos”, ainda ganha um bônus de saída pelos bons serviços “antes”, e por ter outro “mérito”, de ser bem relacionado, consegue “emprego” imediato em outro banco (quem sabe no Federal Reserve ou até mesmo como Secretary of Treasure!).

    É mentira, Terta?! (qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência).

    Bem, feita esta longa introdução e como também já vinha matutando sobre, vamos ao relevante tema bem trazido pelo colega. Gostaria de “pitacar” sober 4 itens conexos: mérito, causas, efeitos e valor.

    1) Mérito em si: não é muito difícil de se descobrir ou determinar (as vezes é), mas refere-se a algo reconhecido geralmente como positivo e simpático.

    2) Causa ou origem do mérito: espera-se que seja “verdadeiramente próprio” (capacidade, competência, conhecimento, esforço, criatividade, caráter, etc.). Mas pode estar mascarado por origens mais duvidosas (acaso, espionagem, condições sociais privilegiadas, esperteza, mau caratismo, etc.).

    3) Resultado do mérito: pode ser, por ex. desde o de manter uma gaveta de meias limpa e organizada até coisas como a cura do câncer ou a prova final da existência ou não de Deus (ÊPA!). Brincadeirinha hein!

    4) Valor ou prêmio do mérito: certamente o da gaveta arrumada não será em geral muito valorizado ou dará algum prêmio (talvez um “muito bem”!). Já inventar derivativos para trazer 30 bilhões em negócios com títulos podres, dando lucros aos sócios de 16 bilhões para todos comprarem muitos iates, “jatinhocópteros”, mansões e prostitutas(os) regadas(os) a puríssimas carreiras, tem um valor imilionário! Ainda que quebre o negócio, pois todos os premiados (a secretaria, o porteiro e a faxineira, não!) tem outro mérito, do networking herdado e viabilizado para pular de barco.

    Será que uma esforçada “caboclinha cearense de um zurrador da Veja” poderia vir a ter méritos científicos no MIT, se casada com um alemão rico morando em Boston? Quem sabe?!…

    Muito do que estamos discutindo (e espero ter jogado milho de pipoca para explodirem) gira em torno destas (pelo menos) quatro caracteristicas e usos do “mérito”.

    A crescente prevalência mundial do (poder do) neoliberalismo, que não é muito mais do que uma ideologia para egoístas bem sucedidos e deslumbrados em perseguição (afinal somos todos humanos, né?), como a classe média, está vendendo e consolidando conceitos protetivos aos privilégios alcançados, como este da “meritocracia”, o do darwinismo social (“quem pode pode, que não pode se sacode”… no Sudão, para espantar as moscas), o da competição em detrimento da colaboração e tantos outros que já conhecemos. Deturpando-os, naturalmente.

    Mérito em sua releväncia, é algo usado e premiado pelos beneficiados de seu resultados.

    E para ser razoável, precisamos entender sua origem.

    Sozinho, é algo simpático a todos, mas …

    Quando me perguntam sobre quão bom pode ser o capitalismo, comunismo, socialismo e outros “ismos”, eu me lembro que depende: Todos são sistemas exercidos por seres humanos.

    E poderão ser tão bons quanto eles.

    É como na meritocracia.

  38. Enigma da classe média

    Imagina, a classe média nem pensa em meritocracia. A classe média reacionária pensa em privilégios, desde o momento que paga o flanelinha até os empregos obtidos através do famoso Q.I: Quem indica.

    Continuo com a análise do Homem Cordial do velho Buarque.

  39. Caso dos médicos e muitos que

    Caso dos médicos e muitos que fazem faculdades públicas, beleza de mérito, aproveitam de recursos do erário e se acham com a bola toda, depois, por causa da tal “meritocracia” nem admitem trabalhar pelos que mais precisam e vão ganhar um bão de um dinheiro para comprar carrões importados e iates. Enquanto usufruem de tais “méritos”, usam dedos de silicone para receber sem trabalhar enquanto necessitados precisam de atendimento urgente por estarem sofrendo, e confiando no bom coração tal profissional cheio de “meritocracia”. O artigo vale pelos pontos que coloca em discussão, mas que pode cair facilmente para o sofisma. 

  40. Ótimo trabalho de Renato

    Ótimo trabalho de , que deve ser um ótimo professor na UFSM/RS.

    Bem explicado, bem concatenado, linguagem acessível, conteúdo consistente… e a categoria dos comentários, por consequencia, no mesmo nível. A diferença que faz um bom Professor..

    Parabéns ao autor e ao blog. Uma matéria assim jamais será encontrada na “grande imprensa”.

    Porém, permito-me um pitaco: há uma perversidade da classe média não considerada na explanação, aquela perversidade que é o mote da Prof. Marilena Chaui.

    A dita classe aceita(mos) pagar os tubos pela escola particular dos filhos, pelo plano de saúde… porque isto garante(ia) uma vantagem competitiva. Meu esforço, e meus filhos, era(m) compensados no acesso à universidade federal (a melhor), o que reforça(va) a vantagem competitiva.

    Uma grande parte do reacionarismo deve-se a ameaça de perda da vantagem garantida. Aí o sacrifício, antes naturalmente aceito em troca de uma oportunidade especialmente franqueada, perde o sentido. E a dita classe prefere a meritocracia garantida pela vantagem competitiva. A igualdade de condições… ora, às favas a igualdade.

    Valeu. A leitura da matéria, e dos comentários, deram uma qualificada/organizada no meu entendimento.

     

     

     

    1. Bordieu explica essa zona cinza
      “…seria possível os aspectos sensoriais e cognitivos envolvidos nas diferentes acoplagens das pessoas com esses “aparatos” (automóvel, computador, celulares etc.) moldarem visões de mundo e ideologias?” A resposta é sim, através do fenômeno ao qual Bordieu chama de capital cultural, essa reprodução social familiar, de classe, de nicho social. Não é exatamente pelas condições materiais, mas aos valores que são atribuídas a estas coisas, aos significados que são atribuídos, aos sentimentos despertados pelos usos. Enfim, acredito ser uma pista.  

  41. Perfeito. É isto mesmo. A

    Perfeito. É isto mesmo. A opinião contrária a do artigo não perdura uma análise mais profunda. No meu caso é só análisar os meus amigos, parentes, colegas, conhecidos…

  42. O tatibitate binário… a espuma é ainda maior!

     

    Antes de qualquer análise sobre os preconceitos da classe média seria preciso delimitá-la.

    Quais seria os seus membros? A classe média urbana brasileira era composta pelos chamados profissionais liberais, pequenos e médios empresários, oficiais das forças armadas, empregados privados e funcionários públicos em cargos de nível superior.

    Era praticamente inexistente nas pequenas cidades, poderia ser contada apenas com as mãos. Uma Rural Willys transportava todos.

    Nas médias cidades caberiam numa jardineira.

    Concentrava-se basicamente nos grandes centros. Principalmente Rio de Janeiro e São Paulo. Além destas duas cidades poucas outras possuiam massa crítica para os seus preconceitos e rancores próprios permearem toda a sociedade.

    Nas regiões predominantemente rurais os seus escassos membros eram em geral carreados à reboque dos terratenentes locais.

    Abaixo dela, oscilando conforme o vento, existiam os “remediados”. Era o gerente do armazén, o encarregado do turno na fábrica, o chefe da repartição pública obscura, os funcionários semi-qualificados das estatais como a RFFSA, o autônomo habilidoso e com conhecimento técnico, etc. Diferenciavam-se dos pobres por comerem carne de segunda três ou quatro vezes por semana, não utilizarem remendos nas roupas e sapatos e morarem em casas de alvenaria.

    A exceção de momentos específicos, em geral guiada pela elite, a classe média no Brasil nunca possuiu força política, embora fosse ouvinte assídua da banda da UDN. No período pré ditadura elegeu um presidente, Jânio Quadros, fato este até hoje completamente inexplicável em termos lógicos e racionais. A derrota dupla do brigadeiro que virou doce, embora fosse o seu ungido, demonstra a sua fraqueza político-eleitoral na época. As suas manifestações em 1964 foram o efeito e não a causa da ebulição nos quartéis. Mesmo sem elas o golpe viria como um raio no céu azul.

    No Brasil de hoje este segmento da população permanece muito pequeno. Sempre esquecem um dos requesitos básicos para a sua conceituação: um revés temporário não lançará o desafortunado na miséria. Os que embora possuam casa própria e bom nível educacional, mas não detêm uma retaguarda, mesmo que pequena, de bens materiais suficientes para suportar o revés, na “pobreza com dignidade”, está no proletariado e não na pequena burguesia. Estes não podem ser considerados como pertencentes à classe média. Os seus conceitos e atitudes, apesar de refletirem em alguma escala os dominantes dentre os economicamente mais favorecidos, foram criados em sua própria esfera. Mesmo que estejam na segunda ou terceira geração com os pés fora do lodo.

    O conceito de classe média nas análises marxilenistas é mero reflexo da autora. Atribui a classe social a qual pertence uma força que nunca teve. Do Chuí diz que vê a olho nú o que ocorre no Oiapoque… O preconceito rançoso da classe média, que finge ter o nariz de defunto da grã-fina, é demonstrando pela própria phylosopha, atribuindo-se supostas qualidades superiores, boa e justa em relação aos pobres e despossuídos e não a postura de madrasta malvada que lança sobre os seus pares.

    Os desalmados meritocratas fazedores de espuma são em sua quase totalidades empregados de 44 semanais, 11 meses por ano e 13 salários, com FGTS e contribuição previdenciária. Muitos trabalhavam de dia e cursavam o ensino média e a faculdades à noite. Saíndo de casa antes da 7 da manhã e retornando quase no dia seguinte. Durante anos se submeteram a esta rotina desgastante, enquanto viam inúmeros vizinhos, colegas e amigos fazendo força para não pegarem no pesado, e eles são culpados por isto?

  43. EUA e Europa

    Amigo, sinto muito, mas os EUA e a Europa são meritocratas, sim. Muito mais do que o Brasil. A diferença é que eles conseguiram atingir um nível de igualdade social e econômica tão alto (com suas exceções, obviamente) que todos os indivíduos têm a mesma capacidade de “competir”. Todos ganham bem, porque trabalham bem, e com isso, o mérito de cada profissão é valorizado. Vá na Dinamarca e veja se um cara que trabalha mal é valorizado ou não.

  44. Texto muito grande, tentando

    Texto muito grande, tentando explicar a explicação da explicação. Só vou lembrar uma coisa: a classe média é a que paga imposto de renda. A classe baixa não paga. A alta não liga de pagar, e qdo decide não pagar, os advogados cuidam disso. O profissional liberal é que paga imposto sobre o trabalho. A empresa pequena, média e quase grande ( todas da tal classe média) são as que pagam imposto. A grande empresa, paga se quiser, como quiser. Mais ainda: a classe média teme o governo caso não pague os tributos em dia. Ela não tem aparato jurídico para protegê-la. Ela quer ser correta. Então ela se desdobra e paga. A classe alta, como eu já disse, não teme. Paga se quiser, qdo quiser. Pense nisso, talvez vc refaça seu texto.

  45. Excelente artigo

    Colocou um novo enfoque para algo que tambem me intrigava.

    Usando o contexto da casa grande e senzala, sempre imaginei a classe média como o feitor dedicado olhando para os escravos com um misto de raiva, medo e insegurança, sempre cioso do seu “espaço”  e temendo concorrencia na sua relação com o “coronel”, este mesmo sentimento era compartilhado pelos profissionais liberais, tais como médicos, advogados, etc.

    A concentração de renda no Brasil criou comportamentos que sobrevivem ao tempo.

  46. Um trabalho construído sobre
    Um trabalho construído sobre uma conclusão totalmente equivocada a respeito do motivo da classe média, a suposta meritocracia. Na verdade trata-se apenas de uma desculpa aceitável para o chocante fenômeno de desumanidade exibido pela classe médica, numa das páginas mais tristes da história do Brasil.

    Não existe nenhum indício objetivo de que nossa classe média seja meritocrata, muito pelo contrário. Apenas um argumento já destrói completamente esta tese: a colossal ineficiência que tanto trava o desenvolvimento de nosso país.

  47. Desvendando a Espuma….

    Parabens !!! Renato Souza!! e muito obrigado !!!

    Recebi um presente de vc, desvendando meus questionamentos!!

    Vc escreveu sobre o que me incomodava, quantas e quantas vezes ficava mudo e calado de espanto de não acreditar e entender esse sentimento tão odioso contra o bolsa familia e dos médicos….

    Mais uma vez !!

     

    Muito obrigado!!

  48. Achei interessante seu

    Achei interessante seu argumento sobre a razão de a classe média ser reacionária. Devo concordar que não está de todo errado e que certamente há essa cultura de meritocracia.

    Mas que discordo da análise que propõe a meritocracia como um defeito. E pergunto, no lugar da meritocracia, você vai colocar o que? E pense em uma resposta que não fale as coisas de sempre como “igualdade para todos”.

    Pense em como você vai decidir quem deve cuidar de uma empresa? Como você vai decidir quem é o médico mais adequado para fazer uma operação?

    Você se esqueceu do detalhe mais perverso e mais cruel da meritocracia. Que ela funciona. Pode ser um tanto injusto escolher os advogados baseados na prova da OAB, mas isso ajuda a aumentar a qualidade geral dos advogados. Como você vai decidir entre um número limitado de vagas

    E apesar de eu achar que Mário Quintana é bem melhor que Paulo Coelho, de ser a favor do programa mais médicos e ser contra todas as imposições do CREA para impedir estrangeiros de trabalhar no Brasil (em tempo, sou engenheiro), sou a favor de políticas meritocraticas e acho que elas são o caminho para uma sociedade mais eficiente e com mais mobilidade social.

  49. O mito da meritocracia na classe média.

    Eu discordo totalmente que a classe média brasileira tenha conseguido sua ascenção por meios próprios ou méritos. A velha classe média brasileira jamais existiria se não fosse as políticas desenvolvimentistas de Getúlio Vargas e Juscelino (apesar do estado bem estar brasileiro ter sido tímido se comparado ao europeu e um pouco do americano).

    Em todo mundo o fenômeno da classe média se inicia após a crise de 1929, a classe média é uma invenção keynesiana. O século XIX foi o século do liberalismo e também do Manifesto Comunista de Karl Marx, também é a época da luta de classes mais acirrada (Ricos e burgueses X Pobres e proletáriados).

    No séc. XX com o fenômeno da classe média houve uma alternativa a pobreza e riqueza. A classe média foi muitas vezes cooptada pela direita na necessidade de se criar um grande mercado consumidor nos países e acusada pela esquerda de enfraquecer a luta de classes. A partir dos anos 80 a classe média passou a ser marginalizada pelo neoliberalismo, interessados em baixos salários e ganhos de competitividade devido enfraquecimento do socialismo soviético. 

    Os governos progressistas que conseguirem unir os pobres e a classe média contra a ganância do capital serão bem sucedidos:

    – No Brasil, o PT falha em adotar a estratégia pelo pragmatismo que contaminou o partido, além do problema da governabilidade (correlação de forças desfavorável), existe a falta de estratégia na economia (projeto de longo prazo que gera mais industrialização, substituição de importações via câmbio e beneficia a escolarizada classe média) e o pouco enfrentamento do Status quo midiático/artístico (a classe média não consome os produtos culturais atuais de baixa qualidade que imundam os meios de comunicação).

    – O 1º mundo (Europa, EUA) apesar de um sistema político/partidário mais sólido, a crise econômica engessa as iniciativas políticas. Está arriscado, a classe média francesa eleger Le Pen (Frente Nacional) muito mais invervencionista e anti-liberal do que o Tea Party americano repetindo um pouco os anos 30 e 40 de tristes memórias (não significa que será igual, mas existe sempre o alerta).

    – Países como China, Venezuela, Equador e Bolívia. Ambos governados pela esquerda não possuem classes médias expressivas para se fazer uma análise mais aprofundada (apesar da tendência de crescimento em ambos), mas é interessante observas as diferentes esquerdas. Enquanto a China focou o desenvolvimento, não houve um avanço da classe média devido o modelo de crescimento mais para exportação que consumo, os países Bolivarianos priorizaram a distribuição de renda com surgimento de um estado bem-estar, mas o pouco dinamismo de suas economia é um dificultador para crescer a classe média.

    1. Risos…

      A maioria do proletariado apoia a Frente Nacional na França… então não é a classe média francesar que lhe daria a vitória… ela apenas a complementaria.

      Acho bonito o pessoal falar na “classe média brasileira”. Classe média na exata acepção do termo não chega a …% da população do nosso país! Vocês acham que o indivíduo que possui apenas um imóvel, a própria residência, é empregado CLT com renda familiar de 3 ou 4 mil reais mensais é classe média? Estes já estão no 5% mais ricos da população…

      Você sabia que:

      Apenas 1,2% das contas mantidas em bancos possuiam saldo (à vista, poupança ou aplicações) superior a R$ 70.000,00 em 2010? Menos de 2.000.000 de contas… considerando que alguns possuem mais de uma conta… menos de 1% dos brasileiros?

      Enquanto isto 4.000 pessoas possuiam riqueza individual líquida superior a US$ 30 milhões? E que estes que representam 1 a cada 50.000brasileiros detêm US$ 800 bilhões conjuntamente?

      A classe média brasileira se parece com os miseráveis do Brasil. Existe nas estatísticas e quase desaparece fora delas. O hiato entre ricos e pobres aqui é preenchido pelo vácuo…

       

  50. Um dos melhores textos já publicado nesse blog

    Olha que aqui sempre tem um texto melhor que o outro, é o paraíso da diversidade. Eu me sinto um privilegiado de poder todos os dias ler as opiniões de pessoas tão diferentes, e, ao mesmo tempo, tão iguais na defesa de seus ideais (desculpa a rima, rsrs). Como é bom ler  as reflexões de comentaristas como: André LB, Anarquista Lúcida, Daniel Quireza, JB Costa, Jotavê, Gunter Zibell SP, Alexander César Weber, Diogo Costa, entre outros. Hoje não foi diferente. Parabéns Renato. E parabéns ao Luis Nassif por coordenar essa metamorfose ambulante.

     

    [video:http://youtu.be/7VE6PNwmr9g align:center]

  51. Errado na essência

    Esse texto é a maldade disfarçada de brilhantismo. Deixe alguém sem nenhum esforço tomar algo seu que conseguiste com o suor do próprio rosto e verás se não mudas de opinião.

    Todos merecem as mesmas oportunidades. Essa noção obviamente tem de ser preservada. Na escola pública de qualidade, no sistema de saúde universal, na segurança igual para todos.  Mas algumas pessoas se esforçarão mais, trabalharão mais, conquistarão mais. Por que penalizá-las dizendo que elas não merecem o que conquistaram? Isso não é mais valia, isso é justiça. E é também justiça social, sim senhor!

    Se meu filho estudou mais e tirou 10 na prova, fez por merecer. Se o filho do vizinho jogou videogame em vez de estudar e tirou 3, por acaso meu filho tem de ter a nota rebaixada para 6? Pois éa v ida  isso que o texto propõe, na essência.

    Idem para a vida adulta. SE você classe média trabalhou anos para ter sua casa própria, e depois de muitos anos conquistou mais 2 ou 3 imóveis, é justo ficar sem eles porque alguém não tem onde morar?

    O texto é leviano com a Classe médica. São 400 mil profissionais no Brasil. A reação ‘abominável’ contra os cubanos foi feita por 20 estudantes, não mais que isso. O ‘dedo de silicone” foi feito por uma pessoa apenas. Portanto, essas coisas não representam a classe. A classe médica, em sua maioria, trabalha acima de 60 horas semanais, em jornadas diurnas e noturnas, para manter o padrão de classe média, pois os salários estão achatados. A maioria estudou em escola particular, porque a maioria das vagas são em escolas particulares. Isso não significa que são filhos de milionários.  São filhos da classe média, de pais que trabalham a mais, que  se sacrificam para pagarem um escola caríssima (empresários riquíssimos que extorquem a classe média). Ou são filhos de probres, com crédito educativo.

    Aí o Governo subverte a Lei existentes, com o velho argumento de que “os fins justificam os meios”  e cria esse monstro eleitoreiro chamado “Mais médicabos eleitorais”. Ora, por que não implanta o plano do Ministro Temporão, ex minisatro da saúde do governo Lula, que queria contratar médicos de carrreira? Por que um governo dito trabalhista demon, fériasiza uma classe trabalhadora? Por que um partido construído no funcionalismo público não quer contratar funcionários públicos? Por que cria “bolsas’ em vez de empregos, por que não quer dar os médicos carteira assinada, 13º e férias?

    Tem muita gente de esquerda que precisa acordar. Precisa entender que não se pode defender esse governo apenas porque ele é de esquerda. O PT não é a esquerda e, hoje em dia, tenho minhas dúvidas se eles são de esquerda . As ideias de justiça social e igualdade de oportunidades  são muito maiores que o PT.

    Abaixo as mentiras e a hipocrisia.

    1. > Por que cria “bolsas’ em

      > Por que cria “bolsas’ em vez de empregos, por que não quer dar os médicos carteira assinada, 13º e férias?

      Porque o governo pôde fazê-lo, já que não há oposição digna de nota no país, o Ministério Público foi fraco, há “juízes pela democracia” demais e juízes que entendem que seu papel é aplicar a lei de menos. Porque investiu (e foi bem sucedido, e com substancial apoio de parcela importante da imprensa, SIM) numa feroz campanha de difamação contra a classe médica, algo que nunca vi na minha vida, repercutida por caras como o autor deste textículo. Porque vai ganhar preciosos pontos com o eleitorado mais pobre, que não está nem aí se o médico que o atende é “bolsista”; não estaria se o médico estivesse lá preso por grilhões ao consultório.

    2. Essas reflexões do texto só

      Essas reflexões do texto só me remetem à nossa classe artística.

       

      Todos gritam e bradam pela difusão da cultura, mas na hora de dar meia entrada para os estudantes nos seus shows, gritam, berram e esperneiam que é um absurdo, que é um roubo, um crime!

       

      Fazem canções dizendo que é proibido proibir, querem a liberdade de expressão, de idéias, mas acham que é um absurdo alguém fazer uma biografia não autorizada das suas pessoas. Como assim alguém vai ganhar dinheiro com o meu nome, e não vai me pagar nada?

       

      Falar é fácil. Quero ver a hora que um cumpanheiro que nada mais fez na vida além de subir em palanque para pedir voto para um político tomar o seu lugar em um emprego. Ou melhor, virar o seu chefe.

    3. A essência é tão clara. Basta querer enxergar

      A sociedade ao enxergar a todos vai longe. 

      è o que prega o Papa Francisco

      é o que desprega a Igreja Universal quando dá palestras de auto ajuda para ostentadores

      O texto prega um mundo de oportunidades

  52. A carreira paralela

    Gostei muito do texto. É difícil ser objetivo neste tipo de temas. Parabéns. Vale a pena olhar todos os artigos aqui publicados, pois levamos gratas surpresas.

    A Anarquista Lúcida foi, mais uma vez, muito lúcida ao colocar o aspecto da linguagem.

    Eu agregaria uma carreira paralela para os mais “meritócratas”, impulsionada pelo mundo global, que começa desde Disneyworld, segue pelo Mcdonalds, pelos “pubs” e músicas em “ingrés”, pelos MBAs, pelo carro importado, pela mulher loira e peituda para exibir, pelo Green Card, pelos paraísos fiscais, e acaba encontrando a luz no final do túnel da sua “life” num apartamento luxuoso em Miami, muito longe do seu (teoricamente) país.

  53. Excelente.
    O problema da

    Excelente.

    O problema da nossa classe média é que quando ela foi urdida o conceito de meritocracia começava a surgir e como forma de diminuir o exercício de cidadania.

    O homem máquina baseado na excelência e produtividade surgia em substituição ao homem cidadão .

    Essa é a raiz dos grandes problemas brasileiro; a falta de exercício de cidadania, o homem prostrado pensando apenas no seu umbigo enquanto as varejeiras se alimentam do imobilismo da sociedade.

    Como diz Orson Camargo:

    “A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político.”

     

  54. Maravilha…..

    Esse texto explica o que eu sou e como preferiria educar meus filhos. O problema eh que vivo na Alemanha e com 3 criancas na escola….. Claro que poraqui tem meritocracia por todo lado, mas as politicas de governo nao sao meritocraticas e portanto dao MUITAS oportunidades para aqueles que nao querem estudar tambem….. Conflitos!

  55. Aiai, será que alguns

    Aiai, será que alguns comentaristas esqueceram-se de ler este pedaço do texto (essencial para se entender que o autor não desvaloriza a meritocracia como valor pessoal e sim como fundamento de organização coletiva)???

    “A meritocracia é uma forma de justificação das posições sociais de poder com base no merecimento, normalmente calcado em valências individuais, como inteligência, habilidade e esforço. Supostamente, portanto, uma sociedade meritocrática se sustentaria na ética do merecimento, algo aceitável para os nossos padrões morais. 

    Aliás, tenho certeza de que todos nós educamos nossos filhos e tentamos agir no dia a dia com base na valorização do mérito. Nós valorizamos o esforço e a responsabilidade, educamos nossas crianças para serem independentes, para fazerem por merecer suas conquistas, motivamo-as para o estudo, para terem uma carreira honrosa e digna, para buscarem por méritos próprios o seu lugar na sociedade.

    Então, o que há de errado com a meritocracia, como pode ela tornar alguém reacionário?

    Bem, como o mérito está fundado em valências individuais, ele serve para apreciações individuais e não sociais. A menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas. Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social. Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa.”

    Será que não percebem que a partir do momento que se coloca a meritocracia como justificativa para ‘colocar as pessoas em seus devidos lugares’ se está criando empecilhos para quem não teve oportunidades continue não tendo e quem teve sorte de nascer com todas as oportunidades possíveis assuma automaticamente o seu espaço confortável na sociedade (mesmo não merecendo nada, na verdade, como no exemplo Quintana x Coelho). A meritocracia funciona bem em termos pessoais, mas em termos de coletividade ela serve apenas para manter o status exatamente como está, e é disso que o texto está falando!!!!.

  56. Agradecimento

    Venho agradecer ao sr. Renato Santos de Souza pela luz lançada – de forma tão completa e brilhante – sobre um tema tão complexo e obrigatório. Um abraço, meu caro.

  57. Meritocracia apenas na area privada

    Excelente texto. Deu uma organizada em alguns pensamentos que me atormentavam.

    Eu sempre defendi a meritocracia baseada em igualdade de condicoes, apesar de entender que igualdade de condicoes seja algo um tanto utopico. De qualquer forma, defendo a tal meritocracia dentro das empresas ou dentro de equipes onde se busca dar oprtunidades iguais a todos os integrantes e se observa quem se desenvolve mais e desempenha melhor. Coloquei desenvolvimento e desempenho juntos porque creio que a meritocracia deve ser pensada como produto de ambos. Analisar o desenvolvimento apenas, favoreceria o menos preparado inicialmente, ao passo que desempenho isoladamente esconde as diferencas de capacidade ja adquirida pelos participantes antes do inicio do processo.

    O desafio aqui seria unir o fator desenvolvimento para compor a meritocracia, pois desenvolvimento esta ligado tambem a prover condicoes para que o individuo se desenvolva. Dessa forma, eu seria a favor de uma meritocracia futura para o Jose das notas 10, caso ele tivesse os recursos adequados, providos por politicas sociais adequadas, para que ele pudesse se desenvolver em maior igualdade de condicoes com outros garotos de sua idade.

    Os resultados aferidos de politica de cotas na Universidade de Michigan, indicam que agregar o fator desenvolvimento com condicoes ao desempenho, podem validar em parte a meritocracia. Alunos vindos de classes mais baixas e incluidos em cotas, tem desempenho profissional superior a alunos nao cotistas.

     

  58. Causa

    Você coloca a meritocracia como causa da desigualdade social no Brasil, ao mesmo tempo que diz que ela faz parte da ‘nova classe média’. Po, cara, a desigualdade social no nosso país é coisa antiga já, resultado de política excludente.

    No caso do Zé, por exemplo, se de fato vivessemos em uma meritocracia, ele conseguiria atingir seus objetivos, o problema é que ele é muito pobre, e a culpa disso é da falta de igualdade social. O Brasil ainda não tem uma meritocracia por si só, nem o governo nem as pessoas; o governo muito menos, pois trabalha pra todo mundo virar servido público: ganhando dinheiro e sem trabalhar.

  59. Acabou de aparecer esse poema

    Acabou de aparecer esse poema do Quintana no meu feed de notícias. Achei tão pertinente ao assunto em discussão, não só pelo Quintana ter sido lembrado no texto, mas pelo que este poema diz, pois ele vai fundo nesta questão da “meritocracia”, ou no fundo, de merecermos ou não um espaço neste mundo:

    O POBRE POEMA

    Eu escrevi um poema horrível!
    É claro que ele queria dizer alguma coisa…
    Mas o quê?
    Estaria engasgado?
    Nas suas meias palavras havia no entanto uma ternura
    mansa como a que se vê nos olhos de uma criança
    doente, uma precoce, incompreensível gravidade
    de quem, sem ler os jornais,
    soubesse dos sequestros
    dos que morrem sem culpa
    dos que se desviam porque todos os caminhos estão
    tomados…
    Poema, menininho condenado,
    bem se via que ele não era deste mundo
    nem para este mundo…
    Tomado, então, de um ódio insensato,
    esse ódio que enlouquece os homens ante a insuportável
    verdade, dilacerei-o em mil pedaços.
    E respirei…
    Também! quem mandou ter ele nascido no mundo errado?

    Mario Quintana
    – A Vaca e o Hipogrifo

  60. Análise falsa do começo ao fim

    A análise começa partindo da observação de que a reação contra os médicos cubanos foi motivada pela defesa da meritocracia:

     

    “…o que me parecia sustentar tal coesão era uma defesa do mérito, do mérito de ser médico no Brasil… Então, aquela reação episódica, e a meu ver descabida, da categoria médica, incompreensível até para o resto da classe média, era, na verdade, um brado pela meritocracia… Assim, boa parte da classe média é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito.”

     

    Só que os médicos cubanos não são uma minoria oprimida beneficiada por políticas de afirmação. Portanto a suposição de que os médicos esperneiam por verem isso como um atentado a meritocracia não é prova de que seja esse o caso. A razão objetiva é o que até as pedras sabem… Qualquer corporação monopolista quando vê seu mercado ameaçado por um novo competidor, esperneia.

     

    Mas uma vez afirmado que a meritocracia foi a raiz do episódio dos médicos, passou-se a construir uma argumentação para demonstrar a meritocracia como um mal. Só que a sustentação dessa argumentação se resumiu a descrever em itens as injustiças e perversões sociais colocando-as na conta da meritocracia sem a mínima preocupação de explicar o nexo causal. Vamos ao primeiro exemplo:

     

    “a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.”

     

    Eu pergunto, onde uma coisa obstrui a outra?

    Porque por minha vez posso observar que a meritocracia vincula-se a idéia da mobilidade social e que os valores universais se vinculam a harmonia social. E em seguida afirmar que a segunda é necessária para a primeira dando nexo causal de que para haver mobilidade social é preciso, antes do princípio da meritocracia, haver a idéia da igualdade a direitos universais. Isto é, numa sociedade escravocrata, escravos continuam escravos a despeito dos seus méritos “profissionais”.

     

    Mas para não perder tempo desmontando item por item, basta dizer que podemos trocar a palavra “meritocracia” que abre todos os itens a, b, c, d, e , f  por outra como “individualismo”, “corporativismo”,  “egoísmo”, “ganância”, “consumismo” ou qualquer outro vicio a gosto do freguês que o texto não mudará em sentido.

     

    Outra afirmação tirada da cartola foi afirmar que a elite não defende a meritocracia, algo discutível. Mas pior mesmo foi afirmar que os pobres também não defendem:

     

    “Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual. Assim, ser meritocrata implicaria não só assumir que o seu insucesso é fruto da falta de mérito pessoal, como também relegar apenas para si a responsabilidade pela superação da sua condição. E ela sabe que não existem soluções pela via do mérito individual para as dezenas de milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza, e que seguramente dependem das políticas públicas para melhorar de vida. Então, nem pobres nem ricos tem razões para serem meritocratas.”

     

    O que quer dizer “limitado potencial individual”? Que os pobres se acham incapazes de prosperar pelo estudo e trabalho ou que os pobres são limitados individualmente?! Isso no mínimo cheira a uma visão fatalista pra não dizer algo pior.

     

    Resumindo a falsidade da idéia:

     

    Afirmação 1) meritocracia = injustiça social =  ser reacionário

    Afirmação 2) a classe média defende a meritocracia e a classe pobre e a classe rica não defendem.

    Conclusão: pessoas reacionárias = pessoas da classe média.

     

    Acontece que a meritocracia se contrapõe ao pior dos mundos que é a idéia de viver numa sociedade de castas onde privilégios e opressões são perpetuados de forma hereditária. Claro, a alternativa utópica seria uma sociedade onde as pessoas produziriam riquezas motivadas pelo bem comum e viveriam felizes para sempre compartilhando tudo com todos de forma igualitária. Uma realidade onde egoísmo e ganância não fariam parte da nossa natureza. Só que analisar dessa forma simplista não leva a lugar algum.

  61. RIDÍCULO

    Um monte de bobagens vinda de uma esquerda radical que desmerece quem conquistou seu lugar ao sol por mérito.

    Para mim não passa argumentos para justificar a própria incapacidade dos que são vagabundos e incompetentes. A maioria só quer impor esse tipo de política para conseguir um cargo comissionado no governo. Vão trabalhar ao invés de ficar mamando no Estado.

  62. Pelo que entendi o texto, a

    Pelo que entendi o texto, a meritocracia não é um demérito, a questão toda é estabelecer uma proposta de vida baseada na meritocracia, onde só vale a pena gastar tempo naquilo que resulte em algo para mim. Eu não preciso me preucupar com minha comunidade, meus vizinhos, meus parentes..se eu me trancar no quarto e decorar um contéudo imenso de informações serei aprovado  e ganharei muito dinheiro, mesmo sendo uma ameba social.

  63. Realmente é de uma ignorância

    Realmente é de uma ignorância a toda a prova por a culpa de todos os males brasileiros na meritocracia da classe média.

  64. O autor é o exemplo de que a

    O autor é o exemplo de que a meritocracia no Brasil é uma piada. De acordo com seu lattes, o último artigo publicado foi em 2011. Cadê a meritocracia da classe média?

  65. Excelente

    Excelente texto. Mas é duro de aceita-lo. Eu vou ter que reler várias e várias vezes pra ver se o que está aqui escrito entre bem na minha cabeça e me livre de anos e anos (talvez gerações) de preconceitos que nem sabia que tenho.

  66. Tenho acompanhado os

    Tenho acompanhado os comentários sobre o meu texto com atenção, e eles têm me ensinado muitas coisas, e me fornecido alguns exemplos para o que eu escrevi no texto.

    Por exemplo, um dos comentaristas escreveu, elogiando o meu texto, “ótimo trabalho de Renato Santos de Souza, que deve ser um ótimo professor na UFSM/RS”; já outro, em sua crítica a mim e ao texto, escreveu “senhor professor, lamento pelos seus alunos”.

    Não tenho nenhum reparo a fazer a qualquer dos dois comentários a meu respeito, são democráticos e eu me expus a eles deliberada e conscientemente, mas estas palavras dizem muito sobre o que eu escrevi. Se eu fosse avaliado no mérito docente pelo meu texto, qual seria a avaliação a ser considerada? Eu tenho méritos para ser professor?

    Vejam que o que me legitima como docente foi ter passado em um concurso, em que a maioria da banca avaliou o meu desempenho em algumas provas, segundo normas preestabelecidas, e concluiu que eu tinha mais méritos que os demais concorrentes. Mas nesta como em qualquer avaliação de mérito, não se estabelece uma “verdade”, o que dá legitimidade para uma decisão de mérito são os procedimentos. Na sua avaliação de mérito em um processo, o STF pode condenar um réu que obteve 5 votos como culpado e 4 como inocente. O que dá legitimidade à condenação é o procedimento da “maioria”, mas isto não significa que se chegou a uma “verdade”, a uma conclusão incontroversa, o que de fato não aconteceu se houve quatro votos pela inocência; portanto, o mérito verdadeiro não foi alcançado. Porém, após a decisão tomada, o réu é considerado culpado, e as decisões assumem “efeitos de verdade”. Culpado! declara-se. Da mesma forma, após a aprovação no concurso, o mérito está estabelecido, não importam as controvérsias a respeito da avaliação dos candidatos.

    O que estou querendo dizer é que, a despeito de muitos acharem as avaliações meritocráticas (base de qualquer meritocracia) objetivas, isentas de juízos de valor, de subjetividade, de interesses, de controvérsias, de poderes, elas não o são; portanto, o merecimento não é alcançado pela meritocracia: o mérito é, na verdade, uma convenção, e o que lhe dá legitimidade não são valores substantivos, convicções ou verdades objetivas, mas sim procedimentos e regras. É por isso que a meritocracia opta por premiar e/ou punir o desempenho, o qual é medido convencionalmente por certos procedimentos, ao invés de correr atrás de um merecimento que é mais um juízo de valor, como o expresso pelas falas dos meus dois comentaristas anteriores. Se eu fosse um professor de pré-vestibular, poder-se-ia medir o meu desempenho pela aprovação dos meus alunos, mas como se faz isto com um educador?

    Então, o que se estabelece são procedimentos para avaliar desempenhos, dos quais fazem parte critérios subjetivos; estes, porém, dependem de nossas crenças, nossas ideologias, nossos interesses, e eles estão frequentemente em disputa. Se eu fosse avaliado no meu mérito docente pelos comentaristas deste blog, provavelmente o meu destino dependesse das opiniões dominantes por aqui e do poder que elas acumulam neste espaço, e nenhum de nós poderia negar que isto está atrelado às crenças, interesses e ideologias de cada um e de cada grupo.

    O “mérito”, então, não está naquele que é avaliado, mas naquele que avalia. Então, contraditoriamente, o que está em jogo não é o valor daquele que será premiado ou punido pela meritocracia, mas os interesses, crenças, ideologias e poderes daqueles que avaliam. Os comentários divergentes, antagônicos mesmo, a meu respeito, provam que o meu mérito não repousa em mim, mas em quem me avalia. Portanto, a meritocracia se baseia em uma falsa ética do merecimento, como se fosse possível avaliar objetivamente o mérito de cada um antes de premiá-lo ou puni-lo (desculpem usar a mim mesmo como referência aqui, mas a analogia foi irresistível).

    Por isto eu escrevi que, apesar da meritocracia escamotear as reais operações de poder, os poderes econômico e político, não raras vezes, é que estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos. Como desempenho e mérito são convencionados, e convenções são disputadas politicamente, a meritocracia opera as mesmas relações de poder e dependências pessoais a que ela veio pretensamente combater.

    Então, de que meritocracia estamos falando?

    1. Sublime o seu artigo. A

      Sublime o seu artigo. A meritocracia pode não ser o parâmetro mais correto para ascensão social, mas em nenhuma sociedade existe perfeição. Fiquei desapontada por você não incluir o verdadeiro vilão que é o poder público e não a classe média. O pobre não fica rico porque a classe média não permite. O pobre não se torna rico porque existe o poder público canalha , que suga as classes média e ricas com seus impostos  e a perpetua da pobreza.

    2. Sublime o seu artigo. A

      Sublime o seu artigo. A meritocracia pode não ser o parâmetro mais correto para ascensão social, mas em nenhuma sociedade existe perfeição. Fiquei desapontada por você não incluir o verdadeiro vilão que é o poder público e não a classe média. O pobre não fica rico porque a classe média não permite. O pobre não se torna rico porque existe o poder público canalha , que suga as classes média e ricas com seus impostos  e a perpetua da pobreza.

      1. Comentário

        Concordo com você em tudo. Sociedades que não tem meritocracia fazem com suas classes mais pobres se estagnem. Eles não têm como ascender. É um contra dos países que não têm meritocracia.

         

    3. Parabéns!

      Só queria dar os parabéns pelo diagnóstico preciso! Ver a meritocracia como sistema social justo, mesmo numa sociedade injusta, é realmente um pensamento que reconheço em várias pessoas ao meu redor.  Lendo também os comentários fica claro o quanto “se colocou o dedo na ferida”.

      Talvez nem todos entendam o abismo social que impede algumas pessoas cheias de potencial de (até mesmo) conseguirem explorar e desenvolver suas próprias capacidades, quanto mais de terem um retorno financeiro e social . Acredito que é esse entendimento que falta a quem que criticou o texto.

    4. Vamos ao seu erro conceitual central

      “O “mérito”, então, não está naquele que é avaliado, mas naquele que avalia. Então, contraditoriamente, o que está em jogo não é o valor daquele que será premiado ou punido pela meritocracia, mas os interesses, crenças, ideologias e poderes daqueles que avaliam. Os comentários divergentes, antagônicos mesmo, a meu respeito, provam que o meu mérito não repousa em mim, mas em quem me avalia. Portanto, a meritocracia se baseia em uma falsa ética do merecimento, como se fosse possível avaliar objetivamente o mérito de cada um antes de premiá-lo ou puni-lo (desculpem usar a mim mesmo como referência aqui, mas a analogia foi irresistível).

      Por isto eu escrevi que, apesar da meritocracia escamotear as reais operações de poder, os poderes econômico e político, não raras vezes, é que estão por trás dos critérios avaliativos e dos “bons” desempenhos. Como desempenho e mérito são convencionados, e convenções são disputadas politicamente, a meritocracia opera as mesmas relações de poder e dependências pessoais a que ela veio pretensamente combater.

      Então, de que meritocracia estamos falando?”

       

      Prova nada. Você se esquece de uma coisa básica, e objetiva, sobre a meritocracia. Mas pra não dar a resposta óbvia, que não vai fazer você pensar, eu coloco isso como pergunta…

      Se você está num conjunto de pessoas sendo avaliadas, o que realmente importa para vc ser declarado o melhor do grupo a despeito de quem seja o avaliador (desde claro que inexista desonestidade em jogo) ou “régua” usada para medir o desempenho dos candidatos?

    5. Caro Renato,
      Apenas para

      Caro Renato,

      Apenas para ratificar essas suas considerações:  é justamente no âmbito acadêmico onde podemos perceber mais facilmente que a meritocracia é hipócrita, pois seria onde essa ideologia poderia reinar de forma inconteste, eis que, em tese, desprovida de interesses políticos, pessoais, etc, devendo ser pautada apenas em critérios eminentemente técnicos. No entanto, o que mais vemos é ocorrer (in)justamente o contrário: por mais brilhante que  o estudante seja, se  ele não for bem relacionado com o corpo docente ou já não tiver amizade com um professor orientador ele simplesmente não é aceito para seu mestrado ou doutoramento, principalmente  se ele não for egresso da mesma  Universidade.

  67. Caro Renato Santos de Souza,

    Caro Renato Santos de Souza, Nada, nenhum livro ou filme que tratasse de questões sociais, de valores, filosofia, da moral e ética, … nada, nada me balançou tanto quanto seu texto. Veio quase que como um SOCO que formatou e ordenou várias de minhas ideias jogadas, perdidas e aturdidas na pluralidade de nossos cotidianos. Veja a metáfora: Quando descobre-se um bacilo, vírus ou seja lá o que for, descrevesse suas características, ações, profilaxias, tratamentos e assim por diante. Comprovando-se notoriedade do fato descoberto, dá-se ao autor, um título de Doutor, PhD e por vai… e no seu caso, nessa doença social, a qual convivemos todos os dias, me atrevo a dizer que você já tem uma tese pronta. Vá em frente! … e Obrigado !!!!!!!!!! De coração e espírito. Hoje, com seu texto, você nos deu ferramentas para discutir de frente alguns dos equívocos, os quais nos deixam sem ação, justamente pela falta de entendimento, ignorância ou até mesmo, pela opressão e covardia que esse ‘pequeno poder’ nos causa. Não consigo dizer mais nada… Hoje, para mim foi um dia EUREKA. Obrigado. 

  68. meritocracia X desempenhocracia

    Concordo com todos os pontos colocados, menos na catalogação dos erros:

    a) A sociedade não é constituída por uma pirâmide em que um único eixo categoriza as pessoas: (ricos, remediados e pobres). A Sociedade é tridimensional, a classe dos políticos, que via de regra, é composta por um caldo amorfo de oportunismo/empreendedorismo/carisma/malandragem não tem classe. São ricos porque são políticos mas a origem deles é quase sempre heterogênea e desconhecida. Estão lá, alguns foram líderes estudantis, outros, líderes sindicais, outros líderes religiosos, mas o que os une não é o dinheiro de partida, e sim a veia articuladora, o carisma, a falta de escrúpulos.

    b) A sociedade não pode ser meritocrática porque os decisores não chegaram à posição de decidir por mérito e não entendem o que isso significa ou como aplicá-lo.

    c) O critério da meritocracia é um algorítimo complexo e inexato, e é dificílimo fazer um julgamento correto de mérito sem juízo de valor, sem incoerências e sem parcialidade, o que não significa que a meritocracia esteja errada. Quem não teve acesso a cultura ou oportunidades tem que ter acesso a oportunidades. Ponto. O problema é que um fundamento da nossa sociedade que interfere em tudo está errado. O político não chegou ao poder por mérito, o pobre não passa fome por falta de mérito, o remediado não criou o problema que está compulsoriamente remediando, não consertando.

    Posso dizer isso como duplamente graduado, mestre com nota máxima e louvor (mérito) e ex classe média, atualmente pobre

  69. Meritocráticos

    Lendos os posts, percebo que, em sua maioria, corroboram a tese levantada por Renato.  Esse é o Brasil:  um país desigual, preconceituoso, elitista.  Mas que, na prática, não se enxerga assim.

  70. hahaha!

    O que eu mais gostei na sua página foi o anúncio da CAIXA.

    Provavelmente vc não tem nenhum mérito nisso. Só puxa-saco do atual governo e de suas ideias tortas.

    Vai publicar um  paper e vê se merece uma bolsa de produtividade.

    Lamentável.

  71. Parabéns

    Caro Renato,

    Observo que seu texto tenta buscar as mesmas respostas do que eu. Acredito que essa seja uma pequena parte de um sistema precário que ainda estamos inseridos.

    Vejo, sim, a meritocracia como a grande muleta da classe média, também a entendo como um preconceito velado entre outras coisas que você veio a citar, mas, mesmo assim, não me responde todas as perguntas. Dentre elas algumas com respostas tão claras!

    Não Obstante, não explica a falta de interesse da classe média na informação. Digo, não apenas em ler e estudar todos nossos valores metafísicos, mas confrontar, indagar e não aceitar a primeira resposta. A meritocracia também não responde o ódio e a raiva da classe média. Muito menos a crueldade, porque ser contra o bolsa família é ser cruel. Em minha consciência tenho que ninguém merece morrer de fome, independente de seu potencial produtivo!

    Venho lendo e estudando sociólogos e filósofos desde os 17 anos e em nenhum encontrei a grande resposta. Acredito que com mais esse texto eu encaixe mais uma peça no quebra-cabeça da formulação social desta classe, que mais me anima chamar de Pretendentes, como Bourdieu!

    Continue pensando assim, existem muitos “eus e vocês” que ainda podem mudar alguma coisa!

    1. crueldade

      Crueldade é ser roubada pela receita federal em um sitema tributário injusto, onde a classe média tem imposto retido na fonte e saber que o empresariado sonega macissamente e ainda ver o dinnheirro suado do imposto ir para uma cambada de vagabundos da laia dessa destemperada chauí!

       

    2. Obrigado Marcelo, dentre

      Obrigado Marcelo, dentre tantos impropérios que tenho lido em alguns comentários, muitos deles claramente ofensivos (quase a confirmar o que defendi no texto), as suas palavras me animam.

  72. Tolices! Sem mais a

    Tolices! Sem mais a dizer.

    Esqueces qual foi a força que a imigração alemã, italiana, polonesa e japonesa trouxeram também um forte componente de trabalho duro, que é o símbolo da classe média. Se há distorção na socidade é justamente a fraca presença do empreendedor até meados de 1960-1970, o sujeito agregrado sem vínculos era figura comum num país de remendados e de baixa instrução.

    O estado brasileiro que se moldou à partir do corporativismo (com base no fascismo italiano) e de uma guinada para a direita no início do governo Castelo Branco, com tendências estatizante com Geisel foram as plataformas que proporcionaram a formação da classe média de funcionários públicos e em paralelo de empreendedores.

    Se houve despolitização do grosso da classe média, foi o regime militar que o causou, e é justamente um dos motivos do Brasil não ter partidos de clara e forte bandeiras liberais e conservadoras hoje.

    Ora, Marxilena Chaui é claramente uma vigarista intelectual. Como pode ter a mesma classe média um pensamento fascista, e ser meritocrática? A meritocracia recente demonstrada pela classe média foi justamente uma resposta contra um Estado quebrado e ineficiente pós-1985. E Se fosse fascista, ela agradeceria cada criação de uma estatal nova e de políticas de inchamento do Estado até voltar ao quadro do governo Geisel.

    1. Justamente! Você fala da

      Justamente! Você fala da imigração alemã, italiana, polonesa e japonesa como representantes do esforço que foi recompensado. Mas você não fala dos milhões de índios e negros que formaram as bases de esta nação (trabalharam bem mais do que os alemães, italianos, poloneses ou japoneses), que merecem, mesmo que seu “desempenho” segundo os padrões meritocráticos seja baixo no esquema atual das relações de mercado.

  73. Há um sofisma evidente no

    Há um sofisma evidente no texto – ataca-se a meritocracia, mas descrevem-se apenas os defeitos dos critérios para medição do desempenho, que em geral são problemáticos, principalmente no Brasil. 

    A meritocracia é um fato e não adianta negá-lo: se ele não se manifesta no desempenho profissional, numa sociedade artificialmente igualitária (mais próxima, portanto, do socialismo) vai se manifestar de outras formas – ou ninguém exercerá o poder de outras formas numa nação socialista? E quem exercerá esse poder? Será quem alcançá-lo por seus próprios méritos! Os critérios? Serão a força? Armas? Inteligência? Carisma político? Dinheiro? Tudo isso junto?

    Ademais, não se coloca uma proposta alternativa: o que colocar no lugar da meritocracia? Os postos de trabalho e as vagas numa universidade são limitadas e não atendem a todos… como preenchê-los? Sorteio?

    Os recursos são escassos, tanto mais no Brasil, país ainda muito pobre – oitavo ou nona economia em valores absolutos – 54º em renda per capita (que desconsidera a desigualdade).  Ou prosperamos (leia-se: enriquecemos), ou não nunca se alcançará a tal justiça social.

    Enfim, e criticando agora mais acidamente, os conceitos são belos (Justiça Social), mas as oportunidades só podem ser ampliadas num ambiente de real competição econômica, com liberdade e livre concorrência (todos os países de primeiro mundo prosperaram assim, sem exceção). O mérito é medido pelo próprio mercado – os melhores e mais eficientes prosperam, ampliam, diversificam, geram mais empregos etc – , cabendo ao governo apenas criar regras e reprimir abusos do poder econômico, práticas anticoncorrenciais etc.

    Quanto mais negócios, mais empresas; mais empresas, mais empregos; mais empregos, mais prosperidade econômica etc. O ser humano não conhece outra forma de gerar riqueza, lembrando que nosso estado natural é miserável.

    Assim é no mercado, assim é na natureza tão bem explicada por Darwin: somente a competição leva à evolução (seu livro mais famoso chama-se a LUTA pela Vida), seja das espécies, seja das civilizações.

    O resto é tentativa de engenharia social que, quando aplicada na prática, não gerou prosperidade econômica, mas sim milhões e milhões de mortos. Lembrem-se: a Europa que prosperou foi a capitalista!

     

     

    1. Primeiro que Darwin não

      Primeiro que Darwin não postulou um direcionamento á evolução: do menos para o mais. O postulado da seleção natural diz respeito aos indivíduos pré-adaptados ao sistema dinâmico em que estão inseridos. No sistemas em que vivemos (Capitalismo), a sua dinâmica de mudanças abruptas determina a seleção dos indivíduos adaptados ao novo caminho após a truculência. Esta mudança no perfil de uma população pode ser devido ao acaso, sem direcionamento algum! Por isso não podemos comparar o mercado de capitalização com a natureza. Um se dirige, independentemente do que aconteça ao acúmulo de capital, o outro, a natureza, não possui direção.

       

      Quanto a competição! este aspecto da teoria da seleção natural foi muito bem compreendido na política Vitoriana da Inglaterra imperialista. Explicaria toda a culpa pela exploração desmedida! Centenas de artigos depois e não temos a certeza de que este processo biológico seja responsável pela evolução como você diz. Existe uma alta tendência de que a evolução ocorra devido a processos estocásticos (o maldito acaso), que não controlamos e não temos permissão para controlar. Mais, ao que tudo indica, populações de espécies diferentes tem maior probabilidade de subsistirem as adversidades e acasos quando em interações mutualísticas (aquele negócio de um ajudar o outro!) do que competitivas.

       

      A competição é uma força que existe na natureza e existem processos naturais para controlá-la, afinal todo processo competitivo é altamente custoso para os envolvidos. Este processo envolveria ampliações e retrações nos tamanhos populacionais que controlariam o apetite da “competição” por mais mortos e vulneráveis. O problema deste processo (chamado de densidade-dependência) é que em um momento de retração pode chegar o maldito acaso e puft. Acaba tudo.

       

      Uma guerra hoje, por exemplo, em nível mundial como outras que ocorreram devido ao acúmulo de capital poderia analogicamente com relação a nossa espécie, ser um magnífico… PUFT! Abraço

    2. Muito fraca sua posição

      Seu comentário aqui que comete “sofismas”. Você força a assimilação de conceitos a interesses que não são pertinentes (tampouco foram inclusos) ao tema do texto.

      1) Sua defesa de um capitalismo made in usa já é auto-refutável pela história.

      2) Sua apropriação de concepções biologiacas darwinistas para o contexto da avaliação social é completamente leviana e sem o menor rigor conceitual.

       

       

      1. Ao Camilo

        “1) Sua defesa de um capitalismo made in usa já é auto-refutável pela história.”

        Qual história refuta o capitalismo made in usa? A de CUBA?

        E é engraçado.. dizem que o capitalismo made in USA é ruim… mas os cubanos vivem fugindo para os EUA (não, não existe o movimento contrário)

        Os cubanos dão a seguinte desculpa bem clichê: ah, não prosperamos por causa do embargo comercial americano! ÃÃÃÃHHH? O embargo proíbe os EUA de comerciar com CUBA – mas se o capitalismo made in USA é tão ruim assim, porque é a falta de acesso a esse capitalismo que é a causa de todos os males de Cuba?

        Não tem uma contradição aí não?

        Os EUA ainda são a nação mais próspera do mundo, com Instituições sólidas e democracia. É o país das oportunidades, quase toda a imigração do mundo se dirige para lá.

        Qual parte da história eu perdi?

        “2) Sua apropriação de concepções biologiacas darwinistas para o contexto da avaliação social é completamente leviana e sem o menor rigor conceitual.”

        Darwin descobriu (isso não é teoria, é fato comprovado) que as espécies evoluem com competição. Sem competição, não há evolução da espécie. Só fiz uma analogia com a própria civilização, que evoluiu com o decorrer dos milhares de anos de sua existência (ou você acha que ainda estamos no tempo das cavernas?)… e essa evolução, inclusive das instituições, da proteção aos direitos humanos, dos valores democráticos, foram conquistadas a duras penas… são valores muito caros para um Karl Marx chegar e defender uma engenharia social artificial e jogar tudo aquilo no lixo!

        Uns atacam a meritocracia, eu critico o “coitadismo” ou “autovitimização”, tão peculiar nessa nossa república de bananas, que atribui o nosso fracasso como tendo sido causado pelo sucesso dos EUA…

        1. Concordo totalmente. ainda

          Concordo totalmente. ainda não surgiu sistema melhor que o capitalismo com democracia e bem estar social, ainda que sujeito a imperfeições e injustiças. Serviços públicos de qualidade para TODOS? SIM! Acesso à educação, qualificação para TODOS OS INTERESSADOS? sim! Oportunidades para todos, mas quem se interessa, dedica, esforça, a recompensa é maior! ISSO É ÓBVIO! Chega de coitadismo, paternalismo e populismo, chega de muitos trabalharem duro pra bancar preguiçosos e acomodados. Podem me apedrejar, chamar de reacionária, mas conheço o ser humano o suficiente pra saber que não são todos um bando de coitadinhos doidos pra terem oportunidades de trabalhar honestamente, progredir pelo esforço! o resto é lero lero, cobrem dos governos os serviços públicos essenciais para todos, o resto É MÉRITO SIM!!!

    3. E por falar em sofismas – e mais…..

      Entendo que o texto faça crítica à meritocracia, não ao mérito…. Meritocracia, que não é mérito porque parte sempre de diferenças extremamente importante para o ser humano, é injusto, e assumir essa injustiça, penso eu, é, a médio ou longo prazo, “dar tiro no pé” – já que o próximo a perder podemos ser nós…. Eis onde está o fator reacionário da classe média: tem mais medo do povo no qual galga suas ações do que da alta burguesia que lhe oprime econômica, política, social e moralmente….

       

      Partindo do princípio de que o que está sob análise no texto é a classe média brasileira por um motivo a princípio bem explicado – a sua singularidade -, invocar o capitalismo estadunidense ou europeu, com todo os seus aparado de estado de bem estar social (inclusive com destaque no texto) para fazer paralelo sem que maiores explicações sejam feitas para além do eterno chavão “capitalismo venceu”, ainda mais quando estatísticas indicam, por exemplo, que 20% dos estadunidenses estão em miséria absoluta e que os europeus estão perdendo direitos – e alguns, até mesmo seus empregos e casas -, posso estar errado, mas me parece sofisma dos brabos – acompanhado de cegueira…. Não há vitórias em mortes, ainda mais quando o “inimigo está batido”….

       

      As teorias de que o livre negócio é o caminho, a verdade e a vida para a salvação da humanidade também me parece ser – e parece que os capitalistas (de verdade) concordariam com isso – um sofisma que eles só sustentariam longe das evidências mais básicas, e para sustentar o seu poder – assim como os monarcas fizeram outrora com a religião….

       

      Realmente não há uma alternativa apontada de forma evidente no texto, como tão pouco há em dizer que a melhorar o que se tem – que, leia-se de passagem, é muito ruim – é o que há de bom…. Esse é um sofisma que um mínimo de história, tão esquecida nas análises cujo foco seja viver a vida da forma que ela se apresenta – como se não fossemos os responsáveis por ela -, facilmente quebra….

       

      Não devo entrar no mérito do uso – assustador, por indicar irracionalidade à processos tão ideologicamente elaborados – da filosofia darwiniana para além de apontar o que imagino ser o mérito do ser humano segundo sua teoria: algo próximo aos chipanzés…. Viver em grupo e proteger os mais frágeis estão entre as principais características dessa espécie. Individualismo grupal, não.

       

      Restam ainda algumas dúvidas na explanação: se o mérito é do indivíduo, porque a solução prática é o negócio – que, necessariamente, envolve uma série deles?! E se os recursos são escassos – afirmação que não tem lógica quando se aponta isso para a 8ª economia mundial (e grande potencial de matéria-prima e mão de obra) -, como gerar negócios (e, por “consequencia natural”, empresas, emprego e prosperidade)?! Aliás, naturalizar empreendedorismo e prosperidade enquanto um meio e um fim concretos também não é sofisma?!

       

      Para pensar em sofismas – e pessoas, a alma de tudo…. 

       

      Existência social não é filosofia vã, é o básico da vida humana….

      1. João Paulo,
        Sobre o trecho

        João Paulo,

        Sobre o trecho “As teorias de que o livre negócio é o caminho, a verdade e a vida para a salvação da humanidade também me parece ser – e parece que os capitalistas (de verdade) concordariam com isso – um sofisma que eles só sustentariam longe das evidências mais básicas, e para sustentar o seu poder – assim como os monarcas fizeram outrora com a religião….”

        É bem a cara da esquerda acusar os liberais (como eu me enquadraria) de acharem que o capitalismo é a salvação de todos os males. É bem o contrário disso: o capitalismo tem inúmeros defeitos… mas até hoje não se “inventou” nada melhor… o capitalismo não é teoria, é o fruto da evolução natural da sociedade (nesse ponto citei o Darwin, não sobre o clichê do darwinismo social que fundamentou o nazismo – não precisa se assustar)

        O que você propõe em substituição ao capitalismo? Cuba? Coreia do Norte? a naufragada União Soviética? Nesses o mérito é julgado pela lei do mais forte, o ditador que está no poder…

        O trecho ” 20% dos estadunidenses estão em miséria absoluta e que os europeus estão perdendo direitos – e alguns, até mesmo seus empregos e casas -, posso estar errado, mas me parece sofisma dos brabos – acompanhado de cegueira…. Não há vitórias em mortes, ainda mais quando o “inimigo está batido”….”

        Meu amigo… você já esteve nos Estados Unidos, no pós crise?

        Me fala uma coisa: quantos americanos estão fugindo de seu país para vir ao Brasil ou a qualquer outro lugar do mundo? Hummmmm… é, esse movimento não existe, certo?

        Agora… veja quantos cubanos fogem para os EUA… bem mais, né? Veja quantos imigrantes do mundo inteiro, Ásia, Africa, America Latina, entram nos EUA todos os anos… por que será?

        Sim, os EUA ainda são o país das oportunidades… e os países socialistas tiveram que construir muros para evitar a fuga… será que esses fugitivos são tão burros assim?

        O erro não é dizer que o capitalismo venceu… é dizer que o capitalismo perdeu para a crise de 2008 (como se alguém sustentasse que o capitalismo não é sujeito a crises….)

        Os EUA não são um país perfeito, muito longe disso… mas ainda é o melhor país do mundo em oportunidades. e lá a meritocracia é levada ao extremo!

        Nada do que disse acima são teorias… são fatos notórios. Teoria é a engenharia social pregada por Russeau, Marx e companhia!

        Abraços

         

         

         

         

         

  74. Generalização

    O autor do artigo optou pela generalização. E toda generalização é terrível vingança social que não corresponde à realidade.

  75. Sobre os comentários

    Caro Renato, me parece que sua tese poderia ser reforçada pelos comentários que aqui se fazem. Não teria paciência para ler todos eles, mas grande parte dos que protestam contra tuas asserções demonstram justamente o ranços apontados no texto. Contudo ainda não entendo como a classe média consegue vender estes valores a uma grande parcela dos pobres, pobres de direita (oxímoro? não no Brasil). Outro detalhe interessante de muitos protestos contra tua opinião, é as pessoas parecem não ter lido ou entendido o texto, é uma das causas da facilidade de massificação, a empáfia que atrapalha a tomada cuidadosa de informações e reflexões necessárias antes de se emitir opiniões

  76. Como confiar no estado?

    Nassif, levando em consideração a sua linha de raciocínio e seus exemplos, não há como discordar do conteúdo do texto, mas há uma questão, na minha opinião muito importante e relevante com o assunto, que não é colocada em questão na sua lista: COMO CONFIAR NO ESTADO BRASILEIRO?

    Nos meus 42 anos de vida, eu não recebi serviços, ou apoio, ou qualquer coisa pública que fosse um pouco além do mais ou menos (Na maioria das vezes o serviço foi péssimo mesmo). Nunca vi qualquer ação do governo que fosse planejada de forma realmente inteligente, pensando no futuro e nos brasileiros e, ao contrário dos discursos oficiais, nunca vi o menos favorecido ter prioridade REAL na lista do poder. Ouvi sim, muitos discursos vazios, desde a época dos militares, todos recheados com promessas incríveis, explicações incríveis, mas, na prática, nada ou muito pouco. Como confiar em um estado que vem assim desde de a época da colônia?

    Penso que o sistema atual é muito melhor que as ditaduras do passado (Sou absolutamente contra  QUALQUER TIPO DE DITADURA), mas estamos ainda bem longe do razoável, ainda mais SABENDO QUE HÁ RECURSOS, e o nosso Estado ‘não consegue’  a vários governos e bandeiras, eliminar ou reduzir os vícios do sistema, como a corrupção descarada, o inchaço da máquina, a incompetência na gestão dos serviços, a burocracia criminosa…Novamente, como confiar em um estado assim?

    Venho de família pobre, sou migrante e sei o quanto a classe média pode ser cruel e sem noção. Sei que o jogo tem a lógica do lucro e as ferramentas para ‘subir’ na vida em nosso país, são distribuídas de forma totalmente injusta desde sempre, mas acredito que só poderemos melhorar REALMENTE, quando TODO esse SISTEMA UTILIZADO HOJE, que cria e alimenta um ESTADO INCOMPETENTE E CORRUPTO, mudar. Não acredito que mudar a cabeça da classe média criando uma consciência dos males da meritocracia esteja na frente de criar um sistema que alimente um ESTADO MELHOR e a partir desse ponto, pensar na melhor forma de democracia. Como fazer isso? Não sei, ainda, mas penso que líderes melhores, conectados a conceitos ideológicos atualizados com a realidade do nosso milênio e não do século passado, seja um bom começo. 

  77. Acho que o texto teve muito

    Acho que o texto teve muito sucesso ao levantar uma questão polêmica que mexe com as crenças da classe média. Ainda fico na dúvida do que se constitui a classe média, mas concordo que a sociedade é meritocrática. Não sei se isso é negativo, também não conheço alternativa viável.

    Existem algumas questões de interpretação… Eu posso achar que o pobre se sente merecedor de subsídios do governo já que foi injustiçado em outros aspectos ou que teve menos oportunidades na vida. É difícil generalizar todo um grupo como fez o texto ao avaliar a reação dos médicos. Não se levou em conta que o discurso não foi contra a vinda de médicos. O problema foi a vinda de médicos sem a devida equiparação técnica. Não é uma questão de merecimento. É uma questão de regulamentação de uma profissão que segue normas para o bom funcionamento. Se você pegar como exemplo as sociedades ditas “não-meritocráticas” (EUA, Europa)… qualquer médico estrangeiro terá que gastar alguns milhares de reais, um tempo considerável de estudo e trabalho supervisionado nestes países/continente para “merecer” exercer sua profissão e atuar em comunidades menos favorecidas – que com certeza existem em qualquer lugar do mundo. Na minha opinião a meritocracia é uma tendência mundial, não só brasileira. (Se você pensar que “vestibulandos” chineses cometem suicídio ao não conseguir uma vaga universitária…)

    Que nós da classe média continuemos engajados nesta discussão reflexiva sobre nossa situação atual e possíveis rumos.

  78. Avaliação e julgamento

    Somos tão limitados ao conhecimento que quando alcançamos seu auge, criamos novos desafios que nós tornam novamente ingênuos. Analisar a complexidade do comportamento humano, mesmo que seja social, implica se expor ao julgamento de quem tem sede de conhecimento. Jamais estaremos preparados para o julgamento porque nunca estaremos no auge do conhecimento. A observação é o comportamento mais adequado. O autor nos brindou com um texto que nos faz pensar e refletir sobre o existencialismo, sobre nossa condição racional, impossível de ser concluída. Obrigado por me fazer perceber (certo ou errado) a posição que ocupo no contexto social humano.

  79. Ignorância e incapacidade de interpretação e processamento .

    Essa direitinha de classe média do Brasil é muito patética.

    Em ponto algum o autor fala que a meritocracia é o UNICO male que assola nossa nação.
    Ele explica em detalhes PORQUE a nossa classe média é tão reacionária, cruel e sem compaixão.

    É perfeitamente óbvio que existem milhares de problemas que causam isso tudo. Se o país funcionasse como deveria, a meritocracia não seria nem um problema tão grande.

    Mas com um povo que literalmente mama nas tetas do governo, paga impostos absurdos pra depender de tudo isso, e se vangloria achando que é tudo por mérito proprio. Porque todo mundo ganha a vida sozinho né?
    Ninguem nasce com privilégios inatos num país racista, paternalista, corporativista…não. Que isso. Que absurdo.

    Por causa desse tipinho cada vez mais comum no nosso país, sabe uma coisa que me dá um prazer absurdo?
    Ver uma pessoa dessas conseguir um emprego numa super multinacional, tipo a Ambev. que é uma empresa COMPLETAMENTE voltada pra resultados, custe o que custar, ter sua vida sugada à força pela filosofia de vida que acham que é certa. Ver essa pessoa ser consumida para que uma empresa consiga mais lucros e dê uma parcela pífia do que ela lucra com o total esgotamento físico e psicológico de seus funcionários. 
    Esses que acham que são felizes porque ganham uma cesta de Natal no fim do ano e acham que seu bonus de 14 mil é grandes bosta no fim da vida.

    Méritos e conquistas devem sim ser apreciados. Mas como o autor falou, mérito é pessoal. Não devia ser política social de massa.

    1. Leia de novo

      “Em ponto algum o autor fala que a meritocracia é o UNICO male que assola nossa nação.

      Está claro no texto que a meritocracia é tratado como problema central. É só ler:

      “A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora… Vou gastar as últimas linhas deste texto para oferecer algumas razões para isto, para mostrar porquê a meritocracia é um fundamento perverso de organização social… “

      1. Esqueceu de grifar o “boa

        Esqueceu de grifar o “boa parte dela” (parte, não totalmente, e portanto não excluindo outras causas nem incluindo a todos na mesma causa) . 😉

        1. Sim Lidiane, o “boa parte

          Sim Lidiane, o “boa parte dela” é uma forma do autor dizer que não está generalizando. Mas isso é o que qualquer um pode dizer antes de atirar a pedra na vidraça. O que não muda é que ele aponta, com todas as letras, essa vidraça como sendo a meritocracia. Porque então querer esconder isso agora?

  80. defesa da classe média?
    Meu avô era torneiro mecânico. Minha avó que era uma pessoa humilde e sem estudo (pobre) falava para seus filhos que deveriam estudar pois só assim melhorariam de vida. Minha mãe conseguiu se formar pagando a faculdade com o próprio trabalho e é pedagoga. Encontrou meu pai que não tem curso superior, nem tinha poses quando a conheceu. Eu sem condições de estudar em escola particulat, estudei toda o ensino fundamental e médio em escola pública, estudei por meu esforço, passei na UFRGS em medicina, pagava minhas custas de transporte e alimentação com aul (somente teria condições de fazer em universidade pública) as particulares de física, matemática e química, além de fazef pesquisa, ganhando uma pequena bolsa da capes. Me formei, fiz residência e sou profissional inserido na classe média. Tenho algum motivo para dizer que os pobres defende a não meritocrasia? Óbvio que não!!! Esse texto socialista não apaga minhas centenas de horas de estudo e esforço. Aliás, devia se informar de quem são os médicos do Mais médicos.. brasileiroscom pelo menos 2 anos de filiação ao PT que foram enviados para lá em 2005 e 2006 e que claramente não tem a mínima condição técnica de serem médicos. Ou vai atacar o Revalida também que tem 87% de aprovação em univeraidades brasileiras (em testes) e 9,7 % para estrangeiros. Por que tanto? Não entendem a língua? Só se for em braile a prova pois a maioria é brasileiro. Ou seja clara forma de anti-mérito.
    Mérito é a única forma honesta de ascenção social. Justa em uma sociedade heterogênea.
    Japoneses e coreanos do sul são claramente meritocratas, será que sua condição de desenvolvimento veio por acaso?
    De qualquer forma, me fez pensar um pouco e sei que sou exceção.

    1. Amigo Felipe VasconcelosSou

      Amigo Felipe Vasconcelos

      Sou o autor do referido texto, e estou te respondendo em respeito à tua história pessoal (que, aliás, referenda uma das afirmações que fiz sobre o porquê a atual classe média é meritocrática: porque se fez por méritos próprios) e também pela poderação com que me dirigiu suas críticas. Além disso, apesar de pensarmos diferente, sua história pessoal é parecida com a minha. Meu pai era pedreiro (ainda é, na verdade) e minha mãe dona de casa, e sempre nos afirmaram a importância do estudo como forma de superar a precária condição social que tínhamos na infância. Fizeram de tudo para que estudássemos. Dos seus três filhos, hoje dois tem doutorado e o outro está concluindo o seu, trabalhamos em universidades, exatamente com o estudo e o ensino que eles tanto valorizavam e para os quais sempre nos motivaram. A tua história e aminha são parecidas com a de muita gente que faz parte da classe média hoje. Também sou filho da ascenção social pela via do esforço pessoal, mas isto não me faz acreditar que esta trajetória esteja disponível ao acesso de todos, ou que seja justa uma organização social apenas sobre esta base. Quando ascendemos a um posto por mérito pessoal, fazemos isto excluindo muitos outros, superando muitos outros; para cada aluno que ingressa na medicina como você, 99 são excluídos, e isto não os faz menos merecedores de um lugar ao sol. Mas como eu afirmei, a meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervaloriza o sucesso e estigmatiza o fracasso. A meritocracia é um sistema racional de diferenciação e exclusao. Não prego, como muitos afirmaram em seus comentários, que se estinguam todos os mecanismos de mérito como critério de diferenciação, ao menos não antes que tenhamos outros melhores para colocar no lugar, mas sim que se promova mecanismos que corrijam a exclusão gerada por estes mecanismos, e que não se aceite a exclusão como merecida, como a justa medida do preço a pagar por aqueles que não tiveram o melhor desempenho competitivo.

      Tenho recebido muitas críticas pessoais nos comentários deste blog, alguns me mandaram estudar mais para ver se consigo uma bolsa de pesquisa, outros criticaram a desatualização do meu Curriculo Lattes, sugerindo o meu demérito por ser supostamente improdutivo na universidade; enfim, decerto pensam que critiquei a meritocracia por ter sido excluído por ela, por não ter méritos pessoais. Ao contrário, além de minha história pessoal, na universidade tenho sido beneficiado pelos mecanismos de mérito, sou professor Associado e bolsista de produtividade do CNPq. Portanto, sou parte da mesma classe média que, pela história pessoal, teria razões para ser um meritocrata ferrenho, mas não sou. Exemplos individuais nunca funcionam bem para extrapolações sociais, o todo é maior que a soma das partes, e a sociedade é bem mais do que a soma dos indivíduos que a compõem, assim como um corpo humano em funcionamento é muito mais do que a soma de seus órgãos isolados (para usar um exemplo da sua área de atuação). Na Universidade, por exemplo, conheço bem o dano que os critérios de mérito do CNPq e da CAPES produziram na produção intelectual brasileira, levando a um produtivismo insano, ao privilégio da quantidade sobre a qualidade, fomentando toda a forma de fraude e engodo que produza números para alimentarem o Lattes dos professores/pesquisadores, desviando a pós-graduação da formação para concentrar o esforço na produção de artigos para periódicos, acabando com a produção de livros autorais no meio acadêmico (livros, atualmente, são produzidos por quem está fora deste círculo acadêmico, pois pelos critérios meritocráticos acadêmicos, eles valem menos do que um artigo em periódico), enfim, fomentando uma produção formal ao invés de uma produção substantiva. Efeitos da racionalidade instrumental que a meritocracia fomenta.

      Bem, meu caro Felipe, não quero mudar sua posição e tampouco sou dono da verdade: a verdade é como um espelho quebrado do qual cada um de nós possui apenas um pequeno caco. Fazê-lo pensar, porém, como afirmastes acima, já é, para mim, uma grande conquista.

      1. Caso parecido

        Amigos Felipe e Renato. Minha história de vida é parecida com a de vocês, mas isso não me impediu de pensar como o Renato. A meritocracia na universidade, por exemplo, seleciona aquele que consegue passar no vestibular, e não a melhor pessoa pra ser médico, engenheiro, advogado, etc. Para tal tem que ter vocação, coisa que nenhum vestibular conseguirá medir. Muita gente boa fica de fora, assim como muita gente sem interesse pelo curso consegue entrar.

    2. Te entendo, porque o que você

      Te entendo, porque o que você escreve é lógico, mas é justamente a sua lógica que está equivocada. Se você ler o texto mais algumas vezes talvez você possa entender tudo isso por outra lógica. 

      Também sou fruto da meritocracia: estudei em escolas públicas péssimas, morei a vida toda em um bairro periférico e no entanto sou formada pela USP. Não por isso eu acredito que a meritocracia seja uma “forma honesta de ascensão social” pois devemos rever o que significa a palavra “honesta” e o conceito de “ascensão social”.

       

      Você não é exceção, você é parte da grande massa da atual classe média social brasileira.

       

       

    3. Meritocracia

      Não é excessão Felipe, como ficrá provado nas próximas eleições. Conheci pessoalmente a Chaui, uma das pessoas mais desequilibradas que tive o desprazer de cruzar o caminho. Parabens por suas conquistas. Em tempo:

      Reacionário= aquele que reage

      Não reacionário= aquele que aceita tudo que le enfiam goela abaixo

  81. indivíduo e sociedade

    O texto é muito bom, claro e possibilita uma discussão imensa. De tudo o que foi escrito, o que mais me chamou a atenção foi a diferenciação feita entre o mérito ensinado na socialização das crianças e como um merecimento individual e o mérito visto do ponto de vista social. Penso que aí há uma descontinuidade, isto é, há uma dicotomização entre indivíduo e sociedade, como se fossem duas dimensões estanques. Não são. A ideia de mérito e a própria meritocracia e a confusão entre desempenho e merecimento são coisas ensinadas, conceitos e valores que são, desde cedo, socializados e sociabilizados. Há uma “espuma” em como se relacionam as duas dimensões, a individual e a social. Seria interessante entender isso para além de uma racionalidade que coloca o Estado como central na organização de uma sociedade. É preciso, como o próprio autor alude no texto, compreender as relações subjetivas e intersubjetivas que informam os significados, que nem sempre estão relacionados às necessidades da vida “prática”. 

    Parabéns pelo texto!

  82. Digno de elogio (e críticas)

    Estou impressionado, ha muito não leio (virtualmente) um texto tão bem escrito, neste sentido o parabenizo pelo primoroso manuseio da palavra, guardando inconteste coerência entre os argumentos defendidos (o que não torna inconteste os próprios argumentos), além de ser inspirador dentro da temática proposta (a qual é gralmente hermetizada pelas ciências políticas).

    Evidencio alguns “equivocos” ao longo do discurso, não fatos aludidos erroneamente, mas tão só divergências ideológicas entre o seu posicionamento e o meu, por isso as devidas aspas. Contudo, deixo meu apoio para que se aprofunde mais no tema e continue a escrever com este brilhantismo. 

    Parabéns!

    “Conhecimento é vela acesa, se o tens compartilhe tua chama com o outro.”

  83. Parabens! Vou escrever em

    Parabens! Vou escrever em minha lingua, que é próxima ao português.

    Excelente comentario. No se puede pretender que un texto como este responda todo lo relativo a un tema tan amplio. Lo tremendamente positivo de este autor es identificar la causa, el móvil de tantas conductas que diariamente vemos en Brasil. Por lo menos a mi me resulta tremendamente útil leer una síntesis como esta de un fenómeno complejo, que ciertamente tiene sus matices y excepciones, pero como idea semilla para entender un fenómeno social complejo es un excelente trabajo.

  84. Como confiar no estado?

    Levando em consideração a sua linha de raciocínio e seus exemplos, não há como discordar do conteúdo do texto, mas há uma questão, na minha opinião muito importante e relevante com o assunto, que não é colocada na sua lista: COMO CONFIAR NO ESTADO BRASILEIRO?

    Nos meus 42 anos de vida, eu não recebi serviços, ou apoio, ou qualquer coisa pública que fosse um pouco além do mais ou menos (Na maioria das vezes o serviço foi péssimo mesmo). Nunca vi qualquer ação do governo que fosse planejada de forma realmente inteligente, pensando no futuro e nos brasileiros e, ao contrário dos discursos oficiais, nunca vi o menos favorecido ter prioridade REAL na lista do poder. Ouvi sim, muitos discursos vazios, desde a época dos militares, todos recheados com promessas incríveis, explicações incríveis, mas, na prática, nada ou muito pouco. Como confiar em um estado que vem assim desde de a época da colônia?

    Penso que o sistema atual é muito melhor que as ditaduras do passado (Sou absolutamente contra  QUALQUER TIPO DE DITADURA), mas estamos ainda bem longe do razoável, ainda mais SABENDO QUE HÁ RECURSOS, e o nosso Estado ‘não consegue’  a vários governos e bandeiras, eliminar ou reduzir os vícios do sistema, como a corrupção descarada, o inchaço da máquina, a incompetência na gestão dos serviços, a burocracia criminosa…Novamente, como confiar em um estado assim?

    Venho de família pobre, sou migrante e sei o quanto a classe média pode ser cruel e sem noção. Sei que o jogo tem a lógica do lucro e as ferramentas para ‘subir’ na vida em nosso país, são distribuídas de forma totalmente injusta desde sempre, mas acredito que só poderemos melhorar REALMENTE, quando TODO esse SISTEMA UTILIZADO HOJE, que cria e alimenta um ESTADO INCOMPETENTE E CORRUPTO, mudar. Não acredito que mudar a cabeça da classe média criando uma consciência dos males da meritocracia esteja na frente de criar um sistema que alimente um ESTADO MELHOR e a partir desse ponto, pensar na melhor forma de democracia. Como fazer isso? Não sei, ainda, mas penso que líderes melhores, conectados a conceitos ideológicos atualizados com a realidade do nosso milênio e não do século passado, seja um bom começo. 

  85. Parabens pelo texto lúcido e

    Parabens pelo texto lúcido e inteligente (as vezes textos tem apenas uma dessas qualidades). Só podia ter sido indicado pleo Nassif, um cara que sabe das coisas!!!

  86. Combater o mérito é um dos

    Combater o mérito é um dos maiores auto-enganos do esquerdismo. 
    Ao não compreender o que o ser humano é e como funciona visualiza-se falsamente aquilo que poderia vir a ser.
    Chauí se enganou pelos motivos errados, o velho jargão bolshevista identificado como louvável luta contra o eterno e suposto capitalismo meritocrático e opressor. Questionar o esforço individual neste país da pior educação do mundo (num mundo movido à mérito), com 50 mil assassinatos por ano, é promover a luta de classes. A demonização de uma classe, conservadora ou reacionária que seja, é parte do problema. A classe média merece respeito por ser conservadora e reacionária. O que ‘progressistas’ e ‘revolucionários’, legião dos nossos tempos ‘politicamente corretos’ tem a oferecer é algo que desconhecem e sequer querem conhecer. 
     

    1. Concordo plenamente

      “Questionar o esforço individual neste país da pior educação do mundo (num mundo movido à mérito)”

      Se pensarmos bem, a meritocracia em nosso pais é frágil. E reflexo disso é justamente nosso sistema educacional.

  87. Bom dia, Renato
    Apaixonante

    Bom dia, Renato

    Apaixonante ler esse texto; parabéns e obrigada pelo esforço em traduzir esse mundo (áspero) em que vivemos…

    Me preocupa o empobrecimento e o emburrecimento em curso que é, em grande parte, consequência desse contexto (tão lucidamente analisado), e que tem estruturado a percepção e o modo de vida contemporâneos. 

    Abraço de uma portoalegrense, atual moradora de São Paulo,

    Cleide Fayad

  88. Muita hipocrisia

    Ora, é muito fácil discutir a desigualdade social desfrutando dos melhores vinhos em um restaurante muito bem conceituado na cidade.

    Virou moda classificar o trabalhador de sucesso como fascista, geralmente o que a esquerda faz. Vamos então a algumas afirmações retiradas do manual ideológico de Mussolini, ” A Doutrina do Fascismo”.

    – Como um anti- individualista, acredito numa concepção de vida que destaca a importância do estado e aceita o indivíduo apenas quando seus interesses coincidem com os do estado.

    – Um homem se torna um homem apenas em virtude de sua contribuição à família, à sociedade e à nação.

    – O estado deve educar os cidadãos à civilidade, torná-los conscientes de sua missão social, exortá-los à união; deve harmonizar interesses divergentes, transmitir às futuras gerações as conquistas da mente e da ciência, da arte, da lei e da solidariedade humana.]

    Acho que esse é o pensamento da grande maioria de nossos intelectuais de esquerda, não?

    Afirmar que os valores individuais são o atraso de vida no Brasil é quase que afirmar que o socialismo é a solução, que o capitalismo destrói famílias. Vamos então, caro socialista, abrir mão de seu belo carro de luxo e de suas viagens ao exterior?

    Vamos continuar culpando o empresário, a classe média, o sucesso individual pela falta de políticas públicas eficientes. Classe média que faz hora extra para acalmar a fome da imensa carga tributária brasileira, classe média que conquista, não luxo, mas o mínimo para uma vida digna, sem dívidas, mas sempre com a água no pescoço.

    1. excelente texto

      Amigos,

      Há muito penso na fala da Marilena e em como aquele “grito” ressonou com as ideias que já faziam morada em mim. Ao ler ao seu texto fiquei espantado com a qualidade das ideias, mas não com a qualidade do autor! e tendo em concordar com seu posicionamento. De fato, ainda tenho em mente que o brasileiro, eu também sou,  é fundamentalmente reacionário! vou apelar para a observação, a minha observação dos fatos sociais, desculpe-me o método científico! observo  que cada classe social conservar seus “valores da família” como costumam justificar os reacionários de plantão. O pobre, por exemplo, ainda justifica interiormente o direito em dominar a mulher e a puní-la acaso ela não se sujeite, apelando para a agressão em muitos casos! fato também visto, mas de maneira ligeiramente diferente, na classe média e nas elites…de fato os pobres tendem a não se enquadrar na tão amada meritocracia da classe média, nem poderiam, como bem afirma o texto, restando-lhes, aos pobres, dois posicionamentos: resignação ou revolta! como o estado  bem estar social se tornar diuturnamente em mal estar generalizado, a revolta é iminente… concordo que devemos esperar o retorno social de nossos impostos, e que o governo, em suas distintas esferas, deva fazer uso racional dos recursos, mas a corrupção e inabilidade técnica inviabilizam isso, no entanto, fica a pergunta: – quem são nossos governantes? estadudinenses? não seriam os brasieliros da classe média? médicos, engenheiros, cientistas sociais? a quem culpar pelo desvio de dinheiro em São Paulo? LULA? DILMA? ou o estado de sítio que se instala no Rio, ou o massacre diário de famílias no interior Sul/Sudeste/Norte do país, vítimas do conflito por terras… de fato há um discurso em torno do mérito por parte da classe média, mas o interessante é que quando esta está no poder, a defesa do mérito é esquecida e somente é lembrada a defesa pelo pessoal, individual, no máximizar do ganho para seus pares….relembrando um ditado popular “quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro”  acorda Brasil!

      Grande abraço.

  89. Meritocracia

    Gostaria de parabenizá-lo por esse texto espetacular. É incrível a maneira como você conseguiu dissecar uma estranha ideologia que domina as mentes de pessoas que me cercam diariamente. Eu sempre tentei entender, mas não conseguia, o que se passava com essas pessoas. Agora, após ler o seu texto brilhante, ficou mais claro para mim que, não adianta o governo trabalhista ou progressista melhorar a vida das pessoas. Se não houver o chamado “mérito”, jamais compreenderão e apoiarão os programas sociais. Não terão a visão humanista da necessidade de estancar a fome dos menos favorecidos, pois para eles, os miseráveis pagam pela falta de merecimento. A tal lógica do “Não dê o peixe, venda a vara e ensine a pescar”. 

  90. Meritocracia

    Com todo respeito ao colega e seu artigo ao me chama atenção: como o esforço individual, que pode ser de classe média ou não, incomoda tanto a inteligência nacional e o setor chamado progressista. A despeito das desigualdades socioeconômicas as fórmulas aplicadas pelo governo federal vão na direção contrária e se vinculam à lei do menor esforço. Isso também é ideologia, já que conta com promotores e defensores. Por exemplo, no lugar de demonizar a meritocracia, que não é criação da burguesia nem da classe média, o atual bloco de poder não fomenta meios para que as pessoas não precisem de exclusivismos e politicas especiais. Temo que essa negativa sobre o esforço individual vire moda com o propósito de se fazer justiça social. Teria mais coisas a dizer, mas não há como explorar tjdo isso agora. Qualificar o oponente de reacionário ou algo análogo é algo que sinceramente pouco ajuda – é facilitar o raciocínio.

    Em todo caso, parabéns ao autor por ter se apresentado ao debate.

  91. infelizmente só funciona em um mundo ideal

    essa teoria só funciona em um mundo ideal… mas no momento em que você passa a ter uma família para sustentar… e você se vê trabalhando pra sustentar a incapacidade (ou desleixo corrupto) de outras pessoas… isso lhe fere a alma…

    Falam que provas e testes não medem conhecimento… concordo 100%… realmente não tem como valorizar e medir certas coisas tão subjetivas… porem sem esses mecanismos de avaliação como distribuiremos as autoridades em nosso mundo????

    quer dizer que um pessoa que queira muito ser engenheiro do ITA.. e que não possua a capacidade mental nenhuma (sim também somos mentalmente diferentes – negar isso é viver em um mundo ideal de sonhos) vai ser de qualquer jeito???

    o grande problema disso tudo é que o autor só apresenta criticas (por sinal muitos boas)… porem não apresenta soluções… e presunçosamente lhes digo o porque… porque elas não existem!!!

    eu queria viver em um mundo ideal… mas aprendi que esses mundo não existe… e que não é saudável (tanto individualmente quanto socialmente) ficar divagando e gerando demagogias que embora sejam moralmente e racionalmente mais aceitáveis e humanas… essas não apresentam nenhuma solução para resolvermos nosso problemas sociais de fato… e pior ao meu ver sua aplicação acabaria por gerar problemas muitos maiores e de censura moral muito mais inexorável do que a atual….

    resumindo achei o texto do autor ótimo … excelente em teoria… mais sem aplicação prática …. mais o exercício de pensar nunca é um gasto de energia atoa… isso gera a evolução de pensamentos… quem sabe até dos meus… e de mais quem esteja lendo… e sim!! gostei muito do texto!!

    abraços

    1. Suécia, Noruega, Finlândia, Reino Unido, Bélgica.

      Suécia, Noruega, Finlândia, Reino Unido, Bélgica. Não sabia que estes Estados só existiam na fantasia. Meus professores de Geografia fizeram eu acreditar que eles existiam, me mostraram até mapas.

    2. Mas o autor do texto não está

      Mas o autor do texto não está buscando ua aplicação prática nem em busca de soluções mirabolantes.

      O texto é apenas um esclarecimento do autor. em seu ponto de vista, para uma classe média brasileira intolerante e reacionária.

      Discordar é salutar meu caro!

  92. Meus sinceros parabéns!

    Caro Renato, só deparei com seu brilhante texto, e as suas igualmente brilhantes respostas a comentários infelizes e a outros nem tanto, agora, depois de tanta água passada embaixo da ponte, que quase não me animo a escrever nada…. Contudo, por favor saiba que acaba de ganhar mais um leitor entusiasta! A sua lucidez expôs, com a calma analítica dos letrados, essa compreensão sintética, acessível a todos: só se torna competente quem desfruta de condições mínimas pra se desenvolver! Meritocracia num país que só agora começa ( quero crer) a acordar de fato pra necessidade de esnsino e saúde públicos de categoria, é uma distorção! Outro dia, conversando com um amigo, ardoroso defensor de uma ética de mercado, ele ficou espantado, e sem resposta, quando lhe expliquei que o grosso da educação, nos EUA, hein! Nos EUA! é pública…o ensino médio funciona, cacete!! Sim, eles não têm saúde pública, e agora estão começando a ver como isso é ruim…Mas as diferenças ideológicas entre a nossa classe média e as de outrois países estão muito bem delineadas no seu texto! Reitero meus sinceros parabéns!!

  93. Conceito de Meritocracia

    Renato Souza,

    Você escreve bem, achei o texto muito interessante e bem articulado. Mas, acho que há um problema de conceito aqui. A compreensão do que é, de fato, meritocracia.

    Permita-me dar exemplos:

    Fulana e Ciclana estão se candidatando para uma vaga na sua empresa. Fulana é de origem humilde, tem ensino médio concluído com dificuldade. Ciclana é graduada em (coloque aqui seu curso de preferência), tem renda média e está fazendo uma pós graduação.

    O processo seletivo é um exercício que envolve a construção de um blog. Você explica o funcionamento para ambas candidatas, e permite que elas consultem a internet ao longo do teste. Fulana teve mais dificuldade em entender, por desconhecer as ferramentas envolvidas, então você explica para ela o básico. Para ser imparcial, você repete a mesma explicação para Ciclana.

    Resultado final: Fulana gastou mais tempo, mas fez um site excelente. Ciclana entregou algo “mais ou menos”.

    Quem você contrata? Eu contrato Fulana, sem sombra de dúvidas. Muitas empresas contratam Ciclana? Sim, verdade. Azar delas, melhor para mim.

    Agora, por que algumas empresas contratariam Ciclana? Bem, preconceito é a primeira opção que me vem à mente. Conservadorismo, talvez. Mas o que eu quero destacar é: contratar Ciclana é não aplicar a meritocracia.

    Citando um exemplo real agora: você viu o caso do mendigo que aprendeu javascript?

    http://cacoeteseletivo.com.br/tecnologia/2013/10/ensinando-a-pescar-a-historia-do-mendigo-que-aprendeu-a-programar/

    Leo precisou de uma ajuda para aprender a programar e construir seu site. Mas ele construiu o site por sua capacidade. Ele se empenhou, estudou, buscou aprender. Isso é mérito dele. E valorizar o esforço, a capacidade de aprendizado de uma pessoa, independente de fator social, cor, credo, etc, é que é aplicar meritocracia.  Ter dinheiro, falar n idiomas, ter sei lá quantos diplomas, isso não é mérito.

    Cotas e bolsa família são programas necessários? Sim, são, mas não do jeito como estão sendo usados. Temos uma geração (mais de uma, na verdade) muito prejudicada (por diversos fatores) e eles precisam sim de um auxílio (tal como Leo precisou). Mas, deve-se entender tais programas como planos de curto prazo, o Governo (municipal, estadual e federal) precisa de uma solução a longo prazo (que, para mim, é investir na educação de qualidade, e obviamente no acesso de todos à mesma).

    Enfim, meritocracia é valorizar e reconhecer esforços como os de Leo e Patrick (ou de Fulana, do meu exemplo). Muitas barreiras precisam ser vencidas para meritocracia funcionar de verdade. O preconceito é a uma delas. A falta de acesso a educação é outra. Mas, dizer que ela produz “abismos sociais e humanos” é uma visão um pouco simplória de um problema bem maior.

    Abraço!

    1. “Fulana e Ciclana estão se

      “Fulana e Ciclana estão se candidatando para uma vaga na sua empresa. Fulana é de origem humilde, tem ensino médio concluído com dificuldade. Ciclana é graduada em (coloque aqui seu curso de preferência), tem renda média e está fazendo uma pós graduação.”

       

      Desculpe Renata mas tem uma coisa nesse seu texto aí de cima que não bate com a realidade. Você acredita mesmo que alguem que terminou o ensino médio com dificuldade, sem conhecer as ferramentas para a construção de um blog, tendo dificuldade até mesmo com o conceito da coisa vai conseguir fazer a tarefa melhor que a pessoa graduada numa excelente faculdade em um curso que, supõe-se, tem a ver com a área pretendida (você nao chamaria alguem formado em direito pra desenvolver um blog na sua empresa)?

       

      Olha, a realidade das empresas hoje em dia é a seguinte: Tenho uma vaga para desenvolver um blog pra minha empresa. Requisitos mínimos: graduação na area especifica. Ah, não tem faculdade? Ficaremos com seu curriculo e ligamos caso seja interessante…..

       

      Empresa privada nem sempre, ou quase nunca, é lugar pra meritocracia.

  94. Agora é preciso combater a meritocracia?

    Incrível a capacidade de deturpação que essa gente traz para a discussão. Descobri agora ser eu (sim, eu, o típico classe média, que saiu do interior pobre, fez uma boa faculdade e trabalha duro na iniciativa privada) o culpado pelas mazelas do país! Passei em vestibular (mesmo estudando a vida toda em escola pública), passei em processos seletivos difíceis para trabalhar… Desviando da violência e da ausência quase completa da efetividade da polícia, que precisa pagar planos de saúde privados se não quiser morrer na fila do SUS.

    Pago 27,5% em impostos diretos, deixo na mão do governo 8% do meu FGTS e um número próximo de 40% de impostos indiretos em tudo que eu consumo.

    Mas eu sou o culpado… Como se “eu” tivesse optado pelo capitalismo de Estado dos militares (que em nada, repito, NADA, difere do que vem fazendo a esquerda nos últimos doze anos no poder). Também pensam que eu estava lá em 1988 quando fizeram essa constituição horrorosa que o clube fechado do PMDB praticamente fez sozinho… Inclusive, esse PMDB nunca mais saiu do poder, mas eu sou o culpado.

    Vivo em uma Economia 40% estatizada, 40% do nosso PIB vem do setor público… Que se mete a produzir não sei por qual razão, por que o Estado deve oferecer Segurança, Educação e Saúde (e veja bem, é uma lástima total nessas três áreas)… Além de uma regulação que seja pró-trabalho e empreendedor, coisa que não temos no Brasil. Quem disse que Estado tem que correr risco com exploração de petróleo? A classe média???

    Mas é o que esperamos da grossa maioria dos rebentos do funcionalismo público que estuda em escolas particulares e se instalam nas Federais… Fácil ser pago com impostos de quem produz para falar bobagem. 

    O país que aí está não passa do resultado dos mandos e desmandos de funcionários públicos de ontem (por que um militar nada mais é que um funcionário público) e dos políticos de sempre, que formam sua própria classe, longe da produção, longe dos serviços.

    E ignoram e deturpam o resto do mundo… Vem vender a idéia de que os países desenvolvidos foram construídos em cima de sei lá qual bobagem de fundo marxista que propõe o autor! O Japão possui uma rede social de proteção, mas é um país que valoriza a meritocracia, assim como a Coréia do Sul e o Canadá. Esses países POSSUEM, o que é muito diferente em afirmar que foram construídos em cima disso!

    A própria Suíça vai lançar um programa parecido com o Bolsa Família, é bem capaz desse camarada dizer daqui 15 anos que a Suíça é o que é por que tem o programa.

    Se a classe média REALMENTE fosse parte atuante da estruturação social e política do país nos últimos 50 anos JAMAIS um carro iria custar 3 vezes mais aqui do que no exterior.

    Vá procurar culpados em outro lugar… comece pelo espelho.

     

    1. Talvez culpado, mas não por isso

      Você apoiaria iniciativas de se implantar  um sistema tributário em que quanto mais rico se for, mais impostos se paga? Gente mais rica que você paga menos imposto que você. Você apoiaria tributar fortemente fortunas e heranças, patrimônio como terras, aviões, helicópteros a fim de se ter uma verdadeira meritocracia? Normalmente pessoas de classe média são contrárias a isso, a meu ver irracionalmente. E você?

    2.  
      Meu caro, você não deve ter

       

      Meu caro, você não deve ter lido os últimos dois parágrafos, onde o autor diz que é preciso combater o CONCEITO de meritocracia, e não as pessoas da classe média, como vc está afirmando.

      Parabéns por todos os méritos e superações que vc expôs, mas vale a pena investir um pouquinho mais do seu tempo e dedicação em interpretação de texto! rsrs 

    3. Concordo

      A chamada classe média, se mata de trabalhar para pagar impostos que deveriam ser dos ricos e ainda tem que sustentam as bolsas esmolas que o governo inventa para angariar votos.

       

    4. Concordo

       

      Achei um colega que concorda comigo! 

      Abominam a meritocracia porque? Tento insistir no que comentei acima….ser meritocrático não é ser egoísta de evitar que uma pessoa que está num nível inferior da pirâmide social se ascender. Cuidado com o texto meu povo!

      Meritocracia é de baixo pra cima. e não de cima pra baixo.

      Abraços

    5. Leia o texto novamente

      Não é possível,  o indivíduo sequer deve ter se dado o trabalho de ler o texto do Renato… Ou então só é meio burrinho mesmo. 

      Ninguém está te atacando não,  meu filho, e muito menos a sua trajetória e esforços! 

    6. Excelente !

      Ikeuchi,

      Com o seu texto você exemplificou explendidamente a idéia original do texto. Você é um exemplar biológico do espécime em estudo ! Com sua racionalidade e seus cálculos, você justificou toda a sua raiva !!! Raiva por não possuir mais do que tem ! Raiva por quem faz menos que você. Está evidente em seu texto.

      Quando o Estado produz, e é mais lucrativo que a iniciativa privada, isto leva a um choque na sociedade, e logo algumas vozes se levantam contra, pois é uma heresia, aocstumados que estamos a imagem de um funcionalismo fracassado.

      Éticamente condenável é dizer que o Estado deve “fomentar”, ou seja, construir e amparar toda esta gigante estrutura de exploração dos recursos naturais e do trabalho e ENTREGAR para que a Iniciativa Privada determine quem e como será distribuído o lucro !!!!!!!!!!!!!!!!!!

      Não farei um longo debate, embora este assunto mereça um espaço maior (viu Nassif ? Você poderia organizar um evento maior…hehe).

      Que o Estado produza sim !! Que lucre muito !!!! E que a sociedade eleja pessoas que saibam ver a enorme oportunidade em reduzir nossos impostos como base no lucro obtido pelas empresas com participação estatal !!!!

      Uau !!!! Dá para fazer toda uma série de seminários com base na discussão sobre a meritocracia e importância de um Estado produtivo !

      E que a raiva individual dos incorfomados seja controlada, para que o cérebro receba a quantidade necessária de oxigênio que permita reflexões e visões de mundo mais profundas.

       

  95. Que texto bom e útil. Faz

    Que texto bom e útil. Faz muito tempo não lia algo que me ajudasse tanto a entender as razões de poscionamentos com os quais me defronto todos os dias. Após sua leitura, parece que as ideias se organizam muito mais fácil, a distinção entre  mérito no plano individual do mérito no plano social,  e  entre mérito e desempenho, e as formas pelas quais são medidos. Sensacional. Parabéns!

     

  96. Muito bom

    Excelente o artigo. 

    Dou um exemplo do que estão fazendo com o Eike, Ontem puxavam seu sacoo, hoje todos sabem que ele iria fracassar. Até o Nassif entrou nessa.

    1. Saco do Eike

                 O Eike e seus comparsas ofereceram seu saco para ser puxado, propositadamente.  Todos sabiam que explodiria… mas as vantagens foram levadas, ninguem me engana!!!

  97. Parabéns.

    O texto é muito bom. O Renato Santos pôs o dedo na ferida, por isso a reação de alguns a seu texto. Eu tenho muitas criticas a meritocracia. Até que ponto as pessoas conseguem seus bens, dipromas.etc por si mesmas, no mérito? Qual a meritocracia possível, a uma criança nascida na miséria? Quem vai pagar escola privada para ela? Como uma criança sem pai, nem mãe, sem o minimo de educação pode superar suas condições sociais?

  98. PARABÉNS

    A famigerada meritocracia! Concordo em tudo! Temos de combater esse conceito cínico e invisível que corrói nossos pensamentos e nos faz engessar diante de tanta desigualdade!. Esclarecedor seu texto! incrível!

  99. A burguesia Fede

    Maravilhoso este texto, de forma clara e objetiva sintetizou toda a revolta , todo o ódio que a maioria da classe média tem da esquerda no Brasil, do Partido dos trabalhadores, do Lula , entre outros. A sindrome do “Pequeno Burguês” , que caminhou durante a história em outros séculos , se traduz agora , desta forma , mas é o mesmo pequeno burguês que traiu a revolução Francesa , é o mesmo pequeno burguês que defendeu o nazismo , o facismo e tantos outros regimes que defendiam os valores pequeno burguês.

     

    Enquanto houver burguesia, não haverá poesia

  100. A parte mais fraca do texto é

    A parte mais fraca do texto é ter que defender que a ideologia americana não é meritocrática, a fim de se defender que é a meritocracia da classe média brasileira que a leva a ser reacionária. Concordo que a sociedade americana não é meritocrática, mas a ideologia do American Dream é fortemente meritocrática, como você pode ver pesquisando por isso na bibliografia, na internet. Existem livros na Amazon sobre o mito da meritocracia americana (http://www.amazon.com/The-Meritocracy-Myth-Stephen-McNamee/dp/0742561682), então isso é um assunto fortemente discutido por lá também, e é reconhecido claramente nessa discussão que a ideologia da classe média americana é fortemente meritocrática, talvez mais até que no Brasil. Então esse objetivo de se desvendar o que a classe média brasileira tem de diferente das outras não foi atingido.

    Olha só o que achei procurando sobre meritocracia nos Estados Unidos (http://radicalscholarship.wordpress.com/2013/01/06/unmasking-the-meritocracy-myth/), )admito as falhas de tradução):

    “Desmascarando o mito da meritocracia

    Lideranças políticas, lideranças empresariais e a mídia revelam um fascínio com o mito da meritocracia, primariamente na perpetuação da alegação de que a meritocracia já existe. De alguma maneira os Estados Unidos teriam deixado para trás o racismo, sexism e classismo, resultando em uma sociedade onde todo o sucesso é reflexo de um alto caráter, e todo fracasso é resultado de preguiça e falha de caráter.

    Tanto quanto a alegação de meritocracia continue a existir, a retórica de “falta de desculpas para o fracasso” continuará a ser efetiva e corrosiva. Ironicamente, aqueles mais enamorados do mito da meritocracia são também os mais resistentes a quaisquer políticas e ações que produziriam de fato uma justa igualdade de oportunidades para as crianças. As ideologias da “falta de desculpas” são o ambiente dentro do qual crianças em posição de desvantagem são aconselhadas a trabalhar mais duro para competir com crianças privilegiadas.

    Na realidade, entretanto, os Estados Unidos não são uma meritocracia, e enquanto exista a alegação que eles são uma meritocracia e a resistência a tomar ações que fariam a meritocracia se tornar uma realidade, a iniquidade continuará não apenas a existir mas também a aumentar.

    Os advogados da livre iniciativa estão confortáveis com a idéia de que uma mão invisível de alguma maneira cria igualdade de oportunidades, ignorando que o mercado permite que privilégio gere privilégio e desigualdade gere desigualdade. Uma verdadeira meritocracia não virá através de uma mão invisível, mas dando passos a que os privilegiados nunca irão aderir porque isso iria colocar um fim ao privilégio geracional. Uma verdadeira meritocracia iria expor a teste quem merece o quê, em vez de o acaso das circustâncias do nascimento determinarem os rumos da vida.

    O fetiche com o mercado que os Estados Unidos têm – resistentes como nós somos a tomar qualquer iniciativa real em direção a igualdade de oportunidades por causa de nossa prolongada visão deficitária sobre pobreza, racismo e sexismo – produziu um fato que não pode ser negado:

    O destino é determinado pelas circustâncias aleatórias do nascimento de qualquer criança.”

    O texto é sobre os Estados Unidos, mas se encaixa perfeitamente na realidade brasileira. É até mais relevante aqui, dado que aqui esses fatores citados no texto acima são mais pronunciados. Isso pra mim é o cerne da questão, que tenho comentado nos meus outros posts.

    O cerne do texto do Renato não é esse, mas sim uma crítica à meritocracia em si, como se pode reforçar lendo o último post dele aqui na seção de comentários. Realmente a meritocracia tem esses problemas levantados por ele, mas não são esses problemas que levam ao reacionarismo. O que leva ao reacionarismo é fechar os olhos para a desigualdade de oportunidades que impedem que uma meritocracia mais genuína possa florescer. E o que leva a esse fechar de olhos é alguma outra coisa, não a ideologia da meritocracia, que exigiria ações concretas para diminuir a iniquidade.

    Acho até que o Renato vai defender que esse texto aí em cima está falando o mesmo que ele, mas isso não é possível, porque as conclusões são opostas. A conclusão dele é que temos que combater a meritocracia. Atingido o cerne da questão, a conclusão é de que a ideologia da meritocracia pode ser utilizada para se defender políticas e ações práticas para se resolver os problemas mais profundos da sociedade brasileira, que são a iniquidade social, o sistema tributário regressivo, tudo o que contribui para o abissal fosso que separa ricos e pobres aqui no Brasil.

    Esses problemas levantados pelo Renato acontecem em qualquer implementação prática de qualquer ideologia. Acho que isso fica claro ao se refletir sobre o que aconteceu com a tentativa prática de se implementar uma ideologia de igualdade absoluta. Não são esses problemas que levam ao reacionarismo.

    Agora vem a parte mais especulativa do meu texto. Talvez a classe média brasileira não tenha nada de fundamentalmente diferente da classe média americana ou européia. O que há de diferente aqui é o nosso passado de escravidão que nos lançou em uma condição inicial profundamente desigual e discriminatória, nosso passado de colonização que parece ter deixado uma ideologia exploratória, como se o nosso país fosse algo a ser explorado e que houvesse ainda uma caravela ali no porto pronto a nos levar para a nossa real pátria uma vez terminada a exploração. As infelizmente generalizadas estupidez humana, estreiteza de pensamento, individualismo, falta de capacidade de se colocar na situação do outro, supervalorização das próprias capacidades parecem estar presentes tanto na classe média brasileira, americana, européia ou qualquer outra classe social em qualquer lugar. O que tem de diferente no Brasil é esse contexto histórico de nossa formação que faz com que essas generalizadas características perpetuem aqui uma situação que associamos com “reacionarismo”.

    1. A utopia da meritocracia

      De fato, Emílio, a motivação inicial do texto to Renato é justificar uma suposta posição reacionária por parte da classe média brasileira. Antes de buscar a justificativa, eu me pergunto o que exatamente faz com que a classe média brasileira seja considerada reacionária. Em primeiro lugar, não vejo uma posição política única que seja compartilhada pela classe média como um todo, seja em pontos específicos ou em linhas gerais. Então, rotular a classe média inteira como esta tendo uma posição reacionária, é no mínimo um abuso de generalização. Então, o texto do Renato começa de uma motivação inconsistente. 

       

      Excluida essa parte, entretanto, podemos interpretar o texto do Renato como uma tentativa de mostrar a meritocracia como algo que contribui para o endurecimento da estrutura de classes e consequentemente, no caso do Brasil, como favorecedor da desigualdade social. Assim, ele aponta com propriedade os vários problemas da meritocracia. Nem que seja sob a óptica de desmitificar uma cultura que supervaloriza esse tipo de ideologia, achei muito válidas algumas colocações dele, mas em outras, acho que há uma confusão entre meritocracia e pragmatismo, em especial na parte em que ele cita o “método” através do qual tentam se estabelecer critérios de mérito.

    2. Prezado Emílio
      Muito bom o

      Prezado Emílio

      Muito bom o texto que você postou, e não vou me ocupar em tentar provar minhas razões, e sim defender algumas posições do meu texto. Na verdade, o debate fomentado a partir dele tem me sido mais gratificante do que a aceitação ou não de minhas opiniões. Os depoimentos de cada um tem permitido fazer um mapa amplo e variado das percepções existentes sobre o tema, das mais intelectualizadas às mais rasteiras. E em geral, isto tem reforçado minhas convicções, pois os defensores mais ferrenhos da meritocracia, os que tem postado as críticas mais ferozes contra mim e contra o meu texto, tem exibido um comportamento previsível, mais ou menos aquele descrito pela Marilena e que tentei interpretar arqui. Então, não tenho mais dúvidas de que há um ethos meritocrático que orienta estas posições mais concervadoras, e isto é mais visível na classe média do que nas outras. Apenas aquele que experimentou a ascenção social pela via do “mérito” se sente autorizado por sua própria história a julgar o demérito daqueles que não fizeram o mesmo. A elite não tem esta autoridade, por isto suas defesas se voltam para o direito de propriedade e da livre iniciativa.

      Mas eu tenho que fazer um esclarecimento que tem causado muitas incompreensões. O que eu afirmei é que as posições reacionárias de boa parte da classe média são sustentadas por um “ethos” meritocrático, ou seja, uma parte significativa da classe média comunga de um sistema de crenças que associa o mérito a eficiência, progresso e justiça; portanto, uma sociedade só seria eficiente e justa se organizada sob um regime meritocrático, ao passo que políticas que subvertem o mérito gerariam ineficiência, estagnação, indolência e injustiça. Sempre que eu me referi à classe média, tentando interpretá-la, eu me referi a este ethos meritocrático que ela carrega consigo, não aos mecanismos meritocráticos de uma sociedade nem à meritocracia como sistema. E este ethos ficou cristalino nesta imensa pesquisa empírica que passamos a ter a partir dos quase 240 comentários aqui postados.

      Feito isto, apenas na segunda parte do meu texto eu me ocupo de fazer críticas à meritocracia, e o objetivo primeiro não é destruír a meritocracia em si, propondo uma sociedade que premie a indolência, a vagabundagem, a ineficiência e toda a sorte de fraqueza moral, como fui acusado em muitos comentários mais agressivos. Não, a parte em que eu critico a meritocracia tem basicamente dois objetivos. Primeiro, tentei mostrar o elo entre este ethos meritocrático e a atitude reacionária de parte da classe média, ou seja, como a meritocracia pode fundamentar um tipo de ideologia que produz pessoas intolerantes, aparentemente insensíveis aos problemas alheios, reativas a qualquer política compensatória ou distributivista, etc. Segundo, tentei desconstruír algumas das crenças que fazem parte daquele ethos meritocrático, ou seja, mostrar que certas promessas da meritocracia são crenças vãs, e que a meritocracia produz uma ilusão de eficiência, de progresso e de justiça que não corresponde à realidade. 

      Minha proposta não é acabar com a meritocracia (eu não proporia substituír os concursos públicos, por exemplo, pelas antigas indicações pessoais), mas sim relativisá-la, mostrar que ela não corresponde necessariamente ao ideal de eficiência, progresso e justiça que a sustenta como crença. Meu propósito foi desconstruír suas bases racionais, para liberar as políticas públicas para que possam atuar sob outras bases de legitimação, inclusive para fazer o que tu propões, que é tornar as condições de concorrência iguais para todos. 

      Mesmo assim, meu caro, se todos partissem do mesmo lugar, ainda a meritocracia não daria conta das suas promessas de eficiência, progresso e justiça. Qualquer sistema meritocrático com o tempo se retroalimenta para produzir a desigualdade e a exclusão, para criar círculos viciosos baseados na racionalidade instrumental e formal, para fomentar práticas fraudulentas, e para criar estruturas de poder paralelos que controlam as avaliações e forjam desempenhos. Sistemas meritocráticos deformam a sociedade e . Eles ainda precisam existir, porque são uma base de legitimação importante sobretudo para as ações do Estado, mas precisam estar submetidos a outros sistemas que operem no campo dos valores, e não apenas das convenções sobre o mérito. 

  101. Ótima análise. Mas precisamos ir mais fundo…

    Muito boa essa análise, concordo com o conteúdo, mas principalmente, com a crítica a Chauí, que apenas bradou ao reacionarismo da classe média sem buscar entendê-lo. Antes de tudo, elogio sua leitura e penso que nos ajuda a pensar no tamanho das tarefas políticas para a construção de uma nova agenda de esquerda pós-PT; pós-lulismo.

    E tentarei ir adiante e ponderar certas colocações (ponderações que talvez possam ter ficado não muito claro no texto e gere reações desnecessárias de mais conservadorismo). O que quero dizer é que boa parte da idéia meritocrática não é tão somente a de uma “justificação”. Toda ideologia não é mero mascaramento da realidade; ela diz respeito a um tipo de realidade, que inserida no complexo contraditório do todo social pode se mostrar limitada e levar a cegueiras. Neste sentido, não mais correta sua caracterização de como a meritocracia leva a leituras políticas desastrosas, inclusive para este setor social. Contudo, ela não deixa de ser a prática de milhares de assalariados de nível superior (isso mesmo, proletarios), profissionais liberais ou pequenos empresários, que, diferente da alta burguesia, vivem tão somente das relações construídas com base no esforço individual e na consolidação de redes próprias de vivência. Neste sentido, evidente, como ela paga muito imposto e recebe pouco serviço, ela brada contra a ineficiência e corrupção do Estado. Inclusive ela simpatiza com sua privatização, já que a vida desta “classe média” sempre foi bastante privatizada.

    Atacar a meritocracia não é tão somente atacar os que defendem o “mérito” (ou “desempenho”, que seja, é no mercado ou em instituições específicas que se realiza, sob certas “condições”, não no ideal transcendente), mas atacar as bases que mantém um setor social preso a esta lógica de reprodução social que em última instância é conservadora. Atacar a classe média como fez Chauí é cegueira demagógica, que não encherga que a própria base lulista e da “nova classe média” (menina de ouro do governo) é extremamente conservadora e continua a servir de base para políticos conservadores, para fundamentalismos religiosos, e mantém-se no individualismo e não conseguiu ainda estabelecer amplas solidariedades de classe. E isso tudo, fortalecido durante o gov. Lula, cuja base de políticas sociais não levou a criação ou provocou processos políticos amplos, apenas eleitorais. A bolsa família, ficou no mero assistêncialismo – apesar de sua significativa importâcnia; bolsas universitárias como dádivas aos filhos de baixos assalariados mas serviu principalmente como compensação ao mercado universitário privado que estava com sérios problemas financeiros; e, por fim, o incentivo ao consumo, que apenas fortaleceu uma consciência individualista e, não há como não empregar o conceito, de “classe média”.

    Mas voltando ao mérito, o mercado hoje dá sinais de que essa lógica também não dá conta, ou que ele mudou de lado. Não basta mais fazer uma boa faculdade, tirar boas notas, ser “do bem”. Pelo contrário, este ideal está se afundando na prática do mercado hipercompetitivo e cujos salários são constantemente rebaixados. E os jovens, que ou provém da classe média tradicional (que tem frustrações de crescimento) ou da nova classe média (e que têm expectativas de crescimento) são os que estão radicalizando para além da meritocracia, através da defesa de pautas de serviços sociais básicos nunca realizados – apesar de toda propaganda criada nas expectativas do pré-sal e da copa do mundo – no qual a luta pelo transporte público se tornou simbolicamente central. 

    A compreensão dessa juventude – deste precariado (no sentido expresso não por Giovanni Alves*) – pelo modelo de desenvolvimento atual, que trouxe alento aos mais miseraveis ao mesmo passo que deu condições e liberdade de ação à classe dominante, apenas engessou um setor consideravel do proletariado – de um lado pela pauperização e aumento da concorrência de mercado e diminuição de lutas pela ligação sindical ao governo e do outro, com as perspectivas positivas de ascenção ao mercado de trabalho formal (mesmo que extremamente limitado ao setor de serviço e a salários baixos, sob regimes de exploração brutais, ainda não contemplados por movimentos sindicais fortes).

    Mas o mais interessante é que esta juventude se unifica em um programa amplo e ainda em construção, cujas manifestações abertas em Junho não pareceram cessar – apenas radicalizaram-se, onde a atuação do blackblocks é sintomática. Alí são jovens de periferia e da “classe média” da Chauí se unindo em torno de uma contra-violência comum, que visa responder, mesmo que erraticamente, a exploração e falta de perspectivas do cotidiano. Eles evidenciam o limite do lulismo – a bizarra “aliança” dos mais pobres com os mais ricos através da figura populista de Lula -, conforme descrito por André Singer.

     

     

    *blog do autor na boitempo, http://blogdaboitempo.com.br/category/colunas/giovanni-alves/

  102. É assim que eu acredito
    Chego à conclusão que a meritocracia pura e simples é uma das bases fundamentais do capitalismo em sua forma mais selvagem e não aceita as diferenças sociais como variáveis que influenciam o cotidiano de um indivíduo, independente da sua condição social.
    Se realmente desejamos viver bem, precisamos de uma sociedade que além de reconhecer os méritos individuais, também seja capaz de propiciar a todos os indivíduos as condições necessárias para efetivamente estarem inseridos nesta.
    “O seu bem estar também pode ser o meu.”

    1. Concordo com Douglas Ferraz

      Sua abordagem foi genial. Discordo também parcialmente com o texto publicado.

      Abominação da meritocracia é no mínimo algo não inteligente de ser feito.

      Parece que o sinomino de ser meritocrata é ser egoísta. Lembre-se que uma cidadão que defenda meritocracia, gostaria que os mais pobres, não letrados, competissem de forma igualitária com aqueles que conseguiram sucesso, seja lá qual for a interpretação de sucesso para o leitor desse comentário.

      Meritocracia também impõe condições igualitárias entre classe média e classe baixa, e não acirra ainda mais as diferenças. Quer igualdade de desafio, de conquista e de competição. E que vença o mais adaptado.

       

      1. Meritoclassia

           Só para defender e reafirmar esta posição, sua e a do Sr. Douglas Ferraz.  Dominação é um termo que não concordo racionalmente!

  103. É assim que eu acredito.

     Chego à conclusão que a meritocracia pura e simples é uma das bases fundamentais do capitalismo em sua forma mais selvagem e não aceita as diferenças sociais como variáveis que influenciam o cotidiano de um indivíduo, independente da sua condição social.

    Se realmente desejamos viver bem, precisamos de uma sociedade que além de reconhecer os méritos individuais, também seja capaz de propiciar a todos os indivíduos as condições necessárias para efetivamente estarem inseridos nesta.

    “O seu bem estar também pode ser o meu.”

  104. Míope

    O texto é míope, afirmar que a revolta da classe média é baseada em meritocracia é, no mínimo, reduzir o assunto a somente um aspecto.

     

    Meritocracia importa? Com certeza!

     

    Mas este é o fundamento?

     

    Ou a revolta se baseia no fato de que temos um governo que pratica o populismo barato e defende uma agenda de interesses próprios?

     

    Você acha que a classe média se revoltaria se os bolsa-esmolas tivessem como requisito a qualificação profissional dos seus beneficiários?

     

    Você acha que os médicos se revoltariam caso tivessem um mínimo de infraestrutura para exercer sua profissão?

     

    Mostre um edital do governo com oferta de salários de 10 mil reais para médicos em postos no interior do país, te desafio!

     

    Míope, manipulado e consequentemente servo do sistema deturpado que estes ditatores travestidos de líderes democráticos instauraram neste país subdesenvolvido de mentes subdesenvolvidas.

    1. Concordo.

      Aposto que mais da metade das pessoas que defendem essa matéria equivocada, vivem mamando confortavelmente nas tetas do governo.

       

    2. Mérito pra fazer parte do governo

      Nossos governos são meritocráticos… o que não os livra de serem umas porcarias…. Mérito do cabo eleitoral que vai trabalhar numa administração regional, sem falar mal do governo, mas não fazendo nada… mérito do empresário que arrecadou fortunas para a campanha e depois tem todos os seus interesses atendidos… Isso se a fugura não virar secretário de governo, como Júlio Lopes, empresário da educação que comanda a secretaria de transportes do Rio de Janeiro. Tantos acidentes sem justificativa…. sumiço de patrimônio tombado…. ele tem o mérito de amealhar dinheiro pro governo, assim como o Piciani, maior explorador de semem bovino do país, que injetou mais dinheiro na campanha Cabral/Dilma que qualquer outro…

      Esse governo não é dos pobres. É da classe média e dos grandes empresários que tomam a voz da classe média como se fossem dar a ela a possibilidade de ascender ao seu nível. Por mais rico que um sujeito de classe média ache que possa ser, nunca será realmente rico!

      O que você qualifica como bolsa esmola permitiu que eu fizesse concursos públicos sempagar a taxa de inscrição. Você realmente acredita que eu deixaria de trabalhar por um bom salário pra ganhar um tantinho de dinheiro só porque não quero fazer nada? É um tantinho que faz diferença, mas não é o suficiente pra educar filhos, comprar supérfluos, ou o que você acha que nós, os assistidos fazemos com esse dinheiro. Essa “bolsa esmola” segurou o nível de consumo interno enquanto os ditos empresários apelavam para crise mundial pra desempregar pessoas mundo afora e manter suas margens de lucro.

      Posso não ter um edital (em mãos no momento) com vagas pro interior por uma fortuna. Mas já os vi! Posso te falar sobre Araruama, em que médicos tinham o salário de 5 mil por mês pra trabalhar 24 horas por semana… isso pode ser visto na mídia majoritária.

      Para um médico consiente, não adianta ganhar uma fortuna pra trabalhar num lugar que não tem nem ultrasom. Os médicos da modernidade não saberiam trabalhar com a tecnologia de 20 ou 30 anos atrás…. que dirá sem tecnologia nenhuma!

      Se não tem condições decentes de trabalho, pelo seu ponto de vista, é porque não tiveram mérito. Sob o meu ponto de vista, não tiveram foi garra pra lutar por condições melhores, porque papaizinho bota consultório particular pra eles. 

      Onde está o mérito de se ganhar um carro quando entra pra faculdade? Mérito é comprar o próprio carro, oras!

      Fico com pena dos servos do capital. São os cegos que esbarram em outros cegos e depois esbravejam… achando que só eles tem o direito à cegueira. Que o outro cego deveria olhar por onde anda.

      Os tiranos que nos comandam são fruto das classes mais abastadas. Isso não seria explicação suficiente pro caos em que estamos? Sim, somos um país subdesenvolvido em que uma pseudo-elite acredita que possa ser mais feliz por ter migalhas caídas da mesa do grande capital para se alimentar…. e continuar iludindo seus funcionários que o sistema é assim mesmo…

      Vocês não são a elite! São os gerentes dela contra o povo.

  105. Classe Média

    Caro Nassif, ao contrário de você não me senti ofendido (no início) com os comentários da nobre Professora Marilena Chauí, muito pelo contrário, concordei, e morri de rir. Porém o seu artigo tentando compreender este fenômeno é absolutamente brilhante, com certeza uma pérola nesta seara de tantas opiniões monossilábicas e inconsistentes. Sinto -me profundamente gratificado por ter ecolhido você entre os jornalistas independentes, por seguir as suas opiniões diariamente. Nesta você se superou. 

  106. A propósito do Felipe

    Olá, Renato.

    Parabéns pela bela e complexa análise disponibilizada. Apesar de discordar de dois ou três nexos do seu texto, assinaria-o sem pestanejar, em face do mesmo representar, no geral, o que penso. Senti-me compungida a escrever apenas para lhe oferecer (quem sabe) algum argumento a mais, diante daqueles questionados pelo Felipe. Meu pai era lavrador, sem-terra, analfabeto. Minha mãe sabia ler alguma coisa e assinar seu nome. Nasci numa localidade rural do nordeste, numa família de 14 irmãos, onde a mortalidade infantil beirava a de alguns países da África. Escapei da fome, da morte infantil. Estudei em escola pública TODA A MINHA VIDA e, a partir de 13 anos, trabalhando para pagar minhas contas. Hoje, 50 anos de vida, sou pós-doutora e professora de uma Universidade Federal. Decerto, nessa trajetória muito tem do meu esforço, mas isso não explica tudo. Não explica nada, por exemplo, do fato de todos os meus coleguinhas de infância permanecerem até hoje sem nenhuma oportunidade  de vida digna. Que bom existirem análises como a sua para trazer à tona a desnaturalização das coisas, tão ao gosto de alguns segmentos sociais. 

  107. Parabéns Renato Souza…
    Um

    Parabéns Renato Souza…

    Um ótimo texto que contribui para ajudar a pensar a complexidade de desvendar o Brasil…

    Tenha certeza que seu texto ajuda nessa direção…

    Mais uma vez, parabéns…

     

     

  108. Meritocracia como valor

    Parabéns pelo excelente artigo. Ao contrário do que muitos interpretaram, mostra como a meritocracia é um valor. Por ser um valor é relativa. Boa em certas condições, ruim em outras. Ruim quando serve ao repúdio a políticas que visam à promoção da igualdade social. Não é ruim em todas as circunstâncias. O autor claramente reconhece o valor da meritocracia no tocante ao âmbito privado. É assim.
    No mais, cumpriria indagar: por que a classe média brasileira é, em relação às demais, tão “meritocrática” a ponto de confrontar políticas igualitárias? Especulo: é a própria desigualdade social, que oprime os pobres, a classe média e até mesmo os ricos ao perpetuar o ódio, o medo, a insegurança quanto ao futuro, a disputa agônica e desenfreada, o estranhamento em relação ao outro.
    Parabéns.

  109. Contestando o item “a”

    “a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.”

    A proposição de construir uma sociedade baseada em um único valor leva a problemas.

    Uma sociedade baseada quase que exclusivamente no direito à vida, por exemplo, negaria a mulheres o direito de abortar mesmo em caso de estupro e anencefalia. Negaria o direito à autodefesa em caso de a vítima matar o ofensor em casos em que não houvesse a certeza absoluta de que o ofensor iria matar a vítima.

    Uma sociedade baseada exclusivamente no valor da liberdade teria problemas com a negação de porte de armas total e irrestrito, a negar a alguém o direito de beber e dirigir em casos em que o bêbado não ferisse ou matasse ninguém.

    Uma sociedade baseada única e exclusivamente em solidariedade seria uma sociedade em que conflitos seriam evitados ao máximo, e sabemos que há situações em que conflitos são necessários.

    Então isso de imaginar que uma sociedade pode se basear única e exclusivamente em meritocracia é sofisma. Claro que teria que haver harmonização com outros princípios, e isso não significa de modo algum que seja ruim ou problemático o princípio básico de haver alguma variação na premiação de predicados pessoais desde que seja assegurada igualdade de oportunidades.

  110. Contestando o item “b”

    “b) A meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervalorizando o sucesso e estigmatizando o fracasso, bem como atribuindo exclusivamente ao indivíduo e às suas valências as responsabilidades por seus sucessos e fracassos. “

    Não é possível em bases racionais defender princípios meritocráticos sem que sejam defendidas ações positivas que assegurem igualdade de oportunidades para as crianças. Desde que se acredite que cor de pele, sexo, classe social não têm uma grande correlação com talento, é difícil ver como princípios meritocráticos levariam a intolerância social, visto que há uma pequena parte da população com poucos talentos, uma pequena parte com muitos talentos, e uma grande parcela com talento intermediário.

    A supervalorização do sucesso e estigmatização do fracasso ocorre quando não se dão condições mais ou menos igualitárias a todos e não se utilizam outros critérios como uma proteção social mínima para os que não deram sorte ou não têm muito talento.

    Como no item “a” se cria o boneco de palha, ou moinho de vento, de se imaginar uma sociedade baseada em um único e exclusivo critério, que leva a problemas seja qual for o valor escolhido, não só a meritocracia. E isso não invalida a meritocracia como um dos bons princípios.

  111. Contestando o item “c”

    “c) A meritocracia esvazia o espaço público, o espaço de construção social das ordens coletivas, e tende a desprezar a atividade política, transformando-a em uma espécie de excrescência disfuncional da sociedade, uma atividade sem legitimidade para a criação destas ordens coletivas. Supondo uma sociedade isenta de jogos de interesse e de ambiguidades de valor, prevê uma ordem social que siga apenas a racionalidade técnica do merecimento e do desempenho, e não a racionalidade política das disputas, das conversações, das negociações, dos acordos, das coalisões e/ou das concertações, algo improvável em uma sociedade democrática e pluralista.”

    Uma honesta visão sobre meritocracia, como defendi extensamente em outros comentários aqui mesmo, levaria a garantir uma boa igualdade de oportunidades e condições iniciais para as crianças.

    No Brasil, isso poderia ser traduzido por:

    1. Eliminação de toda e qualquer forma de discriminação, seja de cor de pele, orientação sexual, classe social.

    2. Luta em favor de um sistema tributário intensamente progressivo como forma de garantir condições aproximadamente iguais a todos e corrigir distorções como patrimônios milhares de vezes maiores que outros, dado que é difícil de sustentar talentos milhares de vezes maiores que outros.

    3. Luta em favor de tributação intensa de heranças e doações, dado que a premiação de talentos deve ser direcionada a quem tem o talento, não a seus descendentes.

    Acho que isso são exemplos suficientes de como a meritocracia preencheria o espaço público em favor de se resolver os maiores problemas do Brasil. O que se fez foi criar um moinho de vento fácil de ser atacado.

    1. meritocracia à brasileira

      Nossos governos são meritocráticos… o que não os livra de serem umas porcarias…. Mérito do cabo eleitoral que vai trabalhar numa administração regional, sem falar mal do governo, mas não fazendo nada… mérito do empresário que arrecadou fortunas para a campanha e depois tem todos os seus interesses atendidos… Isso se a fugura não virar secretário de governo, como Júlio Lopes, empresário da educação que comanda a secretaria de transportes do Rio de Janeiro. Tantos acidentes sem justificativa…. sumiço de patrimônio tombado…. ele tem o mérito de amealhar dinheiro pro governo, assim como o Piciani, maior explorador de semem bovino do país, que injetou mais dinheiro na campanha Cabral/Dilma que qualquer outro…

      Esse governo não é dos pobres. É da classe média e dos grandes empresários que tomam a voz da classe média como se fossem dar a ela a possibilidade de ascender ao seu nível. Por mais rico que um sujeito de classe média ache que possa ser, nunca será realmente rico!

      Os tiranos que nos comandam são fruto das classes mais abastadas. Isso não seria explicação suficiente pro caos em que estamos? Sim, somos um país subdesenvolvido em que uma pseudo-elite acredita que possa ser mais feliz por ter migalhas caídas da mesa do grande capital para se alimentar…. e continuar iludindo seus funcionários que o sistema é assim mesmo…

      Vocês não são a elite! São os gerentes dela contra o povo.

      1. Quantidade versus qualidade!

        A maritocracia é coisa recente no país. Demorará ainda muito tempo pra q ela finalmente se estabeleça como algo bom pra sociedade brasileira como um todo. Por enqto o q se pode dizer sobre ela é isso q o Renato disse mesmo! Uma boa resposta pra quem pensa q a meritocracia funciona assim ou assado é q ela (a meritocracia) tá em constante mutação, amadurecimento! Nas condições educacionais em q vivemos hoje, nas quais a “qualidade” não acompanha a “quantidade”, é muito difícil opinar sobre o futuro dessa meritocracia “à brasileira” q parece nivelar a todos pelo nível de “sucesso” (de ideias, de ideais etc) quantitativo q atingem e não pelo seu “êxito” (de ideias, de ideais etc) qualitativo. Não adianta passar a fazer parte do chamado “primeiro mundo” sem o componente qualitativo, ou seja, sem resolver o problema da desigualdade social gritante q nos sufoca! Os índices educacionais brasileiros são vergonhosos e sempre continuaram a ser caso não se dê ao imprescindível componente da QUALIDADE o espaço q ele merece dentro dessa meritocracia à brasileira! O problema é histórico entre nós — e, a partir de agora, só temos uma única chance de resolvê-lo duma vez por todas! Ou será agora ou não será nunca!

  112. Parabéns pela iniciativa

    Professor,

    sou aluno da pós-graduação na UFMG e queria parabenizá-lo por essa primeira análise bastante lúcida da questão. No entanto, gostaria de sugerir alguns caminhos para desenvolvimentos, porque acredito que a insuficiência do texto diz respeito a uma falta de radicalidade do mesmo:

    a) De onde provém a meritocracia enquanto corrente filosófica? Ou, como já ressaltado em outro comentário, como e por que ela continua a se proliferar? Acredito que esses desenvolvimentos culminem numa crítica a ideologia do do progresso/desenvolvimento como desenvolvida por autores como Walter Benjamim e, para citar um do nosso lado do Atlântico, Celso Furtado na década de 70. Claramente que essa crítica se insere numa crítica mais ampla da reprodução do modo de produção capitalista, o que nos leva para o segundo ponto;

    b) Tive a sensação, ao final do seu texto, de uma interpretação excessivamente hegeliana da questão – apesar de outros momentos você mostrar-se bastante lúcido em relação às estruturas de poder por detrás das ideologias. No entanto, você encerra seu texto combatendo a ideia e não a classe. Ora, a classe não se refere as pessoas individualmente – como aqueles que baseiam sua análise numa binariedade infantil entre sociedade/indivíduo querem fazer parecer – mas é um categoria teórica que em certo momento apresenta certa manifestação. Para simplificar, o que quero dizer é que o fim da meritocracia – enquanto constituinte real da classe média tal como ela se efetiva no mundo prático – equivale ao fim da classe média (que no fim possui uma existência mais ideológica que real). Proceder de outra forma me parece o risco de flertar com posições reformistas que assemelham-se às formulações proudhnianas do século XIX, ou seja, de que é possível limpar a classe de determinações que são, na realidade, da própria essência dessa classe. Nesse sentido, o fim do efeito danoso só é alcançado com o fim da classe (o fim da classe, devo dizer somente para rebater os desavisados de plantão, não implica no aniquilamento dos indivíduos que outrora a compuseram). 

    Parabéns novamente pela iniciativa.

  113. Parabéns pelo artigo, foi um

    Parabéns pelo artigo, foi um dos melhores artigos que li ultimamente. No mínimo esse artigo no faz refletir sobre alguns males “invisíveis” que afrontam a sociedade.

    Bastante interessante teu ponto de vista.

  114. Se o mérito for mantido como

    Se o mérito for mantido como foco, há um problema no encadeamento da argumentação, que se baseia no desempenho, e não no mérito.

    Desempenho é apenas um dos fatores usados para avaliar o mérito, e varia de acordo com o meio. A argumentação está baseada nas nuances do desempenho e não nas diversas formas de se avaliar o mérito. Portanto, meritocracia não é o alvo, mas sim a desempenhocracia. 

    1. dá na mesma

      O caso é que por essas bandas a meritocracia não é encarada como processo permanente (a “desempenhocracia”, se é isso que estou entendendo do significado desse termo colocado na discussão).

      Ao invés disso, serve só até o ponto em que a pessoa consegue ingressar numa corporação (um diploma, um registro profissional, um cargo público, etc).

      Daí a nossa sociedade cartorialista diz pro sujeito… “Relaxa! Agora você não precisa provar mais nada pra ninguém, já provou seu mérito. Se alguém reclamar do seu desempenho: um cidadão, um paciente ou cliente infeliz qualquer, nós (a corporação) te damos cobertura sem falar que a justiça é inepta mesmo.”

       

      Bem, nem precisa dizer agora porque a “meritocracia” a la Brasil merece ser criticada e até entenderia uma critica nesse sentido. Só que esse aspecto o autor abstraiu completamente. Na falta de uma referência do que seja a verdadeira meritocracia, ele passou a atacar não a cultura por trás do uso indevido do conceito de mérito, mas sim o benefício da competição meritocrática em si!

      E certamente se essa idéia prevalecer ai é que estaremos ferrados.

  115. Na mosca!!!

    Belíssima análise! Renato, faz sentido que que não se combata a classe média; mas ao combatermos a meritocracia, em última instância não estamos atacando a classe média brasileira – ao atacarmos o que a diferencia da classe média européia?

    Na meritocracia não há realmente espaço para a subjetividade nem para a política – a meritocracia é anti-republicana, é a antítese do ‘de cada qual segundo suas capacidades; a cada qual segundo suas necessidades’. Abraço!

  116. Me parece que qualquer

    Me parece que qualquer ideologia ou sistema social levado ao extremo tem mais efeitos danosos do que benéficos, Uma sociedade baseada em um  sistema extritamente meritocrático deve ser um horror. Mas cá entre nós, nossa sociedade, aqui do Brasil (não sei se falamos do mesmo país), é tudo, menos meritocrática.

  117. No fundo todos são Reacionários

    Outro dia estava num encontro social e numa conversa informal uma professora comenta que achava a competição entre alunos como algo ruim para o conjunto da turma porque isso prejudicaria um ideal de equipe e esforço conjunto. Uma visão aparentemente razoável.

    Ouvi com atenção, e apesar de não ter posição anterior a questão, contei que quando entrei no ginásio havia essa coisa de premiar com uma medalha o melhor aluno. Coisa que fiquei sabendo ao receber a tal medalha. Bem, e qual foi minha atitude nos anos seguintes… Não me esforçar muito! Talvez fosse o instinto de não ser um alvo visível ou fosse preguiça mesmo.

    Disso, me dei conta e retruquei a ela que o aluno de elite paga um preço mais alto do que a média dos alunos. E se não fosse ele, forçando o nível de comparação, a tendência seria a turma ficar ainda mais medíocre. Assim, pensando bem, devemos dar honra aos CDF da vida porque eles se matam estudando/trabalhando e ajudam a manter o nível. Em troca muitas vezes não ganham nada com isso a ainda são hostilizados numa sociedade de raízes cartorialistas como a nossa onde a mediocridade é uma lógica muito conveniente.

     

    Então me aparece esse texto, que ao ler os primeiros parágrafos me deu a impressão do autor querer defender as atitudes mesquinhas da classe média. Isto porque é fácil pensar… Ah, as pessoas não são egoístas e gananciosas por natureza, é o sistema que as faz assim. E como um grande gênio (de araque) diz… Eureka, é a meritocracia esse sistema.

     

    E claro, pra aqueles que se acham injustiçados pelo sistema meritocrático, porque todo mundo se acha mais esperto e inteligente do que o próximo, atacar a meritocracia é perfeito e palmas pro rapaz.

    O texto é ruim, prolixo e cheio de “Se é alho, ENTÃO/PORTANTO, é bugalho. LOGO está provado que bugalho é alho”.

    E ao ver esse debate, fico perplexo e preocupado porque colocar a meritocracia na berlinda é uma idéia perniciosa e não pode prevalecer. Porque são idéias nessa linha que leva a aberrações como o sistema de aprovações automáticas e sabemos muito bem o que essas idéias “geniais” produzem.

     

    O ridículo é que a motivação para a atitude reacionária não precisa ser desvendado por nenhuma nova análise… A motivação é o próprio sinônimo do termo que o autor parece ter abstraído do discurso. Ser reacionário e querer a preservação da posse de privilégios. PONTO.

     

    E outra piada aqui é que o reacionarismo, ou preservação de privilégios, é justamente a antítese dos ideais da meritocracia. Isto é, meritocracia é sinônimo de mobilidade social, e mobilidade social é a possibilidade do indivíduo poder ganhar privilégios por si mesmo. Ou seja, na meritocracia o direito a posse de privilégios não é rígida e nem garantida por herança uma vez que famílias ricas com o passar de gerações podem acabar na pobreza e vice-versa. Assim, vá a luta e consiga aquilo que puder.

    Claro, isso não deixa de ser deprimente a princípios católicos na raiz da nossa alma portuguesa onde a competição por riqueza através do trabalho trazido pela filosofia protestante é vista com olhos tortos. Daí alguns talvez se perguntem… Não haveria uma sociedade melhor onde a meritocracia fosse dispensável?

    Acontece que o que seja melhor é bastante subjetivo. Mas podemos voltar ao exemplo dos alunos CDF e pensar no caso…

     

    Sem competição, a tendência é a mediocridade. A mediocridade leva a decadência até atingir um estado de equilíbrio e estagnação. E talvez até sejamos mais felizes assim. Afinal ser um índio numa aldeia (uma sociedade em equilíbrio, mas estagnada por excelência) pode ser mais feliz do que ser um “pequeno burguês” preocupado com a conta do cartão de crédito todo final de mês.

    Mas se for pensar assim, pra quê desenvolver ciência, criar tecnologia, se aventurar pelo universo e descobrir coisas novas quando podemos ir por mato e viver feliz pra sempre?

    Bem, eu não quero ir pro mato. Mas quem quiser, esteja à vontade.

     

    Outro aspecto importante é que a meritocracia não é necessariamente uma obstrução para políticas de distribuição de riqueza por critério igualitário. Muito pelo contrário, a idéia de direitos universais, de saúde e educação pra todos, particularmente para crianças e famílias, é obviamente indispensável para uma verdadeira sociedade meritocrática.

     

    O que talvez cause confusão seja o uso retórico de princípios meritocráticos pra tentar se opor a qualquer política social de distribuição de riqueza. Mas uma coisa é a conversa enganosa da defesa da liberdade e individualismo que serve pra defender privilégios e mais opressão, outra é o verdadeiro sentido da idéia da meritocracia.

    Da mesma forma, a negação da meritocracia pode ser apenas defesa da própria mediocridade visando igualmente salvaguardar privilégios nem sempre obtidos por mérito.

    E é bom comentar que o fato da pessoa se considerar de esquerda não faz dela um ser humano menos egoísta do que outra que se considera de direita… Como ouvi certa vez, não lembro de quem, que “da boca pra fora muita gente se considera um intelectual de esquerda, mas na hora de respeitar os direitos trabalhistas de suas empregadas a conversa fica entre quatro paredes”. Assim, levar a conversa pra quem é reacionário é um auto-engano. Porque se alguém pede por alguma mudança para o “bem comum” é improvável que essa pessoa acredite que tal mudança lhe seja seriamente prejudicial. No fundo todos nós somos reacionários.

    Vamos criticar sim as mesquinharias de classe, mas daí querer jogar a culpa num ideal a princípio universal inclusive para sistemas ditos de esquerda é forçar muito a inteligência alheia.

    1. Uau!

      Uau!

      O título não me decepcionou: sabia que o autor não provaria sua bravata!

      “O texto é ruim, prolixo e cheio de ‘Se é alho, ENTÃO/PORTANTO, é bugalho. LOGO está provado que bugalho é alho’.” – contradictio ad alho e bugalho: hummm… Aristóteles na veia!

      “Assim, vá a luta e consiga aquilo que puder.” – A meritocracia é filistina e anti-republicana: lute e consiga o que puder – se não puder… como se sabe, manda quem pode, obedece quem tem juízo! 

      “E é bom comentar que o fato da pessoa se considerar de esquerda não faz dela um ser humano menos egoísta do que outra que se considera de direita… ” Comentar é bom; provar, excelente! Digo, provar o que talvez tenha querido dizer, porque o que está dito é óbvio: não basta se considerar Napoleão para ser o General… O que falata provar é: todos são egoístas sempre.

      “se alguém pede por alguma mudança para o “bem comum” é improvável que essa pessoa acredite que tal mudança lhe seja seriamente prejudicial. No fundo todos nós somos reacionários.” O “bem comum” soa como uma fantasia para o meritocrata brasileiro (anti-republicanismo). Buscar o que lhe é seriamente prejudicial – masoquismo? Ser reacionário não é o mesmo que ser egoísta, deus do céu!

      É cada uma!…

       

      1. O título não me decepcionou: sabia que o autor não provaria sua bravata!

        “O texto é ruim, prolixo e cheio de ‘Se é alho, ENTÃO/PORTANTO, é bugalho. LOGO está provado que bugalho é alho’.” – contradictio ad alho e bugalho: hummm… Aristóteles na veia!

        Antes de escrever isso, já tinha me dado o trabalho de apontar as falsidades do artigo num post anterior (post: “Análise falsa do começo ao fim”). Talvez fosse mais correto ter reescrito pelo menos um exemplo de falha para não ficar tão jogado essa afirmação. Corrijo o erro então repostando esse post anterior como resposta ao meu próprio post.

        “Assim, vá a luta e consiga aquilo que puder.” – A meritocracia é filistina e anti-republicana: lute e consiga o que puder – se não puder… como se sabe, manda quem pode, obedece quem tem juízo! 

        Acaba usando a mesma argumentação que critiquei acima, ou seja, é muito simples dizer que A é B e se bastar a isso (“meritocracia = anti-republicana”, e, “vá a luta e consiga o que puder” = “manda quem pode, obedece quem tem juizo”  ).

        “E é bom comentar que o fato da pessoa se considerar de esquerda não faz dela um ser humano menos egoísta do que outra que se considera de direita… ” Comentar é bom; provar, excelente! Digo, provar o que talvez tenha querido dizer, porque o que está dito é óbvio: não basta se considerar Napoleão para ser o General… O que falata provar é: todos são egoístas sempre.

        O que disse era pra estar claro e posso traduzir… O fato de se defender uma causa de esquerda não prova, primeiro, que essa causa seja boa, segundo, que você seja moralmente superior. Mas está certo em dizer que não posso afirmar que todo mundo é egoísta sempre, de fato kamikases existem e certamente esse é o indivíduo a quem podemos atribuir egoismo = zero. Por acaso você é um?

        “se alguém pede por alguma mudança para o “bem comum” é improvável que essa pessoa acredite que tal mudança lhe seja seriamente prejudicial. No fundo todos nós somos reacionários.” O “bem comum” soa como uma fantasia para o meritocrata brasileiro (anti-republicanismo). Buscar o que lhe é seriamente prejudicial – masoquismo? Ser reacionário não é o mesmo que ser egoísta, deus do céu!

        É cada uma!…

        Novamente é fácil dizer A= B (…O “bem comum” soa como uma fantasia para o meritocrata brasileiro (anti-republicanismo)…). Agora se essa generalização é fato é outro problema.

        Você falou em masoquismo, indicando que não vê sentido lógico em apoiar causas que vão lhe prejudicar individualmente mesmo que a razão diga que é para o bem comum. Ora, ao pensar assim não só concorda comigo como está sendo “a prova” da minha “bravata”, não?

         

        Mas numa coisa está certo, eu acredito que ser reacionário é em essência causado pelo egoísmo e ganância da natureza humana. Estou sendo simplório? Talvez para pessoas que preferem teorias complexas pra explicar coisas simples. Mas ser quer uma demonstração, eu a faço na forma da seguinte questão…

         

        Pegue toda a sociedade humana (cidades, fábricas, tudo) e a faça desaparecer da face da Terra deixando somente uma pequena população de crianças em tenra idade no meio da África que por hipótese seriam adotadas e protegidas por chimpanzés. Depois espere dois milhões de anos de evolução social para ver no que dá.

        Supondo que vai ver a mesma sociedade “injusta” que exista hoje, me explique qual “sistema” essencial construiu a tal estrutura social injusta, digo, no início só havia um monte de crianças que não sabiam nada de nada nem muito menos estavam inseridas num sistema social prévio (esquecendo a sociedade dos chimpanzés, claro!!)…

    2. Nota:

      A minha crítica:

      O texto é ruim, prolixo e cheio de “Se é alho, ENTÃO/PORTANTO, é bugalho. LOGO está provado que bugalho é alho.”

      tem por base análise anterior que fiz do artigo e reescrevo a seguir.

      ………………………..

      Análise falsa do começo ao fim

      A análise começa partindo da observação de que a reação contra os médicos cubanos foi motivada pela defesa da meritocracia:

       

      “…o que me parecia sustentar tal coesão era uma defesa do mérito, do mérito de ser médico no Brasil… Então, aquela reação episódica, e a meu ver descabida, da categoria médica, incompreensível até para o resto da classe média, era, na verdade, um brado pela meritocracia… Assim, boa parte da classe média é contra as cotas nas universidades, pois a etnia ou a condição social não são critérios de mérito.”

       

      Só que os médicos cubanos não são uma minoria oprimida beneficiada por políticas de afirmação. Portanto a suposição de que os médicos esperneiam por verem isso como um atentado a meritocracia não é prova de que seja esse o caso. A razão objetiva é o que até as pedras sabem… Qualquer corporação monopolista quando vê seu mercado ameaçado por um novo competidor, esperneia.

       

      Mas uma vez afirmado que a meritocracia foi a raiz do episódio dos médicos, passou-se a construir uma argumentação para demonstrar a meritocracia como um mal. Só que a sustentação dessa argumentação se resumiu a descrever em itens as injustiças e perversões sociais colocando-as na conta da meritocracia sem a mínima preocupação de explicar o nexo causal. Vamos ao primeiro exemplo:

       

      “a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.”

       

      Eu pergunto, onde uma coisa obstrui a outra?

      Porque por minha vez posso observar que a meritocracia vincula-se a idéia da mobilidade social e que os valores universais se vinculam a harmonia social. E em seguida afirmar que a segunda é necessária para a primeira dando nexo causal de que para haver mobilidade social é preciso, antes do princípio da meritocracia, haver a idéia da igualdade a direitos universais. Isto é, numa sociedade escravocrata, escravos continuam escravos a despeito dos seus méritos “profissionais”.

       

      Mas para não perder tempo desmontando item por item, basta dizer que podemos trocar a palavra “meritocracia” que abre todos os itens a, b, c, d, e , f  por outra como “individualismo”, “corporativismo”,  “egoísmo”, “ganância”, “consumismo” ou qualquer outro vicio a gosto do freguês que o texto não mudará em sentido.

       

      Outra afirmação tirada da cartola foi afirmar que a elite não defende a meritocracia, algo discutível. Mas pior mesmo foi afirmar que os pobres também não defendem:

       

      “Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual. Assim, ser meritocrata implicaria não só assumir que o seu insucesso é fruto da falta de mérito pessoal, como também relegar apenas para si a responsabilidade pela superação da sua condição. E ela sabe que não existem soluções pela via do mérito individual para as dezenas de milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza, e que seguramente dependem das políticas públicas para melhorar de vida. Então, nem pobres nem ricos tem razões para serem meritocratas.”

       

      O que quer dizer “limitado potencial individual”? Que os pobres se acham incapazes de prosperar pelo estudo e trabalho ou que os pobres são limitados individualmente?! Isso no mínimo cheira a uma visão fatalista pra não dizer algo pior.

       

      Resumindo a falsidade da idéia:

       

      Afirmação 1) meritocracia = injustiça social =  ser reacionário

      Afirmação 2) a classe média defende a meritocracia e a classe pobre e a classe rica não defendem.

      Conclusão: pessoas reacionárias = pessoas da classe média.

       

      Acontece que a meritocracia se contrapõe ao pior dos mundos que é a idéia de viver numa sociedade de castas onde privilégios e opressões são perpetuados de forma hereditária. Claro, a alternativa utópica seria uma sociedade onde as pessoas produziriam riquezas motivadas pelo bem comum e viveriam felizes para sempre compartilhando tudo com todos de forma igualitária. Uma realidade onde egoísmo e ganância não fariam parte da nossa natureza. Só que analisar dessa forma simplista não leva a lugar algum.

  118. Meritocracia

    Sou muito grata por este texto. Já conhecia essa opinião da Filósofa que muito admiro, Marilena Chauí. Porém, o texto me faz acordar para uma visão mais sistematizada da meritocracia. Tudo fica mais claro… as provas de mérito criadas pelo governo do PSDB para os professores e o nosso sindicato… tudo está mais claro agora!!! É fato! A meritocracia em detrimento do coletivo… Sou grata!

  119. Demais!!!

    Sempre digo que se fosse fazer uma tese em humanas, ela seria sobre a classe média, ou as classes médias. Diante do brilhantismo desse texto soa até pretensioso, mas juro que já tinha pensando nesse tema extamente sob essa ótica !!!!  Muito, muito bom esse texto. Sempre gostei da Marilena Chauí (como também adoro a virulência de Nietzsche), e uma questão retumba na minha cabeça há tempos : Como fazer uma anta, a classe média, entender um raciocínio tão requintado e elaborado? Vontade que dá de estudar isso,  só que pra mim já era rsrsrsrs estou em biológicas atolado até a cabeça e fazendo um pós-doc em biologia celular. Esse texto foi simplesmente um dos melhores textos sobre o tema que já li, se não for o melhor. Parabéns ao autor.

    1. DEMAIS

          Pois é Sr. Thiago de Castro Gomes, foi e será sempre assim, a sua ação é igual a todas as outras, passou de uma classe para outra:  intelectual, moral, funcional e qualquer outros “al”. E então ja era, mesma coisa que dizer, fodam-se, Se o Sr não é mais uma anta, sentido profisional, cultural, profissional… etc, porque se esconde então, mudou de classe?

       

       

    2. Entre mil comentários raivosos, alguem aqui entendeu o texto

       PELAS  REAÇÕES  VIRULENTAS  E   INCORFORMADAS  COM  ESTE  EXCELENTE  E  CONTUNDENTE  TEXTO,  CONFIRMAMOS  A  TESE  DE  QUE  A  CLASSE  MÉDIA   É  TUDO  ISSO  AÍ  ELENCADO  ACIMA, ALIADA  À  VIOLÊNCIA  DO DISCURSO,  QUANDO  CONTRARIADA….É  UMA  “CASTA”  INDIVIDUALISTA,  ARROGANTE, PEDANTE E  MERITOCRÁTICA…E   O  INDIVIDUALISMO  É  A  MARCA  REGISTRADA DA  CLASSE  MÉDIA,  QUE  DÁ  ASSIM  A  “CARA”  E  O  “NOME”  PARA  O  REGIME  DE  EXCLUSÃO  QUE  A  SUSTENTA  E  QUE  SE  CHAMA  CAPITALISMO…..

      1. Marcia Tigani

        Concordo com você, Marcia Tigani.

        Você falou exatamente de você, meritocrata da classe média – ou será que se fosse diferente estaria escrevendo bem, em bom português, conectada na internet num bom computador ou ipad (ou iphone), após ter frequentado uma boa universidade federal, área de humanas e depois “cuspir no prato que comeu”, hehehehehe.

        Concordo com você, menina Márcia Tigani.

        Um abraço,

        Angelo Matos

    3. Thiago de Castro

      É Dr. Thiago de Castro,

      Pelo que escreveu dá para perceber q ue o melhor que tem a fazer é continuar seus estudos em biologia celular, pois sobre o “tecido social”, composto pelas células médias você está como a presidANTA: uma ANTA.

      Se você faz pós doutorado é porque alguém te apadrinhou para chegar até aí? (Não sei, talvez tenha sido), mas prefiro acreditor que seja pela MERITOCRACIA, e não pela porta dos fundos, talvez apadrinhado pela ANTA presidANTA ou o grupo de asseclas que a acompanha, que está quebrando o nosso país.

      Que seja pelos méritos. Não me decepcione.

      Angelo Matos

  120. A “meritocracia”, na verdade

    A “meritocracia”, na verdade oculta, com as diferenças de oportunidades e injustiças, as mazelas do seu próprio conceito de “meritocracia”.

    Um grande exemplo deste fenômeno, é o que vem acontecendo nas grandes empresas multinacionais hoje em dia. Funcionários que realmente fazem a diferença, que trabalham duro, carregam o piano e que não tem tanta “simpatia” da direção, acabam deixando a empresa, e ficando as mesmas nas mãos das “panelinhas” (ratocorps) que tem transito livre e a “amizade” dos diretores, apesar de não serem nítidamente grandes profissionais.

    Estes empregados que deixam as empresas, na sua grande maioria, iniciam seu próprio negócio e acabam pulando de classe social, ou seja, da classe média para a classe rica.

    Portanto, o que acontece nestas grandes corporações, é um retrato do que acontece na sociedade brasileira como um todo. A meritocracia teria sim um papel importante se se livrasse desta mácula do individualismo exacerbado, com viés reacionário, para um pensamento mais forte no coletivo e social.

    Parabéns pela matéria, que me deu uma grande luz para começar a compreender esta classe média reacionária.

     

  121. meritocracia dos advogados = a grande tungada

    No comentário da espuma, da meritocracia, da Chauí, a defesa dos médicos à sua classe, ante o programa novos médicos, está evidente a diferença entre as classes, no tocante à defesa de seus interesses: enquanto médicos se protegem, em todos os sentidos, inclusive com cooperativas e cobertura aos erros impunes, a advocacia tem 4 milhões de bacharéis formados, sem oab, enquanto míseros 700 mil advogam, com oab, antes e após a aprovação no exame da ordem. Venderam, via MEC, o diploma, para um esforço inútil. Agora protegido até pela Câmara, que não derrubou o tal Exame. Eu, particularmente, não tive problemas, passei no primeiro que fiz, mas achei aquela cobrança tão inútil, ante a vida jurídica adiante vista. Para cada advogado, existe número muito maior de funcionários públicos, encastelados em justiça, inss, receita, ministério, todos ávidos para criminalizar, retirar e diminuir direitos sociais, é claro, para garantir o bolo de seus proventos descomunalmente recebidos, e sem meritocracia…Vem ai uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA) de tunga de 70 mil aposentadorias, principalmente de pedevistas do Banco do Brasil; Aceita a admissibilidade, vai à Corte (CIDH), a mesma que condenou o Brasil a abrir os arquivos do Araguaia a algumas famílias e que o Jobim e o Lula, à boca pequena, mostraram, aceitando o pedido de demissão de três Ministros Militares; As consequências? A suspensão do país ao mundo financeiro, pela recomendação da Corte Interamericana e algum FATO RELEVANTE sobre Banco do Brasil e Previ, sobre suas ações no mercado; CONCLUSÃO: algo parecido com as ações da OLX, hoje a menos de R$ 0,13.

  122. Enchendo Linguiça

    Verborragia desmedida para falar sobre o nada. O blogueiro não possui razoável fama por ser escritor medíocre. Lula não se tornou Presidente por ser líder medíocre. Thomas Edson tinha problemas de audição e era muito pobre, tendo se esforçado para estudar. Beethoven era surdo. 

    O que as pessoas ganham com a mediocridade? Se esforçar para ser o melhor é o cerne dos grandes feitos e grandes conquistas. Um país de gente medíocre não possui nada.

    Não se esforçar, não sonhar alto, não ir atrás, mas ficar na mediocridade, esperando que o governo “cuide” dele, é a chave da desgraça.

    Meritocracia é mais do que se esforçar para ganhar mais, mas se esforçar para superar a si mesmo. É o que os atletas olímpicos fazem. Mas como os medíocres vão entender isso?

    1. Meritocracia é mais do que se esforçar para ganhar mais, mas se esforçar para superar a si mesmo. É o que os atletas olímpicos fazem. Mas como os medíocres vão entender isso?

      Se a tendência natural é todo ser humano se achar melhor que o próximo, vão entender que a meritocracia é um sistema (na verdade é um princípio como vc bem coloca) injusto.

  123. A falácia da classe média

    “Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela)” – Professor da Federal do RS não é classe média (caso do autor). Médico no Brasil lá é classe média??? Caramba, os médicos tão recusando salário de 10.000 mensais?!?

    A boa e velha mediana coloca 50% dos brasileiros vivendo com menos de 700 reais mensais (IBGE)… essa é a média (uma família de 4 pessoas que vive com 2500 reais).

    De modo geral, a crítica da Chauí não é a classe média, é a elite DA QUAL ELA faz parte (veja o vídeo, ela critica uma patricinha no transito)… o problema é o de sempre, os intelectuais da elite não querem assumir que são elite (assim como o autor do texto), mas fazem questão de criticar os pares, então criticam a “classe média alta”, uma ficção que os agrada. 

    Mas termino dizendo apenas o seguinte… um cara que acha que a protestante classe média americana não é meritocrática, precisa estudar mais um pouco antes de querer ensinar. Caramba quem elege os republicanos?

    Faço ainda uma observação: Mesmo a classe média real (aquela composta pelo taxista, pelo jornaleiro, pelo técnico em enfermagem, pelo pequeno produtor rural, pelo cara que não tem ensino superior(restrito a 7% da população)), tem posturas das mais reacionárias, é muitas vezes evangélica, homofóbica, clama pela pena de morte, etc… e tal…. e o é por duas razões, a primeira é porque eles ralam e muito para ter o pouco que tem, e temem perdê-lo. A segunda razão é que há uma clareza no mérito que não deve ser desprezado… o mérito (mesmo que parta da premissa falsa de que todos tem chances iguais), associa-se ao esforço… e é o esforço que produz e que leva um pais do patamar D para o patamar A. É o mérito que faz falta ao processo educacional brasileiro e é o mérito que os sindicatos dos professores querem afastar do processo de remuneração. Que ganho há nisso? 

     

  124. A afirmação da diferença

    Vemos no post uma série de análises, bem construídas e justificadas, porém na integra não houve como escapar da ordenação, da escala de valores, da atribuição de características desejáveis a alguns temas eleitos como universais, de um discurso que desqualifica uma determinada forma de configurar um campo, denominado como meritocrático para, acredito eu, substituí-lo por outro.

    Que nome daríamos a este novo campo privilegiado? Vamos recordar a oposição que o autor fez entre o campo meritocrático e o campo dos “valores sociais universais”:

    A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.

    O nosso novo campo seria delineado pelo “direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade”. Quase a repetição do conhecido lema da Revolução Francesa: Liberté, Égalité, Fraternité. Digo quase pois, sintomaticamente, foi esquecida a igualdade. Talvez, como compensação inconsciente do autor a isto, tenha surgido a solidariedade no lugar da fraternidade. Solidariedade que justifica, creio eu, a permanência da desigualdade.

    Ora, a única forma possível de acabar com o mérito, é lutando por uma sociedade igualitária. Não há outro meio para “explicar e justificar” a diferença senão pelo caminho do mérito. O resto, a concessão, cota, solidariedade, caridade, ou qualquer outra medida que usemos serve apenas para mitigar a diferença, não para elimina-la. Não é igualdade e continuará a atribuir mérito às diferenças que não tem como explicar. 

    Eu diria então que a mais insidiosa forma de legitimação da modernidade é esta: Encontrar novas formulas para justificar e manter a desigualdade, desqualificando  e esquecendo de vez o discurso pela igualdade. Continuamos a nos afirmar pela diferença. Seria bom retomar a crítica de Flávio Pierucci, iniciada nos anos 80 e assustadoramente atual. Um resumo de suas idéias pode ser lido aqui em Ciladas da Diferença.

  125. Mérito x desempenho

    O mérito é algo subjetivo, porém é estimado pelo desempenho que é objetivo porem produz algumas distorções conforme apontados no texto … Mas o problema está no sistema meritocrático ou na falta de igualdade de oportunidades ? se extinguirmos a meritocracia e comessássemos a premiar os piores desempenhos, isso produziria melhores resultados ? Tenho lá minhas dúvidas ….

     

    Mas pensando no embate mérito x desempenho fico pensando nos nossos políticos. Se foram eleitos é porque tiveram melhor desempenho mas seriam estes os de maior mérito político?

    o problema creio eu está na dosimetria e na falta de igualdade de oportunidades e não na meritocracia em si, pois se vamos condená-la teríamos de propor um sistema alternativo melhor e me pergunto: qual seria ?

     

     

  126. Meritocracia

    O problema do Brasil  é a falta de meritocracia e falta de oportunidades. Temos ASPONES no governo, temos boquinhas nas empresas públicas, temos ignorancia na forma de livros e cultura pois o povo não vai idolatrar sabedoria sem ter conhecimento, mais vai idolatrar politicas públicas populistas que mantem o atraso, que não desenvolvem a sociedade mas que mantém ela dominada pela classe política da esquerda caviar.

  127. Meritocracia.

    Vamos fazer um texto, criar uma palavra: Meritocracia. Repeti-la diversas até que o leitor subliminarmente assimile-a. Agora vamos achar um culpado! Vamos ver… Políticos! Não! Obvio demais. Pobres! Não! Tadinhos, pois são uns ignorantes sem educação e não têm culpa de nada. Os ricos! Não! São uma classe pequena e não dá para confirmar o argumento. A Classe Média! A solução! Achamos os culpados das mazelas do país! Fala sério! Nem todo argumento que parece lógico deve ser aceito. Temos mais de duzentos países no mundo. Todos com sua classe média e porque apenas a nossa é diferente? É só pensar um pouco para quebrar esse argumento, no mínimo infeliz. O grande problema do país é histórico!!!!!!!!!!!!!!!! Vem desde nossa colonização. É uma cultura enraizada há tempos. Vamos investir pesadamente em educação que resolveremos nossos problemas a longo prazo.

  128. a confusão mental da classe média bem intencionada

    A classe média brasileira perdeu definitivamente o caminho de casa. Prova é essa bobagem.. Para início de conserva, o Brasil NÃO se rege pela meritocracia, é ainda o País dos apadrinhamentos, das indicações políticas, do jeitinho. O mérito aparece no horizonte de (setores) da classe média como um ideal contra o patrimonialismo, o coronelismo da elite (a pseudo nova esquerda prefere masoquista se odiar, ao invés de encher o saco dos poderosos de sempre). Dizer que os EUA relativizam o mérito é ridículo. Basta dizer que a velha esquerda, aquela que não pensava em politicas compensatórias porque sonhava com reformas mais profundas, acreditava acima de tudo na educação de qualidade, substantiva, na ciência como indutora de  progresso. .O Brasil, China e India registravam o mesmo número de patentes há 20 anos, hoje a India registra 10 x mais e a China, mais de 20 x mais. Não é mérito, não é competência? Em síntese, a classe média se odeia, o autor e a Marilena Chauí se odeiam e a melhor coisa do mundo é o que? aprovação automática nas escolas??? PS. Enquanto isso, a nova esquerda (?) trabalha por uma frente ampla para eleger esse sinônimo da modernidade brasileira: Sarney

  129. Quanta verborragia

    Articulistas decadentes tem mesmo que combater a meritocracia, até para justificar o ganha pão, sugando nosso dinheiro através de empresas estatais para babar ovo.

  130. Incrível o seu esforço para

    Incrível o seu esforço para justificar as bobagens que a Marilena Chauí diz. Isso é que é vontade de concordar com alguém! Mas não me convenceu, não. Em primeiro lugar porque em muitos aspectos as classes mais baixas são mais conservadoras ou reacionárias. Elas tendem a ser contra o aborto, o casmento gay e a favor da pena de morte. Vc. acha, por exemplo, que a cura gay é uma bandeira da classe média paulistana? Depois, é natural que a classe média defenda seus interesses — é natural que qualquer classe defenda seus interesses, e as preocupações da classes média são preocupações mais burguesas mesmo, é claro: impostos, serviços públicos, etc. São os mais pobres que só pensam em emprego e inflação. Se um dia a pobreza acabar no Brasil, o PT vai continuar chamando essas exigência de reacionárias porque o PT é viciado nessa ideologia anti-burguesa (i.e., anti-classe-média). Ele não entende que o enriquecimento do país causa uma mudança de foco nas preocupações que é natural e bem-vinda. O PT parece que quer as pessoas eternamente preocupadas exclusivamente com emprego e com o preço do feijão. Mas isso é o mesmo que quere que o Brasil continue sendo um país pobre! Por fim, vc. transformou o princípio meritocrático num verdadeiro sistema fascista de governo, o que é um absurdo completo. Eu não sou contra cotas, em princípio, mas se isso transforma a universidade numa instituição púlbica de apoio aos pobres eu sou contra. Porque afinal a unversidade existe para criar ciência — ou ao menos esse é um objetivo central que ela não pode pôr em segundo plano. A avaliação do mérito e do desempenho pode ser dura e cruel, mas não existe nenhum outro caminha para uma sociedade democrática sobrevier. O talento e o esforço têm que falar mais alto sempre, seja onde ele estiver. Para você, para a Marilena e para todos os “progressistas” do PT minha recomendação é a mesma: um estágio de um ano em Cuba ou na Coréia do Norte.

    1. PASSEI UM TEMPO EM

      PASSEI UM TEMPO EM CUBA…PELO SEU DISCURSO QUE TEM QUE PASSAR UM TEMPO LÁ É VOCÊ…NÃO ENTENDEU MUITA COISA ALEM DO QUE É REPETIDO PELO SISTEMA BURGUÊS. OUTRA COISA UNIVERSIDADES SERVAM PARA ATENDER AO SER HUMANO …AO COLETIVO …DEVERIAM SERVIR …E NÃO PARA ATENDER A QUALQUER COISA OUTRA!!! BOA SORTE EM SUA JORNADA!!!

    2. Ler e escrever.

      Ler e escrever deveria ser o pré-requisito para os meritosos terem o prazer de ler e entender um texto.

      Leitura e interpretação de texto é difícil … ainda bem que não sou “meritoso”!

  131. Quanto trololó

    O autor poderia ter dito o mesmo com um texto bem menor. Mas como objetividade é coisa de meritocratas, ele achou melhor dar uma enfeitada no pavão, encher uma linguiça… É a típica “subjetividade e complexidade” do ser humano se manifestando em um texto que critica a meritocracia sem propor uma solução melhor. Misturando alhos com bugalhos (mérito e poesia… Mário Quintana e Paulo Coelho!!), o autor associa a cultura do mérito à classe média brasileira. Ricos e pobres não ligam pro mérito, eles não precisam dele, ou não conseguem atingi-lo… Mas que sandice! Nasci em família pobre, trabalho desde muito cedo. Mas nunca, nunca mesmo, pensei que conquistar qualquer coisa pelo desempenho e pelo mérito fosse algo ruim, negativo. Como? Então é melhor analisar “o lado humano, todo o universo que há em nós” e moldar a sociedade com base nisso do que lutar e se esforçar para conquistar seus objetivos? Isso representa um fator de exclusão na sociedade? Mas como?

  132. INVEJOSO !

    MERITOCRACIA é quando vc pari 2 filhos em maternidade PÚBLICA e sem dinheiro sequer pra compra fraldas e sem ajuda e nem COTAS de ninguém consegue formar esses 2 filhos em MEDICINA … mas isto é para poucos ! Isso é pra pessoas como eu que trabalham duro sem INVEJAR e nem se VITIMIZAR; MERITOCRACIA é virtude de VALENTES e não de PEDINTES ! “EU”

     

    1. Ler e escrever.

      Amiga …

      O “pari”  que a senhora quis dizer é “pare” ?

      Freud provavelmente explicaria a necessidade do “eu” se destacar … uns se destacam sem pedir … outros sem expressão gostam de usar o “eu” …

      Abraços

      1. Amigo,
        Você se acha melhor

        Amigo,

        Você se acha melhor que ela porque sabe português? Leu alguma coisa sobre Freud e quer posar de bacana aqui no site? Não sobreponha a sua “valência individual” (ou sua percepção inflada da mesma) aos outros. 

        Abraço apertado.

    2. A exceção confirma a regra

      Prezada, parabéns por ter “vencido” na vida (para quem acredita que existe ‘vitória’ e ‘derrota’ na vida). No entanto, o fato de 1% dos pobres “vencerem” na vida e conseguirem moblidade social (ascensão socioeconômica) apenas confirma que a REGRA para os pobres (os outros 99%) é ficar na pobreza mesmo se deixarmos tudo como está. E é óbvio que não é verdade que 99% dos pobres o são por que são “burros”, “incapazes” ou o que o valha. Então aí dá para ver que tem algo errado aí nesse raciocínio. Porque mesmo que 80% dos pobres “batalhem” na vida igualmente ou mais que você , “vencedora”, eles NÃO vão vencer, eles vão perecer pelo caminho mesmo. E não é por falta de capacidade pessoal, intelectual ou de trabalho. Agora, qual é a solução para o problema? Concordo que ela é complexa e demanda muito debate, mas uma coisa é não saber identificar as causas dos problemas, outra é ter sucesso parcial ou não ter sucesso em oferecer soluções viáveis e efetivas.

  133. Brilhante análise!

    Parabéns pelo texto Renato Souza.

    Creio que foi uma análise brilhante. Há tempos, eu, que sou da academia e me considero emergente à classe média, já havia notado como que a necessidade de alimentar o Lattes torna o produto final algo muito aquém do potencial dos pesquisadores, professores, etc… Aliás, na academia é algo que todos sabem e muitos falam disso abertamente. Mas poucos vão abrir mão do mérito, rendimento e reconhecimento do desempenho para fazer algo de impacto real.

    Vejo que você está sendo muito atacado. A forma como um texto que, ao meu ver, retira da classe média um rótulo antipático e o coloca em um atributo, suscita tanta “reação” violenta é a prova de como você foi feliz em suas análises. Mesmo porque o texto não é um ataque… mas de alguma forma as pessoas se sentem atacadas. É algo para se pensar.

    Percebo também que muitos ataques atribui ao texto coisas que você não disse, ou melhor, que disse justamente o contrario. É um fenômeno interessante.

    Bom. Obrigado pela coragem. Esse texto fará parte de minhas reflexões de hoje em diante.

  134. Apesar de tantos

    Apesar de tantos “reacionários da classe média” exprimirem seus pensamentos contra o texto brilhante do autor, difícil eles encontrarem argumentos igualmente brilhantes para rebater a idéia deste artigo!

    Parabéns mais uma vez Renato!

    1. Concordo com ambos.

      Se o autor não se importar tomo estas palavras (sucintas) como minhas. A observação dos comentários remete-nos à ira da classe média chilena bradando contra Allende; a menção à Katyn, ao revisionismo… um artigo brilhante cuja argumentação confirma-se pela reação que suscita. Além disso, não é uma crítica à meritocracia (que cumpriu um papel histórico…), mas à lógica conjuntural que a sustenta.

  135. Seu texto forneceu uma ideia

    Seu texto forneceu uma ideia que responde de modo completamente razoável ao comportamento da sociedade brasileira ao meu ver.

    Em relação ao pessoal dos comentários eu posso ser mais nova, mas entendi seus pontos ao descrever a classe média brasileira como meritocrática. Meus pais trabalham para me fornecer um ensino melhor, na escola estudava pra ter um boletim bom(o que nunca me estimulou a realmente aprender), o vestibular foi baseado em decoreba, escolhi a faculdade pelo índice de aprovações na OAB, tenho amigos que tentam passar para o vestibular de medicina e todos eles ficaram indignados com o programa Mais Médicos, pelos motivos ditos no texto… Enfim, a maioria dos exemplo que você citou no texto são muito reais e palpáveis pra mim.

    Quanto ao dito sobre a classe pobre, alguns nos comentários disseram que são pobres e que nem por isso se desestimularam a mudar de vida. Acho que hoje o conceito de pobre mudou bastante, hoje “pobre” tem geladeira, carro, moto, fogão, uma tv ou mais, dvd, acesso a internet e com certeza tem celular, pra mim isso já não pode mais ser considerado “pobre”.

    Pobre é aquele que vive em estado miserável, tem poucos bens (ou nenhum), ganha pouquíssimo por mês, mal podendo sustentar a família. É aquele que não consegue nem parcelar em 1000 vezes algo por simplesmente não ter o dinheiro pra pagar.

    Enfim, gostei muito da sua análise, não achei suas comparações descabidas e concordo com sua tese. Só espero que algum dia haja alguma solução, pois acho que essa meritocracia veio da imigração para o Brasil,(junto com outros fatores históricos), que vieram para cá com condições de vida muito baixas e tiveram que ralar muito pra conquistar qualquer tipo de privilégio…

  136. Muito boa analise. 
     
    O

    Muito boa analise. 

     

    O pessoal confunde o exercicio de privilegios, sejam cognitivos, sociais ou economicos, com o merito de bom desempenho advindo dos privilegios. 

    Nao ha merito algum em ser preparado a vida toda para aprovaçao em vestibulares e concursos publicos: trata-se da consequencia obvia do exercicio de privilegios. 

    A Marilena Chaui foi muito clara nisso: a classe media, em troca do diploma, ofereceu a ditadura militar o apoio ideologico. Nao ha mais ditadura, e o vies fascista da classe media continua forte. 

    As afirmaçoes da Marilena Chaui nao servem para todos os individuos da classe media. Ha medio-classistas socialistas, comunas e hippies, mas a classe, como grupo, se comporta da forma que ela descreveu. A parte mais triste onde ela tinha razao eh que nao importa o verdadeiro conhecimento, mas sim o diploma, o titulo e a segurança do status social que isso traz. 

    Julgando pelas reaçoes nos comentarios, o texto foi perfeito. 

  137. Felicidades filosóficas !

    Renato e Nassif,

    Que felicidade ver neste espaço tão rica proposta de reflexão !!!

    Pensei quase um tratado inteiro para expressar minha concordância e minhas discordâncias de alguns pontos do texto, apenas pelo exercício rico que este artigo traz a tona.

    Resumindo meus pensamento: concordo em grande parte com o raciocínio exposto. E a pimenta que brilha vermelha em frente aos meus olhos vislumbra todo o impacto “psicológico” que esta vertente fascista meritocrática impõe até mesmo sobre os movimentos sociais, sobre a infância , etc….

    Já vi, em churrasco de domingo, alguns paulistanos, gabaritados, diplomados, sem nenhum pudor, defenderem morte aos índios… Fiquei tão triste em ouvir isto que saí do churrasco para não mais voltar.

    Nas questões de gênero também se aplica este conceito. “Sejam as mulheres capazes e merecedoras do respeito igualitário”…

    Talvez seja produtivo expor a meritocracia como tema maior, com subdivisões ou influências, elencando alguns tipos destacadamente inquestionáveis. Uma tese, um livro, um curso…

    E sem vergonha de ser feliz e criativa, é que estimo, sinceramente, Felicidades Filosóficas para vocês !!

    Abraços !

     

  138. Injustificável

    A verborragia e o esforço hercúleo para justificar o injustificável; o autor apela para as velhas táticas dos “filósofos” do comunismo para difundir suas ideias, isto é, usa da subjetividade e complexidade, tudo de forma prolixa, para dizer o seguinte:
    1) um dos principais fundamentos da classe média reacionária e conservadora é a MERITOCRACIA;
    2) a meritocracia é (depois de um blá-blá-blá falacioso***) diabólica pois se sobrepõe aos direitos humanos universais.

    *** o blá-blá-blá falacioso usa das velhas táticas de VITIMISMO e COITADISMO para persuadir os indecisos e dissuadir os incautos.

    Esse discurso de tentar invalidar a meritocracia, por meio do vitimismo, é o que promove os “direitos dos manos” ao tratar bandidos e criminosos como vítimas da sociedade.

    Então, se um vagabundo ou bandido (estuprador, assaltante, assassino) não tem o mérito de cumprir as leis e trabalhar conforme elas, ele é uma VÍTIMA da sociedade burguesa e elitista (essa mesma que vive dos méritos de trabalhar e cumprir as leis), portanto deve ser sempre amparado ao nível dos outros (não deve sofrer punições duras, nem severas, nem humilhantes), para que (por milagre do divino acaso) ele possa algum dia ter algum mérito (que nunca será valorizado como mérito) de trabalhar para seu sustento sem cometer crimes.

    1. Falácias

      Tiago, você que citou o “blá-blá-blá falacioso”, deve conhecer a falácia da bola de neve. Este é um exemplo típico: “se a meritocracia é um critério inválido, então um bandido não pode ser punido. Mas como um bandido deve ser punido, então a meritocracia é critério válido”.

    1. Excelente texto !!! Acho

      Excelente texto !!! Acho ainda que a meritocracia é imbuída de valores aparentes, do faz de conta, do vazio e imperceptível.. O conteúdo é sublimilarmente visto como resultado..E  é por isso mesmo difícil de detectar e combater…

  139. Sobreviver na miséria só com a ajuda de DEUS! Ou não?

    Fé que  não cega!

    Se a Elite  não quer acabar com privilégios e/ou não pode, nada mais justo que para favorecer a JUSTA IGUALDADE SOCIAL  – QUE CRIEMOS “PRIVILÉGIOS” para aqueles que “NATURALMENTE” são pobres sobreviventes. da desigualdade histórica.(contradição da autora) só minha?  rsrs Politicamente falando, estamos acordando sim, mas com um longo despertar , principalmente dessa ideia de sanear uma sociedade pela superioridade de uns sobre os outros. O mérito está sim em  sobreviver no limite da miséria e da esperança; entre a doença racionalizada do TER e  poder ser “agraciado” com mais ou SER e ter que engolir todo dia MENOS e achar que isso é merecimento e não lutar. Credo, que coisa pra enlouquecer qualquer cristão. Ah! ia esquecendo Parabéns pelo texto e pelas educadas palavras , dignas de um privilegiado estudante/ professor/ argumentador –  leitor e escritor – não violento – que ao invés de querer acabar com os pobres se preocupa em acabar com a pobreza! Coisa que mais gente devia fazer, inclusive os médicos que ERRARAM DE  PROFISSÃO e não querem mudar porque…. outra TRABALHO corre o risco de não ser tão rentável ou será que me enganei?  no Brasil o salário de professor é muito baixo, e eles estudaram em escolas privadas, não em públicas. Sólo lamento que estos – brasileños tecnomédicos – son tan mal! suerte a otros médicos que saben aprendices y aman lo que hacen.

  140. Mérito é uma palavra.Discordo

    Mérito é uma palavra.

    Discordo da construção argumentativa feita de que a classe média brasileira possa ser classificada como reacionária, ignorante e perversa por idolatrar o mérito.

    Eles desconhecem o significado do que possa ser mérito, bem como desconhecem o significado de outras palavras, como liberdade.

    Mas têm essas palavras em auto estima: mérito e liberdade.

    Na verdade são apenas pessoas escravas, pérfidas e covardes, que programam a vida delas para servir aos seus senhores capitalistas. Pessoas que se prostituiram moralmente e venderam sua liberdade para viver com algumas bugigangas do mercado.

    Continue procurando os motivos, Luis Nassif, pois você ainda não os encontrou.

    Mas vou dar umas dicas: você verá a classe média brasileira subsumida na obra de Etienne de la Boétie (Discurso Sobre a Servidão Voluntária), assim que surge um tirano, logo se juntam a ele grupos para legitimar o seu poder, pretendendo ser tiraninhos com relação às camadas de baixo, e assim vão se agrupando piramidalmente.

    Então o que é a classe média? Um grupo de explorados, escravos, que jamais sentiram o gostinho da liberdade, vivem vidas ignóbeis e ridículas, mas satisfazem-se de ter algumas posses materiais, e refestelam-se vendo a miséria de algumas camadas mais exploradas.

    Não adianta pretender modificar o sentido das palavras para combater sua deturpação (sob pena de perder o real sentido de uma palavra de significado muito importante, para sempre). Eles possuem um conotação imbecilizada do que seja mérito, mas não penso interessante querer combater essa visão equivocada pretendendo colocar o mérito como algo ruim (não é o mérito o problema, mas sim a total incapacidade dessa classe mongolóide de compreender o que seja mérito).

    O mesmo com a palavra liberdade, o melhor é combater a visão equivocada e construída de forma falsa para tornar a liberdade em algo antagônico, oposto à igualdade e a outros valores cívicos, ao invés de assumir a liberdade como empregada no sentido “novo” neoliberal, uma liberdade negativa de mercado que se opõe à isonomia, e que não se opõe à dominação de qualquer tipo (as pessoas entendem que uma pessoa possa ser “livre para se vender” por exemplo).

    Da mesma forma uma marcha das “vadias”, não vou querer transformar a palavra vadia (slut) em algo que signifique mulher que exercita sua liberdade sexual, uma coisa nada tem a ver com a outra.

    A classe média representa a “aristocracia dos explorados”, ou seja, o menos ferrado, que como um cachorro defende seu dono, então, como ganha ossos e um pouco mais de ração, são vorazes contra os menos desfavorecidos.

     

     

     

  141. Mérito é uma palavra.Discordo

    Mérito é uma palavra.

    Discordo da construção argumentativa feita de que a classe média brasileira possa ser classificada como reacionária, ignorante e perversa por idolatrar o mérito.

    Eles desconhecem o significado do que possa ser mérito, bem como desconhecem o significado de outras palavras, como liberdade.

    Mas têm essas palavras em auto estima: mérito e liberdade.

    Na verdade são apenas pessoas escravas, pérfidas e covardes, que programam a vida delas para servir aos seus senhores capitalistas. Pessoas que se prostituiram moralmente e venderam sua liberdade para viver com algumas bugigangas do mercado.

    Melhor continuar procurando os motivos, pois ainda não foram encontrados por meio desta análise.

    Mas vou dar umas dicas: você verá a classe média brasileira subsumida na obra de Etienne de la Boétie (Discurso Sobre a Servidão Voluntária), assim que surge um tirano, logo se juntam a ele grupos para legitimar o seu poder, pretendendo ser tiraninhos com relação às camadas de baixo, e assim vão se agrupando piramidalmente.

    Então o que é a classe média? Um grupo de explorados, escravos, que jamais sentiram o gostinho da liberdade, vivem vidas ignóbeis e ridículas, mas satisfazem-se de ter algumas posses materiais, e refestelam-se no consumo e vendo a miséria de algumas camadas mais exploradas.

    Não adianta pretender modificar o sentido das palavras para combater sua deturpação (sob pena de perder o real sentido de uma palavra de significado muito importante, para sempre). Eles possuem um conotação imbecilizada do que seja mérito, mas não penso interessante querer combater essa visão equivocada pretendendo colocar o mérito como algo ruim (não é o mérito o problema, mas sim a total incapacidade dessa classe mongolóide de compreender o que seja mérito).

    O mesmo com a palavra liberdade, o melhor é combater a visão equivocada e construída de forma falsa para tornar a liberdade em algo antagônico, oposto à igualdade e a outros valores cívicos, ao invés de assumir a liberdade como empregada no sentido “novo” neoliberal, uma liberdade negativa de mercado que se opõe à isonomia, e que não se opõe à dominação de qualquer tipo (as pessoas entendem que uma pessoa possa ser “livre para se vender” por exemplo).

    Da mesma forma uma marcha das “vadias”, não vou querer transformar a palavra vadia (slut) em algo que signifique mulher que exercita sua liberdade sexual, uma coisa nada tem a ver com a outra.

    A classe média representa a “aristocracia dos explorados”, ou seja, o menos ferrado, que como um cachorro defende seu dono, então, como ganha ossos e um pouco mais de ração, são vorazes contra os menos desfavorecidos.

  142. Impressionante!!!!
    Impressionante o fechamento: “Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos”.  Como todo pensador das utopias de esquerda, o autor se esmera a cada dia nos sonhos totalitários onde as diferenças devem ser combatidas e niveladas pela média, de preferência por baixo. Afinal, no governo perfeito “todos são iguais, mas uns são mais iguais que os outros” (Orwell,1984). Nunca li um atentado tão assustador às liberdades individuais e democráticas, e não imagino o esforço despendido para não se destacar jamais e dedicar uma vida a não ter merito, pois isso a meritocracia configura “um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos” e não se entende sociedade sem reconhecer o individuo, apesar dos esforços em contrário, pois para muitos, o individuo livre e pensante é uma ameaça e deve ser calado. Partindo do principio de que o mérito individual e seu reconhecimento social é uma grave ameaça e tanto o individuo quanto a sociedade estão fadadas à injustiça e à consequente tragédia, como poderiamso controlar aqueles que por um arranjo genético ou condições socioambientais pudessem se destacar por em riusco a sociedade perfeita onde o mérito é condenável??? Creio que esta pobre alma é apenas mais uma vitima de seu mérito…Talvez devesse simplesmente se calar, pois o mal já esta bem representado nas ditaduras que insistem em não morrer, pois como todo reacionário de esquerda, é incapaz de se ver um revolucionário com olhos no futuro, onde a democracia nã é a igualdade a ferro e a fogo, mas as diferenças que se complementam e induzem ao progresso…

  143. Impressionante o
    Impressionante o fechamento: “Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos”.  Como todo pensador das utopias de esquerda, o autor se esmera a cada dia nos sonhos totalitários onde as diferenças devem ser combatidas e niveladas pela média, de preferência por baixo. Afinal, no governo perfeito “todos são iguais, mas uns são mais iguais que os outros” (Orwell,1984). Nunca li um atentado tão assustador às liberdades individuais e democráticas, e não imagino o esforço despendido para não se destacar jamais e dedicar uma vida a não ter merito, pois isso a meritocracia configura “um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos” e não se entende sociedade sem reconhecer o individuo, apesar dos esforços em contrário, pois para muitos, o individuo livre e pensante é uma ameaça e deve ser calado. Partindo do principio de que o mérito individual e seu reconhecimento social é uma grave ameaça e tanto o individuo quanto a sociedade estão fadadas à injustiça e à consequente tragédia, como poderiamso controlar aqueles que por um arranjo genético ou condições socioambientais pudessem se destacar por em riusco a sociedade perfeita onde o mérito é condenável??? Creio que esta pobre alma é apenas mais uma vitima de seu mérito…Talvez devesse simplesmente se calar, pois o mal já esta bem representado nas ditaduras que insistem em não morrer, pois como todo reacionário de esquerda, é incapaz de se ver um revolucionário com olhos no futuro, onde a democracia nã é a igualdade a ferro e a fogo, mas as diferenças que se complementam e induzem ao progresso…

    1. -Afinal, no governo perfeito

      -Afinal, no governo perfeito “todos são iguais, mas uns são mais iguais que os outros” (Orwell,1984).

      Não queria começar uma discussão na internet desmerecendo o outro, mas… afinal… estamos na internet, e, como diria a comunidade brasileira internauta da minha faixa etária, “a zueira não tem fim”. Então lá vai:
      Na verdade essa citação está errada. No livro 1984 de George Orwell essa frase não existe. Posso deixar como um desafio procurar de onde ela veio? Capaz que precisa ler pra saber.

      Mas agora agindo mais seriamente, você já tentou comprar uma sociedade muito meritocrática, como a brasileira e a estadunidense, e outras bem menos, como a França e a Suécia? Talvez seja  jogo sujo colocar um país em desenvolvimento no meio desses aí, então vamos esquecer o Brasil. 

      Por exemplo, a França é um lugar muito mais socialmente justo e muito menos meritocrático que os EUA. Há muitas “bolsas-esmola” garantindo que entre a população todos tenham direito à uma vida digna (e por digna, não quero dizer só “ter comida”, mas sim também educação, saúde e até mesmo arte). Isso parece pior pra você do que a situação dos EUA, onde a maior economia do mundo tem uma porcentagem de pessoas abaixo da linha da pobreza duas vezes maior (e pelo que vi a linha da pobreza nos EUA é ainda mais baixa que a da França, então a situação é ainda pior)?

      O indivíduo pensante não é uma ameaça e tem que ser calado, ele é um cara de muita sorte por ter certas inteligências razoavelmente bem desenvolvidas, e não há porque ele ser considerado melhor ou pior que qualquer outro saco de moléculas como ele, nem porque ganhar muito mais dinheiro ou ser jogado pra morar na rua.

      1. Caro amigo, dificilmente você

        Caro amigo, dificilmente você vai encontrar a frase “todos são iguais, mas uns são mais iguais que os outros” no livro 1984 de George Orwell pois ela faz parte do livro “A revolução dos bichos do mesmo autor”

    2. Excelente resposta.
      O autor

      Excelente resposta.

      O autor chega a conclusão de que a meritocracia vai de encontro aos ideais sociais, mas esquece que a meritocracia é a melhor  forma (se não a única realmente correta) de determinar aonde devem ser alocados os recursos, sejam estatais ou privados. Investir no menos produtivo é caminhar para o fracasso. E assim, abolindo a meritocracia e garantindo as mesmas recompensas para todos independentemente de seus esforços, é que as diversas nações socialistas do mundo afundaram em dívidas públicas, inflação e juros elevados. Todos resultados da má alocação de recursos. 

       

      Aos socialistas, boa sorte com seu sistema. E mantenham-se cegos à história e aos varios, varios e varios pensadores e produtores de literatura sobre administração, mercado e produtividade. Quem sabe um dia essa utopia se materialize e vire alimento, para sustentar uma sociedade 100% socialista. É o que todo cazal adolescente deseja, “viver de amor”.

  144. A pura essência do Stalinismo

    O texto que se propõe a explicar um suposto reacionarismo da classe média brasileira, sem sequer definir a que chama de reacionário, e que se propõe a ser um libelo pela justiça social, de fato é um dos textos mais reacionários, totalitários, que já li ultimamente. Típico sonho stalinista de nivelar para baixo a todos, sem distinção, não podendo haver nenhuma elite intelectual, financeira, ética, a não ser a elite encastelada no poder. São esses os admiradores da tese de Rui Barbosa, “que não se pode tratar os desiguais, iguais” ou de 1984- Orwell – “Todos são iguais mas alguns são mais iguais que os outros”. 

     Isso sim é um verdadeiro atentado à liberdade. Isso não é defesa de democracia nem nada, é a defesa de um estado totalitário que usurpa as “valências individuais” (como ele diz) em prol de um sistema injusto que privilegia apenas a elite estatal, o famoso “Capitalismo de Estado” e não ataca as verdadeiras causas das mazelas sociais, que são basicamente centradas na incapacidade do Estado gestor em prover políticas públicas de acesso à educação, saúde, transporte e segurança que permitam a todos desenvolverem suas “valências” livremente e deixando ao Estado apenas o papel de equilibrar forças para impedir monopólios ou oligopólios opressores. No texto do articulista, estudar não vale a pena, doutorado muito menos, pra que militar fazer treinamento em selva, treinar tiro? Que se dê tudo ao “coitado” e vamos atacar esses opressores que ousaram “estudar e desenvolver valências”. Rapaz, esse texto é puro stalinismo. Provavelmente deve ter sido lido diante da cova dos mais de 22.000 poloneses com valências individuais (médicos, escritores, advogados) antes do fuzilamento em massa feito pelas tropas estalinistas na Floresta de Katyn.

  145. Ataca a meritocracia mas vive dela, quanta incoerência.

    O autor ataca a meritocracia mas vive dela. Não só vive como se exibe, sendo professor universitário, um currículo Lattes cheio de “méritos” e classificações “bolsista nível 2” – não é pra qualquer um, não é mesmo?

    Proponho que por coerência ideológica, que o autor renuncie aos seus títulos, apague seu currículo como um protesto pela meritocracia cujo ataque defende e doe seu salário, conquistado por méritos ao ser aprovado para professor na UFSM, seja doado mensalmente a uma família que não teve as mesmas chances que ele.

    E ai, será que o autor topa?

  146. Comentários pobres

    Há algum tempo ausente do blog, volto  e vejo de cara um texto de uma profundidade pouco vista! Excelentes argumentos e muito bem colocados! Parabéns ao autor! Só me espantou a quantidade de comentários virulentos, rasos e superficiais visto aqui. Por um momento pensei estar lendo os comentários da Folha se S.Paulo ou dos leitores do portal UOL. Eles são nesse nível de miopia que, na incapacidade de rebater com argumentos igualmente fortes e inteligentes, apelam para a ignorância e uma mera opinião pessoal. Só corrobora a visão reacionária  e míope da classe média! 

    1. Comentários pobres = Debate morto

      Apesar de soar sem muito objetivo no que vim responder, quis mais tomar suas palavras e fazer delas a minha… Mesmo quando emerge nos comentários um contraponto ao que foi dito pelo texto, sem tons de arrogância ou agressividade anônima e com honesta intenção de argumentação, as pessoas – me lembrando muito a oposição de direita ao atual governo – ainda assim em vez de ir na coluna vertebral do que pode estar equivocado, em vez de atacar o que pode estar frágil mas serve de pilar para o ponto central da retórica do autor,  se voltam a dar exemplos aleatórios, pessoais e cotidianos para respaldar a meritocracia como lei do mundo, como única opção e exemplo de interação humana. Não adianta afirmar que a qualidade do texto é mérito do autor para tentar derrubar o que ele disse, ele mesmo ressalvou e pontuou – muito bem, aliás – como é comum tratarmos com mérito algumas situações individuais da vida cotidiana… A única maneira de tirar daí, combatendo o que ele disse, um modelo para organização social para um plano maior e, no caso, meritocrático, seria atacando os pontos onde ela se mostra eficiente (ou mais eficiente do que as opções baseadas em outra coisa que não o mérito) nos interesses públicos ou nas questões mais difíceis e com árduas consequências à todas as classes no âmbito social, e isso, nem os mais bem intencionados e dispostos a debater conseguiram… Voltaram aos exemplos individuais ou às premissas já meritocráticas para desestabilizar a argumentação do texto. 

      Bom saber que ainda existem mídias com boa intenção de problematizar e menos predisposição para polêmicas banais. Péssimo é perceber que mesmo nelas a qualidade do debate que se consegue atingir é tão pífia.

    2. Eu gostaria antes de mais

      Eu gostaria antes de mais nada e para esclarecer a todos aqui, você Monica Tavares se enquadraria em qual classe social?

      Pergunto somente para esclarecimento, diante da agressividade do seu comentário…. o que de fato o torna mais pobre que os pobres comentários existentes por aqui. Depois, o que é a classe média no País? seria a classe B? a classe C? a combinação das duas?

  147. Demais Renato, gostei muito da picardia, da profundidade e clare
    Demais Renato! Parabéns, pela profundidade, pela picardia, estranhanhamente mal interpretada por parte dos comentários. Muito obrigada por esse texto claro e brilhante.

  148. Meritocracia e gravidade

    Por mais que eu entenda o propósito do argumento. Por mais que eu veja o interesse de através dele o autor se  definir como intelectual e como pessoa. Por mais que seja clara a meta implícita de conquistar status e ser valorizado dentro do grupo que lê o Nassif e admira a Chauí… o argumento é frágil e não fica de pé a não ser como haste de bandeira de um clube que gosta de ser visto pelo mundo de um certo jeito “gauche”.

    A meritocracia não é uma escolha — nem um valor opcional — a meritocracia é a condição natural do mundo. O artigo de Renato Santos de Souza está aqui (assinado com o nome cheio) pois seu autor teve esse mérito, e Nassif reconheceu o mérito. É méritocracia. De outra forma qualquer autor, coerente ou não, da linha ideológica mestra ou de outra, poderia pedir o mesmo espaço. Assim se combateria a meritocracia no site do Nassif.

    Mas, ora, ora, se o site do Nassif deixasse de ser meritocrático, abrindo espaço a qualquer autor ou texto, independente do mérito, teria ele mesmo (o site) perdido seu mérito e nós, leitores, parariamos de prestar atenção ao site — iríamos a outros que tivessem o mérito de selecionar textos e argumentos com mérito. Assim, no fim, somos nós mesmos, leitores (ou autores de comentários) que prucuramos, buscamos e exigimos mérito — e portanto acreditamos subjetivamente em meritocracia.

    Meritocracia é uma realidade. Meritocracia é inevitável. A única coisa que nós, como sociedade, podemos buscar, é definir o critério de mérito — para que meritoso seja ser honesto, inteligente  e motivado, e não falso, manipulador e apático. Pior ainda, que mérito não seja nunca acreditar em fulano, votar em beltrano, ou acender uma vela para sicrano.

    1. Amigo, ao contrario do que

      Amigo, ao contrario do que pensa, você não entendeu o proposito do argumento.

      Você apenas cai no lugar comum de fazer uma análise sobre o conceito de meritocracia usando por base seu significado como palavra. Aqui o buraco é mais embaixo. Pessoas com conteúdo intelectual e psicologico um pouco mais complexos, sabem que a vida não tem metas a serem batidas. Isso é coisa que colocaram na sua cabeça, provavelmente no intuito de te explorar.

  149. Abl
    O texto tem vários pontos positivos. Mas nada será diferente enquanto reformas legislativas e constitucionais não forem feitas no Brasil. A classe média brasileira é ridícula e cafona. Mas deixe eles para lá.
    Agora eu aprovo o argumento sobre ABL. Tem gente que entrou de gaiato.

  150. Esse não é o problema

    O problema não está em uma classe, mas sim na política brasileira, na corrupção, no uso dos recursos públicos. Criar um texto assim, é evidenciar os sintomas e não atacar a doença: A sociedade política. 

  151. Obrigada, Renato Santos de

    Obrigada, Renato Santos de Souza, por me aclarar esses mesmos questionamentos que te inspiraram a tecer tão instigantes e perfeitos argumentos! Sempre concordei com estas classificações da Marilena sobre a classe média, sempre me incomodei profundamente com sua postura política e social, ainda mais por fazer parte dela, mas, igualmente, me sentia mal por concordar sem compreender totalmente. A ideologia do mérito nos faz cegos, aliás, como qualquer ideologia.

    1. Dependendo do que se entender por tempo “breve” e quantas gerações perfazem uma “família”, a mensagem irônica da foto não só será descoberta como verdadeira como será vista recorrente na história da humanidade.

  152. Parabéns pelo conteúdo e pela forma!

    É difícil encontrar pensamentos tão bem transcritos, este texto apesar de bastante profundo é bastante razoável de compreender. Também não entendo porque de críticas tão rasas nos comentários. Enfim, mérito é bom, mas utilizá-lo indiscriminadamente como balizador de acessos me parece muitas vezes ruim e atualmente mais precursor do sectarismo e das reservas de um falso mercado aparentemente nas mãos da classe média do que do desenvolvimento humano e bem estar social, inclusive da própria classe.

  153. Prezado Luis. Parabéns pelo

    Prezado Luis. Parabéns pelo texto e pela fina e útil distinção entre meritocracia e dsempenhocracia. Apenas adiciono um detalhe acerca da posição de Marilena sobre o tema: ela já havia chegado exatamente ao mesmo ponto, ou seja, à concepção meritocratica subjacente ao reacionarismo da classe média. Sabe disso quem a ouviu falar na ANPOF (Associação Nacional de pos-graduação  em Filosofia) em Caxambu. Mas isso foi em 1998 e a propósito de temas ligados à educação, em termos muito próximos dos que vc aqui analisa. Hoje tem sobressaído o ataque da professora contra a classe média. Mas é preciso fazer justiça e não atribuir a uma especialista em Espinosa a limitação de suas análises sociais a uma demonstração “quia” (do “que é”) e não “propter quid” (do “por que é”). Grandes abraços. 

     

  154. Marilena, 1998, quia et propter quid.

    Prezado Luis. Parabéns pelo texto e pela fina e útil distinção entre meritocracia e dsempenhocracia. Apenas adiciono um detalhe acerca da posição de Marilena sobre o tema: ela já havia chegado exatamente ao mesmo ponto, ou seja, à concepção meritocratica subjacente ao reacionarismo da classe média. Sabe disso quem a ouviu falar na ANPOF (Associação Nacional de pos-graduação  em Filosofia) em Caxambu. Mas isso foi em 1998 e a propósito de temas ligados à educação, em termos muito próximos dos que vc aqui analisa. Hoje tem sobressaído o ataque da professora contra a classe média. Mas é preciso fazer justiça e não atribuir a uma especialista em Espinosa a limitação de suas análises sociais a uma demonstração “quia” (do “que é”) e não “propter quid” (do “por que é”). Grandes abraços. 

  155. Serei eu um meritocrata? Pobre meritocrata existe?

    Olá, Srs Renato de Souza, Luiz Nassif e Marilena Chauí e todo mundo que recrimina ou antipatizam com os meritocratas.

    Primeiro me perdoem por algum possível erro de português, concordância e/ou gramática, só tenho primeiro grau.

    Segundo : não sei como é chamado o indivíduo associado a meritocracia, então chamarei de meritocrata.

    Minha mãe faleceu eu tinha 11 anos, meu pai gostava de uma pinga e dava um trabalho danado, mas tomar pinga era mérito dele, trabalhava logo merecia, não roubava pra comprar pinga.

    Frequentei escola pública, ia a pé 6 Km na ida e 6 Km na volta (hoje tem ônibus de graça ou pago no minimo 50% pelo município). á tarde vendia cocada e doces na porta de uma fábrica para comprar material escolar (hoje é de graça). Mas essa situação não estava boa pra mim, eu queria melhorar.

    Procurei ensino profissionalizante (SENAI-RS) na parte da tarde, o que me impossibilitou de vender doces à tarde, e tive que cumprir meio expediente de manhã em uma empresa indicada pelo curso que comecei a frequentar, ou seja: a escola mudou para o período noturno e os doces não poderiam mais ser vendidos.

    Então procurei um serviço de lavar louças em um restaurante depois da aula, a partir das 23h… Jornada de trabalho aos 14 anos: das 6:30 da manhã ás 2:00 da noite, ou manha se preferirem, com poucos intervalos entre uma atividade e outra

    Me formei no curso técnico, me formei no primeiro grau e fui procurar emprego. Na primeira porta que deixei o currículo fui chamado, a partir daí trabalhei em várias empresas. nunca fui demitido, por mérito próprio

    Hoje tenho uma pequena empresa em sociedade, por mérito e esforço em conjunto e sei lá se isso me torna classe média pois as dificuldades são muitas, se fosse bem de vida não as teria.

    Será que não mereço ter o mínimo de conforto depois de todo meu esforço, minha batalha para vencer e ser uma pessoa bem sucedida? de onde os senhores tiram idéias malucas que me condenam por conquistar meu sucesso?

    Qual é o problema em usufruir do fruto do meu trabalho? isso é Bíblico, mas não sei o versículo. Ou seria melhor ter jogado a toalha, virado assaltante, afinal, eu era vítima do sistema e não tinha condições de ser uma pessoa de bem, sem oportunidades. As oportunidades não cairam do céu, tive que ir atrás delas.

    Se na minha época tivesse o “bolsa esmola” como muitos dizem, é claro que eu iria querer, pois poderia pagar um ônibus para me deslocar, mas nem por isso viveria só disso. E o que vemos hoje? Pais de família deixando de trabalhar pra receber seguro desemprego, bolsa escola, bolsa família, vale gás… e se é mulher de preso, auxílio reclusão… Tudo pago com dinheiro de impostos que poderia ser direcionado para algum projeto que realmente acabasse com a pobreza do nosso querido país… Isso é o que revolta os meritocratas. eu jamais teria moral muito menos direito de criticar o governo se realmente preocupasse em acabar com a pobreza. (como se minha crítica fosse afetar os poderosos. hahaha)

    Por favor, os senhores me parecem ser pessoas que tem estudo, ou estudam algum tipo de ciências sociais. Me digam onde estou errado. Talvez sim, um tanto quanto egoísta, não nego.

    Se isso me torna um ser maligno para a sociedade perante seus pontos de vista, prefiro continuar assim. Seria mais maligno ainda fechar as portas e viver as custas do governo sem trabalhar.

    Não teria necessidade de citar mas digo isso para evitar o comentário: “é o classe média vivendo do sangue dos menos desfavorecidos”, pois não venci às custas de ninguém e nenhum de meus funcionários recebem salário mínimo. todos tem carro. e por mérito próprio, olha só que ironia…O mérito. Quem não serve pra trabalhar: fica em casa recebendo seguro desemprego, etc, etc. bla bla bla Aquilo que já sabemos.

    Até quem tem bolsa família tem mérito…  Se enquadra no pré requisito? ficou na fila pra conseguir? Merece.

    O viciado em crack é meritocrata? Se ele roubar um aparelho de som para sustentar o vício merece comprar o próprio crack, se ele roubou, é dele e não mais do ex-dono do aparelho?

    O Lula não era torneiro mecânico??? e hoje ele é o que? meritocrata não pode ser!! oh que horror!!!

    Aliás os senhores tem carro próprio, casa própria? Merecem mas não deveriam, pois são contra a meritocracia. Deveriam trabalhar de graça e morar em baixo da ponte. são contra merecer ter as coisas. quem trabalha não pode ter mais do que quem não trabalha. porque pensam assim não sei, só sei que isso tem nome: hipocrisia.

    A culpa não é minha se sou um vencedor, o mérito, ahh sim, esse eu faço questão de reivindicar. e com orgulho bato no peito e digo que eu sou uma pessoa honesta nunca peguei o que não me pertence e sempre trabalhei para ter o que quis.

    Eu não mudarei meu ponto de vista pode o Papa e a Presidenta Dilma e mais quem quiser tentar me convencer que estou errado.

    Eu serei um meritocrata mesmo que estiver na atolado na merda até o pescoço porque se for assim é fruto do meu esforço, no caso nenhum, mas é mérito. CADA UM TEM O QUE MERECE!

    ME JULGUEM AGORA JÁ!!!!! ESTOU ESPERANDO ANSIOSO VOSSOS COMENTÁRIOS, OU ANÁLISES COMO PREFERIREM.

    Bonita história, bla bla bla, que se dane se é uma bonita história, não gosto de ser analisado por ser o que sou, e daí? o que adianta repudiarem a classe média? acharam os culpados? então botam na cruz, simples assim? estão querendo que a classe dos menos favorecidos se revoltem contra a classe média? talvez pode ser… será que os quebra-quebra generalizados não tem algum analista encapuzado incitando a violência? o que estão ganhando com isso? vamos então todos da classe média fechar as portas e mandar todo mundo pra pqp e vamos viver de projetos sociais, já que somos a escória da sociedade e a culpa de tudo que é merda que tem por aí é da classe média.

    Faltou um pouco de definição em suas análises não me sinto enquadrado nas suas definições e pouco me importa se sou ou não meritocrata. Como saberei se sou classe média? tem que ganhar quanto? e pouco me importa também se sou classe média, só o que sei é que acordo todos os dias para trabalhar e me preocupo se minha família vai ter o que comer , se as contas estão pagas, ou não deu pra pagar… É isso.

    Deus nos ajude a ter o máximo de meritocratas no mundo, pessoas trabalhando para conquistarem o que quiserem, merecendo.

    Tenho certeza de que nas suas respostas, devido ao seu alto grau intelectual e capacidade de expressão, vão acabar comigo, me detonar e de todas as formas possíveis imagináveis tentar neutralizar meu ponto de vista, mas isso não fará de mim pessoa menos digna e meritocrata do que sou.

    SOU O QUE SOU E NÃO IMPORTA O NOME CONTINUAREI SENDO

    Muito obrigado pela atenção. um forte abraço e agora preciso ir trabalhar pra ter o que comer e pagar as contas.

     

    1. Nínguem está aqui para

      Nínguem está aqui para julgar, estamos aqui para discutir, mas como você mesmo disse, não mudará o que pensa independente do quão valido seja o arguento, então acredito que não haverá discussão.

    2. Muito obrigado, era só isso

      Muito obrigado, era só isso que eu estava esperando para definição do termo “espuma da classe média”, obrigado por me fazer compreender o brilhante texto do Renato!

      Abraços e seja feliz!

    3. Muito obrigado, era só isso

      Muito obrigado, era só isso que eu estava esperando para definição do termo “espuma da classe média”, obrigado por me fazer compreender o brilhante texto do Renato!

      Abraços e seja feliz!

    4. Amigo, você pode não saber

      Amigo, você pode não saber mas você é um dos melhores exemplos que o Renato poderia querer, todo o texto dele está presente na sua vida.

      Não vou falar muito, mas só quero fazer algumas observações:

      1) Você realmente concorda que para se vencer na vida as pessoas, como você, tem que passar dezenove horas e meia estudando/trabalhando?

      2) Como você encherga as pessoas tem empresas mais sucedidas que a sua, mas estudaram nos melhores colégios desde cedo e não precisaram trabalhar?

      A verdade é que pessoas “meritocratas” como você diz pensam na meritocracia como uma corrida aonde todos largam iguais, e que sua posição final só depende do seu esforço. A verdade é que muitos largam a mil kilômetros de distância (como você), correm descalços por cacos de vidros e fogo só para conseguir chegar numa posição “mais no meio”, enquanto outros já começam la na frente em um carro de fórmula I.

      O que se defende então, é oportunidade iguais para todos, e isso, a meritocracia pura e simples não é, e nunca vai ser.

    5. Primeiro o seu texto é

      Primeiro o seu texto é construido com uma lógica absurda, a história do pobre vencedor…veja que ninguem está falando que a classe média deveria perder os seus direitos, que deveria perder os seus bens, o ponto é que ao afirmar que venceu por mérito você está fazendo uma análise muito reducionista da situação, primeiro por que tem pessoas que batalharam muito mais que você, que passaram por situação 10 vezes piores, que passaram 10x mais necessidades, que passaram 10x mais dificuldades e que se esforçaram 10x mais que você…e não chegaram a lugar nem um…

      Você acha que isso não é possível, mas o é, conheço pelo menos umas 15 pessoas nessa situação e te falo hoje não são empresários, nem se quer tem bons empregos, mesmo tendo se esforçado a vida toda mais que você, “estão na pior”,

      ai você poderia dizer ahhhhh essas pessoas então são incompetentes ??? Horas, quer queira quer não, você teve a sorte de existir a fábrica para a qual vendia as Cocadas, fez o curso no Senai/Sesc/Sesi, teve a sorte dessas estruturas estarem perto de você, 6km do colégio meu deus quanto privilégio, você é uma pessoa de extrema sorte SORTE, não exclusivamente mas SORTE, existem pessoas 10 vezes melhores que eu, mais inteligentes, mais fortes, mais capazes, e há de existir por consequencia tudo isso pra você também…e que estão muito piores que nós…

      Ao optarmos pela suposta meritocracia, esquecemos que o fator sorte numa sociedade que não garante direitos básicos de acesso aos bens públicos se tornam fundamentais, onde você estaria se não existisse a fábrica, como não existe em 70% dos municipios Brasil a fora, não existisse escola a 6km, não existisse Senai/Sesi/Sesc para se formar?? Não existisse emprego para se candidatar?? Não existisse viabilidade economica para a sua empresa, justamente por não ter estrada para escoar a produção caso seja uma indústria, e nem mesmo mercado consumidor, (seja do produto ou serviço)…e meu caro essa é a realidade de boa parte da sociedade, onde fica a meritocracia??? Por deus você não vive no mesmo país que o meu, devemos estar em planos distintos, ou simplesmente mesmo tendo passado por tudo isso você não conhece a realidade. Para os tais pais de familai que largam o emprego por conta da Bolsa, por favor me dê um unico exemplo com nome completo, e não apenas o amigo do amigo meu disse fulano…por hora conheço gente que trabalha 10h/dia recebe menos no emprego que a tal bolsa e mesmo assim de segunda a segunda está lá gastandoa a saude e a vida em condições semi-escravidão…

      Querer falar que tudo se reduz a mérito é querer afirmar que a Anita tem mais mérito que Gonzaga, ou ainda tantos outros poetas da Música, A Anita já ganhou mais dinheiro que Einstein, logo pela sua lógica, ela é mais competente??

      Não quero aqui comparar as contribuições que um e outro fizeram para a sociedade, você está vivo graças ao desemvolvimento dos antibióticos, e tantos outros avanços da medicina, e cada um desses grandes “inventores” viveram pior muitas vezes que eu e você e só estamos saudáveis, e com força para atingir as nossas conquistas graças a esses individuos…

       

      Veja a lógica capitalista de estimular a competição individual, não acho inadequado, é válida e temos atingido grandes avanços, para o bem e para o mal por conta delas…mas ao levar a lógica do mérito para todos os ambitos da vida, inclusive a pública e politica, sem perceber você está auxiliando para reproduzir todas as situações ruins pela qual você passou (se é que é verdade a sua estória) sem que todos consigam chegar ao mesmo resultado ao qual você chegou, uma vez que as oportunidade na sociedade que formamos são excludentes,

       

      Enfim ainda acredito que você ao menos leu o texto, pois você não consegue contra argumentar nem um dos pontos levantados, o seu discurso na verdade serve para exemplificar tudo o que o texto na verdade veio combater. 

       

      Muito obrigado pelo belo exemplo do complexo do capataz

    6. Quando valorizamos só os que vencem, somos todos perdedores

      Sr. Ninja Kid (isso?). Bom, relendo seu texto, acredito que o senhor tenha se sentido ofendido pelo texto do Luís Nassif. Não vejo razão para o Sr. se sentir assim. Nesta resposta, pretendo não ofende-lo, muito menos humilhá-lo, apenas colocar minha interpretação, ok? É natural do processo democrático nos encontrarmos com opiniões diferentes da nossa. E reagir com ódio não me parece a melhor forma de evoluir com as próprias opiniões. A não ser que você já tenha desistido de entender o outro, espero contribuir.

      Se me permite, entendo que houve um erro de interpretação inicial de sua parte, clareado no começo do texto pelo próprio Nassif.

      São duas visões apresentadas sobre a meritocracia.

      Uma que nos guia individualmente, na família, nas empresas, ou seja, nos ambientes em que temos nossa autoridade meio que pré-definida (pai, filho.. patrão, empregado, cliente, fornecedor..).

      Outra que guia as visões de sociedade, as definições políticas e o esforço quase impossível de equilibrar nossas diversas versões do que “merece”. Indivíduos contra indivíduos, famílias contra famílias, empresa contra empresas… que resumidamente aqui formam juntas o que chamamos de sociedade (perdão pela simplificação).

      Estes confrontos e contradições surgem da própria natureza do mérito. Ora, se é mérito alguém ter algum tipo de destaque, haverão outros que não terão. E quem define o que é digno de ter mérito pode cometer injustiças com muitos outros. Como evitar, em espaços sociais, que esse tipo de injustiça não ocorra? Pois todos somos humanos e erramos todos os dias em nossos julgamentos. E mérito pessoal é quase impalpável, é um valor muito difícil de mensurar. Qual filho merece estudar, qual só poderá trabalhar? Qual empregado merece aumento? Qual músico merece o melhor cachê? Hermeto Paschoal ou Justin Bieber? O Nassif foi muito brilhante sobre isso quando clareia que muito o que a gente considera meritocracia é, na verdade, mero desempenho. Desempenho momentâneo. E pior, acabamos por premiar as coisas só pela moeda, esquecendo os valores mais valiosos.

      Um exemplo. Por mais racional que sejamos, somos muito mais tendenciosos em considerar nossos filhos como melhores ou mais merecedores que outros. Assim também com a família e com as empresas e por aí vai… Então, quem decide a régua para medir o verdadeiro mérito? O mais forte, o mais rico, o mais inteligente, o mais bem humorado, o mais dedicado, o mais sério?…..Novamente estamos julgando. Vamos então escolher técnicos? Ora, somos todos humanos, inclusive os “técnicos”. Não há como dissociar nossas paixões totalmente. Fazemos muito esforço mas, individualmente, somos mais animais que anjos.

      Ao sabermos humanos, somos levados a pensar em outras maneiras de sermos justos. E pensamos em direitos sociais inalienáveis, para que estes embates não gerem ainda mais injustiça. Entendo o estado e a política e, em especial, a Democracia, como uma tentativa correta de equilibrar tudo isso. A Democracia é esse esforço sobrehumano de harmonizar essas demandas (por mérito) garantindo os direitos básicos, para que as oportunidades sejam cada vez mais iguais para todos desde o início. Para que os que fazem por merecer ganhem mas não tirem direitos inalienáveis dos que perdem (do segundo ao último), pois eles formam muito mais “a sociedade” do que os que ganham, que naturalmente são em menor número. Direitos inalienáveis. E se você for humano, já perdeu e já ganhou, isso é a vida. E todo dia é dia de vencer e perder. Reconhecer que, um dia, erraremos também, é reconhecer que a meritocracia pode ser injusta se premiar apenas os vencedores a ponto de privilegiá-los para todo o sempre, ou se o julgo ficar nas mãos de quem não representa a maioria, respeitando as minorias. Não estamos falando de todos termos ferraris. Estamos falando de se alimentar, de ter um teto, de poder constituir família, de ter acesso a educação etc.

      É por isso que, ao meu ver, meritocracia no âmbito social é tão perniciosa. Não digo no âmbito pessoal. Ela é saudável (assim penso e o Nassif também expressou isso no texto). Assim como o senhor, sinto muito orgulho de minha trajetória. Posso dizer que tive e tenho uma família muito boa, que me sinto suficientemente inteligente para decidir, que lutei pelo que conquistei com muita honestidade. Mas isso é minha visão e história pessoal. Com certeza tem gente que pensa coisas sobre mim que não são tão edificantes eheh. Não sei a cruz que cada um carrega. Não sei a quantos eu já cometi injustiças, mesmo sem saber.

      Não desprezo quem não age como eu, por caráter ou por falta de oportunidade ou por outra razão. Eu realmente me esforço por entendê-lo e isso não me parece algo ligado só à inteligência. É mais compaixão que inteligência, que, ao meu ver, nos torna mais justos que a própria racionalidade. É saber que sou também imperfeit. Considero-os tão merecedores dos direitos inalienáveis como qualquer humano.

      O meu esforço é tornar essa sociedade cada vez mais democrática e justa, para que as leis e oportunidades sejam iguais de fato a todos, coisa que nunca foi, nem de longe, mas que nos últimos 10 anos tem melhorado muito. Muito. Graças ao esforço de políticos, humanos como nós. E de gente como eu e você, que tem gerado riqueza para que possa ser desfrutada indivudualmente, mas que parte também seja dividida e multiplicada, sem egoísmos.

      Que o estado seja capaz de valorizar coisas que realmente sejam saudáveis à sociedade, além do dinheiro. Que a meritocracia de nosso dia-a-dia seja na medida certa para manter as próximas gerações com a mesma esperança de prosperar como a minha. Basicamente, que um bebê de uma família pobre possa ter as mesmas oportunidades de um bebê rico. O que ele vai fazer disso, se vai aproveitar ou não, aí é outra história.

      Por isso, ao contrário do senhor, votarei na Dilma. E o respeito por não votar nela. Mas não o xingo por pensar diferente. Isso, para mim, não é nada digno.

       

    7. Não questiono o seu

      Não questiono o seu merecimento, e acho que o Renato de Souza se equivoca ao não considerar a existência de pobres que ascendem para a classe média através do próprio mérito. Existem e são muitos.

      Mas questiono: será que aquele menino de 14 anos não desejava para o futuro algo além de “trabalhar para comer e pagar as contas”? Não questiono o valor do desejo do auto-sustento e da possibilidade de usufruir dos bens e confortos médios do capitalismo, como uma boa casa, boa comida, bom entretenimento, boa saúde e educação para a família. Mas geralmente os nossos maiores sonhos são mais belos e mais ousados.

      Será que aquele jovem de 14 anos, esforçado, correto e inteligente não sonhava em cursar uma faculdade, por exemplo? Será que com uma pequena ajuda financeira do governo ele não poderia trabalhar menos e dedicar mais tempo aos estudos, ou às artes, ou a algum esporte, ou à mera diversão despretensiosa, a fim de viver mais feliz, simplesmente? Pois isso também é parte importante de nossa qualidade de vida, e jovens merecem viver esses tipos de experiência mais do que ninguém, independentemente da classe social.

      Devem haver, certamente, pessoas que fazem mal uso dos auxílios do governo. Mas você se equivoca ao generalizar. Imagino que a maior parte dos beneficiados faça bom uso. Com o alto custo de vida de hoje, pouquíssimas pessoas ficariam satisfeitas com o valor do bolsa-família a ponto de deixarem de trabalhar. Os auxílios do governo não passam disso: auxílios. Se essa ajuda financeira está ajudando jovens a estudarem mais, se alimentarem melhor, viverem mais felizes, e consquentemente, a desenvolver de forma plena suas capacidades e potencialidades… Quem sou eu, quem é você, para pôr-se contra? Só porque sofremos demais não temos que desejar o mesmo sofrimento aos outros.

       

       

    8. Caro Ninja Kid

      Por felicidade tenho o que se chamaria de uma boa educação e posso afirmar com certa presunção que seu texto é consistente e bem escrito. E mesmo que não seja verídico (desculpe minha desconfiança, mas sou cético a qualquer coisa que leio) vem demonstrar a tolice do artigo porque todos conhecem o caso do Lula, fora que todo mundo sabe de um parente ou conhecido [pobre] que melhorou de vida graças a esforço meritório. Note, nem estou entrando no mérito da discussão sobre prós e contras do sistema meritocrático, mas apontando que nenhuma análise que parte de premissas FALSAS pode ser levado a sério e foi esse o caso porque o artigo explicitamente afirmou que a “classe pobre” não acredita na lógica meritocrática.

    9. Dei mérito apenas ao Nassif. Dou agora também ao Renato eheh

      Perdão, errei ao comentar o texto imaginando ser do Luis Nassif. O texto original é do Renato de Souza. Parabéns!

    10. Merito e meritocracia

      Acho que você fez uma leitura rápida demais do texto e o entendeu como crítica, não como reflexão. Crítica fez a Marilena. O texto do Renato é uma reflexão sobre a meritocracia e não sobre o mérito. O mérito como sistema geral de cultura política e organização social, onde aí sim, se adotado sem filtros, geraria perversões dos direitos à igualdade, na noção de sociedade e coletividade. O orgulho que a classe média sente pelo seu mérito próprio não deixa de ser justificável, afinal vivemos num país que só conheceu recentemente a política de bem estar social, o wellfaire state que tanto beneficiou a Europa e os EUA nos momentos de maior crise. Por outro lado esse orgulho torna a classe média insensível ao fato de que as oportunidades que criam o livre empreendedor, podem e devem ser incentivadas pelo coletivo. Uma sociedade em que o individuo tem que sozinho dar conta de construir suas oportunidades para depois aproveitá-las, e aproveitá-las bem, é uma sociedade do cada um para si e papai noel para todos, ou seja, uma sociedade doente, que não cuida dos seus, que não se vê como um coletivo.

    11. Interessante sua reflexão

      Caro Ninja Kid, interessante sua reflexão, mas creio que os pontos que você coloca não são controversos com o texto de maneira alguma, pelo contrário, em alguns momentos, são bons exemplos do que o texto postula. O autor não está julgando a busca pelo mérito individual de maneira negativa, pelo contrário, quando ele coloca que, efetivamente, buscamos que nossos filhos tenham mérito naquilo que conquistam (é buscamos mesmo, ou seja, nós, o autor se inclui nisso) coloca isso como um fenômeno que ele observa. Com o desenrolar do texto, ele faz uma análise, contudo, sobre como a meritocracia, quando transportada do plano individual para o plano social, leva consigo uma série de distorções, perversões, em relação às quais pouco se discute e poucas pessoas querem encarar e analisar. Quando você fala na meritocracia entre os pobres, o que o autor está trazendo é que, as pessoas que, a despeito de todas as dificuldades e precariedades com que se depararam, conseguem sair da condição de pobreza (como você), passam a formar isso que ele chamou de classe média, que realmente é um grupo diverso. O que ele está defendendo é justamente que, pela falta de políticas de Estado no sentido de forjar uma classe média, esse grupo teve que formar-se a si mesmo, através do mérito, e esse se tornou o valor mais importante para ela. Ele não pragueja o mérito, não está dizendo que devemos abandonar o mérito, apenas analisa várias nuances disso e como a pretensa objetividade de análise do mérito não tem racionalidade quando fazemos uma análise mais profunda. Isso é importante porque, se não encaramos essas diversas nuances, corremos o risco de sermos injustos com as pessoas, com suas histórias, com os grupos sociais e suas lutas. Pra terminar, achei muito interessante a análise que você fez sobre o Bolsa Família, que gostaria de ter tido Bolsa Família para pagar o ônibus e ir para o curso. Achei muito boa porque, um dos dados que tem sido revelados recentemente é que, de uma geração para outra, muitas famílias deixam de precisar do bolsa família, ou seja, seus filhos, por poderem estudar mais e com menos precariedade do que você precisou enfrentar, têm conseguido postos de trabalho melhores. Achei isso uma conquista muito grande, pros indivíduos e pra sociedade!

    12. Concordo plenamente com o que

      Concordo plenamente com o que o sr. escreveu!!

      Dentre os intelectuais brasileiros o que mais vejo são hipócritas… é muito fácil falar mal das pessoas honestas e bem

      sucedidas, que trabalharam, pagam impostos, não roubam, não sonegam.

      O bonito é ser Chico Buarque, socialista, sem abrir mão de seus apartamentos no Leblon e às Margens do Rio Sena,

      em Paris. 

      Hipócritas!!!

    13. Viva a Meritocracia !!!

      Grande Ninja Kid !!! Mostrou muito mais habilidade na exposição do assunto que o autor, diga-se de passagem. Texto claro e contundente. Argumentação perfeita. A sensação de perda de tempo que me tomava desvaneceu-se após a leitura do seu comentário. Nem tudo está perdido, graças a você. Obrigado.

  156. Acho que o texto não critica

    Acho que o texto não critica o mérito das pessoas na tentativa de melhorar de vida, ou seja, o mérito “em si”.

    O que o texto se propõe a discutir, na minha opinião, é o problema da adoção da meritocracia como balizadora das políticas públicas. É nesse ponto que reside a sua não adequação. as políticas públicas devem ser universais ou focadas em alguns grupos sociais, independente do mérito individual. E conclui que a adoçao da meritocracia no espaço público (e não no privado) leva ao reacionarismo.

  157. O Fascismo das aparências

    Não vou aqui desenvolver um novo texto sobre seu texto – que me agradou demais – mas apenas para trazer uma espécie de desabafo de um médico muito envergonhado das atitudes de uma classe com histórico tão importante. Acho sua análise da meritocracia e – para mim, pelo menos – essa visão tão aguda e certeira de sua relação com a INTOLERÂNCIA, matriz do fascismo e raiz de todos os males pela sua semelhança com a democracia.

    Parabéns, novamente, pelo texto (vou citá-lo certamente em minha aulas: sou professor de ética médica na FCM-UNICAMP)

  158. Culpem o carro

    Culpar a classe média pelas mazelas do mais pobres ou a boa vida dos mais ricos é como culpar o carro pelo acidente de transito, ainda que ao tirar os carros de circulação os acidentes acabem, arrochar a classe média não resolverá a injustiça social do Brasil.

    1. Veja que o texto diferente

      Veja que o texto diferente talvez da Marilena, não critica a classe média e muito menos fala que deveria se combater o status social da mesma, veja que o fundamental da critica está na lógica que justifica e combate a socialização dos bens públicos, das politicas sociais, das garantias dos direitos cívis estabelecidos inclusive na constituição, embora não respeitado.

      Os acidentes de carro são responsabilidade não do veiculo que é algo inanimado, e horas e não também das pessoas propriamente ditas, ninguem sai de casa pensando vou atropelar alguem hoje, mas os acidentes são culpa sim, da ideologia construida a cerda do espaço público que é a rua, quanto mais caro o carro mais o sujeito se acha no direito de mudar de faixa sem dar seta, de acelerar para impedir que outro veiculo ocupe o espaço da frente, de ultrapassar os limites de velocidade, de dirigir depois de beber, enfim a mentalidade de tratar o espaço público como privado e ver no outro um inimigo a ser combatido e não um ser humano, e ao ter essa mentalidade, não se presta a devida atenção, não se preocupa com a vida do próximo e enfim os acidentes acontecem…o texto entre tantos outros pontos fala exatamente isso e se vc fez uma leitura tão raza dos argumentos, por favor sugiro que leia de novo…

  159. Duas Meritocracias

    Fica evidente, pelo excelente texto, a discriminação de duas formas de meritocracia, uma real e uma aparente.

    O autor se perde, no entanto, no ataque generalizado à meritocracia, o que entra em contradição com a própria identificação que faz do uso ambíguo do termo. Não seria caso de deixar claro o desprezo pela falsa meritocriacia do desempenho, cunhada sobre os horrores do fascismo objetivista típico do ideário burguês? A meritocriacia da burguesia não pode ser confundida com a meritocracia real, agônica, fundada nos princípios gregos da guerra e da competição. A competição no contexto do capital é um jogo de cartas marcadas, determinado substancialmente pela lógica e medição do ter como princípio norteador e objetificante. É a meritocracia que ama o trabalho tanto quanto a escravidão e, em sua forma mais aperfeiçoada, ama o trabalho como forma de escravidão.

    A verdadeira meritocracia é aristocrática e enojada dos valores burgueses, e estes figuram sempre como uma paródia brega dos princípios de honra e transcendência que norteiam a aristocracia do espírito, desprezadora da moral do rebanho. A meritocracia real é trágica, tem como pano de fundo a brevidade da vida e o significado da existência e, por isso, é dada a riscos reais. A falsa meritocracia objetivista do desempenho é uma forma de apropriação e colonização de formas de vida mais elevadas, dadas somente a riscos virtuais (como a bancarrota, por exemplo). Na verdadeira meritocracia o que está em pauta é o ser e a capacidade de alguns irem onde outros não podem ir. Esta ida impetuosa constitui o ser que não suportou suas restrições. Trata-se de uma batalha em que o outro aparece como um espelho de nossas próprias limitações.

     

    Então, não podemos confundir essa ridícula meritocracia de mercado, constituída por este mundo de “feirantes” com meritocracia real. O autor sabiamente descortina a diferença entre elas mas, ao final, parece se esquecer de sua própria descoberta.

     

     

        

  160. Analisando friamente, não a

    Analisando friamente, não a nada errado com a meritocracia em si. Seria um sistema valido e funcional, assim como o comunismo, socialismo, capitalismo e etc…
    SERIA, não fosse o fator que torna todos esses sistemas falhos desde o inicio.
    O fator Humano.
    Nós somos a peça ruim nessas maquinas.
    Na meritocracia, se você estudar um pouco, terá pouco. Se estudar até cair os dedos, terá direito a muito.
    Tendo muito, dará condição de ajudar o próximo a ir mais longe com sua experiencia e assim vai.
    Sim, alguns eventualmente sairiam na frente, mas para continuar na frente, teriam que fazer por merecer.
    Não há erro de logica aqui
    Assim como um estado Socialista, que proveria tudo ao povo que trabalha para ele, traria uma igualdade linda maravilhosa e todos seriam felizes.
    Mas!
    Se o estado prove tudo, porque vou mover uma palha para qualquer coisa?
    Porque o joão que mora debaixo da ponte, que tirou 10 na prova, não vai ter seu emprego dos sonhos?
    Cada sistema tem a sua falha, o socialista “Gera” comodismo, o meritocrata “Gera” segregação.
    Mas ao analisar mais profundamente o problema é nós Humanos.
    Se trabalharmos COM o estado, todos teremos o que precisamos, igualmente.
    Se dermos oportunidade, independente de cor, credo ou origem social, todos podem fazer por merecer.
    Então no fim das contas, não importa o tipo de sociedade que escolhemos. Enquanto não consertarmos essa peça quebrada que somos, nada vai mudar realmente.
    Bom é isso. 
    Alguém se dispõe a uma discussão? ^^

  161. Meritocracia?

    Caro Renato,

    Não existe relação alguma entre meritocracia e reacionarismo. Existe uma enorme confusão aí nesta discussão.

    O que as pessoas normalmente chamam de meritocracia no Brasil é na verdade privilégio de classe. Consideremos o caso de dois alunos, um de uma escola particular de excelente nível e outro, de uma escola pública precária. Se o primeiro é aprovado no vestibular de uma universidade pública de ponta, isso não pode ser considerado mérito. Por uma razão muito simples, o mérito só faz sentido quando são oferecidas condições equivalentes para os “competidores”. Sem condições de equivalência na preparação para o que quer que seja não dá para avaliar o mérito.

    Não existe mérito no vestibular portanto, assim como em uma infinidade de mecanismo de seleção existentes na nossa sociedade. Repito, só tem sentido falar em aprovação por mérito, entre “competidores” aos quais foram oferecidas condições de estudo semelhantes.

    Uma sociedade meritocrática é algo desejável pois ela supõe que seja oferecida condições semelhantes para todos os “competidores”. Aí, quem tiver mais talento ou ralar mais, leva!

    Se, sem condições semelhantes para os “competidores” não tem sentido falar em mérito, fica a dúvida: será que numa sociedade crivada pelas desigualdades e privações, como é a capitalista, há meritocracia? Será que uma sociedade fundada no mérito não foi umas das promessas não cumpridas???

    A classe média é reacionária não é porque é meritocrática, mas porque quer preservar seus privilégios de classe fundados na tradição escravista e patriarcal. Não tem mérito nesta história.

    1. Caro Roberson,
       
      O que você

      Caro Roberson,

       

      O que você escreveu foi justamente a ideia que Renato tentou nos passar, de que não existe um Meritocracia e sim uma Desempenhocracia.

        1. Pelo que foi colocado no

          Pelo que foi colocado no texto, a avaliação por desempenho não mede o real merecimento… o merecimento de um aluno pobre que passou por vários desafios até entrar no vestibular seria maior do que o de um aluno rico que sempre teve acesso a boas escolas e outras benécies.

          E desempenho é uma forma de avaliação tão ruim? Do que adianta merecer e não ter o desempenho esperado? O José, aluno nota 10, que mora embaixo da ponte, merecia realizar seu sonho de ser cirurgião… aí ele consegue… mas se torna um péssimo cirurgião e, por imperícia, leva todos os seu pacientes a óbito, não tem o desempenho esperado… então ele deve continuar operando porque merece? Você deixaria ele te operar porque ele merece? Não se importaria mesmo com o desempenho dele?

    2. Com certeza você não leu o

      Com certeza você não leu o texto. O que o autor diz é exatamente que a meritocracia devia se chamar desempenhocracia, o que você preferiu chamar de privilégio de classe.

       

      Ele também defende que a mesma prova para alunos que vieram de condições diferentes não mede mérito, mas desempenho.

      1. Meritocracia?

        Mas Roberto, leia a última frase do artigo…é exatamente esta proposição que estou questionando. A classe média não é meritocrática. Se concordamos, a conclusão do artigo não tem cabimento!!!

  162. Pro Renato sobre meritocracia

    Não sei se existe uma classe média como dizem e estudam… Repartir as pessoas em conjuntos com base em suas rendas pode ser mais uma armadilha do próprio sistema. Há n grupos com n interesses e a meritocracia passa na mente de muitos, mas não passa na mente de outros tantos… tem menino pobre que quer ser o Neymar, mas é pela fama e pra fazer gols e ser aplaudido… já outros querem só comprar um moto (pode ser usada) para dar carona pra gatinha ou fugir do “busão”… se puder ganhar na loteria pra isso, melhor… trabalhar arduamente??? estudar arduamente??? estes valores são nossos, que nascemos até a década de 1980, no máximo… essa classe média que o senhor pintou arrisco chutar que são 30% dos 30%, se tanto…

  163.  
    Leciono desde 2012 no

     

    Leciono desde 2012 no estado de SP em uma escola da periferia e partilho das angústias descritas no texto do Luis, porém não acho que somente a valorização do profissional que trabalha nas escolas resolva toda essa complexa problemática. Se  ganhássemos o triplo do nosso salário, ainda assim a qualidade do ensino não mudaria significativamente,  teríamos aulas melhor preparadas, professores mais descansado, calmos e pacientes porque poderia trabalhar menos, mas o problema não é o professor…. na verdade os valores estão distorcidos, hoje cabe ao professor além de ensinar, educar, dar carinho, escutar seus alunos e dar limite a eles e durante o processo isso acaba sendo muito desgastante.  Acredito que enquanto não tivermos papéis  definidos na escola e familia e um orgão que de fato fiscalize ambos, (conselho tutelar ja esta saturado, com pouca atuação por conta da  demanda) nada mudará. Também atuo na educação infantil que é período integral, lá também ja se forma o caos, pois os pais sentem culpa por estarem ausentes e acabam mimando, comprando seus filhos e dando pouco ou nenhum limite a eles, culpam sempre a escola por suas falhas, a escola esta fazendo sua parte trazendo palestrantes para formar e orientar os pais.   

  164. Concordei com vários pontos,

    Concordei com vários pontos, mas o autor ainda propõe que vivamos uma utopia. Do mesmo modo que apesar da democracia ser falha ela ainda é o regime de governo mais próximo do ideal, é impossível não viver sob os preceitos meritocráticos. 

    Uma fina ironia da vida, ou eu deveria dizer, contra o argumento anti-meritocrático do autor, foi o fato que a música do Raul Seixas que ele cita foi escrita em conjunto com Paulo Coelho. 

  165. Muito massa o texto. Eu só

    Muito massa o texto. Eu só trocaria “…e) A meritocracia é a única ideologia que institui a desigualdade social com fundamentos “racionais”…”   por : e) A meritocracia é uma ideologia que … com fundamentos pretensamente racionais.

    Mas é só pq lê-se por ai muita groselha pretenciosamente racional como tentativa de justificativa da desigualdade.

    Sendo meritocracia só a groselha que mais tem passado despercebida como tal atualmente.

  166. Chauí

    Muito bom o texto, só discordo sobre o entendimento que o amigo teve sobre o pensamento de Chauí.

    Na minha interpretação, para Chauí, Classe Média não se trata de uma faixa de renda, mas sim de uma fatia da População que não é Burguesa porém vive os ideais burgueses, incorporando-os profundamente na sua forma de enxergar o mundo.

    Classe Média para ela é um conceito político e social. São aqueles que mais que ter conquistado direitos sociais, tem ideologia da exploração e da precarização dos demais trabalhadores que não conquistaram ainda todos os direitos sociais ou, quando conquistaram, não desfrutam de um status econômico mais avantajado que os misturem ilusoriamente à Classe Burguesa.

    Para ela, o que se chama no Brasil de “Nova Classe Média” nada tem de Classe Média, na verdade são trabalhadores, da Classe Proletariada que conquistaram os direitos sociais básicos.

    Portanto, o conceito de Classe Média de Chauí deve ser analisado pelo ponto de vista socio-político. Pelo paradgma Materialista, e não por faixa de renda de mecanismos estatísticos. Só assim Chauí se torna compreensível e não se incorre no deslise de confundir as associações.

    Demais, o texto desnuda muito bem essa Classe Média que pensa ser burguesa por ter o privilégio das grandes migalhas caídas da Burguesia.

  167. Água parada

    Este é aquele tipo de texto que alimenta a água parada do “quem concorda e quem discorda”. É um problema do pensamento puramente ideologizado.  Por quê? O autor assume uma ideia comum e já prevista em sua camada de pensamento. E faz só repeti-la sem dizer nada de novo. O resultado é criar uma espécie de falsa “votação”, não um debate. Quem é da sua tendência, acha ótimo, e quem não é, acha absurdo. Só isso. Não faz pensar e não alimenta nada de novo sobre o assunto. Mais interessante é que uma grande parte das pessoas não vive dentro dessas esferas ideológicas fechadas. Portanto, fica fora dessa “votação”.

    1. Ótimo texto

      Eu já concordava com as linhas gerais do que o autor escreveu, nem por isso acho que o texto foi “mais do mesmo”. Vi várias explicações interessantes e que eu ainda não tinha considerado muito sobre esse assunto. Além do mais, o que tem de absurdo nisso tudo? Me parece tudo tão claro!

      1. É isso mesmo

        Caro Yuri, você confirma exatamente o que escrevi, se ler todas as palavras acima. Quem não concorda com o artigo, acha absurdo. Quem concorda, como é o seu caso, acha ótimo ou como diz nas suas palavras, claro, interessante. Ninguém acrescentou uma vírgula à sua visão e muito menos o mundo. O que há de novo numa água parada?

  168. Quase, mas não ainda…
    Prezado Renato, gostei muito do seu texto. Ele realmente abriu minha mente para abstrair a questão. Mas falta algo ainda! E, dado meu entendimento dos “modelos” (intelectuais) que você enfatizou (meritocracia e socialismo), preciso tentar ‘conter’ sua análise FINALISTA de EXCOMUNGAR A MERITOCRACIA DA SOCIEDADE. Vamos partir por uma análise ‘legítima’, isto é, trocar o termo MÉRITO por LEGÍTIMO. Toda a confusão que Marilena Chauí gera em nós, também vive nela. Ela é uma grande pessoa, mas, como qualquer ser humano ‘falível’, ela está passível de interpretar a realidade de forma equivocada. Isto vale para nós, é claro! Como disse acima, precisamos diferenciar o uso dos termos. A palavra MÉRITO está relacionado ao ‘merecimento’. O merecimento está associado àquele que ‘dá, concede, determina’ o MERECIMENTO. Neste contexto, o MÉRITO É DISCUTÍVEL. Se olharmos para a idéia de ‘merecimento’ do ponto de vista de SIGNIFICADO, então, é LEGÍTIMA a MÉRITOCRACIA. Vamos exemplificar: “Um médico pesquisador DESCOBRE um método moderno para CURAR O CÂNCER!” – seu estudo tem SIGNIFICADO para a VIDA daqueles que sofrem de câncer, logo, ele recebe (naturalmente) MÉRITOS por isto. Qual o mérito que este médico poderia dispor? “Ter mais espaço, mais recursos, mais condições para curar mais pacientes vítimas de câncer!” Partimos do ‘pressuposto’ que o referido médico pesquisou coisas de seu saber, de seu desejo, de sua vocação. Por tanto, não é cabível que ele receba MÉRITOS? Implicitamente, a idéia de MÉRITO não exclui outros médicos que não tiveram a ‘capacidade’ de descobrir a cura do câncer! Muito pelo contrário, os demais, se forem FILOSOFICAMENTE HUMANOS, vão buscar o conhecimento gerado por este MERITOSO MÉDICO e, em pouco tempo, mais e mais RESULTADOS na cura do Câncer vão ser disponibilizados para mais e mais pessoas. Concorda? O grande dilema é que são ‘poucos’ os médicos capazes de aprender técnicas de tão elevada especialização, necessidade de conhecimentos, embasamento teórico, etc. Então, numa visão mais ‘social’, o mérito se torna num obstáculo… e a produtividade se torna um FATOR DE CONDICIONAMENTO. Nesta visão social, o mérito ‘rompe’ as habilidades humanas em diversos NÍVEIS e o socialista não gosta disto! Para ele, o ideal é uma espécie de ACHATAMENTO INTELECTUAL MÉDIO, onde nenhum médico pode ter o MÉRITO DE DESCOBRIR ALGO ÚNICO (próprio de suas aptidões – dadas por Deus e pela sua formação), e ainda que o faça, ele NÃO PODE RECEBER MÉRITO ALGUM, TÃO POUCO, DESCOLCAR SUAS ATIVIDADES ‘NORMAIS’ PARA expandir sua capacidade de gerar BENEFÍCIOS SIGNIFICATIVOS AOS DEMAIS. Ora, pois, o cara é um Gênio. Não queremos gênios numa socidade de iguais! Se ele é gênio, então que ele esconda isto de todos e viva num mundo isonômico! Áh, sim, ele pode ser gênio, desde que isto seja depositado de uma forma “sem méritos” ao organismo total e, este, social e democrático, faça a gestão da sua GENIALIDADE de forma tal que NÃO OFENDA os que não são gênios! – – -OS REVEZES DE EXTERMINAR A MERITOCRACIA: “Ninguém mais vai se sentir a vontade para ser gênio! Não porque esta possível pessoa precisa se sentir gênio, não porque ela queira se aposentar mais cedo, etc. Mas sim, porque ela é HUMILHADA em suas habilidades naturais. Suas descobertas, inventos, etc. são TOMADOS dela assim que são compreendidos. E ela se sente totalmente ‘sugada’, sem sequer ter o MÉRITO MORAL de ter usado seu potencial, SEM sequer poder anunciar para seu colega de trabalho: “CONSEGUI! DESCOBRI! EUREKA!” Infelizmente, exterminando a MERITOCRACIA, o sabor do fazer a diferença morre junto.” – – -Quando olhamos para a LEGITIMIDADE, abrimos os olhos para outra questão! A legitimidade, ou seja, a autenticidade de uma ação que TENHA SIGNIFICADO está, HOJE, CORROMPIDA PELOS DESEJOS DO CAPITALISMO. Artigos científicos são escritos pelo desejo de subir no ‘ranking’ ARTIFICIAL criado por instituições INESCRUPULOSAS QUE BUROCRATIZAM E CAPITALIZAM O SABER! É óbvio que estas instituições estão preocupadas em COMPRA E VENDA DE SABERES. E o RESULTADO ÓBVIO é que as pessoas se VENDEM! Este MÉRITO é o que você ANUNCIOU no seu POST. E este é DESPREZÍVEL, ABOMINÁVEL, ARTIFICIAL e DESMORALIZANTE. Este ‘mérito’ deve ser excretado da sociedade. Mas com a diferença de que ESTE não é um MÉRITO-LEGÍTIMO. É um MÉRITO-ARTIFICIAL-CRIADO-POR-INTERESSES-DE-CLASSE-DOMINANTE (a capitalista). Ora pois, basta diferenciarmos o que é LEGÍTIMO e MORAL do que é ARTIFICIAL e de MERCADO.  – – -A meritocracia LEGÍTIMA e MORAL é digna de existir, esta meritocracia é EVOLUTIVA, gera SIGNIFICADOS NOVOS E CRIA POTENCIAIS para a sociedade. Ela desenvolve a humanidade e a transforma! Ela estimula seres humanos com interesses GENUÍNOS, NATURAIS, HUMANITÁRIOS, SUBLIMES! – – -A meritocracia ARTIFICIAL e de MERCADO gera pessoas ‘condicionadas aos interesses dominantes’, movidas por interesses ‘pessoais’ associados aos benefícios ‘trocados’ pelo grupo dominante. Lógicamente, estas pessoas hipertrofiam suas habilidades movidas pelos seus ‘desejos-mundanos’ (e não pela vocação sublime de sua alma). – – -ENTÃO, MARILANE CHAUÍ E VOCÊ, HUMILDEMENTE FALANDO, SE EQUIVOCARAM AO CONSIDERAR QUE ‘MERITOCRACIA’ É UM “BOLO-SÓ”. Não é bem assim!

    1. Sabe aquela parte onde o

      Sabe aquela parte onde o autor diferencia mérito de meritocracia? Acho que você precisa reler. E sabe aquela parte onde o autor fala de socialismo? Não a encontrei.

      1. “E sabe aquela parte onde o

        “E sabe aquela parte onde o autor fala de socialismo? Não a encontrei.”

        Sugiro um curso de interpretação de textos…

  169. Curioso texto!…

    Curioso esse artigo! A pretexto e sob a narrativa exemplar da iluminação, ele pretende desvendar conexões culturais (os marxistas as taxariam como meramente “ideológicas”), enredando-se obscuramente em outras.

    Como sempre acontece com essas análises ensimesmadamente “culturalistas”, tipo Zigmund Bauman, que se contentam com o éter da comutação de signos, sem conectar sintaxe a semântica, o autor constrói um discurso denso a partir de um critério teleológico: o conceito enviesado de “meritocracia”.

    Nisso, acaba-se caindo no esquema da “água parada” a que se refere o colega comentarista logo abaixo.

    O conceito de “meritocracia”, como o desenha o autor, é tão enviesado que joga fora o bebê junto com a água do banho, ou seja, condena qualquer possibilidade de julgamento de reconhecimento de qualidade, a partir de critérios consensuados, como uma operação obscurantista, suspeita por princípio, submergindo tudo num obscurantismo generalizado onde já não há mais critérios, e, por fim, qualquer possibilidade de reconhecimento de diferença, equidade e justiça. É uma espécia de populismo finalizado, que é também um messianismo finalista.

    Ao tentar plasmar a “meritocracia” como pedra filosofal (e demoníaca) da ideologia classemediana, mistura-se uma racionalidade de fins com uma racionalidade de meios, indistinguindo-se o que deveria ser um critério (“mérito”) de um fenômeno acabado (o reconhecimento social); coisas que deveriam ser analisadas separadamente, sobretudo a última, onde uma causalidade complexa pode estar muito distante do que pretensamente se supõe unicausalmente determinado pelo primeiro.

    A esse propósito, lembrei-me de uma boa etnografia do Celso Castro sobre a Academia Militar das Agulhas Negras. A lógica básica de construção da “identidade” militar, por oposição aos “paisanos”, é absolutamente a mesma da construção da “identidade” dos médicos, mas em nenhum momento a lógica do mérito serve como operador conceitual para fazê-lo, o que me sugere que é outra a dinâmica mais geral para compreender o fenômeno, do que esse discurso (bem de moda, aliás) de demonizar o mérito e construir castelos de areia retóricos sobre essa demonização.

    1. Terá o texto realmente

      Terá o texto realmente demonizado o mérito? Justamente se ele diz que o conceito de mérito descambou para desempenho? Também sou um ávido combatente de maniqueísmos, mas é curioso que você também não explicita qual seria a tal dinâmica para compreender o fenômeno dos médicos, muito menos deixa de ser maniqueísta ao apenas sugerir que haveria uma causalidade complexa na suposta mistura entre fins e meios, sem entrar em detalhes, de certa forma também confundindo a finalidade do texto com seu método. Ainda que fosse apenas um fenômeno, e não o critério, o efeito na sociedade continua o mesmo, ainda que o articulista tenha incorrido numa imprecisão linguística. O que não supõe demonização, muito menos populismo finalista, como o próprio texto deixa claro ao propor outros critérios igualmente meritórios. A meritocracia infelizmente serviu de eufemismo para a lógica do dinheiro. Ele é o critério totalitário em nossa sociedade, cada vez mais. Não pretenderia substituir o dinheiro por outro critério único, mas vale a reflexão sobre como fugir desse…maniqueísmo econômico.

  170. Chances x Méritos

    Realmente, concordo em partes. Não podemos também anular totalmente a meritocracia, o que seria justamente o maior medo da classe média: “Um “comunismo” onde todo mundo recebe dinheiro para viver e ser gado, etc”.

    Alias esse conflito é a base da política Esquerda x Direita do país, um é sobre a igualdade e o outro sobre as diferenças. Em seus extremos enquanto uma filosofio horizontaliza ignorando as potencialidades, outra verticaliza ignorando os valores. Entre a lei do mais forte, cada um por si ou todos juntos limitando alguns ou elevando outros.

    A desempenhocracia se dá justamente pelos fins e não processos, não é pelo que se dedica, mas pelo que consegue, seja por esforço, por sorte ou influência de outros poderes. A meritocracia é uma filosofia totalmente platônica, onde se precisa que todos concordem com as regras do jogo, e a classe média decidiu jogar esse jogo. Só se esquecem que são os donos da bola.

    E quando falamos em méritos estamos destacando valores onde alguém se dedicou mais que outro, e se ignora as chances que teve para que pudesse ter tal desempenho. Como chamar de burro aquele que não pôde estudar “Ah, mas no nordeste tem gente que até atravessa rio para isso”, sempre tiram da manga algum exemplo de como você nunca pode reclamar de suas falhas ou falta de chances. Ninguém pode ter seus problemas e dificuldades, temos todos que ser robôs perfeitos com funcionamento pleno e sempre se melhorando.

    E o pior, a base mesmo da meritocracia é a subjetividade da “vontade”, onde se você realmente quer algo você consegue. Se não você não se esforçou o suficiente para isso. É cruel e é o que leva o japão as crises de suicídio.

    Isso é uma tortura até mesmo para quem joga esse jogo.
     

  171. Mérito e manutenção do poder

    Creio que o texto poderia ser até mais suscinto, onde em uma visão de esquerda o mérito é apenas uma manutenção dos poderes já adquiridos. Onde graças as suas chances você pôde se destacar.
    Enquanto por outro lado nem todos gozaram destas vantagens, o que seria um grande preconceito contra os que se destacam por méritos que vão além do comum para sua situação. No caso as ascensões sociais através de estudo e crescimento profissional.

    Por isso continua sendo um grande problema generalizar o valor dessa meritocracia.

  172. Meritocracia

    Nasssif é brilhante, fantástico, estupendo. Sou jornalista na USP de Ribeirão Preto e acabo de passar por uma nefasta e meritocrática avaliação de desempenho. A iniciativa era para enquadramento em uma “carreira” funcional na instituição que se julga a melhor do país (justamente analisando pelos ditos pressupostos meritocráticos). No final acabamos (nós funcionários) submetidos a um conjunto de julgamentos comandados pelas chefias e onde o que menos contou pontos foram meus 25 anos de serviços prestados. Criaram termos como “entrega” e “complexidade” e no final, se você não é chefe, acaba não tendo chances de progressão.

    A meritocracia é tudo isso de ruim e muito mais. 

     

  173. A meritocracia é tão perversa?

    Por que Pelé é o Rei do Futebol? Política ou mérito?

    Como você escolhe o médico que vai tratar seu filho gravemente doente?

    Desempenho é um indicador de mérito, mas não se confunde com ele. Somos nós que construímos no mínimo nossa própria vida com base em méritos conquistados na maioria das vezes com muito esforço. E somos nós que enriquecemos o conjunto dos seres humanos com cada conquista individual. O desempenho individual deve ser voltado para o engrandecimento do todo, e não para uma exaltação exacerbada do indivíduo em altares ao egoísmo.

    A meritocracia pode não ser um critério perfeito de estruturação social e estatal, mas certamente é melhor do que destacar em cargos de direção e poder indivíduos que nada fizeram para merecê-lo.

    1. Acho que a questão é

      Acho que a questão é diferente. O que se propõe no texto é uma análise social, conjunta, macro e não individual, particular, micro, que se poderia aplicar para diagnosticar casos como o de Pelé, mencionado na crítica. Mesmo assim, claramente me parece que também o exemplo deste futebolista (e outros destaques individuais que possam ser mencionados em campos diversos) também é um caso de desempenho e não mérito, sujeito a avaliações objetivas (número de gols, passes, dribles, etc…). Até mesmo porque as condições de desempenhar-se exemplarmente neste tipo de atividade surgem de outras formas institucionais, diferentes das escolas e universidades, por exemplo.

      É meu entendimento que o autor não se põe contra o desempenho, nem tampouco a favor do mérito. Apenas oferece argumentos muito interessantes e ricos para, antes e acima de tudo, podermos discernir entre ambos, para só depois escolhermos o critério a ser seguido.

       

    2. Acho que a questão é

      Acho que a questão é diferente. O que se propõe no texto é uma análise social, conjunta, macro e não individual, particular, micro, que se poderia aplicar para diagnosticar casos como o de Pelé, mencionado na crítica. Mesmo assim, claramente me parece que também o exemplo deste futebolista (e outros destaques individuais que possam ser mencionados em campos diversos) também é um caso de desempenho e não mérito, sujeito a avaliações objetivas (número de gols, passes, dribles, etc…). Até mesmo porque as condições de desempenhar-se exemplarmente neste tipo de atividade surgem de outras formas institucionais, diferentes das escolas e universidades, por exemplo.

      É meu entendimento que o autor não se põe contra o desempenho, nem tampouco a favor do mérito. Apenas oferece argumentos muito interessantes e ricos para, antes e acima de tudo, podermos discernir entre ambos, para só depois escolhermos o critério a ser seguido.

       

  174. A meritocracia

    Caro Nassif;

    Fazer parte (mesmo que muito distante) de seu círculo é mais do que um prazer. É um privilégio (sem qualquer favorecimento).

    É verdade que lendo este seu texto nsce em mim um sentimento idesejável, mesmo que, no caso, absolutamente benigno: A INVEJA ! 

    Mas a verdade é que é seu o mérito de analisar, avaliar, compreender e deexternar com tanta clareza algo que eu tenho ‘no coração’ mas jamais saberia expressar.

    Muito obrigado e parabéns !

     

    Você merece.

    Octaviano Galvão Neto

  175. Artigo baseado em uma

    Artigo baseado em uma declaração da Marilena Chaui, que causou polêmica ao afirmar  que a classe média brasileira é fascista. OK. É um ponto de vista… mas eu me pergunto; seria Marilena Chaui uma lídima representante da classe baixa??? Ou seria representante da classe alta???? NÃO… até onde eu saiba não…  Então, se ela pertence à classe média e a classe média e fascista, Marilena Chaui é fascista!! simples assim…

    1. Simples assim…

      É como se na época da escravidão não pudesse ter “branco” favorável à abolição, partindo do seu raciocínio simples assim, todo o branco é inerentemente uma escravocrata. Ao se referir a classe média, fica claro que está se falando do pensamento dominante, mas todo caso tem sua exceção. Simples assim.

      1. Defina exceção?

        Porque ser “branco” e viver a custas da burocracia da “corte” ou pertencer a qualquer classe social que só tinha a ganhar com a “abolição” não é ser exceção.

        Exceção, no sentido daquele que luta por ideal e não por aquilo que lhe é conveniente, somente poderiam se arrogar os próprios senhores de engenho que preferiram arriscar a falir do que continuar dependendo do trabalho escravo.

        Ou seja, será que a Marilena distribuiria seus rendimentos a caridade para viver no mesmo nível de conforto da “classe pobre”?… Aliás, pela lógica do Renato de Souza, são rendimentos injustos uma vez que pelas probabilidades sempre existiria acadêmicos intelectualmente superiores a ela ganhando menos.

         

         

  176. Meio de avaliação

    O problema não é a Meritocracia. O problema é usá-la para definir recompensas dentro de um sistema que valoriza a COMPETIÇÃO.

    Que tal avaliarmos nosso desempenho com base na meritocracia da COLABORAÇÃO?

    Definir uma ideologia com apenas uma palavra é algo muito superficial e pouco exato.

  177. Meio certo

    Nassif, você diagnosticou muito bem o fato de a ideologia predominante na classe média ser a meritocracia. Foi muito preciso. Todavia, como bom esquerdista que é, esqueceu de dizer COMO fazer diferente. Existe alguma forma menos pior de organização? Seriam critérios políticos mais importantes do que o desempenho individual?

    1. Meritocracia ou egocentrismo?

      O que se chama de meritocracia é na verdade melhor definido como a lei do mais forte que prospera em toda a natureza animal. Como pregação de um sistema social carece de melhores esclarecimentos porque seus defensores, em geral, apregoam e recomendam para os outros mas, como disse a Barbara Gancia, embora considerem-se bem formados e capazes, raramente encontram colocações no mercado sem uma “ajudinha” de amigos e parentes! Ou, como disse um sábio internauta, “pimenta no habsburgo dos outros é refresco”!!! Ou seja, defendem a competição selvagem para os outros embora prefiram as oportunidades sociais para os seus. É a cara da classe média hipócrita estudada e cantada pela Marilena Chaui.

  178. Meritocracia

    Estimado Nassif,

    Essa pérola weberiana que dota de racionalidade instrumental aquilo que não pode ter é um dos grandes combustíveis ainda hoje presentes. Creio que o neoliberalismo que se firmou no Brasil há extaos vinte anos trouxe a lógica do salve-se quem puder que veio para ficar e a meritocracia não ganha volume em melhor momento.

    Se o liberalismo tinha a igualdade, a fraternidade e liberdade com consignas, o liberlismo pós-segunda guerra hayekiano acabou com as duas primeiras e somente a liberdade individual continua vigendo, contudo, ora sem igual, num espaço dominado pela liberdade individual, a tônica da convivência é um manual de Sade: a meritocracia brasuca!

    Parabéns pelo texto.

    Wellington

  179. Excelente texto!

    Apesar da pérola da sabedoria, erroneamente atribuída a Einstein, pregar que “Qualquer  idiota com um pouco de inteligência pode fazer as coisas maiores e mais complexas. É necessário um toque de gênio de, e muita coragem, para mover-se na direção contrária (Schumacher – não o piloto, o economista)”, temos aqui uma análise substancial da classe média brasileira e sua devoção pela meritocracia.

    O autor só peca em algumas definições, pela polaridade que seus conceitos trazem. Em alguns parágrafos, seus fundamentos lógicos são da espécie: “o que não é a favor, é contra”, deixando assim de passar pelo seu crivo a posição “neutra” em relação as coisas mundanas.

    Eu por exemplo tenho comigo a eterna ojeriza da pseudo esquerda denominada “PT”. Nem por isso sou a favor do PSDB.  

    Escolheu para o ensaio, analisar o pensamento da Petralha Erundinista Chaui, e sobre ele fundamentou seus pontos.

    Bem, ter como critério “se não é a favor é contra”, é da mesma esteira de pensamentos como “Se não está conosco está contra nós”, o que não é um primor da habilidade cognitiva, em minha concepção. Lembrem-se que tal posicionamento gravou na história imbecis notórios como G. Bush (o filho).

  180. Parabéns pelo texto

    Ponto de vista interessante. Mas se a mecânica da meritocracia é perversa, já não é perversa o suficiente nossa sociedade que não se baseia nela? Uma vez que pela própria exposição do texto, foi reconhecido pelo autor o fato de mérito ou demérito, pouco importarem para o sucesso de vendas que Paulo Coelho representa? Partindo dessa observação, é inevitável perceber que, talvez, o proplema não seja uma ideologia que “despolitiza” como seria o papel que a meritocracia representaria, pois mesmo uma sociedade injusta ainda é política. Mas a questão que proponho de fato, não é a favor e nem contra meritocracia, é apenas para desvelar que também a ideologia hoje vigente, com todos os seus valores, de igualdade e busca pela justiça, não são suficientes para propuzir esse tal estado de bem estar social. Embora, deve-se reconhecer, que, devidas as proporções e as experiências históricas, talvez seja um pouco melhor, mas por fatores que contribuem para isso, por exemplo o desenvolvimento de tecnologias que permitiram a intensificação de processos sociais, como de produção, comunicação, entre outros. Pois nesse ponto, ao que parece nós não possuimos respostas concretas que deem cabo de resolver coisa alguma, pois sempre que respostas surgem, a impraticabilidade da ideia é o primeiro obstáculo a se vencer e é onde, naturalmente, a ideia é estanque. Por isso, a classe média ser facista ou reacionária por velar pela meritocracia, em verdade não se mostra como um problema sério de fato, pois nossa sociedade e instituições, não são baseados em meritocracia. Mas e se, devido aos mesmos processos históricos de desenvolvimento das tecnologias, assegurando-se um patamar mínimo a todos, será que a meritocracia é assim tão indesejada ou em verdade, lutar contra ela, é somente para defender a posição dos “barões do café” modernos que receberam patrimônio transmitido por antecepassados, que permanecem na engorda sentados dentro de suas mansões? Pensamentos… trabalhe essa questão autor. No mais é muito interessante teu texto e a forma de exposição. Parabéns.

  181. Caros leitoresFace à

    Caros leitores

    Face à repercução do tema que propus neste artigo, sobretudo no que se refere à meritocracia, e a vontade que tenho, sem podê-lo, de responder a cada comentário aqui postado, resolvi escrever um novo texto, tentando “desdobrar” alguns aspectos a mais da meritocracia e do que eu chamei aqui de “ethos meritocrático”, muitos dos quais foram levantados nos comentários.

    O texto está postado neste blog, e para aqueles que tiverem interesse, visitem-no no link abaixo.

    Grande abraço a todos, e obrigado pela leitura.

    Renato Souza

    https://jornalggn.com.br/fora-pauta/desvendando-a-espuma-ii-de-volta-ao-enigma-da-classe-media

  182. Classe media meritocrata ou pagadora de conta!!!!!!

    Bem interessante o texto, fez refletir que a sociedade com o menor índice de diferença social entre os Países mais desenvolvidos e industrializado do mundo, o Japão, faz da meritocracia uma forma de justiça social, que fez dos governantes deste País erradicar a pobreza instalada no pós guerra. Aqui querem agora colocar nas costa da classe media, da qual faço parte, esta conta. Eles só esqueceram de mencionar que esta famigerada classe media é que paga a conta todo fim do mês, através da cobrança absurda de impostos. Unica coisa que tenho certeza é que políticos, governantes, ricos e pobres não pagam impostos que a classe media paga.Classe media reacionária!!! talvez, por não fazer esta classe minoritária crescer o suficiente para ter mais gente para ajudar a pagar a conta. Não vamos esquecer trabalhamos 4 meses do ano para pagar impostos.    

    1. Isso mesmo.

      Falou tudo.

      Não sei que moral tem a Chauí de dizer alguma coisa.

      O salário dela nem é de classe média. Nem o dela e nem dos socialistas caviar que vivem ás custas dos impostos da classe média.

      Demagogos e Hipócritas.

    2. Marilena Chauí, já foi

      Ao caralho, como dizem os portugueses, com Marilena Chauí. Quando define a classe média como fascista e reacionária (pode isso?) quer dizer que ela, e a plateia embasbacada e ignorante, talvez enfeitiçada pela fala apocalíptica, pertencem a uma classe distinta. Aliás, à outra classe de seres humanos. Ó nós, o que somos! E vejam, em um país com 160 milhões de pessoas estado-dependentes (dependentes do Estado), meritocracia é o que não há. Há sim muito compadrio, apadrinhamento, sacanagem, roubo, pilhagem, descaso e uma série de outros crimes que denotam desvio de conduta e falha de caráter. E é em função disso que a paciência da classe média já se esgotou. Antes de qualquer coisa nos falta educação, trabalho, organização e seriedade. Somos uma sociedade simplória, quase primitiva. E de idiotas e imbecis que se atribuem o vanguardismo tão somente por sonharem o sonho do socialismo real. De real viveu-se apenas o pesadelo.

  183. Meritocracia

    Concordo parcialmente com o texto, da mesma forma que concordo parcialmente com os que afirmam que o dinheiro é a causa de [quase] todos os males. Assim como o dinheiro, o problema da meritocracia está na sua aplicação fria e objetiva, sem avaliar necessidades individuais e coletivas. Um, como o outro, podem ser igualmente benéficos ou não. Em uma condição de igualdade de direitos e oportunidades, a meritocracia é um diferencial positivo, que estimula uma competição saudável com melhorias para todos. Em uma condição de desigualdades generalizadas, como é o caso de nossa sociedade, é, no mínimo, irresponsável, correndo o risco de descambar para a crueldade. Talvez, em vez de aplicarmos a lei do “a cada um conforme o seu merecimento”, devamos começar a aplicar a do “a cada um conforme a sua real necessidade”, mas sem criarmos gerações de dependentes das torneiras governamentais, idéia que tanto apetece os políticos brasileiros.

  184. Quer dizer que o problema do

    Quer dizer que o problema do Brasil é meritocracia? Escreveu bonito, mas falou uma grande besteira. O problema é exatamente o contrário. Pierre Bourdieu utiliza a noção de habitus como referencial identitário de classe. Não acho que o Brasil tenha tido uma revolução burguesa clássica, e uma classe empresarial forte capaz de impor seu habitus capitalista e meritocrático a nacionalidade. Senão seríamos talvez um país rico. Homossexuais , mulheres, negros, te garanto amigo, de classe média sofrem menos em suas “humanidades” de que seus pares mais pobres. 

    Mas ao contrário, o que deu coesão e simbologia a nacionalidade foi os velhos elementos de brasilidade como cordialidade, a ausência de separação clara entre espaço público/privado e outros de uma suposta riqueza da mistura das raças.

    Precisamos de um país mais rico e desenvolvido, e essa choradeira histórica não vai nos levar a nada.Palvaras ao vento.

    Definitivamente a esquerda no Brasil precisa se reinventar!

    1. O problema no Brasil é mesmo

      O problema no Brasil é mesmo o contrário… aqui prevalecem os cargos de confiança ao invés do mérito… ou melhor, do desempenho… colocam um incompetente de confiança pra gerir e afundar com tudo ao invés do mais bem preparado ao cargo…vários economistas alertam para esse problema

  185. Pelo que foi colocado no

    Pelo que foi colocado no texto, a avaliação por desempenho não mede o real merecimento… o merecimento de um aluno pobre que passou por vários desafios até entrar no vestibular seria maior do que o de um aluno rico que sempre teve acesso a boas escolas e outras benécies.

    E desempenho é uma forma de avaliação tão ruim? Do que adianta merecer e não ter o desempenho esperado? O exemplo dado no texto, o José, aluno nota 10, mas que mora embaixo da ponte, merecia realizar seu sonho de ser cirurgião… aí ele consegue… mas se torna um péssimo cirurgião e, por imperícia, leva todos os seu pacientes a óbito, não tem o desempenho esperado… então ele deve continuar operando porque merece ser cirurgião? Você deixaria ele te operar porque ele merece ser cirurgião? Não se importaria mesmo com o desempenho dele?

     

     

     

  186. Meritocracia?

    Será mesmo que a classe média brasileira é meritocrática em todas as situações? Vou citar dois exemplos e deixo a análise para vocês.

    1º Exemplo:

    No aeroporto de Lisboa, em voo da TAP de volta para Brasília, portanto com maioria de brasileiros de classe média, uma senhora com mais de 80 anos foi direto ao guichê. Lá teve a resposta da atendente: “aqui não há preferência, a sra. deve voltar para a fila”. Imediatamente os passageiros da fila revoltaram-se com a atendente e exigiram que a sra. passasse na frente de todos.

    Idade é mérito? Por que os passageiros, brasileiros de classe média, queriam que a sra. fosse atendida preferencialmente?

     

    2º Exemplo:

    Minha mulher participa de curso de espanhol com público de idade média de 40 anos, todos da classe média. Durante um debate em espanhol sobre os sucessos do governo Lula, os alunos foram quase unânimes. O sucesso era apenas por repetir as fórmulas de FH. Minha esposa tentou argumentar de todas as formas sobre a mentira do argumento dos alunos. Em vão. A violência contra o governo Lula e contra a pessoa Lula era tão grande que o professor, um argentino, encerrou o debate com o seguinte argumento: “estou no Brasil há 15 anos, minha vida melhorou muito nos últimos 10 anos, não entendo porque vocês não conseguem reconhecer isso”.

    Os resultados do governo Lula são visíveis, portanto com muito mérito. Durante os 8 anos do governo FH meu salário ficou congelado. A coisa mudou totalmente nos governos Lula e Dilma. Da mesma forma para quase a totalidade dos assalariados de Brasília. Os profissionais liberais, em consequência, melhoraram suas clínicas e pequenos negócios, pois a população está com mais renda.

    Isso é ou não mérito? Qual o reconhecimento da classe média?

     

    MInha conclusão: a classe média é meritocrática quando o assunto não é o PT ou a esquerda. Duvido que a adesão ao apagão de 2001 seria a mesma se o presidente fosse o Lula.

     

     

    1. Sobre a “Meritocracia?”, do sr. Flavio Bercott

      Sobre o artigo do Luis Nassif, cumprimento-o pelo brilhantismo do texto, não que, necessariamente, eu concorde com tudo, mas é um bom motivo para pensar e discutir, sem dúvida. Sobre o que propõe o sr. Flavio, acho interessante responder, mesmo que ele já o tenha feito na segunda questão. Na Europa, de um modo geral, os idosos são muito respeitados, mas não possuem uma lei, tipo “Estatuto do Idoso”. Tenho 72 anos e poucas vezes fui beneficiado, em viagens por lá, com ingressos mais baratos, preferências em filas, nada disto. Em Portugal, não sei, não conheço ainda. Assim, o “mérito” de ser idoso é maior aqui, por incrível que isto possa ser e já estamos acostumados: nunca ninguém reclamou para mim, no Brasil, por fazer valer meus direitos preferenciais, previstos em lei, e que eu utilizo sem nenhum constrangimento. No caso específico comentado, o funcionário da companhia portuguesa deve ter agido como manda a lei daquele país: fila única para todo o mundo. Então respondo dizendo que, para nós, brasileiros, idade avançada não é propriamente um mérito, a não ser de viver mais um pouco, mas pelo fato de as necessidades fisiológicas serem maiores, mais exigentes, deve-se dar preferência a essas pessoas no cotidiano da sociedade em geral. Apenas isto.

      Com relação a reconhecer mérito nos governos do PT, de seus acertos e de como a vida melhorou no Brasil para todos, segundo os petistas e seus admiradores, ora, isto é uma discussão política que jamais terminará, haverá sempre mais de uma vertente. E quando se trata de política, que envolve muita radicalismo de todas as partes, todos acham que têm razão, para um lado ou outro. É possível sim, fazer um alentado estudo de tudo o que o PT produziu com seus líderes maiores, principalmente Lula e, agora, a invenção dele, a Dilma, e julgar seus acertos e erros. O mesmo vale para outros governos. E a classe média, meus amigos, ficará dividida profundamente: uns aceitando, outros criticando severamente este ou aquele governo e tudo o que ele produziu. O sr. Flavio Bercott comete um engano ao trazer ao debate da classe média, num texto tão pertinente produzido por Nassif, um exemplo meramente político quanto este.

    2. O ódio contra o Lula é

      O ódio contra o Lula é simples: aparentemente ele não teve méritos (academicamente) para chegar a presidência  da república, ao contrário do FH.

      1. Acadêmico é que tem mérito para governar?

        O Maluf se formou pela politécnica, é um acadêmico, e aí? Pelo que sei a elite que da as cartas desde o descobrimeto deste país na maior parte é gente estudada. Esta gente estudada é responsável pelo estado atual da educação, da saúde, da segurança, do transporte público, etc. Não estou dizendo que estudar é ruim, longe disso, mas estou afirmando que canudo não é sinônimo de bom caráter nem de competência.

        1. Canudo no Brasil é sinônimo de:

          Canudo no Brasil é sinônimo de:

          1 – Ser bom de prova;

          2 – Ter grana pra pagar uma particular.

          Tem muita gente formada desempregada e muita gente sem formação nenhuma muito bem obrigado.

    3. É incrível como as pessoas

      É incrível como as pessoas queiram tanto comparar duas fazer completamente diferentes. Comparar como o FHC pegou o estado, para como entregou ao pt é uma idiotice… Saíamos de uma inflação de 90% ao mes, não existia controle de gastos. As políticas econômicas eram as formulas mais esdrúxulas. Anos seguidos de déficit orçamentário, etc…etc…etc… Estou falando só do que eu me lembro, sem forçar a memória.  Todos sabiam que antes de melhorar as coisas iriam ficar dificeis. Acertar as contas de uma casa já é um exercício difícil, imagine de um estado que vinha de tantos anos totalmente desequilibrado. E ainda sim o crescimento da nossa economia foi maior que o do goverrno corrupto petista. Esse governo deveria ter vergonha , pois quando o crescimento dos países do BRIC’s estava entre 6 e 9% o do Brasil era de 3 a 4%. Até Chile e Equador registraram crescimento maior. Mas como eu disse… Não se deve comparar como cada assumiu o governo… è covardia… O que o pt fez com o país é uma covardia… Só para encerrar desmascarando mais uma mentira desse governo hipócrita. Dizer que há maior distribuição de renda??? Como??? Os ricos continuam ficando mais ricos… O que esse governo faz é achatar a classe média. A quantidade de bilhonários no país cresceu. Os bancos lucram mais que nunca. As empreiteiras(maior fonte de renda dos líderes petistas) estão mais poderosas que nunca. Dizer que a classe média esta crescendo, conceituando que classe média é que recebe 270 reais por cabeça é muita cara de pau.

       

       

  187. Muito bom o texto, vale

    Muito bom o texto, vale lembrar ainda que o “mérito” é uma medida que depende de fatores históricos e culturais, NÃO HÁ JUSTIÇA EXCLUSIVAMENTE NO MÉRITO.

    Um exemplo bobo para explicar: se o Ronaldo fenômeno tivesse nascido na idade média sua habilidade (desempenho) em fazer gols seria no máximo uma curiosidade, na pior das hipóteses ele poderia ser taxado de mancomunado com o demo.

    1. Entendi, um inútil para sociedade deve ter privilégios além do seu mérito presente uma vez que tal inútil sempre pode ter um mérito oculto de grande valor num outro tempo e lugar. Argumento muito razoável… Falta criar a máquina do tempo, claro.

      1. Inútil
        Inútil é uma palavra forte para se referir a alguém, parece até bullying de colégio. Mas o que se defende é que o “inútil” também tem direitos fundamentais a uma vida digna e a se expressar, sem ser forçado a se conformar com padrões que reduzem a possibilidade de surgir algo diferente. A meritocracia é um conceito valioso, o problema é quando, baseados nela, nos esquecemos da solidariedade e de outros valores básicos.

        1. Não discordo. Só que a meritocracia é um princípio que não vincula nem exclui a moralidade e solidariedade.

          Isto é, se eu ando pela rua e vejo você cair bêbado de cara numa poça, o que me tornaria um seguidor da meritocracia se escolher seguir e deixar você morrer?

          Da mesma forma, se depois de salvo vier me pedir emprego e preferir outro igualmente habilidoso mas não alcoólatra. O que isso me tornará imoral?

  188. O que é a meritocracia?

    O que efetivamente é a meritocracia sem uma base democrática? Não existe, vira tirania. O problema é que o autor coloca como se democracia e meritocracia fossem antagônicos, quando na verdade não são. Conjugar políticas como essas é o que existe de mais básico no pensamento político moderno. 

  189. Horrivel

    Parabens, ha muito tempo nao lia um texto tao ruim e equivocado.

    Se eu não soubesse que era jornalista, pensaria que o autor, após se formar em Sociologia, fez concurso pro Detran e por lá trabalhou durante os anos 90. 

    É raro encontrar um texto onde cada palavra possui conceitos socialistas equivocados. Precisaria de um tratado de 10 volumes para explicar por que cada palavra deste texto é carregada de equívocos.

    Não valeria a pena e não adiantaria nada. Quem saiu da adolescência e continuou pensando assim, não deve estar realmente nem um pouco preocupado com argumentos. 

    Ainda bem que a engrenagem do país não é girada pelos “intelectuais”.

    1. Correçaão

      Ih! Falei besteira! O autor não é o Nassif! Então, sim, penso que o tal Renato se formou em Sociologia e trabalhou no Detran nos anos 90!

    2. Ainda bem que a engrenagem do país não é girada pelos “intelectuais”.

       

      Quem dera… Citando John Maynard Keynes:

       

      “as idéias dos economistas e filósofos políticos, estejam elas certas ou erradas, são mais poderosas do que comumente se percebe. Com efeito, elas governam o mundo quase sozinhas. Homens práticos, que se acreditam isentos de qualquer influência intelectual, costumam ser escravos de algum economista defunto”.

       

      Ou seja, uma idéia errada, mas com muito apelo [para a classe intelectual] como parece ser o caso aqui, pode fazer muito estrago.

      1. Keynes

        É verdade que as idéias dos intelectuais tem muito mais poder do que geralmente se pensa:  caso contrário, como se poderia explicar que algum país jamais pudesse se tornar socialista? O bom senso e a percepção do funcionamento das coisas não permitiram que isso acontecesse. É imprescindível a influência e deletéria dos salvadores de mundo que habitam as bibliotecas.

  190. A classe média.

     

     

                                    Infelizmente, não li o artigo da Marilena Chauí, por quem tenho a maior admiração, mas não fico perplexa e nem rejeito a tese de que  tal classe seja  fascista, violenta e ignorante, ainda que a ela pertença.

    De todas as classes  a média é a menos criativa, a mais intragável  por ser a classe pequeno-burguesa por excelência. Sempre que penso nos desprazeres da classe média, faço um paralelo com aquela que fez a revolução francesa.  Chegando ao poder adquire os mesmos vícios, o mesmo perfil  daqueles que antes tanto condenava.

     

     

     

     

  191. O que me espanta nas

    O que me espanta nas “Ciencias Humanas” e que qualquer um escreve o que quiser sem nenum tipo de rigor cientifico. Nada precisa ser comprovado e fatos sao irrelevantes. 

    No maximo sustenta a ideia em algum outro  escritor anterior que tambem cometeu os mesmos erros e que fundamentou suas ideias em teorias sem o menor tipo de comprovacao.

    Voce ate pode dizer que 2+5=15 e dai criar um monte de teorias e formulas que se auto sustentam mas tudo cai por terra ja que a raiz de tudo e uma premissa errada.

    Pelo menos nao te cansa um pouco escrever tanta besteira junta?

    1. Exatamente. Alguns dos nosso

      Exatamente. Alguns dos nosso cientistas sociais deveriam ser obrigados a apresentar resultados práticos e reais em seus devaneios. Talvez assim parassem de teimar tanto com ideias absurdas que só se sustentam e tem público em seus (pobres) alunos encastelados nas universidades.

    2. Rigor científico

      Engraçado, você fala em rigor científico, argumentos com comprovação e simplesmente ataca o texto sem um argumento. Você apenas discorda do texto mas não diz por que razão. Então, antes de pedir argumentos e rigor científico, mostre onde faltou e por que faltou. 

    3. Rigor científico

      Imagino que tenhamos muitas provas científicas que sustentam a opção, repito, opção, pela meritocracia. Podem compartilhar?

      E, por favor, observações de senso comum não se enquadram na categoria de provas científicas. Não custa avisar.

       

       

       

  192.  E’ um texto interessante no

     E’ um texto interessante no ponto de vista ideologico. Mas voce confunde o conceito de meritocracia como pivo de desigualdade social, ou a aplicacao dela em uma sociedade como a do Brasil. Em um mundo utopico, onde nao existe desigualdade social, e’ a meritocracia que faz diferenciar os individuos. Em um mundo socialista, no e’ tendenciado ideologicamente, este conceito nao se encaixa porque e’ o Estado que deve gerir uma sociedade (claro no ponto C do texto) e nao a sociedade se auto-gerir, com o governo apenas responsavel pela organizacao. Exatamente num governo socialista a falta de meritocracia facilita o controle da sociedade, fazendo a propria falta de individualidade seja o centro de gerenciamento de uma nacao. 

    Voce tenta de alguma forma legitimar as acoes do nosso governo de combate a desigualdade social, acoes o qual realmente apoio (com excecao do Medicos por ser eleitoreira-politica e nao ideologica) mesmo sendo um embaixador da meritocracia, mas que grande parte da classe media brasileira nao reconhece como legitima, que neste caso ao meu ver, por egoismo oriundo da ignorancia, nao por ser uma classe meritocratica. Voce tenta erroneamente rotular a meritocracia como forma de criar desigualdade. Na realidade voce une equivocadamente o conceito de desigualdade com injustica, o qual nao tem nenhuma relacao, a desigualdade nada mais e’ que a diferenciacao de duas partes, mas e’ a injustica que faz a desiguladade nao sadia, ou melhor a falta de oportunidade. 

    Quando se cria igualdade de oportunidade e’ a meritocracia que ira fornecer o crescimento, desenvolvimento e desafio do status quo, sem que haja injustica, caso contrario nao existira nunca motivacao para se fazer melhor. Voce somente esta apto a escrever em um jornal por voce ser melhor no que faz. Por voce ter meritos e’ que esta conquistando essa diferenca, sem qualquer impacto na injustica ou criando desigualdade nao sadia por falta de valores. E’ a meritocracia aliada ao conceito de honestidade que vai o indivudo se diferenciar dos outros sem quebrar nenhum valor de justica, e se tornar melhor do que os outros sem que haja favorecimento. Naos ei se voce tem filho, mas caso tenha, tenho certeza que voce quer que ele seja melhor no que faz e que tenha um grande futuro, que diferencie por se melhor, o que nao tem anda de errado, alais nao ha reconhecimento sem meritocracia. Nao existe democracia sem meritocracia, porque o simples fato de eleger ser um meritocratico, a melhor proposta tem o merito de se governar, a melhor do ponto de vista da maior parte a favor.
     

    De forma sadia e democratica acho que seu post tem partes interessantes e condiz com grande parte da reacao da classe media brasileira, mas totalmente alienado no ponto de vista de aplicacao. Alias, a alienacao faz parte constantemente dos ideologicos de esquerda, ate mesmo aceitando a desigualdade como meio de se atingir o ideal. O Brasil precisa de meritocracia aliado a honestidade, porem o atual governo se baseia na igualdade usando-se da desonistidade, usando-se do proprio fator deficiente de uma sociedade capitalista mas sem educacao.

     

    Abracos

    1. Voce esquece que no atual

      Voce esquece que no atual sistema de governo que, nao importando ser de esquerda ou direita, nao se mostra eficiente, frente a realidade social do pais, que clama por uma reforma no ponto de vista da sociedade brasileira como um todo.

      Atacar a visao politica de alguem, e nao explicar, coerentemente, o porque da sua visao pessoal sobre o assunto, desvaloriza seu argumento.

      Uma sociedade meritocratica nao alavanca nenhum tipo de progresso saudavel, e muito menos justo.O merito, caso voce ja tenha se candidatado a algum tipo de concurso ou processo de avaliacao objetivo, nao escolhe nem sequer os “merecedores”, pois relega ao sucesso na selecao, apenas os individuos mais aptos ao teste de avaliacao em si, quer seja ele uma entrevista de emprego, um vestibular, um concurso publico ou qualquer outro que o seja.Abre espaco para o desvirtuamento do objetivo de um “controle” de capacidade ou merecimento, onde a aprovacao no processo e mais importante que a candidatura em primeiro lugar.

      Se sua preocupacao e com seu filho, invista na educacao do mesmo e deixe que ele experimente, outras realidades sociais, como a Europeia, onde a meritocracia nao rege a maioria das cabecas pensantes nos diversos paises daquele continente.

      Final de 2013 e ainda estamos pensando em BabyBoom. 

       

      Triste

       

      Maximiliano

       

  193. Horrível

    Texto horrível, para quem tiver paciência de ler. Mas seguramente vai se tornar um viral anti-meritocrático. Vai virar discurso pronto. É a justificativa sociológica para os males da sociedade, é ele, o mérito esse demônio.
    É a oposição entre democracia e mérito, um pautado na disputa de poder, na linda e maravilhosa ação política, o segundo, uma espécie de excrescência da humanidade que se opõe a todo o belo com seu feio tecnicismo e condenável objetividade.

    Como num iluminismo ao revés o autor desdenha do mérito, da objetividade, da racionalidade humana e do domínio técnico (como se ele fosse apenas um discurso político) e prega valores (moral) como motor da sociedade. Nada mais tirano. O argumento do autor é de um obscurantismo inacreditável.

    1. Leia mais…

      O senhor só achou o texto horrível e chato porque muito provavelmente nunca leu o texto Dialética do Iluminismo de Adorno e Horkheimer, escrito em 1947… e duvido que leia. O que vai favorecer ainda mais sua ideologia falha. E tudo bem passar por cima da Declaração Universal dos Direitos Humanos então? Depois o autor do texto que é tirano… por favor, leia mais (não o paulo coelho, claro rsrs) porque quem lê mai pensa mais, e o senhor precisa.

  194. A humanidade merece?

    Texto extremamente instigante que tem o MÉRITO de provocar a reflexão.

    Mesmo que não tenha o MÉRITO de alcançar a quantidade de leitores que quaisquer colunistas d’O Globo  ou da Folha alcançam.

    O Homo Sapiens é extremamente MERITÓRIO por ter alcançado o sucesso evolutivo que lhe permitiu o domínio do planeta. E também por ter reconhecido que esse sucesso só lhe foi concedido pela colaboração de todo o conhecimento, todas as habilidades construídas pela sua SOCIABILIDADE.

    Esse reconhecimento foi MERITÓRIAMENTE institucionalizado pela Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Mas o Homo Sapiens ainda não alcançou o MÉRITO de cumpri-la.

    Não há – e não haverá jamais – nenhum indivíduo capaz de produzir o que o que produzimos como Espécie.                    Por mais MERITÓRIO que seja em sua especialidade.

    O reconhecimento da mera INTERDEPENDÊNCIA do Homo Sapiens já seria argumento suficiente para se reconhecer o MÉRITO da postulação revolucionária de ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’.

    O MÉRITO INDIVIDUAL é uma FALÁCIA.

    A Meritocracia individualists defendida pelas classes médias afronta a Declaração Universal dos Direitos do Homem.   

    A sobrevivência da espécie não é tarefa de nenhuma classe.

    É da Humanidade.

    Cabe sim a cada indivíduo decidir seu próprio grau de Humanidade.

    A leitura da Declaração Universal dos Direitos do Homem pode servir de critério.

     

     

  195. Meritocracia

    Tudo o que a nossa cultura tem de melhor, na ciência, nas artes e nas humanidades, foi criado  por uma minoria mais capaz, mais criadora, mais empreendedora e mais esforçada, que teve o mérito de criar o que criaram, produzindo avanços que beneficiam a toda a humanidade. Não fosse assim estariamos ainda na idade das pedras.

    Mas, supondo podermos mudar a raça humana e eliminarmos a meritocracia, quem decidiria o que é melhor, em cada atividade? Ou não existe “melhor”?

    Para construir uma casa segura para si, você escolheria um bom engenheiro, ou qualquer um serve? Para cuidar da saúde de sua família, você escolheria o melhor médico, ou qualquer um serve? Que tipo de música ouves: uma composição bem elaborada, interpretada por um músico que estudou muito, ou qualquer um serve?

    Na verdade, cada um de nós escolhe o que é melhor para si, e pronto, estamos permanentemente fazendo um julgamento de mérito.

    1. É mesmo?  Toda a tecnologia

      É mesmo?  Toda a tecnologia que proporciona o “progresso” da sociedade vem das equaçoes de Maxwell se você souber quem é ele sabe que ele nao fez essas 4 equaçoes, ele só adaptpou UMA delas, e alem de ficar com o MERITO quem desenvolveu grande parte deste conhecimento foi Nicola Tesla e Ampere…veja como eles acabaram, procure pra ver se existe alguma valorização desses homens que nao seja uma unidade de medida e admiração de especialistas
       

      E assim Newton é um desses genios que você cita, e ele tava bem longe da passar fome, agora procure por Pierre Fermat ou Leibiniz e vamos ver o que você fala desses meritos ao avanço da sociedade….

      1. Claro que há exceções

        Exceções e injustiças sempre haverá. Eu me refiro ao progresso científico, artístico e filosófico de toda a humanidade, desde o princípio, e não fatos isolados.

         

  196. Esses comentários que estou

    Esses comentários que estou vendo aqui só confirma aida mais a tese da Marilena,  até para se defederem do rótulo de reacionária e fascitas utilizam argumentos ainda mais reacionários e ultra facistas. Essa Classe média é uma Piada, uma abominação.

  197. MERITOCRACIA

    O texto sofre aquela influência “teoria da conspiração”, típica dos analistas de esquerda (nem sei se o autor é de esquerda, mas há esse viés). Tudo é mascarado, tudo é escamoteado. Assim, um fenômeno positivo, como a meritocracia, acaba se tornando instrumento de dominação. Que outra característica pode refletir melhor a democracia, a igualdade de oportunidades entre os homens senão a meritocracia? Se ela é manipulada em nosso país, a questão é o estado pré-civilizatório de nossas instituições e de nossa sociedade. É claro que o autor tem razão com relação ao conservadorismo de boa parte da classe média. Alguns reclamam da concentração de renda, mas seriam acumuladores se pudessem. Na base da educação brasileira, há aquela mentalidade do que eu chamo de “visão hierarquizada da vida”, como um imperativo: – tenho de ascender às classes superiores para poder ser respeitado. Isso é mais patente – reconheço – nas sociedades capitalistas.

  198. Faz pensar…

    Acredito que a maior contribuição do artigo foi questionar os critérios utilizados atualmente para se considerar um fenômeno como meritocrático ou não. Creio que, num país como o nosso, não há base para comparação entre uma pessoa pobre que a vida toda dependeu de um sistema educacional falido e outra que teve acesso a uma educação de qualidade. Esta última não teve o mérito de estudar em escolas melhores, mas sim sorte. Somente quando a compraração se dá entre indivíduos que tiveram oportunidades semelhantes, é que se pode julgar seus desempenhos e, assim, determinar quem tem ou não mérito no caso.

  199. Eu tenho todas as reservas do

    Eu tenho todas as reservas do mundo contra a meritocracia, porém não vamos fechar os olhos para os fatos: o autor simplesmente inverteu toda a questão.

    Em primeiro lugar, a Europa e os EUA são o berço e a escola da meritocracia. A meritocracia parte do pressuposto de que todas as pessoas são obrigadas a competir no mercado de trabalho, e daí naturalmente decorre que uma sociedade só pode ser justa no momento em que todos têm condições mínimas para competir. Esses países se depararam com esse impasse num dado momento, assim como o Brasil se depara hoje, e a solução a qual chegaram foi uma política governamental de consolidação ou manutenção da classe média. É o mesmo que vem sendo feito por aqui, com justamente a mesma intenção.

    Agora: o médico brasileiro pode ser ingênuo, mas ele não é tão ingênuo a ponto de duvidar que jamais seria médico se tivesse nascido pobre. Jamais conheci um médico que não admitisse a necessidade de pertencer no mínimo à classe média para estudar medicina, e isso não constitui uma confissão de mérito e sim de privilégio.

    O que a elite brasileira mais teme não é a competição injusta e sim a própria competição, que no país nunca existiu de maneira séria entre as classes privilegiadas (o autor está enganado quando diz que a classe baixa não valoriza o mérito; é justamente ela que mais acredita na importância do esforço e aprimoramento para “subir na vida”).

    Essa competição é desejável? Na minha opinião, não é. Como já disse, também não concordo com a meritocracia como “solução” social. Existem vias melhores do que o sistema capitalista, como por exemplo o Distributismo defendido por Belloc e Chesterton. Mas essa já é outra história… a questão aqui é que de forma alguma a classe média brasileira pode ser considerada meritocrática. Se ela reage contra as mudanças, é simplesmente porque deseja ter os seus privilégios econômicos garantidos para não precisar recorrer aos méritos individuais, porque se for depender disso, metade dos profissionais que estão em cargos de importância no mercado de trabalho vão ter que voltar pra biblioteca (se é que já abriram um livro).

  200. Meritocracia

    A Meritocracia , quando mal usada, pode provocar o almento do abismo social, mas quando bem usada, pode fortalecer e desenvolver a democracia e a justiça social. Isto é, ela tem uma lado bom e outro ruim. Por exemplo: Sou professor da rede estadual e o ex- governador mandou aprovar uma lei inconstitucional onde o educador só poderá se reenquadrar por tempo de serviço se o mesmo passar por uma prova, tudo em nome da Meritocracia. Nesse caso , essa tal Meritocracia  além de ser injusta, serve para distorcer e hierarquizar ainda mais a classe trabalhadora. Mas teve um episódio muito válido em que foi instituído um concurso público para gestores de escolas, onde os que foram aprovados continuaram nos seus cargos, que até então eram indicados por critérios políticos partidários , e os que foram reprovados, tiveram que voltar pra sala de aula. Houve desenvolvimento e melhoras no sistema educacional de minha cidade. Nesse caso, a meritocracia trouxe igualdade de condições e acabou com o apadrinhado político no sistema educacional.

  201. O governo trabalha com a

    O governo trabalha com a técnica de desacreditar e culpar uns aos outros pra ele sair bem na situação. Temos uma legislação trabalhista que fode o patrão e o empregado, mas o governo diz que a culpa é do patrão pra que eles briguem entre si. Criam cotas, fomentando a segregação e discriminação, dizem que a culpa é dos brancos maioritários, mas eles que não dão educação, oportunidades, segurança e saúde. O governo tirou milhões da zona de pobreza. E daí? Qual o próximo passo? Surpresa! Não há próximo passo! Somos todos otários! E mais: estamos em guerra uns com os outros, achando que a culpa é do outro, que tá no mesmo barco se fudendo do mesmo jeito! A Economia é uma ciência humana, muito mais humanística que qualquer pensamento dessa corja e qualquer pensamento idealista de que a pobreza acabou. Se quem sustenta o bolsa família quebrar, quem vai pagar o pato? Engenheiros, advogados, garçons, empresários, todos que trabalhamos e oferecemos sustento e oportunidade às pessoas, nós somos culpados? Nós queremos que o povo se eduque! Nós temos que capacitar e qualificar a mão de obra porque o governo não o faz. Nós temos que ter colaboradores estimulados e motivados a trabalhar, e pra isso arcamos com mais que deveríamos! Querem incutir a culpa no fraco! Nós somos fracos! Nós somos desunidos! E o gigante continua em sono profundo! Cala a boca e vai viver o mundo real, sai dessa concha de sonhos!

  202. Mérito

    Realmente, a meritocracia é algo que a esquerda nunca entendeu. E é bom que entenda porque é uma idéia muito forte. Gostaria apenas de chamar a atenção para um detalhe importante que se refere ao problema do “Mais Médicos”. Isso tudo aconteceu por “falta de capitalismo”. Até pouco tempo atrás, a bandeira dos médicos era: “novos cursos de medicina fazem mal à saúde”, era praticamente um programa “Menos Médicos”, algo que manteve baixo o número de médicos formados a cada ano por décadas. Era a negação da carência numérica de profissionais. Dizer que falta estrutura no SUS não muda essa carência. O mérito também é manipulado institucionalmente: ele não é tão simples e “individual” como brada a nossa linda classe média.

  203. Façamos da seguinte forma:

    Façamos da seguinte forma: Dividimos a sociedade brasileira em duas metades, estabelecemos cotas  para  que a seleção de um grupo seja  entre os que acreditam ser o mérito como o critério e o outro grupo foramdo pelos que não acreditam  no mértito como critério de seleção.  Resolvido o problema.

  204. É mesmo!

    Os comentários confirmam a tese do autor. E eu diria mais: a mente da classe média foi formatada para pensar em termos monistas, sob a forma do individualismo. A dimensão relacional do ser humano, e a complexidade da existência, são completamente ignoradas na quase totalidade dos comentários que li. Li aproximadamente vinte comentários.

    Há, porém, um comentário que me chamou a atenção. Alguém sustentou que as sociedades europeias se assentam na méritocracia. Inicialmente, no velho continente, a meritocracia teria assumido feições individualistas, desaguando em impasses históricos que terminaram por exigir a criação de condições mais favoráveis à competição. Em outras palavras, num dado momento os europeus se deram conta que a meritocracia era insuficiente para a construção de uma sociedade justa. Foram necessárias políticas públicas estruturantes (fora do esquema do mérito) que garantissem oportunidades para que as pessoas pudessem realizar todo o seu potencial. Portanto, a meritocracia individualista foi superada, dando lugar a projetos de sociedade.

  205. Belíssima análise

    Um dos melhores textos já publicados por Luis Nassif. Destaco a menção ao dueto CNPQ e CAPES: o que menos importa é a qualidade ou o valor para a sociedade no desenvolvimento de atividades docentes. O que menos importa é ser professor que está em sala de aula. Importa é engordar o Lattes como se engorda um leitão. Eis a meritocracia na Universidade: promove competição, egocentrismo e isolamento, dos docentes e das instituições, não obstante alguns bons resultados.

    Parabéns pela análise, caro Renato. Salvarei para um dia utilizar em sala de aula.

    1. Apenas um comentário…

      Apesar de cocnordar que muito lixo é produzido em termos de artigos científicos no Brasil, devido a obrigação de se “engorgar” o lattes, não penso que o dueto CAPES e CNPQ sejam os responsáveis por isso. 
      Promover a competição era pra ser considerado bom, porque estar em posição de conforto também significa não querer avançar. A competição faz com que as pessoas tentem melhorar, “dar o melhor de si”, trabalhar para conseguir bons resultados. Infelizmente, a competição também faz com que pessoas sem caráter usem de meios errados para conseguir seus “méritos”, além da publicação de LIXO ser praticamente incentivada por órgãos como CAPES e CNPQ. Enfim, a responsabilidade é sim dos órgãos do governo, mas também é muito do cidadão que o recebe. O Brasil é um país de corruptos em sua grande maioria, e parece que, pelo menos por enquanto, não há nada que possa ser feito para que o “jeitinho brasileiro” não seja visto em todos as partes da sociedade, inclusive na científica.

  206. Como forjar um “culpado”

    O autor conseguiu de fato. através do seu discurso prolixo, baseado em observações meamente pessoais, muitas vezes ideológicas ou filosóficas portanto com baixo valor científico ou de credibilidade, endemonizar aquilo que foi um dos fundamentos da criação da civilização ocidental. Não teriamos deixado o estado de barbárie civilizatória se os individuos não tivessem a crença de que seu trabalho ou sua pesquisa ou seu esforço pessoal ou mesmo coletivo fizesse uma diferença no sentido de avançar o conhecimento ou mesmo qualquer progresso. Na verdade há uma confusão enorme entre um estado desenvolvido oferecer igualdade de oportunidades, onde o mérito realmente é devidamente premiado e observar o nosso país onde um estado incompetente é incapaz de oferecer estas condições. Neste segundo caso, que é o do Brasil, então a culpa por todo o “fracasso” de um estado corporativo, patrimonialista e idologizado tem que recair justamente sobre a massacrada classe média que não tem a sorte de ter o estado assitencialista para defendê-la e protegê-la das infames elites indiferentes. De fato a nossa classe média não é reacionária, mas sim ignorante, e os poucos que tentam fugir disso tem que ser punidos por filósofos de plantão e analistas de ocasião, num país que faz de tudo para tornar todos ignorantes inclusive articulistas que não conhecem o fato de que o valor de um argumento ou hipótese não pode ser justificada a partir de experiencias pessoais, ou argumentação puramente socio-ideológica, por mais importantes que sejam para o individuo que as faz.

  207. A Arte de usar a Linguagem para confundir

    O autor está de parabéns, conseguiu através de um discurso prolixo, onde as experiêcias pessoais de “casos” é usada para atacar uma das idéias mais civilizadoras da humanidade. O que incomoda na classe média brasileira é que ela geralmente não gosta de governos e politicos populistas que mantém, através de politicas assistêncialistas permanentes, currais eleitorias em nome das melhores intenções humanitárias. O que existe de fato na nossa classe média é uma enorme ignorância promovida por um estado que não investe na educação, uma mídia que só divulga conteúdo desqualificado e, aqueles pobres coitados que tentam fugir desta cina de país subdesenvolvido, através do seu esforço pessoal é cruxificada por analistas de ocasião ou filosófos de panfleto que justamente por também, serem afetados pelo estado geral de ignorância, que impera neste páís, acham que podem validar uma tese baseado na observação pessoal de um universo muito pequeno. Mais conhecimento de estatistica e análise científica e menos filosofia moral e ideologismo fariam bem.

  208. Meritocracia x Democracia x Chances iguais

    Um bom texto, que vale muito pela reflexão proposta, concordando ou não com o autor. A explanação poderia ser bem mais simples, mas foi boa pela qualidade da mensagem transmitida.

    A resposta para a análise é simples, porém a execução não o é: não foge muito da tríade Meritocracia x Democracia x Igualdade de condições.

    A meritocracia tem sua base na igualdade de condições, sem esse princípio fundamental, a meritocracia cai por terra, deixa de ser meritocracia e se torna favorecimento implícito, ou são necessárias muitas regras para que a avaliação inclua essa diferença – subjetiva – dentro de métrica – quase sempre objetiva, com metas, etc. Muitos já se depararam com isso no trabalho, na escola, com amigos ou até mesmo em família.

    Em resumo, é essa a questão que norteia diversos assuntos da atualidade, citados no texto: cotas, notas da escola, mais pobres x mais ricos, etc. Uns saem na frente, por ‘n’ fatores, e isso pode deturpar o resultado da aplicação da meritocracia na prática. Simples assim. Não há uma resposta objetiva, mas é fato que há desigualdade nas condições, e isso prejudica a aplicação da meritocracia.

    E onde entra a democracia nisso? Também é bem simples: enquanto a meritocracia prestigia aqueles que o fizeram por merecer, segundo os critérios definidos a cada caso, a democracia – em teoria – não privilegia ninguém em especial, mas todos – ou a maioria – em geral, sem prejuízo – quando possível – das minorias. Não chegam a ser conoceitos antagônicos, mas são linhas distintas de funcionamento de setores da sociedade. As regras que definem a meritocracia deveriam ser democráticas, o que nem sempre ocorre. Pensando bem, acho que ocorre muito pouco de regras democráticas definirem a meritocracia.

    E qual a dúvida dos dois artigos, do Renato e da Chauí, com relação a classe média? Pra mim, a resposta é também simples, mas foge radicalmente das propostas dos dois. Me desculpem o excesso acima, mas é a introdução para a resposta abaixo. É minha opinião, pessoal e intransferível, nenhum expert no assunto, e aceito críticas, sugestões, correções e elogios também.

    A classe média não consegue se identificar na democracia, porque não há essa tal de democracia na sociedade. Voto direto não é sinônimo de democracia. Não há a representação esperada de uma democracia. Então o que a classe média enxerga?

    O que ela vê no governo atual é uma gigantesca oligocracia, são vários grupos, representando interesses próprios dos participantes desses grupos. E não há um grupo que represente a população, há sim vários grupos que representam diversos setores, mas nenhum em particular atende aos anseios da classe média

    A classe média em geral tem uma formação “técnica” mais forte do que a política. Sim, porque não há educação política difundida nas escolas e universidades, salvo em poucos cursos, e além disso, utiliza-se no dia-a-dia muito mais o skill técnico – direto e objetivo – do que o skill político – subjetivo, complexo, argumentativo – no trabalho e com as pessoas. Ainda que o brasileiro em geral tenha uma característica de ser pouco objetivo e muito subjetivo, dando voltas para explicar coisas e não indo direto ao ponto, por ‘n’ razões culturais e históricas (antes que se questione isso, basta olhar para as culturas próximas e questionarem os europeus, americanos e latinos, e veremos isso em suas respostas bem claramente, já participei de estudos sobre isso com pessoas do mercosul, e também com portugueses e espanhóis).

    Essa característica mais “técnica” leva a uma clara percepção de que o funcionamento da coisa pública, sociedade e governo, são bem diferentes do esperado sob o ponto de vista “técnico”. Como parte da classe média, concordo plenamente e entendo bem o ponto. A famigerada burocracia, necessária para o funcionamento político, leva a uma subalocação dos recursos, a um despedício de esforços.

    Resumindo, quais são as intrigas da classe média?

    – Quando você vê que o dinheiro suado, que levou dias, meses, ou anos para ser conquistado, é utilizado para finalidades que não aproveitam o seu total potencial ou são desviados para fins diversos (corrupção e burocracia excessiva), que vão contra o ideal “técnico” esperado para uso dos recursos;

    – Quando você não se vê representado num ambiente dito democrático,  percebe que grupos menores e interesses divergentes dos ditos democráticos são postos em primeiro lugar, e que “políticas”, no sentido estrito da palavra, que deveriam favorecer a sociedade acabam favorecendo apenas os pequenos grupos;

    – Quando se vê “políticas” que desvalorizam o esforço do ser humano e favorecem os fatores contra-produtivo (bolsa-qualquer coisa, sem a devida estrutura para que isso um dia acabe) e contra-educativo (clara política de redução na qualidade do ensino público, com sérios e terríveis reflexos no ensino privado) ;

    – Quando se vê que as novas cabeças pensantes, esperança de algo promissor para o futuro, acabam por se render ao status quo, assim como os integrantes dos grupos favorecidos modificam o conjunto das instituições a seu favor em troca de benefícios quantitativos e qualitativos, sendo que muitos grupos são notadamente de foras-da-lei;

     

    Vendo tudo isso, não é de se revoltar? Sim, claro.

    Qual a relação da meritocracia com isso? Nada ou muito pouco, não é esse o fator principal. Acredito que a maioria concorde que há necessidade de distribuição de renda, ou seja, a maior parte tem consciência que a desigualdade de condições impede até o estabelecimento da meritocracia. Mas a maioria não concorda com a forma com que isso é feito – bolsa-família e afins – simplesmente porque é claro que esse modelo não se sustenta. Esse é o ponto, não é a ajuda social, mas a falta de estrutura social para comportar a consequência da ajuda social. Nada meritocrático, uma simples questão de uso de recursos, do tipo “eu faria melhor”, e provavelmente o faria, se toda a engrenagem pública não andasse contra isso.

    Um exemplo simples, numérico, mas que mostra claramente esse ponto, vindo da economia, minha área de pesquisa. Temos uma situação de “pleno emprego” na economia, com desemprego muito baixo. Contudo, temos um contingente de quase 50 milhões de brasileiros recebendo auxílio social, e também temos falta de mão-de-obra técnica qualificada, e até mesmo de mão-de-obra com baixa qualificação, ou seja, tem muito emprego esperando candidato com formação adequada. Nossa PEA (população economicamente ativa) é de +- 50% , enquanto que em outros países desenvolvidos, ela chega a quase 70%.

    Se 20% (10 milhões) dos que recebem auxílio social trabalhassem efetivamente, ou seja, gerassem produção econômica e girassem a roda da economia, isso poderia aumentar o contingente técnico, gerar mais progresso e desenvolvimento nas áreas carentes de profissionais, impulsionar economias locais e dos pequenos centros, e contribuir para a redução das desigualdades em regiões nas quais a distribuição de benefícios sociais atinge mais de 50% da população. 10 milhões x R$ 1.500 (salário médio no país) = + R$ 15 bilhões na economia por mês = R$ 180 bilhões ao ano = +- 3,5% do PIB de 2012 (!!!!!). Claro que as contas são aproximadas e simplificadas, mas não foram considerados efeitos indiretos no PIB, ou seja, esse resultado é factível.

    E não se vê esse tipo de iniciativa, enquanto que sabe-se por experiência difundida pelos meios de comunicação e redes sociais, que o ensino escolar fornecido a essas famílias carentes, atendidas por programas sociais, é insuficiente para prepará-los para cursos técnicos ou para o ambiente corporativo, competitivo e “meritocrático”.

    E porque só agora a revolta? 

    A revolta sempre existiu, e enquanto houver a falsa democracia, sempre existirá. A classe média sabe que os mais pobres não tem condições de se manifestar decentemente, se preocupam com coisas mais importantes, por exemplo com a sobrevivência e o trabalho para conseguirem o pão de cada dia, e o pouco de tempo no convívio familiar entre a saída de casa as 6 da manhã e o retorno as 8 da noite. Mas, passados dois governos que não conseguiram resolver o dilema democracia x uso dos recursos x igualdade de condições, sendo que este último era a última esperança , não sobrou mais nada a fazer exceto a revolta.

    E onde entra a meritocracia nesse processo? Provavelmente com seu chefe no trabalho, porque as relações sociais são muito mais relevantes que a meritocracia, e levam em conta aspectos sociais e questões humanas que estão e sempre estarão fora de seu controle. Enquanto que, num ambiente controlado, como é o caso das empresas, a meritocracia é aplicada sem maiores ressalvas. Ops, tem política também no ambiente de trabalho? Assim como na sociedade? Coincidência, será o ambiente corporativo cópia da sociedade ou vice-versa? Isso é questão para o próximo post…

     

    []’s

     

    1. Acho que seu comentário vai

      Acho que seu comentário vai na mesma direção do autor do texto.

       

      Todas as suas queixas são maiores aprofundamentos e reflexões críticas de problemas no governo, que também desempenha esse mesmo papel que a burocracia na explicação do texto, está ali e deixou a desejar quando o cidadão necessitou, e quando não isto, atrapalhou.

       

      Dessa forma, quase todas as conquistas e progresso do cidadão foram feitas à margem de qualquer auxílio mínimo do Estado, até quando este deveria ter prestado em suas atribuições mais básicas.

       

      Por isso qualquer tentativa mínima de implantação dessa estrutura de Estado que presta serviços – que são direitos, não mercadorias, as quais o representante da classe-média usufrui com base em seu mérito – é vista com estranheza, e até mesmo hostilidade e negação, como algo que não foi adquirido pelo suposto mérito.

      1. Calma lá

        Você cometeu um pequeno engano. 

         

        Se o Estado não cumpre com as necessidades do povo Brasileiro não quer dizer que temos ação mínima de Estado. Pelo contrário, a situação real da gestão pública e totalmente operante a partir do momento em que se tem  a maior carga tributária do mundo. Estamos pagando excessivamente o ESTADO para não vermos resultado nenhum. Ou seja, o estado cobra para o atendimento de necessidades mas o mesmo não é feito. Temos uma imposição estatal enorme sobre os nossos bolsos que não resultam em nada. Se não tivesse essa imposição, teriamos mais liberdade economica tanto juridicamente quanto pessoalmente. Ou melhor, que se continuasse essa intervenção estatal em nossos bolsos que façam bom uso dela e parem de ficar colocando na cueca, pois são bilhões desviados do governo por ANO. Essa taxação de impostos estão pagando muito alto os salários desses servidores públicos que não fazem nada! Poderia muito bem desviar para a educação, saúde, pagando melhor nossos professores, pois esses merecem e esses mudam um País.

         

        Colocar a culpa na meritocracia pela desigualdade social do País é pura ignorancia. Pessoas que são cegas para determinar algo grosso como esse. O dinheiro dos impostos desviados não seriam a maior causa da desigualdade social? Arrancando dinheiro do Brasileiro para pagar mansão de vereador vagabundo já se transforma uma sociedade totalmente desigual.

  209. Os textos sobre a classe

    Os textos sobre a classe media incomodam-me bastante por toma-lá como um bloco homogêneo.

    Penso que a classe media e uma classe em disputa,parte assumindo valores de direita, parte assumindo valores progressistas.

    Venhamos e convenhamos, a maior parte dos blogueiros progressistas e de classe media, Guevara era de Classe Media, Lenine era de classe media, a geração que enfrentou a ditadura no Brasil nas universidades era de classe media, boa parte dos partidos de esquerda e que se dizem de esquerda no Brasil, e de classe media. 

    Maria Helena Chaui e de classe media, o autor deste texto acima idem.

    O que acho e que a classe media no Brasil  esta em geral muito mais a direita do que nos anos 70.

    Havia um espirito pôs 68 difuso no ar e nas universidades . Hoje predomina o pensamento de direita.

    Fica a questão, porque?

     

     

     

  210. É o artigo mais atrevido e

    É o artigo mais atrevido e elucidativo sobre o tema que já li. Trata-se de uma percepção nova que merece um estudo mais aprofundado. Parabéns ao autor.

  211. sofismas

    A mim me parece que mérito e desempenho são coisas muito diferentes. Também penso que o autor acusa a meritocracia de efeitos dos quais ela não é culpada. O ideal seria que todos tivessem condições para desenvolver seu potencial. A culpa da desigualdade me parece ser a ausência dessas condições que o Estado deveria providenciar a todos.

  212. Nem perplexidade e nem rejeição

    Não fiquei perplexa e nem tendi a rejeitar o que Marilena Chauí disse. Me senti foi é contemplada. Babei de orgulho.

  213. Bom, o texto pode ter algum

    Bom, o texto pode ter algum fundamento, mas então me diga, se a avaliação de desempenho causa as desigualdades, qual é a solução ? Apontar o dedo e falar, isso é errado, isso é certo, é muito fácil e qualquer besta faz.

    Devemos jogar os nomes para o alto e o primeiro que eu pegar vai ter oportunidade melhor que o outro ? Um serviço público essencial, deve ser exercido por qualquer um, independente da capacidade intelectual ? Se provas não avaliam corretamente, qual é o meio certo ? Como eu disse, apontar um suposto erro é muito fácil, agora dar uma solução plaúsivel é outra coisa completamente diferente.

    Essa politicagem marota, é o mesmo papo dos direitos humanos.

    Fundamente sua teoria com uma solução ou nem abra a boca pra falar um monte de pensamento esquerdista.

    1. Antes de voce começar a o dia

      Antes de voce começar a o dia voce abre os olhos… e é isso que esse corolário nos faz refletir e abrir os olhos, concordo que devemos agir, mas como? se necessáriamente nesse momento acabamos de abrir os olhos, concordo com a colocação do texto, somos muito meritocrátas com tudo na nossa vida, acabar com isso levará gerações, é preciso primeiro elevar essa consciencia como pessoas, indivíduos, depois como familia e por ultimo como cidadãos,

    2. O autor fez uma crítica

      O autor fez uma crítica àqueles que defendem a meritocracia como única ideologia para todas as esferas das atividades sociais.

      A meritocracia aqui ou ali tudo bem, agora querer implantar isso como única forma de avaliação e gestão social, como os reacionários meritocratas querem fazer, aí já é demais.

  214. Enquanto na Alemanha

    Enquanto na Alemanha osprofessores e profissionais dão atenção especilíssima para qualquer aluno que esteja com problemas sociais/psicológicos/familiares, aqui no Brasil surge um movimento bem contrário, tirando a individualidade da personalidade e das condções de vida do cidadão e passando a tentar padronizá-lo de uma maneira que me remete particularmente aos séculos 18/19.

     

  215. ARTIGO SOBRE A CLASSE MÉDIA

    Prezado Renato,

    O distúrbio que me tira o sono dessa vez foi bastante compensador. E esclareço o porquê: o seu artigo. Ele é de uma lucidez impressionante. Você decifra o ethos dessa fração de classe com uma competência inigualável. Valeu o sono perdido, mais uma vez. Vou compartilhar com meus alunos, pois como professor da disciplina Política Educacional temos nos deparado, recorrentemente, com o tema abordado por você. Parabéns!

  216. Desvendando a espuma: o enigma da classe média brasileira
    Talvez 3 pontos mereçam destaque: 1) Pelo exposto, a “classe média brasileira” assim chamada pela Chauí, amiga do Requião, se comporta a grosso modo da mesma forma que EUA e Europa, diferente da classe média da Coréia do Norte ou Cuba. Bom ou ruim? Cada um tem sua própria conclusão. 2) A frase no final do texto: “Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos.” Será que o abismo é originado pela possibilidade de crescimento existente na meritocracia? Ou seja, se alguém cresce aumenta a distância de quem ficou na base. Porém, sem o mérito não há estímulo à crescer, sem crescimento ficam todos nivelados na base. Todos na base não há abismos entre eles. Outra vez, bom ou ruim? 3) O mérito, ou seja a recompensa por seus atos, sempre irá existir, faz parte da natureza, porém, sem meritocracia o que nos sobra? Ou seja, sem argumentos técnicos para avaliação o que nos sobra? Só é recompensado quem for amigo do Rei, ou só os amigos do grupo no poder? Se eu fosse amigo do grupo no poder seria ótimo, pelo menos para mim.

  217. Perfeito o texto !
    Perfeito o texto ! E gostaria de complementar mais uma coisa que não foi dita.

    A grande maioria da classe média de hoje no Brasil, pelo menos nas regiões Sudeste e Sul, não por acaso as mais ricas do país, é formada por imigrantes estrangeiros e seus descendentes de grau não muito alto. A valorização do trabalho duro e do estudo como legado aos filhos fez com que um monte de imigrantes pobres, muitos deles com baixíssima formação intelectual, em poucas gerações chegasse às classe médias.

    Eu mesmo sou filho de imigrantes quase analfabetos e todos os filhos puderam estudar nas melhores universidades públicas brasileiras por mérito próprio. Meus pais valorizam muito mais o Brasil do que a maioria dos brasileiros e não conseguem acreditar como ainda há tanta pobreza em um país riquíssimo como o Brasil. Acredito que o autor, o Luis Nassif, até pelo sobrenome, ser um caso semelhante.

  218. Me caro Renato Souza, como é

    Me caro Renato Souza, como é bom ler algo tão elucidativo.

    Assim como você, tinha certa aversão às opiniões da Chauí até que ocorreram as manifestações.

    Fiquei com algo entalado, um nó na garganta e uma gastrite que me incomodava. Ainda não concordava com ela, mas sabia que de alguma maneira ela tinha uma noção, uma visão que eu ainda não havia adquirido.

    Esse seu texto me fez muito bem, pois sou um destes que mudaram de posição social à pouco tempo, atráves dessa meritocracia. Mas nunca concorder com esse pensamento da classe média brasileira.

    Por causa de políticas sociais pra inglês ver, após mudar de classe social, também fiquei com este sentimento de que “quem não trabalha e não estuda não merece”, mas sempre gostei de ser muito crítica com meu pensamento e o porque de pensar dssa maneira nesse momento.

     

    Parabéns! Você conseguiu explicar o que outros não conseguiram, não tirando o mérito deles.

     

  219. Chaui’s Adventures in Wonderland
    Texto parece uma tradução eletrônica de qualquer dos ditos posmodernistas franceses com suas metáforas selvagens, que saltam da abstração pra se tornarem (falsamente, claro) fatos. Cada parágrafo se contradiz a si mesmo, de forma tão circularmente repetitiva em trajetória pleonástica sobre uma viciosa fita de Moebius. Com todo respeito, (juro, com respeito mesmo, lixo de texto, digo, lixo de argumentação: antiga, pseudocentífica, de charlatanismo intectual tao à moda da Sra Profa. Chaui (embora eu a che autêntica, digo, acho que ela acredita piamente no que fala, estuda e escreve).  Isso é o epíteto da falta de método no argumento: “(…) [Chauí] fala da classe média brasileira, não da classe média de maneira geral, não como categoria social. Então, para ela, a identificação deste fenômeno não tem uma fundamentação eminentemente filosófica ou sociológica, e sim empírica: é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana. (…)”  Repito:  “(…) é fruto da sua observação, sobretudo da classe média paulistana (…)” … ‘fruto da observação’… Observação? Dados? análise? alguma quantificação? … (ah,, nao pode quantificar, isso eh da ideologia da meritocracia, coisa de reacionário de esquerda, em que os que merecem arquitetem o mal dos que não merecem).  Observação científica? ou pessoal? se for pessoal, nao passa de literatura, nao de sociologia, economia, pedagogia, ou qualquer ‘logos’ que valha o dinheiro da espoliada CAPES ou do CNPq.  É necessário sue se discuta fatos. Fatos, não opnioes, mesmo que bem intencionadas, basta (acho que desde o tal de iluminismo né?) de discussões “Through the looking-glass” …  Zeh Ninguem, … por mais cult’ismo’ que kitsch’ismo’… 

    1. Parabéns pelo ‘mérito’ do teu

      Parabéns pelo ‘mérito’ do teu comentário, merecedor de reverências dentro de tua própria lógica e que nos leva do nada a lugar nenhum.

  220. Parabéns! Texto

    Parabéns! Texto maravilhoso..
    Realmente uma das melhores análises sociais da origem do pensamento que infelizmente molda  a sociedade brasileira..

  221. Não esclarece nada

    Confesso que o texto e a análise são muito interessantes porém me vi em vários momentos concordando e em outros muitos discordando. No meu ponto de vista ele permeia, e muito, o pensamento socialista, como é de praxe da Marilena Chauí, pensamento esse que funciona muito bem na teoria mas é totalmente falido na prática. Me apresente um caso de sucesso de socialismos no mundo. Com relação a meritocracia acredito que seja um sistema justo, afinal qual seria outra maneira de obter ascenção senão pelo mérito? Tirando os governistas petralhas que alcançam isso pelo conluio, conchavos e falcatruas não sei de outra forma de ascenção em uma sociedade capitalista senão a meritocracia. O mundo é movido a qualificações, classificações e qualquer outro método comparativo. Não é a classe média que é reacionária e sim o povo brasileiro: sempre revoltado porém satisfeito, criticam os governantes mas não votam diferente, criticam sua situação mas (na maioria das vezes) não faz por onde melhorar. Um pensamento não meritocrático é totalmente utópico, o contrário disso é estagnação pois se não há conquistas por mérito não se tem o que buscar, o que alcançar, objetivos a cumprir, salvo você esteja no mais alto grau espiritual e busque apenas a pureza da alma. Me apresente então alternativas a meritocracia para ascenção de uma sociedade!

  222. Mérito como autoimagem

     

    Texto excelente e que trás luz sobre um tema tão atual! Sendo eu um membro típico da classe média do Rio de Janeiro, fiquei abismado com a postura conservadora e às vezes fascista da classe média carioca.

    Gostaria apenas de deixar para reflexão um fato que observei empiricamente nas jornadas de junho.

    Talvez a adesão à meritocracia pela classe média tenha um forte componente emocional, relativo à própria autoimagem da maioria dos seus membros.Indivíduos da classe média se sentem como pessoas de mérito, mesmo que, por vários critérios, não o sejam. Eles se comparam com pessoas do proletariado e do subproletariado e essa mera comparação empírica é suficente para justificar a si seu mérito. Então, a simples possibilidade de que proletários ou subproletários possam de algum modo ascender socialmente os assutam muito, muito! É uma espécia de ameaça àquela autoimagem.

    Essa conotação emocional me parecia naqueles dias justificar inúmeras atitudes muito mais do que conservadoras; na verdade, claramente fascistas. 

     

  223. Redutivo

    A meritocracia, a meu ver, é apenas uma coisa: que as pessoas sejam recompensadas proporcionalmente ao seu trabalho. Marx tinha um problema imenso com isso, já que pra ele todo trabalho é “igual” (gasto abstrato de tempo). 

    Os critérios para medir o valor do trabalho são subjetivos: não há como deduzi-los logicamente; a sociedade os “inventa”. Você verá pouca gente dessa classe média bradando contra isso! Poucos são tão burros.

    Enfim, meu ponto é que você que está inventando sua ideologia inimiga. E ainda usa ideias já vistas antes, na Escola de Frankfurt, Marx, etc. Acho um desfavor ao debate político, por adotar um linguajar pouco razoável. Mas tudo bem, é o que a audiência quer…

    Não é só a televisão que é capenga!

  224. Mérito em geral é fraude

    Você ainda acha que existe mérito? qual o mérito de alguém que estudou muito pra passar no vestibular de medicina e passou se ele sempre teve médicos na vida, sempre pode estudar sem trabalhar, os pais tinham emprego, ele tinha três refeições por dia etc e tal? o mérito dele está entre os iguais. O que se chama de mérito,em geral, é privilégio ou sorte. 

  225. Elemente und Ursprünge totaler Herrschaft

    Li este texto com muita preocupação.

    Faz muito sentido a tese de que a classe média brasileira seja defensora da recompensa pelo mérito, e de que as classes mais altas e mais baixas não o sejam. Afinal, ela ralou para “chegar lá”. Uma boa tese.

    É interessante também a idéia de que boa parte desta classe média só aceitaria qualquer recompensa com base no mérito, o que (dependendo da visão de mundo de cada um) seria injusto com quem tem menos mérito (esforço e talentos) e menos oportunidade. Seria, portanto, reacionária.

    No entanto, daí para a frente a coisa desanda geral, criando sofismas que desembocam na defesa do totalitarismo.

    Se não, vejamos:

    1 – O termo meritocracia no texto é usado em 2 sentidos: recompensa pelo mérito e forma de governo. No começo fala de recompensa pelo mérito, uso corrente no jornalismo, e no final, nos itens “abcde”, muda para o sentido literal.

    2 – Na frase “porquê (sic) a meritocracia é um fundamento perverso de organização social”, só pode ser recompensa pelo mérito, por não ser possível uma forma de governo ser um fundamento. Isto é reforçado por várias passagens do texto. Ou seja, a recompensa pelo mérito seria um fundamento perverso de organização social.

    3 – De novo na frase “porquê (sic) a meritocracia é um fundamento perverso de organização social” não está se dizendo que não deve ser o único, mas sim que não deve ser um. E isto é reafirmado em outros locais (“outra coisa é tê-la (…) como fundamento ético”, ao invés de “como um fundamento” ou “como o único fundamento”, e nem mesmo como “o principal fundamento”, e em vários outros locais).

    Na passagem “uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.)” também se opta por não usar “uma ordem social unicamente baseada”, ou mesmo “uma ordem social principalmente baseada”.

    Ora, se não deve ser baseada em diferenças de predicados pessoais, logo inteligência e esforço não são em nenhuma medida pretextos para diferenças em níveis sociais (dinheiro, responsabilidades, autonomia, influência etc). Nenhuma diferença nos níveis sociais é justificável pela recompensa ao mérito.

    4 – Dado que na vida real toda escola precisa de um diretor, todo departamento de empresa precisa de um responsável, temos então uma ordem social que é ditada de alguma outra forma, que não leva em consideração os talentos e esforços do indivíduo. O autor não expõe qual seria esta forma, talvez o sorteio ou a Nomenklatura. Todas as que imagino são necessariamente totalitárias, improdutivas para o coletivo e para o indivíduo.

    Ou seja: o texto não fala que uma ordem social baseada exclusivamente no mérito é perversa. O texto defende de forma inequívoca que uma ordem social baseada – em qualquer medida – no mérito é perversa.

    Portanto, uma sociedade em que os mais talentosos e esforçados ascendem mais do que os menos talentosos e esforçados, mesmo que oferecendo oportunidade a todos garantindo um nível mínimo de bem-estar a qualquer cidadão, financiados por impostos crescentes e redistribuidos em uma rede social, É PERVERSA!!!

    Eu acredito que a recompensa ao mérito como único critério de ordem social é injusta. Quem não tem nenhuma capacidade de contribuir não pode ter zero valor. Acredito na universalidade da educação, da saúde, da segurança, no sufrágio universal, ao mesmo tempo em que a capacidade e a ambição dos mais arrojados deve ser premiada, para que possa ser aproveitada ao máximo para criar riqueza para o coletivo. SOU PERVERSO!

    O autor exclui do cardápio até mesmo um regime escandinavo, que defende liberdade do indivíduo e do mercado num equilíbrio em que a recompensa ao mérito (ganhos individuais) atua como estímulo para incentivar os ganhos ao todo (geração de riqueza e de conhecimento), em balanço com as perdas aos indivíduos pela falta de mérito.

    Por isso, só consigo enxergar aí um texto sofismático de Socialismo Fabiano, em que os macacos-de-auditório da Geração Y são induzidos a defender um socialismo totalitário achando que vão continar tendo Facebook.

    Engolem um Viva Fidel! pensando que é Cuba Libre.

    1. Ivan, obrigado pela dedicação

      Ivan, obrigado pela dedicação em tentar desconstruir o meu texto, mas receio não ter conseguido, provavelmente porque escolhestes editá-lo, separando fragmentos que te interessavam, e negligenciando outros. Porém, o mérito do teu esforço merece uma resposta.

      Creio que não entendestes corretamente minhas intenções, nem meus argumentos. Não acho que a culpa seja somente tua, de fato eu deixei algumas lacunas neste texto que eu procurei esclarecer e aprofundar no texto “Desvendando a espuma II: de volta ao enigma da classe média” (https://jornalggn.com.br/fora-pauta/desvendando-a-espuma-ii-de-volta-ao-enigma-da-classe-media). Sugiro que leia, talvez seja útil.

      Mas não sugiro que vá a Cuba nos seus argumentos, nem que faça qualquer relação de meus argumentos com a defesa de regimes totalitários, pois isto parece uma inferência intelectualmente grosseira e sem nenhum fundamento no que escrevi. Não funciona, isto só desqualifica tuas críticas, pois eu não te dei elementos para fazeres esta inferência, portanto, elas só podem ser fruto de preconceito intelectual ou da pura vontade de vincular seu objeto de análise a algo que considera depreciativo.

      Estas dicotomias reducionistas do tipo, ou a “recompensa pelo mérito” ou a indolência; ou a meritocracia ou o comunismo/socialismo; ou o livre mercado ou o totalitarismo, são invenções retóricas arbitrárias só passíveis de seduzir a quem nunca atravessou o atlântico, pelas páginas de um livro ou de uma revista que seja. Não representam o mundo que nos cerca, pois este é bem mais complexo e não cabe nestes clichês.

      Na CEE, por exemplo, as políticas previdenciárias, os investimentos em saúde pública e educação, os pagamentos diretos para quem está fora do mercado de trabalho, são todos exemplos de políticas que deram as costas para a meritocracia em prol de uma organização social mais justa e segura. Os países europeus carregam juntos as políticas para reduzir as desigualdades dos países originários da ex-URSS em relação aos demais, desde que foram integrados à CEE, e a Política Agrícola Comum talvez seja o exemplo mais ilustrativo das suas políticas antimeritocráticas: desde os anos 90 os pagamentos feitos sobre a produção agrícola (pelo mérito, portanto) foram substituídos pelos pagamentos diretos não vinculados à produção, dentro do conceito de “multifuncionalidade do rural” – que foi inventado exatamente para justificar estes pagamentos -, e que estão vinculados a uma infinidade de “funções” muito pouco meritórias para os padrões de desempenho requeridos pelos mercados. Hoje, agricultores europeus recebem até para que seus campos sejam área de pouso para aves migratórias.

      Portanto, do ponto de vista coletivo, das políticas públicas, as sociedades europeias não são meritocracias, embora, obviamente, a vida privada possa ser livremente orientada para o, e recompensada pelo mérito; mas eu fiz esta distinção no meu texto, talvez tenha passado despercebido para você.

      Veja só, esta sua meta-redução do tipo: “ou a meritocracia” ou Cuba, ou o totalitarismo, é totalitária demais.

      De qualquer forma, obrigado pelas críticas e pela oportunidade.

      1. Falta mérito e falta abraço.

        Olá Renato,

        agradeço pela resposta, e me alivia saber que sua intenção não era permitir uma interpretação que desembocasse na apologia ao totalitarismo.

        Se tomei as partes, foi somente para tentar expor minha interpretação do todo. 

        Pela minha formação em Exatas e atuação na iniciativa privada, talvez meus modelos mentais e minha semântica sejam diferentes dos seus e de boa parte dos leitores, mas o incômodo que senti ao ler o texto foi sincero.

        Tive o privilégio (um pouco por mérito; um muito por oportunidade) de cruzar o Atlântico, e ali rapidamente aprendi a admirar o sucesso econômico concomitante a bem-estar social existente em muitos dos países da CEE.

        No entanto, o que lá ficou claro para mim, e está tão pouco claro para muita gente boa de nossa sociedade, é que a rede de proteção social criada nestes países para resguardar os que têm menos mérito só é possível porque a economia e a sociedade como um todo estão sim calcadas na recompensa ao mérito (por paradoxal que possa parecer).

        É a meritocracia presente no mercado e dentro das empresas privadas européias que mantém seus produtos e serviços úteis, inovadores e competitivos, gerando riqueza e permitindo que estes países tenham meios de sustentar todo esse sistema de bem-estar coletivo. E isto só se consegue recompensando e estimulando os mais capazes e esforçados para que continuem inventando maneiras de manter aberta a torneira que jorra para o coletivo, dando condições dignas aos que não querem ou não podem estar à frente na “corrida”.

        E no setor público é a meritocracia que mantém alta a eficiência do uso dos impostos arrecadados, permitindo aos contribuintes a percepção de que esse dinheiro é bem usado.

        Uma das cenas que mais me espantou recentemente foi a de professores carregando uma faixa onde se lia “ABAIXO A MERITOCRACIA”. Como curiosidade, na Suécia os pais têm livre escolha de em qual escola matricularão os filhos, e o repasse de dinheiro público à escola é diretamente proporcional à quantidade de matrículas, criando uma “competição de mercado” entre as escolas (já que o número de alunos é finito). A escola que não atender o que os “clientes” (os pais) esperam dela, não recebe fundos. Com isso, pretendeu-se criar nas escolas e em seus funcionários uma necessidade (mais do que uma preocupação) de atender de forma eficiente o que a sociedade espera delas como educadores. 

        Quer mais meritocracia do que isso no ensino?

        Claro que é uma solução controversa, e longe de mim querer achar que soluções específicas adotadas em países com culturas e nível educacional completamente diferentes dos nossos se aplicam aqui, só exponho que se este tipo de solução é adotado em um dos países conhecidos por melhor proteger os cidadãos, a meritocracia está longe de ser um problema per se.

        Nestas sociedades a estrutura social está desenhada predominantemente pela recompensa ao mérito, em que a posição social de cada um e as possibilidades de ascenção têm componente fortemente meritocrático (mais forte do que qualquer outro fator, seguramente). O que não quer dizer que as diferenças sociais entre o “máximo mérito” e “mínimo mérito” sejam tão grandes quanto na sociedade americana, nem muito menos como o seriam na hipotética sociedade puramente meritocrática que vi em seu texto. 

        E, mais do que isso, são sociedades em que a posição social não se traduz (ou se traduz pouco) em valor como ser humano. 

        Admiram o empresário, o executivo, o empreendedor ou o funcionário arrojados, sabendo que deles depende em boa parte o bem-estar coletivo. 

        Já aqui, se teríamos nesta classe média somente apreço pelo mérito e pouco humanismo, numa lógica de “se é pobre é bem-feito”, temos no resto da sociedade desprezo pelo mérito, aversão à hipótese de ter seu trabalho avaliado e uma lógica de que o sucesso é sempre injustificado, mesmo que advindo do mérito.

        E, na minha percepção, a classe média não está sozinha em sua carência de solidariedade. Temos em todos os estratos, do mais alto ao mais baixo, pouco apreço pelo ser humano. Simplesmente não conseguimos ver a nós mesmos no outro, como parecem fazer razoavelmente bem estas sociedades.

        Assim, acredito que pouca Meritocracia e pouco Humanismo dois dos males do Brasil são.

        E meter o pau na pouca meritocracia que existe, ao invés de aplaudir sua recente descoberta por algum setor da sociedade e criticá-la somente se tomada por deus único, nos faz permanecer por mais tempo no buraco.

        Até porque a Meritocracia, por ser mais plena quanto maior a semelhança de Oportunidades, é uma das principais forças a defender a Educação universal de qualidade, caminho obrigatório para qualquer projeto de futuro que tenhamos.

        Compartilhar é necessário, para que haja dignidade e harmonia (e mesmo mercado consumidor, alegar-se-ia aos pouco humanistas). 

        Mas para ter O QUE compartilhar, é necessário ver na recompensa ao mérito um dos valores fundamentais.

        É defendendo o Humanismo E a Meritocracia para quem não os têm que vamos chegar a algum lugar.

        Lerei seu outro texto sim.

        Um abraço.

         

        1. Bela discussão!

          Inicio parabenizando o Renato pelo belo texto, com exímia escrita e admirável argumentação.

          Achei uma excelente análise, em relação à opção da meritocracia pela classe média.

          Entretanto, ao iniciar a argumentação sobre “o que está errado com a meritocracia”, o autor, infelizmente, utiliza-se de diversas e recorrentes falácias, falhando em provar sua tese. Em um a)b)c)d)e) tendencioso e ligeiramente preconceituoso, supondo que “meritocratas” (oi?) atribuiriam VALOR ZERO a uns (pobres) e máximo a outros (que o autor considera subjetivamente medíocres, como Paulo Coelho – que, por sinal, eu também abomino, mas isso não tira seus MÉRITOS). Ora, não creio que os defensores da meritocracia desejem que os “incapazes” sejam esquecidos pelo estado. Eu, particularmente, acho isso abominável.

          Acredito também que ao utilizar uma única medida (o capital) de sucesso, o autor peca por não considerar que o ser humano, este tão diverso, que contém um universo de Raul Seixas (parceirão do Paulo Coelho, aliás), não se mede só por dinheiro. Se mede por muitas coisas, como sua integridade, importância em sua comunidade, respeito, e por aí vai. Talvez o mérito que o autor reivindica para Mário Quintana não se aplique com medidas financeiras, e sim pelo legado deixado. Afinal, quanto a “poesia” de Michel Teló terá contribuído para a humanidade? Quanto, realmente, a notoriedade de um é comparável ao patrimônio do outro? Para alguns, talvez principalmente para a clásse média, ser livre-docente e ter seu trabalho reconhecido, contribuir para a humanidade, é imensamente superior a enriquecer.

          Enfim, não pretendo enumerar cada falácia e contra-argumentar cada parágrafo do seu texto, mesmo porque a minha intenção não é desconstruir nada, e sim acrescentar um ponto de vista.

          Termino enaltecendo, com muita admiração, as respostas do Ivan B., que racionalmente e com notável eloquência expôs o outro lado da moeda. Sem ser reacionário, sem ser fascista, defendeu brilhantemente idéias legítimas que vem sendo dia após dia deturpadas com propósitos permeados de ideais comunistas ultrapassados.

          Um abraço!

        2. Caro Ivan:
          Sou pedagogo,

          Caro Ivan:

          Sou pedagogo, formado em universidade pública, professor da Rede Municipal de Educação Infantil de Florianópolis.

          Confesso que, quando li seu primeiro comentário, fiquei incomodado, pois para mim, apesar de não ter a envergadura intelectual e as experiências de vida que você e o Renato acumulam, não parece que o Renato tenha caminhado na direção de um totalitarismo ou da negação da meritocracia como um todo. Ele apenas problematizou o fato de que se instaure a meritocracia como norte em políticas públicas. Como você mesmo disse (e já na resposta de Renato), nos países escandinavos as políticas públicas não negam a meritocracia, mas não a tomam como base para as políticas que garantem os direitos básicos, sociais.
          Com relação à questão do professores, você mesmo teve a sacada: são contextos muito diferentes. Uma manifestação aqui provavelmente não teria sentido na Finlândia… Mas… Quais são as condições, a valorização material e simbólica e o histórico do magistério por lá? Daqui eu posso dizer: é a tragédia, e você deve saber disso. Nem mesmo a Lei do Piso, que daria algum suspiro (bem leve) de dignidade ao professorado, é respeitada. Muito pelo contrário. Enfim, é assunto para outro artigo. Saudações!

  226. Meritocracia

    Parabéns Renato, poderias intitular teu artigo de “Dedo na Ferida” !!! exelente, e você verbalizou umas sensassões que tenho quando converso com meus iguais desta reacionária classe média brasileira!!

  227. Besteirol sem fim

    É tanta merda nesse texto desse Renato de Souza que fica difícil criticar. O cara é uma espécie de mix de tudo que existe mais de clichê e Alice no país das Maravilhas na esquerda rasteira.

    Um ponto em particular que amey:

    “O Paulo Coelho, o Sarney e o Roberto Marinho estão (ou estiveram) lá, embora muitos achem que não merecessem. O Quintana, pelo imenso valor literário que tem, não merecia ter morrido pobre nem ter tido que morar de favor em um hotel em Porto Alegre, mas quem amealhou fortuna com a literatura foi o Coelho. Um tem inegável valor literário, outro tem desempenho de mercado. “

    Claro, agora o gosto pessoal dele pelo Quintana define que o cara deveria ser milionário, e não o Paulo Coelho. Essa merda de afirmação tem tanta babaquice concentrada que eu teria que escrever um TRATADO para destrinchar tudo. Vamos apontar alguns pontos básicos: ele fala de “valor literário” como se isso fosse uma coisa absoluta, igual pra todo mundo, e É LÓGICO que o Quintana deveria ter ficado rico, por que quem acha ele BOM acha ele tão BOM que num mundo onde o Paulo Coelho ficou rico e ele não, os outros é que estão errados de ler Paulo Coelho.

    Nunca li Paulo Coelho NA VIDA e mesmo sem ler, não li e NÃO gostei.

    Só que se se as coisas que “eu gosto” tivessem que receber medalha de “valor musical” teríamos o Discharge no Rock and Roll Hall of Fame, e isso não vai acontecer por que era um monte de punks bêbados e inúteis fazendo um som dissonante que só uma parcela pequena da população vai se interessar por e achar revolucionário. Já o fascista do gosto aí entende que TODO MUNDO tem que entender que Quintana deveria ser rico. Assim como NA MINHA ditadura toda família do meu Reich vai receber uma cópia do WHY em cd e VAI TER CENSO COM FISCAL pra ver se estão ouvindo, se não leva multa.

    Nada contra o Quintana, também não li nada dele, e não duvido que o cara tivesse um trabalho sério, estudo sobre poesia, mimimi e sei lá o que, mas esse não é o ponto. O ponto é que a porra da realidade, essa fofa, não é tão simples.

    Se o Quintana se fodeu, foi estuprado por cracudos, morreu num hotel de favor etc, o Paulo Coelho ficou maluco, foi internado em hospital psiquiatrico, teve que aturar o Raul Seixas, vendeu a alma pro diabo, se viciou em sei lá o que e bem ou mal também sentou a bunda na cadeira pra escrever a auto ajuda dele. Não caiu do céu ele vender essa monte de merda de livro.

    Idiotas vão dizer que o Paulo Coelho vende mais por que o mundo é capitalista, e a literatura do Coelho é capitalista, alienada, é um produto do mercado bla bla bla bla, e que na utopia informada deles onde todo mundo vai ser esclarecido e profundo e ter um gosto artistico “correto”, tocar violino e falar três línguas, todos irão assitir Sofia Coppola e ouvir Teatro Mágico. E ler Quintana.

    Evidente, óbvio, que as pessoas precisam de condições para se desenvolver. E eu concordo que o estado deve dar alguma medida de bem-estar para todos, saúde, segurança, educação. E NINGUÉM discorda que no nosso BRASIU varonil o estado é um lixo de proporções épicas, modelo inclusive de como fazer merda. Só que para você você qualquer COISA na vida você TEM que correr atrás.

    Ontem estava falando com um conhecido que era vendedor de sorvete, hoje é dono de seis lojas de tatuagem. Do nada o cara (pintando a parede do estúdio) me diz “Se você trabalhar em SP hoje, você se vira”. O cara saiu disso e hoje tem uma vida legal. O extremo oposto disso é nego sentado em casa vendo tv tomando cerveja com dinheiro que a rainha dá pra ele na Inglaterra. Beleza, seguro desemprego way of life. Viva essa. Não tem problema. Mas não espere que a sua porta vá abrir e uma carreira BRILHANTE vá cair na sua cabeça do NADA. Isso nunca aconteceu na história da humanidade, nenhuma vez, e tendências são de que continue assim.

    Ações assistencialistas SÃO importantes. O bolsa família é MUITO importante,  mudou o país. É a redistribuição de renda feita na base da porrada, num país onde a concentração de renda é mais do que absurda. Só que não da pra construir um país, e nem uma VIDA, baseando-se em seguro desemprego e bolsa-ajuda pra sempre. Não da pra parar nisso.

    Esse texto anti-mérito é muito, mas muito, mas muito imbecil. E o pior é que existem legiões de, ai sim, classe média idiotas que lêem essa merda e se acham humanistas, informados, poetas do sentimentos, adoradores telepatas do amor, assistidores de cinema Iraniano, escutadores de Muse, que pensam “somos a vanguarda do futuro, super conscientes, foda-se o mérito”.
     

    1. RESPOSTA

      “Mas não espere que a sua porta vá abrir e uma carreira BRILHANTE vá cair na sua cabeça do NADA. Isso nunca aconteceu na história da humanidade, nenhuma vez, e tendências são de que continue assim.”

      Conhece a história de Zeca Pagodinho?

      Você contra-argumenta um ponto! E até, à primeira vista, concordei: “Como ele pode dizer que o Quintana tem valor ‘absoluto’? Mas o fato é o seguinte: “o Quintana tem sim um reconhecimento crítico, técnico, digamos assim!” Que quero dizer, o critério do autor ali não me parece este seu “absoluto” lido, mas uma maior coerência racional verificada no Quintana, uma reflexão até mesmo mais autônoma, mais transformada… ou simplesmente o fato dele não ser repetitivo como o Coelho etc…

       

      Onde quero chegar? Não existe uma crítica razoável? Só uma maioria de consumidores? Então será bobagem minha conceber que Nietzsche seja RECONHECIDAMENTE mais inteligente do que Michel Teló?

       

      Ok! De toda forma, concordo ainda em parte com seu contraponto a um segmento de todo o texto. Absolutamente nem Nietzsche é mais inteligente que Teló. E talvez sejam incomparáveis dada a enorme diferença entre as figuras. Mas isso não transforma nem mesmo a parte contra-argumentada em absurda, porque, como dito, ele não fala em absoluto, você que lê “absoluto”, o ponto que ele coloca pode se refirir a um conhecimento crítico e técnico a respeito do Quintana, qual forma um consenso, e não uma verdade absoluta.

       

      SUA POSTURA CATÁRTICA: Você foi agressivo em demasia, antipático… Ou seja, não foi educativo ou interativo. Penso que sequer pretendia sê-lo para além de “seus partidários”, apenas travestiu de racionalidade sua fúria. Sua raiva, claramente, não é quanto ao teor total do texto, mas quanto ao manifesto do rapaz e de diversas outros pessoas que aqui concordam com que ele diz ou possam vir ainda a concordar. Não preciso recortar os pontos em sua “fala” que isto demonstram, sua honestidade os levará até esses. E se não há honestidade sua, há ignorância minha em supô-la.

      MINHA LEITURA SOBRE SUA POSTURA: Enfim, Sua posição é em defesa de algo em você mesmo, qual você não pode mudar, porque de arraigado tornou-se escora de sua conduta e caráter. Nota-se isto de você não discordar razoavelmente de todo o texto, mas emotivamente do texto, pela parte que você escolhe para contra-argumentar; visto que tal não é a parte vital do discurso, mas apenas um exemplo. Veja! O exemplo (Paulo X Quintana) poderia ser dado no âmbito musical também, referindo-se a técnica, e não ao “absoluto”. Ex: música = “harmonia, melodia, ritmo…” – Critérios: Melodia mais desenvolvida: notas progridem, não ficam se repetindo por todos os compassos, modulação, ritmo que se altera, um acompanhamento harmônico mais detalhado e bem arranjado…” Ok! Tal avaliação apontaria seguramente para um Chico Buarque melhor que um Teló, não ABSOLUTAMENTE como você lê! Claro, no caso Chico e Teló, não podemos deixar de comparar as letras! 

       

      PESSOALIDADE: Venço certa resistência minha agora ao responder a uma aplicação tão extensa e devotada à agressão, porque imagino que você usara da mesma agressividade para comigo também. Mas… que importa? Caiu-me uma tarde fresca e espaçosa, e me sobrará desta força aqui aplicada, se contra  a dureza de uma cabeça, a indiferença para lidar com as agruras derivadas; outro dia ou nesta mesma noite, quando você me responder, se o fizer. E de todo jeito, ainda que eu não lhe estivesse respondendo, você já foi agressivo com várias pessoas aqui! Que esperar desta minha semeadura?

      Faço lembrar que, diferente de você neste estrito caso, não generalizo todo o texto e nem mesmo toda sua análise. Não acho que você seja ruim, imbecil… Não direi isto! Também tenho gestos de repulsa a algo, é natural, defensivo, conservador de algo em nós! Mas o gesto aqui foi impulsivo e não racional de fato, ele se traveste. 

      Imagino que você quis se conservar e não posso ver de outro modo.  Embora eu concorde em parte, minha concordância depende de um erro qual acatei à primeira vista: você ler “absoluto” o fato do autor considerar Quintana, em determinado e estrito aspecto, a literatura, melhor, que Paulo Coelho, algo que não precisa, novamente, repito, ser necessariamente absoluto, mas pode ser muito razoável… A não ser que você discorde da crítica como parâmetro…. Tal como demonstrei no exemplo da música. Mas aí é outra conversa!

      Enfim, sua agressão e ironia não enseja ponderação, mas um duelo onde você, sim, se põe como um Deus Inteligente (absoluto) e fantasia, desenha seu “adversário” como uma “ameba”!

      Convenhamos! Categorizar um texto ponderado e com diversas partes de uma clareza racional verificável como produto de total imbecilidade ou algo similar?! Essa nítida vontade de degradar, de fechar a porta para os outros lerem… Seria catárse? Seria exorcizar seus demônios mais torpes travestidos por um razoável intelecto? Apenas a sua raiva ante o texto possa explicar tal postura, não uma frieza e racionaldiade.

      Sem mais,

      Rodrigo Machado Freire. 

       

       

      1. Rodrigo, obrigado por

        Rodrigo, obrigado por poupar-me o trabalho de responder. Quando li, também fiquei bastante incomodado. Parabéns pela argumentação.

  228. meritocracia

    Foi como que por acaso que tive acesso ao seu texto sobre a meritocracia. A questão causava-me desconforto e desconfiança. Agradeço sua postagem, trabalhosa, bem se vê, porque finalmente esclarece a função ideológica de tal proposição. Muito bom. Estamos gratos. Leslie

     

  229. Faz pensar

    Belo ponto de vista. 

    Interessante como um mesmo conceito pode adquirir diferentes significados e produzir efeitos distintos. Por um lado, a meritocracia pode ser considerada cruel e darwiniana, por outro, pode ser justa e recompensatória. Ela é severa, mas seria autoritária? 

    De um modo, pode dar fim a privilégios, de outro, pode gerar privilégios. A meritócracia comporta prêmios e punições.

    Como selecionar os melhores para posições públicas e ao mesmo tempo assegurar garantias?

    É possível utilizar meritocracia em “ambientes” públicos? 

    Enfim, divago. 

     

  230. Meritocracia somente não basta !

    É elementar que meritocracia somente não basta.

    Quando analisamos  do ponto de vista de buscar uma sociedade mais humana e mais justa.
    Porque só poderão obter méritos aquelas pessoas que disponham de oportunidades para isto.

    E numa sociedade tão injusta como a brasileira, quem nasce pobre, terá sua vida  marcada pela falta de oportunidade.

    Oportunidade de estudar em uma escola pública que realmente lhe ponha em igualdade de condições, com aqueles que estudaram em boas escolas privadas, este é um exemplo de muitos, infelizmente.

    Mas criar um falso dilema como idealizando uma sociedade que fosse totalmente insensível a questões sociais e desejasse  somente e exclusivamente o critério do mérito.
    Isto para tentar demonstrar  que a meritocracia é um erro, e um instrumento de dominação.

    Já estamos bastantes calejados com estas manipulações,  típicas dos delírios marxistas, que se auto consideram paladinos do bem e da verdade absoluta,  tão característico dos intelectuais de esquerda na América  Latina.

    Quem tem a lucidez de não olhar o mundo pelas lentes da ideologia, sabe muito bem, que quase todo  conceito levado ao extremo transformará solução em problema.
    .

     

     

  231. auhhuahuauhauh
    por mais que

    auhhuahuauhauh

    por mais que vc queira deturpar o conceito de meritocracia, SEMPRE o mais preparado, o mais esforcado e o perseverante vai prevalencer, eh assim a mais de 3 mil anos,  e nao eh o seu pensamento comunista igualitario ufanista que vai fazer isso mudar….

    os homens so sao iguais perante a lei, fora isso NAO sao iguais em nada

    nem todos tem a mesma disposicao de acordar cedo para trabalhar, ou a tenacidade de exercer certas funcoes
    nem todos tem a mesma consciencia de poupar, investir e multiplicar o fruto do seu trabalho
    nem todos tem a mesma capacidade encefalica de absorver conhecimentos, e aprender

    LOGO OS HOMENS NAO SAO IGUAIS ENTRE SI

    entao por mais utopico e poetico que vc seja, o mais apto SEMPRE vai prevalecer… 
    ate nos centros capitalistas igualitarios fofinhos chuchubeleza como CUBA, existem mendigos e desprovidos, duvida? tenho fotos recentes, tiradas por uma amiga que esteve la, e viu homens catando comida no lixo, pq raulzito castro nao consegue cumprir com a promessa comunista, bem como todos que tetaram impor este sistema fadado ao fracasso…..

    So pra informar, ” A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, divulgou nesta segunda-feira (29), os limites de renda para o que é considerada uma pessoa de classe média no Brasil – entre R$ 291 e R$ 1.019 mensais.”

    SE VC GANHA MAIS DE UM SALARIO MINIMO E MEIO VC JA EH CLASSE ALTA, SEU ELITISTA PORCO CAPITALISTA EXPLORADOR CONCENTRADOR DE RENDA !!!!  ahuahauhauhuahuahuahua
     

  232. O Seu ato denota um grande mérito.

    Quero parabeniza-lo, pelo seu esforço de elaborar um texto, ter opinião fora do senso comum é difícil, escrever esta opinião, é para poucos e ainda mais para tentar entender uma classe social após gênios terem dedicado sua vida a isto e não em benefício próprio ou de sua classe mas para melhor entender seu país e a partir disto muda-lo para melhor. Ousaria dizer que aclasse média não quer a melhoria da sociedade e sim, ela combate sempre o poder constituido por que quer se tornar a elite do país e as mudanças sempre são oportunidades de mudança. Quando Lula se candidatou os pobres jogavam ovos nele e a classe média o aplaudia. Após ele dar uma pequena contribuição para combater as desigualdades, a classe média já o combate pois percebe após 12 anos que não atingiu o poder e a riqueza. E quer uma nova mudança que lhe dê nova oportunidade, mesmo que seja para piorar o país. a classe média rec lama que o pobre vende seu voto por pequenas coisas para sí mas quando se aproxima de um candidato pede emprego para sí e seus parentes, mas de uma meneira arrogante, na realidade eles estão oferecendo uma oportunidade para o candidato empregar uma pessoa extremamente competente, não se trata de um pedido.A classe média está morrendo de medo das oportunidades dadas aos pobres e da perda de sua posição relativa na sociedade, Por que? se eles são tão competentes? 

  233. Achei o texto excelente! Uma

    Achei o texto excelente! Uma visão diferente da que estamos acostumados. Os comentários também são imperdíveis. Mas isso não quer dizer que eu concorde ou discorde do autor. Me fez refletir:

    Eu passei minha infância inteira ouvindo meus pais dizerem: Deus ajuda a quem cedo madruga. E “madruguei” muito nesta vida! Mas confesso que tive uma infância privilegiada: boa educação, boas condições… Então… como fica a meritocracia para quem não tem a oportunidade de estudar e se colocar no mercado de trabalho? Merecem menos?

    Não acho que a meritocracia deva ser a única ideologia de avaliação da sociedade. Mesmo porque acredito que o esforço está somado a oportunidades e ao fator sorte.

     

    Quem sabe num futuro não muito distante nossa estrutura governamental possibilite que toda a sociedade tenha condição de desenvolver seu potencial igualitariamente.

  234. Ótimo texto, mas uma das premissas é falsa.

     

    Considerar que a meritocracia não faz parte da classe alta é um equivoco, pois esta seria exatamente o ápice do mérito. A analise da elite foi superficial (até porque o escritor assume-se da classe média): o lugar simbólico ocupado por aquela representa a conquista de patrimônio, poder, influência, riquezas, etc., sempre através do discurso do trabalho, da dedicação, do esforço, da competencia e do desempenho individual daquele empresário/banqueiro/latifundiário. Com isso se esconde o fato de que tal acumulo “merecido” vem através da apropriação, exploração ou especulação do trabalho alheio, e adicionalmente fomenta a lógica que os não sortudos podem chegar lá. Não é a toa que o sonho de qualquer “classe média” (como eu) é atingir o patamar superior da pirâmide, e trabalhamos cegamente com essa eterna promessa da recompensa. Sugiro a todos que observem as conversas/programas de tvs/best-sellers empresariais e se atentem para as palavras associadas ao sucesso  merecido do interlocutor. Afinal, que 1o avalia o desempenho da classe média é quem a chefia: na iniciativa privada, o chefe ou diretor (que tem mais méritos); e no serviço público, os secretários e membros do 2o e 3o escalão, indicados também por gente da elite ou poder político pela sua competência. A meritocracia reacionária da classe média é a mesma das elites, mas se torna visível porque o mediano está na porta do inferno, estando constantemente ameaçado pelas vicissitudes econômicas e políticas a cair para o andar abaixo se não for competente.

    1. Outra que também é falsa

      Não é possível afirmar que a classe pobre está isenta de meritocracia. A religião, principalmente a vertente cristã, é totalmente dependente do mérito. A vida do fiel é permeada de situações de “causa e efeito” onde o bem é resultado (efeito) de outro bem, e o mesmo vale para o mal. Tudo é causa e efeito, tudo é mérito de quem é bom fiel. Se algo desafia essa máxima, se obteve mal apesar de todo bem, a palavra explica que deus “escreve certo por linhas tortas” ou que o mal efeito é parte de um plano maior de amadurecimento espiritual, mas, de qualquer forma, no final das contas, o fiel o merece.

      Não é difícil imaginar que a lógica da meritocracia via religião seja projetada em outras áreas da vida do pobre. Portanto, considerando o papel da igreja na vida da classe média baixa descendo até a camada dos miseráveis, acho muito improvavel que eles vivam isentos de qualquer meritocracia, muito pelo contrário. 

    2. Renato: acho que você e o

      Renato: acho que você e o Rodolpho complementaram de forma brilhante o texto. Rodolpho, em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, de Maz Weber, encontramos muitos elementos que podem sustentar tua argumentação. O Renato foi bastante feliz ao pontuar que a classe média (eu nela) encontra-se na porta do inferno.

  235. Meritocracia, um reflexo

    Gostei do texto, extremamente “atual”.

    A forma como aborda os rais interesses de sucesso através do “desempenho” me parece extremamente passível de verocidade.
    É, quase que fato, mediante a observação, que o desempenho se destoa da meritocracia. Porém, através do mérito é que se pode conseguir um bom desempenho. Me pergunto porém se minha frase é uma afirmação ou dúvida.

    Não sou a favor de permear a sociedade acadêmica com política, entretanto, tratando-se de classes sociais, torna-se muito difícil distinguí-las. Enfim, cabe atentar ao texto o fator capitalista predominante em nosso governo. O “capitalismo” como entidade precisa que o povo acredite que a meritocracia é uma forma de melhorar de vida, faz parte de sua ideologia.

    Veja bem, a iniciativa privada é, por si só, uma espécie de incentivo à ideia de meritocracia. Todo o pensamento de empreendedorismo bem sucedido há de trazer consigo o ideal de meritocracia, apesar desse mérito ser “fictício” como bem apresentou o autor dissertando sobre desempenho. 

    Portanto, apesar do desempenho ser o real fator de “sucesso” financeiro o mérito precisa incentivar o povo a seu sucesso econômico, visto que, um sucesso jogado ao acaso não é um bom incentivador social. O que quero dizer é, para se ter uma sociedade e constante progresso, é necessário que essa sociedade acredite que o mérito é fonte de sucesso, visto que trará para a própria sociedade uma busca frenética pelo aperfeiçoamento. Essa busca por aperfeiçoamento é um reflexo do modelo capitalista, porém, a busca frenética é diretamente pelo capital, equanto o mérito, segundo minha descrição, é uma busca indireta por capita.

     

    Posso ter entendido mal seu texto, e trazido uma explicação impertinente, mas, precisei contribuir. 

  236. Porque a meritocracia?

    Cara,

    Gostei muito da leitura social que vc fez, dos problemas da classe média, das oposições de opniões levantadas principalmente pela direita conservadora e a esquerda ideológica. O que fica claro é que, apesar de ser de classe média, vc faz parte da esquerda, que chamei de ideológica. Entenda.

    Não consigo entender porque o problema está na meritocracia. Vc apontou para a Europa e EUA como exemplos políticos menos meritocratas do que o Brasil, mas simplesmente apontado para as políticas de cunho social adotadas por aqueles? Isso não faz desses lugares não meritocráticos. O fato de existirem políticas sociais não torna a meritocracia secundária. Ela é o objetivo final!! São dadas condições para que as diversas classes tenham capacidades equivalentes de alcançarem seus objetivos através de seus méritos. Outro ponto, o que substituiria um modelo de meritocracia? Sorteio??? Elegeríamos nossos líderes (presidente, prefeito, governador, patrão, professor) por meio de sorteios? Ou por favericimento político? Ou por nomeação de familiares? Nomeação de companheiros de partido?? Como definir quem são as pessoas mais capacitadas para liderar se não por meio de análise objetiva justamente de suas capacidades de fazer isso? O maior problema da esquerda ideológica é que sempre apontam o maior problema do mundo, culpando a direita (os reaças), e não dando absolutamente nenhuma solução para a questão. Não vejo de forma alguma a valorização por merito como sendo o problema. Vejo que temos vários problemas (e já tivemos muito mais), e acredito que concordamos que os problemas são os mesmos. Temos um índice de pobreza altíssimo, somos uma população apolitizada, preconceituosa, sem educação, sem cultura (ou com uma cultura importada) e principalmente, queremos parecer que somos os donos da verdade, apesar de sabermos que estamos longe disso.

    Como deve ter percebido sou de direita, mas não me considero reacionário. Sou a favor de mudanças, mas não necessariamente a que vc acredita. Isso não faz de mim reacionário. Acredito que reformas políticas e sociais são extremamente importantes para levar educação e cultura para todos, para que assim, possam caminhar com as próprias pernas, sem muletas, nem cadeiras de rodas, sem quem indique. Classes sociais sempre existiram, com a classe média os extremos se aproximam. Sem ela é dominação pura, seja de direita ou esquerda.

     

    1. Vitor, eu acho que tem

      Vitor, eu acho que tem confusão na tua argumentação aí, ou interpretação do texto.
      Da maneira como tu se coloca, não me pareces um cara de direita. Não vi, por exemplo, você atacar o fato de que, na Europa, as sociais-democracias tenham garantido condições materiais para os indivíduos. Pelo contrário, a impressão é que você é simpatizante.
      No final das contas, a mim fica a impressão de que você complementa ou corrobora com o texto, considerando que a interpretação que faço é de que o autor não atava a meritocracia como um todo, mas problematiza o fato de a meritocracia se apresentar como fundamento em políticas públicas, que afetam coletividades e regulem situações de direitos básicos, sociais, universais.

  237. Meritocracia

    Em primeiro lugar parabenizo pelo excelente texto. Muito bem pautado e fundamentado embora nao concorde com seu ponto  de vista. No meu entendimento, numa situacao utopica, a meritocracia seria um sistema descolado do capitalismo ou comunismo. Um regime onde nao haveria preocupacao com o basico e a atividade do individuo seria escolhida por afinidade e desenvolvida com o fervor com o intuito de melhorar sempre. Decisoes tomadas em conjunto, poder delegado pela coletividade… Obviamente, ainda levaremos milenios parar chegar neste patamar se um dia consiguirmos, mas quando chegarmos la…
     

  238. Ótimo Texto e Idéias

    A meritocracia é o nazismo do Século XXI. O mérito não necessita de ser algo intelectual, pode ser simplesmente a origem racial ou ideológica. A meritocracia é a lógica do nazismo.

    O ser humano quando perde a noção de coletividade necessita de justificativas para a desigualdade e a miséria do outro. Se o outro é pobre ou está na pior, o problema nunca será meu, nem seu, será dele próprio.

    O que muitas pessoas confundem é meritocracia com esforço pessoal. Uma coisa é completamente diferente da outra. Conheço muita gente com força de vontade e esforço que viveram a vida na miséria e sem oportunidades.

    1. E o que você sugere no lugar
      E o que você sugere no lugar da “perversa e nazista” meritória como critério usado para selecionar aqueles que vão ocupar um cargo ou fazer um curso, etc?

  239. Meritocracia

    Fabulosa argumentação, parabéns pela organização lógica e pela clareza das idéias. Agradeço pela escrita do artigo, por dedicar seu tempo a produzí-lo, pela colaboração no esclarecimento do conceito de meritocracia, deixando evidente as suas consequências. Muito importante para que possamos discriminar o seu significado como escolha social e política. Pertinente na medida em que o mais comum é ouvirmos a defesa desta tese com base em conceitos estritamente semanticos, reduzida a conceitos óbvios do desempenho e das necessidade de “melhorar” a qualidade das práticas em seus diversos âmbitos e setores da sociedade. Gostei muito de lê-lo.

  240. Meritocracia

    Fabulosa argumentação, parabéns pela organização lógica e pela clareza das idéias. Agradeço pela escrita do artigo, por dedicar seu tempo a produzí-lo, pela colaboração no esclarecimento do conceito de meritocracia, deixando evidente as suas consequências. Muito importante para que possamos discriminar o seu significado como escolha social e política. Pertinente na medida em que o mais comum é ouvirmos a defesa desta tese com base em conceitos estritamente semanticos, reduzida a conceitos óbvios do desempenho e das necessidade de “melhorar” a qualidade das práticas em seus diversos âmbitos e setores da sociedade. Gostei muito de lê-lo.

  241. Importante lembrar que o

    Importante lembrar que o oposto da Meritocracia, a Aristocracia, é indiscutivelmente mais perversa, uma vez que o individuo é julgado não pelo seu esforço pessoal, inteligencia ou capacidade empreendedora ou de superar desafios, mas sim pelo seu sobrenome, por sua origem social, por valores determinados por essa mesma classe Aristocrática. 

     Ao combater a meritocracia esteremos dando razão as teorias das mais reacionárias, tais como “que esse ou aquele grupo étnico é melhor que o outro” ou que determinados grupos sociais devem ter mais privilégios, as vezes justificados por dividas históricas, as vezes justificados por mera herança de seus antepassados. Um Estado que combate a “meritocracia, burguesa, de direita, formada pela classe media”, já possui em si os fundamentos para a criação de uma sociedade Aristocrática, onde esse mesmo Estado Aristocrata deverá  regular todas as classes sociais com mão de ferro para assegurar a extinção da famigerada meritocracia. A meritocracia é mais democrática, dinâmica e discordo do artigo ao expor os Estados Unidos como exemplo de o quanto a meritocracia pode ser perversa. Por que não usar como exemplo a Coreia do Sul, onde o esforço individual e a busca por melhores resultados nas escolas é amplamente valorizado e exaltando tanto pelo Estado quanto pela sociedade? Aqui a meritocracia é o esforço individual pelo bem da maioria.  Existem espumas sim, mas são aquelas que persistem em implantar a ideia que o individuo não é aquilo o que ele faz. Seu valor passa a depender impreterivelmente de sua classe social ou as vezes, quem sabe, a qual partido politico o mesmo pertence.

    1. Luciano, o autor não ataca a

      Luciano, o autor não ataca a “méritocracia” a qual você se refere, e sim a que realmente existe, baseada em avaliações objetivas e simplistas de situações subjetivas e complexas, não levando em conta o real mérito, e sim o desempenho do individuo na sociede. Essa “méritocracia” é que pode legitimar algum tipo de superioridade étnica que você cita em seu comentario, uma vez que essa teoria desconsidera a divergência de oportunidades e também avalia as pessoas de acordo com o ponto de vista e os valores dominantes da sociedade, claramente etnocêntricos. Ou você realmente acredita que um advogado e um empresario tem mais “valor” e “mérito” que um gari, ou que um hippie que faz artesanatos na praia, pura e simplismente pela profissão e pelo desempenho destes, sem considerar as origens socio-econômicas e culturais dos mesmos?

  242. Texto ou testículo??

    Esse texto é bem próprio das preferências e qualidades do Luis Nassif, um defensor ferrenho deste desgoverno, que não considera méritos nem mesmo para nomear nossos ministros. O texto parte do princípio errado de que quem tem mérito não teria interesse em democracia social e condições humanas básicas, com oportunidades iguais para todos evoluírem. Ainda desqualifica de forma errada a posição dos médicos, que não reclamaram do fato de termos mais médicos, mas do caráter demagógico e ineficiente do programa mais médicos. Eles apontaram a falta de recursos básicos como o maior problema da saúde e o fato de ser necessário que os médicos estrangeiros fossem validados, o que acontece em qualquer pais sério. Além do mais, os médicos cubanos estão trabalhando com “mais valia” para o governo de Cuba, ganhando uma miséria e deixando o lucro para a empresa estatal de saúde cubana.  O conceito da “mais valia” foi apontado por Marx como uma das mais perversas faces do capitalismo… 

    1. Se os médicos formados no

      Se os médicos formados no Brasil tivessem de fazer uma prova para se habilitar ao exercício da profissão (como o exame da OAB) com o mesmo nível de exigêcia e de dificuldade do Revalida, seu argumento seria válido. Mas como o cenário é outro, o Revalida é só um instrumento de reserva de mercado.

      Com relação aos argumentos dos médicos em relação ao programa, mais bobagens. Não é preciso ser um gênio para entender que as áreas remotas, isoladas, serão preteridas pelos médicos que podem optar por atuar na capital. A falta de recursos está em todo lugar e nem por isso faltam médicos para abocanhar vagas em hospitais públicos desestruturados, desde que eles estejam nas capitais. É uma distorção total da realidade para sustentar um discurso corporativista.

    2. Nem é disso que o texto

      Nem é disso que o texto trata. A questão central é a meritocracia. Para bom entendedor, há inúmeras situações do cotidiano que poderiam ilustrar a questão. Do meio para o final do texto, você nem se lembra da referência ao Mais Médicos.

  243. O texto é muito bem escrito,

    O texto é muito bem escrito, mas apela para a falácia do espantalho em diversos pontos.

    A meritocracia não é a negação da existência do governo mas sim que o governo deve prover apenas o mínimo, as oportunidades iguais, para que o mérito próprio possa ser desenvolvido sem impedimentos para os minhares de “meninos Josés” que existem por aí.

    Em tempo, na prática sabemos que não vão existir oportunidades iguais com dificuldade igual para todos, mas na prática só de existirem oportunidades iguais já seria uma sociedade muito mais justa.

    Logo a meritocracia não é perversa ou injusta como o autor tenta nos levar a crer, as situações que ele mostra são exatamente as situações onde não há meritocracia ou o mérito está em outro lado.

    Quantos diretores e roteiristas não têm que fazer filmes “de mercado” e só de vez em quando fazerem filmes “autorais”, isso não tem a ver com meritocracia e sim com a realidade de mercado. Paulo coelho não é do meu agrado, mas ele tem mérito sim, pois sabe escrever (ou contratar ghost writers) para o grande público e negociar com grandes editoras enquanto que o Mário Quintana não teve este lado empresário.

    Não podemos achar que o mundo não é coerente porque os nossos gostos não são recompensados, quando isso acontece, provavelmente não é o mundo que está errado, e sim a gente.

    O “mais médicos” gerou a revolta da classe média porque a nossa presidente viu a população protestando contra a corrupção e impunidade e a resposta dela foi o mais medicos, que era uma ambição do partido dela faz muitos anos. Ou seja, ignorou o que o povo clamava e fez o que queria.

    No entanto o autor trouxe muitas informações interessntes, parabéns…

  244. Parabéns ao autor! tenho

    Parabéns ao autor! tenho certeza que esse texto além de refletir o pensamento de muitas pessoas, traz uma questão nova a ser discutida em todos os lugares onde há debate sobre a condição politica e social de nós brasileiros. Estou muito contente e espero que esse texto nos ajude a formar novos pensamento e encontrar maneiras mais lógicas de se explicar o que acontece em nossa sociedade. 

    MUITA PAZ!!!

  245.  Sobre o texto de autoria do

     Sobre o texto de autoria do Sr Renato Santos de Souza da UFSM-RS, publicado no sitio do  Sr Luis Nassif, tomo a liberdade de fazer o seguinte comentário:

     O texto é muito bom como exercício dialético, bem ao gosto de certos intelectuais brasileiros (da classe média). Absolutamente inconsequentes, e no caso do autor, não consegui identificar se está à esquerda, portanto a serviço do atraso, ou é adepto da filosofia anarquista. O que o autor não diz é que nesta etapa da evolução humana, neste planeta, ainda o que funciona é a meritocracia. Porque como disse Aristóteles, há 2500 anos, “NÓS SOMOS AQUILO QUE FAZEMOS”. É esta classe média, meritocrática, através da ciência, da tecnologia, nos laboratórios, na pesquisa, na administração etc, no Brasil e no mundo, que produz conhecimento em todos os campos de atividade humana, possibilitando dessa forma, criar riqueza, aliviar a dor, revolucionar a ciência aplicada, que permite ao autor do texto, ao Senhor Nassif e a Senhora Chauí usar com maestria o mundo cibernético sem sair de sua zona de conforto. Ninguém dúvida de que há diferenças abissais entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil, mas “não acabarás com a pobreza eliminando os ricos (ou a classe média)”.  Também não farás “brancos” criando cotas para os pardos, negros, índios ou correlatos, porque as diferenças sociais não são uma conseqüência da cor da epiderme, mas decorrem do processo histórico. Além do que, a infeliz ideia das cotas, é um processo eminentemente racista, os negros não merecem isto.  “O MAIOR INIMIGO DA LIBERDADE SÃO OS ESCRAVOS FELIZES”.  O que falta ao autor do texto é o conhecimento da essência humana, erro comum nas ideologias de esquerda. Nós, seres humanos, de uma forma ou de outra, temos em menor ou maior grau, o DNA do artista, e como tal nos realizamos através de nossas obras. A priori, o ser humano só valoriza aquilo que ele cria através de seu esforço. Daí a gênese do “filho ingrato”. Os pais para justificar a “ausência” ou a falta de carinho, compensam, premiando-o com bens materiais. Eis a fórmula certa para fabricar um filho ingrato, um desregrado ou um “drogado” .      Pelo mesmo motivo o assentado da pretensa “reforma agrária”, na primeira oportunidade, vende o seu lote e o beneficiário do assentamento urbano vende a “chave” do seu apartamento”. Por que? Simplesmente porque eles não se reconhecem através daquelas obras, o mérito não é deles, faltou a meritocracia. Isto é apenas humano, é da essência do ser.   Nós não somos iguais, temos impressões digitais únicas, DNA único. Querer tornar iguais os desiguais é coisa de sociólogo de esquerda, político demagogo, filósofo desonesto ou jornalista desinformado. Entretanto nada exclui as medidas políticas e administrativas para diminuir as desigualdades sociais  e econômicas entre os diferentes estamentos da sociedade brasileira. E por último, para arejar a cabeça do autor, é bom lembrar de que em nenhuma latitude, a pobreza gera riqueza, desenvolvimento ou conhecimento , porque quem gera riqueza é a riqueza através do trabalho honesto, produtivo e meritocrático.  Vanderlino H RamageAdministrador CRA-RS 8375      

    1. Vanderlino H

      Vanderlino H Ramage.

       

      Caramba! Muitas linhas de chavões reacionários. Dentre eles destaco:

      “Além do que, a infeliz ideia das cotas, é um processo eminentemente racista, os negros não merecem isto.  “O MAIOR INIMIGO DA LIBERDADE SÃO OS ESCRAVOS FELIZES”. “

      Se você tivesse usado um crachá de racista, ignorante e ressentido não teria sido tão explícito quanto o seu posicionamento sobre as cotas, acima copiado.

      “O que falta ao autor do texto é o conhecimento da essência humana, erro comum nas ideologias de esquerda. “

      Então, tá. Quem realmente conhece a essência humana? Os ilustres pensadores e seguidores dos livros de auto-ajuda, de que tudo neste mundo é graças ao mérito pessoal, das palestras motivacionais e afins?

      Os chavões que você escreveu todos nós já conhecemos. Já o autor conseguiu de fato discorrer e aprofundar sobre o que move a classe média. A briga irracional pelo mérito.

       

    2. Essência humana?Na na ni

      Essência humana?
      Na na ni não…
      O que falta nos reacionários é justamente o entendimento de não existe ‘essência humana’, mas construções históricas que formam sujeitos, grupos sociais e instituições resultantes destes processos, com suas especificidades, em determinados contextos culturais, sociais e temporais. Questão de paradigma.

  246. Parei de ler no momento em
    Parei de ler no momento em que o autor defende a marilena chaui. A partir deste momento, qualquer comentario do autor se torna irrelevante.

    1. Cesar Romero,
      Se sequer foi

      Cesar Romero,

      Se sequer foi capaz de terminar de ler, então por que está comentando? Marilena Chauí, sim! Uma pessoa honrada e inteligente. Li tudo e vejo que o autor teve grande capacidade de aprofundamento sobre aquilo que a Marilena Chauí constatou. 

    2. Pois eu insisti, continuei

      Pois eu insisti, continuei até o fim,  admirando o empenho do autor do texto em alinhar falácias, distorcer

      o pensamento no sentido de se adequar ao pensamento único.

       

      1. Um monte de bobagem
        Um monte de bobagem esquerdista em um texto bonitinho. Sem meritocracia e recompensas para quem se esforça mais estaríamos hj usando máquinas de escrever ainda. E plantando cana. Hum, o mundo seria igual a cuba. E se falar contra o governo vai pro paredão.

    3. Temos pensadores melhores.

      Também quis parar no momento que o autor citou Marilena Chaui (Claro, respeito essa professora e sei que  alguma contribuição ela deu na década das coletâneas resumidinhas e copiadas  e sem análise, mas  ” cá entre nós” temos pensadores tanto brasileiros como europeus e outros que tratam desse tema com muita propriedade). Esforcei-me para continuar a leitura e realmente observei graves equivocos. deve, pois,  ler o artigo e ler o melhor comentário sobre tal assunto que foi escrito por LUCAS MOURÃO. Penso que a análise dele sobre o que o autor escreveu foi muito pertinente e realista. Parabéns Lucas. 

  247. discordo !

    Minha esposa foi “pobre”, se formou sem pais ricos ou de classe média . Pq tantos outros não podem ??? Acho que socialistas nunca vão entender a questão do mérito . Ou fazem que não entendem . Qual a motivação de uma pessoa de ter um desempenho acima da média se não é a de se destacar ou de conquistar bens ou  respeito ou patrimonio etc … . Se as recompensas são as mesmas para os mesmos desempenhos, para que se qualificar ? Para que se esforçar mais ? para que ter curiosidade ? para que fazer diferente ? Esse foi o cerne da queda da URSS, anos depois tem gente que ainda não entende . Acha que tudo se resolve com questões filosóficas . Ainda bem que existem faculdades de administração, pq se só houvessem de economia e filosofia,estariamos perdidos . Deixem a prática para quem sabe administrar e a teoria para os filósofos .

    1. Bom, já que você “entende a

      Bom, já que você “entende a questão do mérito” tão bem, poderia explicar porque o aluno nota 10 citado hoje mora em baixo de uma ponte. Tem que ser nota 11 pra ter um teto?

    2. O teu ‘mérito’ apenas o

      O teu ‘mérito’ apenas o permitirá, caso você queira continuar, a destilar o reacionarismo, supondo que há espaço para todos numa sociedade excludente como é. Paulo Freire já dizia: o oprimido tem o opressor em si. Teu discurso certamente não seria o mesmo se estivesse do outro lado.

    3. Filosofia do Girino

      “É possível que girinos inteligentes se resignem com a inconveniência de sua posição, ao refletir que, embora a maioria vá viver e morrer como girinos e nada mais, os mais afortunados da espécie um dia perderão seu rabo, distenderão sua boca e estômago, pularão lepidamente para a terra seca e coaxarão discursos para seus ex-amigos sobre as virtudes pelas quais girinos de caráter e capacidade podem ascender à condição de sapos. Essa concepção de sociedade pode ser descrita, talvez, como a Filosofia do Girino, uma vez que o consolo que oferece para os males sociais consiste na declaração que indivíduos excepcionais podem conseguir escapar deles… E que visão da vida humana essa atitude sugere! Como se a oportunidade para ascensão de talentos pudesse ser igualada numa sociedade em que são desiguais as circunstâncias que os cercam desde o nascimento! Como se fosse natural e adequado que a posição da massa da humanidade pudesse ser permanentemente tal que lhe permitisse atingir a civilização escapando dela! Como se o uso mais nobre dos poderes excepcionais fosse bracejar até a praia, sem se deter pelo pensamento nos companheiros que se afogam!”

      Filosofia do Girino – R. H. Tawney

  248. Crítica pela crítica

    Não vou entrar na questão do “enigma da classe média”, percebi que o autor (Renato Santos) levanta muitas questões e não aprofunda, ou seja, apesar da crítica à Marilena (quando diz: “Descreveu “O QUE” estava acontecendo, mas não nos ofereceu o “PORQUE.”) não achei plausível o seu “PORQUE” (“[…]é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora.”). Sua justifica além de apresentar um único fator condicionante (“porque é meritocrática”) é também extremamente generalista.

    Entendo a palavra meritocracia como um sistema baseado no mérito. Entretanto, sei que o próprio conceito da palavra já deve direcionar a uma infinidade de definições/interpretações. E mais (partindo do que eu entendo por meritocracia): o que seria um sistema baseado no mérito? Creio que haverá mais divergências/interpretações neste grupo à medida que desagregamos o sentido da palavra (e assim por diante).

    Não vejo o posicionamento de um meritocráta (diante dos mais diversos problemas sociais) como sendo uma questão de lógica. Para o autor, sendo meritocráta serei um alfinete em uma caixa com semelhantes. Literalmente somos iguais, meritocrátas são de classe média –(segundo o autor as classes brasileiras alta e baixa não são meritocráticas) não temos divergências (internas – neste grupo de meritocrátas) quanto as decisões no “plano de governo”.

    Não vou me alongar, a meu ver, o texto segue um padrão típico (mas não de regra) de esquerda: “a crítica pela crítica”. Em diversos momentos é nítido o escape para uma solução alternativa. Num fragmento do texto, o autor diz: “Mas a meritocracia exige medidas, e o merecimento, que é um juízo de valor subjetivo, não pode ser medido; portanto, o que se mede é o desempenho supondo-se que ele seja um indicador do merecimento, o que está longe de ser. Desta forma, no mundo da meritocracia – que mais deveria se chamar “desempenhocracia” – se confunde merecimento com desempenho, com larga vantagem para este último como medida de mérito”. Merecimento é um juízo de valor subjetivo? Concordo… Mas se desempenho (apesar das suas imperfeições) está longe de ser um indicador de merecimento, ou seja, não é uma boa proxy para tal, qual a sugestão (ou as sugestões)? 

  249. A Epistemologia Social Brasileira

    O texto tem o mérito de explicitar uma das ideologias sociais que os membros da classe média utilizam para construir uma forma de identidade social fundamentada em princípios liberais, o que tem o propósito de demonstrar que esse grupo observa uma série de valores que se tornaram princípios centrais da nossa cultura política.  Mas o artigo tem uma falha fundamental. A “classe média” não é um grupo social homogêneo e, portanto, ela não existe como uma entidade sociológica de caráter genérico como o autor sugere. Em primeiro lugar, a “classe média” pode ser representada como uma casta racial. A maioria dos membros desse grupo social social faz parte de um grupo racial homogêneo que faz o possível para manter os seus privilégios sociais conquistado à custa de discriminação racial sistemática de negros e indígenas. De forma semelhante, a “classe média” também pode ser vista como uma casta heterossexual. A vasta maioria dos membros desse grupo acreditam que homossexuais e heterossexuais são essencialmente diferentes. Esse preceito está na base de inúmeros mecanismos sociais que heterossexuais utilizam para manter oportunidades nas mãos daqueles classificados como normais. A “classe média” também pode ser caracterizada como um grupo social fundado na hierarquia sexual em função das inúmeras práticas sociais e construções simbólicas que procuram manter privilégios masculinos a qualquer custo. Não devemos esquecer o fato de que a “classe média” também procura preservar os privilégios decorrentes de status social privilegiado, o que motiva os seus membros a procurar manter oportunidades sociais nas mãos daqueles que têm a mesma identidade social.

    1. Vejo de outra forma. Apesar

      Vejo de outra forma. Apesar de o texto não ter feito isto explicitamente (a não ser no último parágrafo), me parece que Nassif conseguiu justamente superar esta categorização, ao tratar do problema a partir do conceito da meritocracia, e não mais de um agrupamento social.

  250. Texto bom: completo, direito e questionador

    O texto é excepcional não somente pelas suas formas mas pela capacidade de subjetivar e aprofundar sobre o que é classe m´dia brasileira e o que a caracteriza como tal.

    Parabens.

  251. PARABÉNS PELO TEXTO

    Isso que vou dizer está presente no texto, mas não com essas palavras e acho fundamental que seja explicitado:

    A meritocracia é o que sustenta a ideologia do capital. O capitalismo não vive sem meritocracia, porque ele é baseado na racionalidade da competição. A famosa “lei do mais forte”.

    O liberalismo também é meritocrático: a ausência de um estado forte faz com que as leis sejam regidas pelos mais fortes, sempre, e nunca em nome de leis universais e humanas. 

    Além disso, os ricos se dividem em dois: ainda existe uma classe rica aristocrática que não é meritocrática, e onde o herdeiro fica com os bens da família merecendo ou não….

    mas creio que a grande parcela dos milionários brasileiros são pessoas que vivem com os dois pés atolados na ética meritocrática porque a ideologia da classe média é a ideologia dominante, a que está nas novelas, filmes, etc… Você pode observar no discurso dessas pessoas.

    A meritocracia é uma ferramenta ideologica do capitalismo, do liberalismo, da direita enfim: ela permite fazer o explorado acreditar na velha piada do “se você lutar, vencerá”. Como se o vencer na vida dependesse unicamente do esforço individual e de Deus e nunca do abismo social do nosso país.

    Por fim, acho que Marilena Chauí não ataca uma classe de pessoas, mas uma ideologia. Esta ideologia está presente nas classes ricas e pobres, mas é o motor da classe média.

     

     

     

     

  252. Bom, mas não completo

    Achei bom, mas me incomoda o desvio que o autor comete. A meritocracia, como ideologia e, de alguma forma, patologia intelectual de legitimação de interesses pessoais da classe média, não deve ser tratada como fonte unívoca de opinião. 

    O autor incorre em alguns circunlóquios, como em um momento descrever a busca por meritocracia como uma confusão com a desempenhocracia e depois retroceder em atacar a meritocracia em si. 

    O que eu acho é: a meritocracia, no fundo, é um argumento correto, mas de uma maneira mais ampla e em outro contexto. O conceito está gravemente inadequado e deturpado pelo senso comum a fim de sustentar ímpetos precedentes. Ímpetos que provém muitas vezes de histórias pessoais, de condições traumáticas de disputa, em que o horizonte da riqueza está vinculado ao esforço e anulação individual. 

    Responsabilizo essa deturpação média a duas condições: muito pouco estímulo de pensamento, o que faz as palavras “desempenho” e “mérito” serem confundidas muito facilmente; e um receio imenso frente ao outro, intensificado pela própria educação que recebemos com a vida em sociedade. Algo que claramente torna-se dialético, pois retornamos essa condição adquirida para a sociedade por meio da nossa participação.

    O quadro geral das pessoas hoje em dia, desculpem-me pela aparente grosseria, é de seres insensatos e egoístas. Bradar “meritocracia” torna-se uma consequência.

    Há não muito tempo, escrevi um texto chamado “Em busca pela liberdade” (está no meu perfil de facebook), no qual busco as origens do paradoxo político entre eliminar o outro e otimizar a convivência. De alguma forma, creio que nosso momento histórico transita intensamente entre esses extremos e, em algumas camadas, como a classe média, pende mais agressivamente para a eliminação do outro. O senso de meritocracia acaba sendo uma necessidade. Acho que nosso alvo deve ser esta necessidade.

    Os pontos fortes do texto são: a diferença histórica entre Brasil, Europa e EUA em relação a suas camadas sociais, mostrando o porquê da “meritocracia” ser um argumento emocionalmente forte aqui e a desmistificação desse argumento como algo correto. Achei que as consequências levantadas a respeito dessa ideologia são pertinentes e perspicazes. É interessante também a ideia de que boa parte desta classe média só aceitaria qualquer recompensa com base no mérito, o que (dependendo da visão de mundo de cada um) seria injusto com quem tem menos mérito (esforço e talentos) e menos oportunidade. Seria, portanto, reacionária.

    Mas, repito, acho que a nossa busca deve ser a necessidade desse tipo argumentação rota, de legitimação barata das condições extremas de disputas em algo que é universalmente aceito: a proporção entre recompensa e esforço. Combater essa ideologia é um meio, mas certamente não é o único para atingir o extremo da “otimização do convívio”. Buscar, por meios racionais, rediscutir uma série de valores sociais, como o fetichismo, o consumismo, o medo do convívio, o desprezo pelo ser humano, além da “meritocracia” barata, acaba sendo um objetivo mais abrangente e que questiona a própria estrutura econômico-social na qual estamos esteiados.

  253. O texto é muito bom e

    O texto é muito bom e realmente faz pensar. Mas esse é um ponto de vista, na verdade uma parte, pois não se pode atacar numa frente apenas. O problema é muitos generalizam ou defendem ideias como únicas e forma isolada. A sociedade não é um sistema fechado existem outras condições e fenômenos que desequilibram a sociedade atuando em conjunto.

    Não se pode negar o nível de desigualdade, e sempre acreditei no equilíbrio em soluções que mesclem um pouco do assistêncialismo com um pouco da atitude de cada indivíduo em mudar a sua condição. Fornecer então as condições para quem não tem. Infelizmente o que vemos as atuais políticas não é isso. É um assistêncialismo que cria dependência proposital, já que não vemos elementos básicos como educação e saúde sendo trabalhados de modo a criar uma base da população mais homogênea.

  254. texto interessante, porém redutor…

    Li o texto todo e boa parte dos comentários, um campo de discussão muito fértil. Acho apenas que o texto tende a ser generalizador ao diagnosticar o mérito como motivo do conservadorismo da classe média. Acho que é uma hipótese reelevante, porém acredito que podemos encontrar outros motivos, além do mérito. No mais, parabéns pelo belo texto.

     

     

  255. A argumentação é

    A argumentação é interessante, contudo os paralelos estabelecidos entre os casos estrangeiros europeus e norte-americanos são superficiais, o que fragiliza o discurso.

  256. Via de regra quase todos os

    Via de regra quase todos os comentários foram proferidos por membros absolutamente confortáveis dentro das práticas de consumo da classe média. A mudança virá de uma atitude resoluta primeiro na mente, depois no comportamento de quem se cansou de acarinhar vaidades ideológicas comtemplativas, porque quem contempla muito, está pronto  para perpetuar a ausência das mudanças.

    Otimo texto principalmente para quem conseguiu ler todo!!

  257. Morte à classe média! Morte à

    Morte à classe média! Morte à classe alta! Voltemo-nos todos para o socialismo e destruamos as estruturas que mantém a civilização conservadora e seus consortes, destruamos o ser humano! E quem sabe construamos um novo ser humano? À nossa imagem e semelhança, e não à imagem e semelhança DELES. O progressismo é o futuro, de forma que simplesmente não haverá futuro, pois não o desejamos. Nem ao passado. Nem ao presente. Destruamos o próprio tempo! Afinal, assim o homem não acumulará, não haverá diferenciação, o homem estará despojado de sua natureza humana inflamada. E uma vez iniciada a revolução, rejeitemos nosso eu para assim metamorfozearmo-nos em nós. Assim a agonia da raça humana se termina, como o último suspiro de uma doente velha-mãe, e o que restar, já não saberá o que houve ou o que são. E que ao alvorecer do nosso descobrimento do nós e da nossa anti-conspiração, da nossa conjunta respiração, deixemos o que há de mais primal e sublime da boa-selvageria brotar. Gritemos o laissez-faire para o nosso instinto, para a limpeza desse planeta.

    E, assim como sol que se ergue na aurora não torna a se por no lugar de onde veio, mas no lado oposto da abóboda celeste, também nós não paremos uma vez iniciado o morticínio final, invulneráveis, como o fizeram todos os revoltosos até hoje: soviéticos, sans-cullotes, vietkongs, cubanos, que deitaram as armas e erguerem seus eus. Jamais ergamos nossos eus, e matemos os diferentes para que restem os iguais, até que sejamos mortos enquanto houver diferença. Hasta la victoria siempre!

    Hasta enquanto houver diferença! E quando os dois últimos humanos viventes se enfrentarem em nome da liberdade, da igualdade ou da mais arbitrária bandeira sequer imaginada, ainda haverá diferença, e ainda hão de se matar neste último embate, perpetuando assim o fim da nossa suja raça, pois tal inevitavelmente será o último de vosso exemplar, mesmo que seja fêmea e prenha.

    Somente o socialismo é o suicídio involuntário do organismo conversador, tão necessário para a extinção humana!

    Só alguém desprovido de bom senso acha bonita a desigualdade e feio o assassínio em massa.

    Só alguém desprovido de bom senso não é um suicida.

    Só alguém desprovido de bom senso é socialista.

    Só alguém desprovido de bom senso não assimila o escárnio aqui contido…

  258. Meritocracia

    Recentemente fui removido para outra escola, mais  longe do centro, porque tenho menos pontos que o professor o  qual  ocupou meu lugar. Reconheço o mérito do professor que tem mais formaçao que eu, mas acho que o critério para escolher deveria ser,  como vc brilhantemente diz, o interesse de toda sociedade e não o interesse individual ou de uma categoria. Tenho também a convicção que professores, que tem menos formação que eu, mas tem mais capacidedade de transmitir conhecimento. Veja que o professor, no Brasil, é classe D, muito pobre. Mesmo assim, empobrecidos somos como nossos colegas médicos. Corporativistas e Meritocráticos!

  259. O melhor texto de 2013 sobre a realidade brasileira

    Apenas deixar registrado:
    Esse é o melhor texto de 2013 sobre a realidade brasileira. Desde já é um clássico.

  260. Texto interessante, bem

    Texto interessante, bem fundamentado. Posso dizer que concordo em parte.

    Quando se diz que é preferível ser Paulo Coelho, por exemplo, ele tem seus méritos de ser um excelente vendedor de livros, mas tembém pode-se dizer que não é o mérito maior, o Mário Quintana tem um mérito maior em termos culturais. 

    Outra coisa, posso ser reacionário, mas é contra qualquer mérito a família de um assassino receber pensão e o filho da vítima receber uma banana. E tem que pagar imposto no valor da banana.

    Quando se diz que a meritocracia é uma maneira de justificar as posições sociais racionalmente, bom, pode ser, mas o fato de não justificarmos nada não vai mudar o fulano da classe E para a classe A. Afora isto, diferenças sociais existirão sempre, por mérito ou por outro critério qualquer.

    Quando há maneiras de melhorar de vida através do próprio mérito, mesmo para os mais desfavorecidos, é uma maneira, quando não tem uma forma meritória, depende mais da sorte do que da política. Mesmo em uma cota, há os que fazem valer sua vaga e outros que abandonam o curso. Mesmo na cota, somente os melhores (melhores de vestibular e não pessoas melhores) é que vão poder passar.

    Quando não se pensa em mérito, o mensalão é maneira justificável de ganhar dinheiro, as concorrências fraudulentas são justificáveis, tudo fica assim, digamos… justificável.

  261. Ora, que ótimo, escreve um

    Ora, que ótimo, escreve um texto desse tamanho para se declarar mais um baba ovo de médico!

    Mais um que viveu achando que vestibular é bicho de 7 cabeças – experimente QUALQUER concurso DECENTE de nível superior e tera uma dificuldade maior do que o vestibular de medicina (que em grande parte é uma questão de dinheiro – quem teve acesso a boas escolas, como eu tive, não tem problema com ele)

    E cursos como engenharia eletrica são tão ou mais dificeis que medicina, nem por isso os engenheiros saem por ai se achando, como médicos se fazem.

    O negócio é que temos um pais de semi analfabetos que morrem de medo de morrer. Jacus da roça. E como todo jacu, endeusa médico – babam ovo até não poder mais. Ai temos o que temos – profissionais que ja saem ganhando, no mínimo, 8 mil (o que está bem acima de engenheiros, que são o segundo lugar), se recusam a ir para fora dos grandes centros urbanos, RECLAMAM, e ainda recebem apoio dos populares, porque ‘médico inteligente, eles devem ter razao’.

    Se sua má formação nao lhe impede, faça as contas de quanto um médico ganharia mesmo com as infames consultas do SUS. Assuma ‘míseros’ $10 por consulta. Assuma 10 minutos por consulta( não, isso não é uma consulta apressada – faço consultas particulares e caras e elas raramente passam disso) e assuma q ele so atende 5 por hora, pra descansar um pouquinho. Se trabalhar como nós, ‘meros mortais’, 8h no dia, 21 dias no mes, tem 50*8*21=8400. Isso no SUS! E há os plantoes que ofrerecem mais…

    Precisamos sim de mais médicos e menos filhinhos de papai (e seus puxa sacos)

    Meritocracia é algo desejavel – o problema é que MÈDICO SE ACHA, e tem o apoio da população para se achar – vao desequilibrar a coisa pro lado deles e vão ser apoiados. Parem de endeusar medicos e os enxerguem como as profissionais que eles são que a bola baixa.

     

     

     

     

     

    1. Realmente, acho que vc

      Realmente, acho que vc deveria reler o texto. A referência ao vestibular de medicina ou à profissão médica foi apenas para exemplificar uma questão – a reação histérica, descabida e desproporcional da classe médica brasileira ao programa Mais Médicos. O texto em si esmiuça as relações entre meritocracia ( desempenhocracia) x reacionarismo x relações de perpetuação de poder, etc…  Lê de novo, com calma…

    2. Como médico, afirmo. Você é

      Como médico, afirmo. Você é burro. Não que eu seja o primor da inteligência, mas pelo menos entendi o texto. Para sua informação, um médico que se preze não sai dos grand centros porque não tem condições de exercer uma boa medicina. Sequer uma medicina meia-boca. Quer um raio X? Espere um mês. Quer uma tomografia? Só em Manaus, dali dez horas de barco. Quer um medicamento outro que captopril para pressão. Não tem, o paciente vai ficar com a pressão lá em cima com risco de AVCdar, mas o medicamento não vem. Mesmo se ele morrer na sua frente. Ah, e para sua informação, ganhamos 8mil, sim, no mínimo. Mas estudamos no mínimo dez anos para isso. Eu, oncologista clínico, fiz seis anos de faculdade, dois de residência em clínica e três em oncologia. Onze anos para tratar meus pacientes com câncer. E Faço questão de os tratar num local em que haja quimioterápicos, cirurgiões, patologistas, radioterapeutas e não por frescura, mas porque se não meus pacientes morrem miseravelmente. Pelo visto você nunca usou o SUS, por isso essa ladainha sem sentido. 

      1. Burro? Ai oh, quando

        Burro? Ai oh, quando interessa da o diagnostico a distancia, ne? (me deixou preocupadissimo com esse insulto) Eu PAREI de ler quando começou a babação de ovo. Não é so voce que continua estudando depois de formado não, filho. E interior precisa de clinico geral e nem todas as doenças são cancer – se os medicos não forem lá, as mortes continuam acontecendo, só que em maior escala (ou voce acha que elas não acontecem se voce não estiver olhando, seu burro?). Não é atoa que martelam sobre mortes por doenças facilmente tratáveis o tempo todo…e não precisa de ir pra Manaus pra ver falta  de médico nao, olha pro interior de São Paulo. Voce vive num pais pobre. Sendo probre, VAI NECESSARIAMENTE FALTAR RECURSO EM ALGUM LUGAR. Se quiser deixar os isolados a propria sorte o faça, é um direito seu. Eu talvez o faria, mas teria a dignidade de reconhecer que é por conveniencia MINHA – e não porque não há o que fazer lá. Tambem nao atacaria os médicos de cuba(apesar dos interesses obscuros do governo), como muitos filhinhos de papai andam fazendo.

         

         

    3. As meninas têm razão. O autor

      As meninas têm razão. O autor não defendeu os médicos, de forma alguma. O artigo é sobre algo muito mais amplo. Sugiro uma releitura. Um abraço.

  262. Interessante

    Não sei se concordo ou discordo. Mas é fato que essa “desempenhocracia” trái a sociedade pois analisa os indíviduos usando uma mesma balança sem dar oportunidades iguais para todos. Quantos já não bradaram revoltados após ser abordado por um mendigo nas ruas “não dou esmola, que estude e trabalhe para conseguir alguma coisa na vida!”, como se a miséria fosse em 100% dos casos apenas uma consequência da preguiça (do baixo desempenho). 

  263. Os espíritas brasileiros são,

    Os espíritas brasileiros são, na sua grande maioria, conservadores. O motivo: são oriundos dessa classe média urbana meritocrática.

     

    1. Sorano, interessante sua afirmação

      Sou espírita Sorano. Não entendi a motivação para o seu comentário.

      Mas não posso negar que vc está absolutamente certo.

      Sempre pensei isso e fico me perguntando: porque o espírita é tão desinteressado de política?

      Os espíritas são extremamente meritocráticos. Me parece que associam a ideia de evolução espiritual, a partir do mérito próprio, com a meritocracia social.

      Muitos espíritas que conheço são extremamente reacionários. Alguns insuportavelmente.

      É um caso a se pensar.

  264. COTAS SÃO UMA FORMA DE MERITOCRACIA

       Discordo, mas discordo demais de seu texto.

     

        O motivo é simples: sou advogada e sempre lidei com portas batendo na cara, pessoas me ignorando, gente me ofendendo. Também nunca consegui emprego em escritório grande, o que me fez ter que advogar de forma autônoma e às vezes ter que prestar concursos com fé de passar em um. Lido muito com servidores que me olham de cara feia por eu ser uma advogada comum e  sem sobrenome importante.

       Ora, nunca reprovei em nada, sempre me esforcei, passei de primeira vez na prova da OAB, então por que as portas nunca se abriram para mim? Por que eu tenho que forcá-las para que se abram um pouco? A resposta é simples: porque eu tenho mérito, mas não contatos ou amigos em lugares importantes.

       Vejo conhecidos que se formaram no mesmo lugar que eu e sabem menos do que eu sei tendo as portas de grandes escritórios abertas e empregos lhes esperando. Eles são de classe média altíssima e têm empregos excelentes por que seus pais lhes conseguiram. São normalmente filhos de “gente importante”. Quando sentimos essa lado obscuro da ausência de meritocracia no nosso país na veia a gente reza para que algo dê certo, pois a gente se esforça tanto, mas as portas continuam a bater na nossa cara. A minha carreira têm sido frequentemente bater a cabeça na parede, por mais que eu esteja atualizada e saiba mais Direito que meus colegas de pedigree. A razão é a seguinte: eu não tenho pedigree, eles têm.

         Por outro lado, ninguém se esforça mais para colocar esse país nos eixos que a classe pobre, os negros, pardos e brancos, que ficam até duas horas num ônibus podre para chegarem aos seus trabalhos e ganharem um salário mínimo.

          Ninguém se esforça mais do que eles e ninguém tem mais mérito do que eles.

         Os pobres têm muito mais mérito que qualquer um de nós para poderem contar com bolsa família e SUS. O esforço do trabalhador braçal é algo em muito superior ao dos trabalhadores de classe média. A resposta é simples: eles têm que se esforçar muito mais do que a gente. O transporte com que eles contam é pior e eles já chegam cansados no trabalho. Mesmo assim, trabalham. A grande maioria dos pobres cumpre o serviço em situações que o orgulho do trabalhador intelectual não lhe permitiria. Eles se arriscam muito mais, moram em lugares muito mais perigosos, e a vida deles é muito mais dura.

         Os pobres é que movimentam o país e que pagam uma quantidade enorme de impostos. Sim, eles podem ser isentos do Imposto de Renda, mas o ISS e o ICMS estão embutidos em tudo o que eles compram. E o IOF também. Então, eles pagam impostos e têm mérito, também.

         As cotas em universidades públicas também são uma forma diferente de meritocracia. Sabe por quê? Porque ninguém se ferrou mais que o negro nesse país por 388 anos. O fato de ter ocorrido escravidão aqui e de os escravos não terem sido reintegrados na sociedade é vergonhoso para a nossa nação. Além disso, toda pesquisa que diz que “as cotas não funcionam” mostra o referencial daquelas universidades Ivy League americanas. Ora, convenhamos, nenhuma faculdade brasileira é de nível de Ivy League. Mesmo as nossas universidades públicas são fracas se comparadas às top americanas, então é melhor que o pessoal fique de boca calada, pois as cotas em universidades federais servem para que pardos e brancos entrem em condições iguais no mercado de trabalho.

         Em outras palavras, todas essas políticas de benefício são, em nosso país, UMA FORMA DIFERENTE DE MERITOCRACIA.

         Além do que falei, uma gestão de gastos públicos é fundamental, sim. Vejamos o SUS. O SUS é um lixo, todos sabemos, mas é melhor que nada. Nos EUA, você morre se não tiver seguro de saúde e o povo de lá não acha que isso seja necessariamente ruim. Pelo menos, no Brasil, você tem uma chance de se salvar se tiver uma doença grave ou um acidente. O SUS é ruim por que os recursos se perdem no meio do caminho. Há dinheiro indo para lugar que não deveria ir, e isso não é de hoje! Assim, não adianta culpar o PT, pois desde a época de PSDB, PMDB ou de PDS no poder a coisa já estava assim. Uma boa gestão dos recursos possibilitaria que coisas legais como fazer o tomógrafo do Hospital de Base em Brasília funcionar.

          Dessa forma, cotas em universidades federais e bolsa família são uma forma de meritocracia, SIM. Além disso, o bolsa família leva as pessoas a deixarem os filhos no colégio. O motivo é simples: se a criança não estiver na escola, o beneficiário não recebe. Infelizmente, vivemos em um país onde, por muito tempo, os pais nem matriculavam os filhos na escola ou as pessoas aprendiam só a assinar o nome para votarem em algum político de curral eleitoral de interior. Falo isso por que moro em Brasília, que é grudada em Goiás. É só falar com o povo mais velho que eles explicam.

          Assim, família que recebe o bolsa família deixa o filho na escola. Que outra forma havia para que as crianças estudassem e tivéssemos pessoas com um futuro melhor? Não dá para fazer igual à Inglaterra. Não, é impossível. Lá eles prendem os pais que não levam os filhos para a escola. Isso aqui seria impossível, pois a gente não tem nem onde meter preso.

        Sim, eles prendem. Levam o pai ou mãe de família relapso à prisão. Isso é uma pena dura.

        Ah, aí agora cheguei a um outro ponto do seu texto: penas longas e mais punições. Em que isso prejudicaria o desenvolvimento democrático de uma nação? Em nada. Li que um pedófilo (o vocalista de uma banda chamada Lostprophets) pegou 35 anos de cadeia pelos seus crimes na Inglaterra. SIm, permita-me repetir o nome do país: INGLATERRA, que é um lugar onde a qualidade de vida é muito melhor do que aqui.

        Qual o problema de um assassino ficar trinta anos na cadeia? Ele matou alguém. Ele não estará cometendo mais crimes contra a sociedade civil no período de cumprimento de sua pena e nós estaremos mais seguros se ele ficar fora das ruas.

        Oproblema no Brasil, e quem é da área jurídica sabe bem disso, é que não há interesse em se construir presídios ou de melhorar os que já temos. O nosso sistema prisional é precário, mas não se investe nele, então os juízes se vêem forçados a deixar as pessoas soltas.

         Em consequência disso, maníacos ficam livres para cometer mais crimes, assim como o Maníaco de Luziânia, que saiu por bom comportamento depois de estuprar crianças e foi para o Jardim Ingá assassinar rapazes. Ele não é uma exceção: há pessoas que são muito perigosas e que têm que ficar um tempo fora do convívio social a fim de que os cidadãos comuns, em especial os pobres e pardos, fiquem mais seguros.

        Todos os garotos vítimas do Maníaco de Luziânia eram pardos e pobres que foram atraídos com propostas de emprego. Eram todos bons garotos que não mereciam morrer. Eles estariam vivos se o maníaco que os assassinou ainda estive cumprindo pena.

       Quem morre mais é o trabalhador pobre e o pardo. E boa parte deles é trabalhadora braçal que concordaria com penas mais severas contra criminosos violentos.

      Sim, precisávamos de mais prisões e que as pessoas cumprissem a inteiridade de suas penas. Vivemos em um país em que uma pessoa que mata a outra fica somente 5 anos presa e dali já consegue a progressão de pena. Precisamos também que corruptos e executivos desonestos cumpram penas. Uma vez fui a uma delegacia denunciar um caso grave de estelionato e os policiais disseram que não fariam nada, pois não tinham como investigar um crime que não fosse contra a vida. Dessa forma, uma deficiente mental (que era minha cliente) foi lesada em milhares de reais por um desconhecido. O criminoso não era pobre e tinha que estar preso. Também duvido que fosse pardo ou negro. Minha desconfiança era de que fosse uma pessoa branca e idosa, mas a polícia nem apurou.

       A razão atrás de se deixar o Réu solto e de haver tanta impunidade é simples e quem lida na área de Direito Penal sabe: há uma norma da ONU em que um país só é considerado desenvolvido se houver um percentual máximo X de pessoas presas. Se o percentual for maior, o país não é considerado desenvolvido. Daí o Brasil, e também para não gastar com investimentos no sistema prisional, deixa réus com alto índice de criminalidade soltos. É pura hipocrisia. Além disso, nenhuma administração quer gastar com investimentos no sistema penitenciário. A situação é tão caótica que estamos em colapso. O que ocorre em São Luís é exemplo disso.

         Quem comete um crime tem que ser punido. Isso ocorre em qualquer sociedade e em qualquer tempo, e a punição para o ato do criminoso tem a ver com a culpabilidade, que é a sua consciência do errado (não ensinam isso para a gente na faculdade de direito), e a gravidade do crime.

        Lógico que há pessoas que teriam condições de ser reabilitadas, mas o estado não liga para isso. O governo, tanto esse quanto todos os outros anteriores, quer é deixar a pessoa pouco tempo presa em um calabouço medieval, depois dá uma de bonzinho e cumpre as metas da ONU soltando a pessoa, isso se o criminoso não tiver morrido ou não tiver pego uma doença lá dentro. Daí fica todo mundo bem na fita, pois o criminoso tem a vida de volta depois de uma breve temporada no inferno.

        Acontece que ele volta e comete mais crimes. Ele não foi reabilitado. Às vezes nem queria ser reabilitado, mesmo.

         Toda sociedade pune. Países mais ricos e felizes que o nosso punem. Do ponto de vista sociológico ( e eu estou parecendo Gramsci), a sociedade precisa disso para reforçar os seus valores. E eu falo da sociedade como um todo, não só da classe média “conservadora”, da qual eu não faço parte.

        Lógico que a Noruega, que é um país minúsculo e riquíssimo, pune pouco. Mas eles não são parâmetro para nenhum país maior. Eles condenaram o atirador Breivik a 20 anos de reclusão. Ele matou dezenas de pessoas. Christian Vikernes, um músico de Heavy Metal que matou o dono de sua antiga gravadora com facadas, pegou a mesma pena. Vikernes havia colocado fogo em uma igreja medieval também, mas ele não era um assassino em massa, ele matou uma pessoa com quem tinha tido um problema contratual. Vikernes cumpriu a pena e nem pode mais viver em seu país. Ele está solto há anos e nunca mais matou ninguém (também acho que ninguém mais vai querer passar a perna nele em contratos), mas Breivik assassinou dezenas de crianças e adolescentes que ele nem conhecia. Ele é um maníaco que teria que ficar o resto da vida atrás das grades. Ele também mutilou várias outras pessoas, isso sem falar naquelas que ele feriu gravemente. Não é justo que Breivik fique tanto tempo preso quanto Vikernes. Assim, Noruega não é padrão para ninguém.

         Vejamos o caso da Holanda. Theo Van Gogh (descendente do irmão do pintor) foi assassinado por um jovem de ascendência marroquina após um filme polêmico sobre o Islã. Mohammed Bouyeri, o assassino dele, foi sentenciado à prisão perpétua sem a possibilidade de livramento condicional ou progressão de pena. Está vendo? Um crime religioso foi apenado com prisão perpétua em uma país cuja qualidade de vida é infinitamente superior a do nosso.

        O meu ponto é que existem penas severas em outros países, sim. Não se fala disso, mas Inglaterra e Holanda são exemplos. Nem estou falando dos EUA, onde há várias prisões privadas e isso é um negócio lucrativo.

        O que eu quero dizer é que desejar punição para crimes horríveis não é conservadorismo. Eu fiquei revoltada com a pena do assassino de Mércia Nakashima, mas não sou conservadora. Eu até votei no PT e já cheguei ao ponto de votar no PSOL e no PV. Sou o tipo de pessoa que ouve gente condenando o bolsa-família com um sorriso cínico nos lábios, querendo dizer que o meu interlocutor está errado, mas não falo para não dar briga. Também sou a favor do aborto em algumas situações.

        Assim, o seu ponto de vista é errado.

        Meritocracia envolve cotas, sim. Também envolve o bolsa-família. A classe média pode não saber do esforço dos pobres, mas eles contribuem muitíssimo para o desenvolvimento do nosso país.

          E a falta de meritocracia é o favoricemento do pedigree, o favorecimento dos “contatos de papai e mamãe”.

           Meritocracia é justiça. Cotas são uma forma diferente de meritocracia. Peço que as pessoas tentem pensar nisto sob este enfoque.

     

     

     

    1. Comentário pertinente, mas há concordância com o texto do autor

      Olá, Ana Luíza.

      Seu comentário é, realmente, muito pertinente. Mas, do que posso ver, o autor e você concordam em pontos centrais de seus argumentos. Quando você toca na questão de que o bolsa-família e as cotas são casos de meritocracia (apenas uma “forma diferente de meritocracia”), ou de que os trabalhadores têm mérito, você está em total concordância com o que é central no argumento do autor, a saber: a diferença entre “mérito” e “desempenho” (motivo pelo qual o autor sugere o termo “desempenhocracia”, em vez de “meritrocracia”, devido a mal-entendidos que podem ocorrer, como este). A questão é que, inegavelmente, tais casos envolvem o “mérito”, porém os critérios para avaliá-los enquanto “desempenho” e recompensá-los de maneira “justa” (de acordo com o nosso entendimento de “justiça”, é claro) são totalmente outros. Tais critérios são “cegos” para o mérito dessas pessoas, inclusive para o seu próprio, conforme relata em sua experiência pessoal. A grande questão é que valores como “bem” e “justiça”, no que se refere à totalidade social, passam totalmente à margem desses critérios.

      Quanto aos doutores com “pedigree”, tal questão é outra. E envolve tanto a classe média – que é objeto da discussão, porque é correlata à meritocracia – quanto o favorecimento patriarcal das classes mais favorecidas. As classes mais favorecidas não dependem de seu “desempenho”, mas, como o próprio autor o comenta, de alianças pessoais e políticas, em geral envolvendo o “nome” (representante da família e de sua posição na hierarquia social), como é o caso desses doutores com pedigree. De fato, isso ocorre de maneira mais contundente nos cursos de alto reconhecimento social, como é o caso do Direito, mas também o da Medicina, e que, não por acaso, são aqueles nos quais o “nome” faz toda a diferença para o indivíduo – quer dizer, aqueles cursos nos quais o patriarcalismo tem maior peso. Então, neste ponto, é importante fazer a diferença entre a “desempenhocracia” que vigora no âmbito da classe média e o patriarcalismo que, por sua vez, vigora no âmbito das classes abastadas. O que, no caso de seu curso e de seu campo de atividade profissional, é importante de se fazer; isso porque há, realmente, como uma herança histórica, a presença do patriarcalismo das classes abastadas, ao lado da “desempenhocracia” da classe média, um “campo misto” de estratégias e recursos, portanto. Sendo assim, não há grandes divergências entre os seus argumentos e o do autor. O estado-de-coisas é o mesmo. Apenas é preciso fazer clarificações para se chegar às diferenças importantes e aos pontos em comum, em cada caso.

      De resto, suas colocações são bastante interessantes. E mostram um caminho importante de ser ainda percorrido: a discussão de agendas políticas e de alternativas ao sistema meritocrático vigente, o que inclui as estruturas de poder (amiúde, invisíveis) que lhe são subjacentes.

      Um abraço.

  265. O articulista peca ao

    O articulista peca ao imaginar que paulo Coelho é mais bem sucedido que Quintana, posto que teve retorno maior…

    Nem sempre o retorno financeiro, quase nunca aliás, é parâmetro de felicidade… Bem reaça…

     

  266. O antônimo : O AULICISMO

    Já que a meritocracia é a ferramenta de valor do novo judas da sociedade “moderna” … ou para os mais radicais, o novo judeu da sociedade “avançada” ou o “demônio” para xiitas políticos. Vamos considerar a antítese da meritocracia.
    Ou entao, consideremos o “porque” a classe média adota esse valor tao “aviltante” e tao “mesquinho” nao é verdade?
    A antítese é exatamente o que tem de pior para balizar os valores de uma sociedade: O Paternalismo e o Clientelismo. O Apadrinhamento. A troca de favores. A Mafializaçao político-social  

    – Privilégios e beneficios a quem eu (Estado) bem entender … Justo … Claro que sim … Justissimo para mim (poderoso onipresente e onipotente Estado)  

    Hoje vemos o Judiciario aparelhado por indicaçoes politicas. O apadrinhamento (quase que uma relaçao feudal: Vassalo- suserano) …

    – Eu (Estado) te ofereço esse carguinho publico bem conveniente para ambos, e juntos trocamos figurinhas … Mantemos nossa panelinha aquecida … Trocamos favores, solapamos Instituiçoes democráticas … e seremos juntos felizes.

    Sistema que começa e termina com base corruptível e corrompível. 

    Todos tem essa oportunidade ? ÓBVIO que nao … Apenas meus parceiros, comparsas, quadrilheiros … Temos esse “beneficio” nobre em busca de uma causa perdida no tempo e no espaço (para idiotas e manipuláveis pensarem que buscamos um mundo melhor e justo).  

    O governo nao é capaz de promover as mesmas condicoes em situacoes de igualdade a todos e apela para o “nivelamento por baixo” dos serviços aos cidadaos … Por que ? Isso é justo ?
    Claro que nao é … é mais fácil e pratico do ponto de vista economico, politico e social (promovendo a luta de classes).

    Totalmente fora do contexto mundial, superado … O mundo e o próprio brasileiro CLAMA por QUALIDADE nos serviços públicos e privados também … Um (pre) conceito baseado no recalque, ressentimento, inveja e que só mesmo Freud poderia explicar.

    “Vamos dar ao povo, o pior” …. Isso é contra o ser humano … Nem mencionarei os direitos de um cidadao …     

    – E nós (Estado) ? … Nós queremos o melhor para nós e nossos amiguinhos comparsas … Queremos o Sírio Libanes para nosso atendimento … – E o povo ? – Ah o povo ! … Damos esses medicos aqui mesmo … esses nao reclamam (sussuros) … Se reclamarem Titio Fidel dá um jeito neles … Tá mais que bom pro Zé Povinho …

    Uma desfaçatez, dissimulaçao, demagogia e hipocrisia no maior cinismo politico da historia brasileira. 

    A classe média como está anos-luz distante desse apadrinhamento, que só os compnheiros politicos do governo tem acesso, … Nao tem outra opçao … a nao ser se esforçar e tentar buscar o mínimo para viver dignamente … Sem esmola governamental. 

    Se a meritocracia é ruim para o país e sociedade … sua antítese ou idéia oposta é muito pior. 

    Para informaçao: O aulicismo é o culto do espírito áulico. Nas democracias modernas, ele se reveste de formas menos decorativas e reaparece nas figuras dos cupinchas, dos cabos eleitorais e do empreguismo, que enche as repartições públicas de um funcionalismo ocioso e displicente.

     

  267. Vamos colocar os pingos nos “i”. Qualificando as camadas sociais

    O texto tenta dirigir o leitor a pensar que “meritocracia” é “coisa de classe média”…  de gente que não tendo como se manter por meios próprios e não tendo oportunidade de ingressar nos quadros públicos, “policia” através de ideologias retrógradas e inadequadas aos “tempos atuais” as políticas chamadas “progressistas” ou como se tem chamado últimamente: Políticas de “esquerda”. Este equívoco semântico proposital, rescende à gritaria das ruas dos fanáticos militantes de outrora que colocavam pechas naqueles que ousavam discordar do pensamento dos companheiros e da militância dos partidos de pensamento, tendência e ideologia esquerdista.

    O autor aprofunda-se no assunto criticando o desejo da (assim chamada) “classe média” puritana que não concorda com cotas para negros (vou mais adiante), não concorda com casamento gay, não concorda com a legalização do aborto e não concorda com a descriminalização do uso e comercialização de drogas.

    Ora… Esse pensamento é o reflexo de uma sociedade que supsotamente quer se organizar de uma forma DIFERENTE do pensamento Trotskista. 

    Uma sociedade que “comprou a ideia” de que um governo do PT seria PROGRESSITA, comedido em seus gastos, probo em sua administração e, principalmente, promotor da grande mudança no perfil da distribuição de rendas no país.

    A sociedade que agora COBRA o PT de sua postura e das promessas de campanha não é a sociedade das “elites” nem a sociedade da “classe média”, mas os eleitores conscientes que se sentem traídos por uma gestão desastrosa em todos os sentidos.

    O que o PT alardeia como “UMA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA JAMAIS VISTA NA HISTÓRIA DESTE PAÍS” , não passa de paternalismo que não alça as camadas mais baixas da população a patamares onde está ou deveria estar a “classe média”. Ao contrário. mantém as camadas mais baixas “respirando” para que nas datas das eleições, possa ser conduzida pela mão até a boca da urna e depositar seu voto “comprado” enquanto, ao mesmo tempo, retira da antiga “classe média” seu poder de compra, produtividade e investimento. 

    O autor compara o Brasil a países onde o salário mínimo é cerca de 10 ou 20 vezes o salário mínimo vigente no Brasil, onde o poder de compra do mercado interno faz com que sua economia seja forte, onde o padrão de vida da (lá sim) classe méida é infinitamente superior ao das camadas mais abastadas da nossa população e onde existe, sim, condições de se pagar um plano de saúde com preço justo e ter atendimento condizente com os valores pagos pelos serviços. 

    Países onde a corrupção (lá também existe, claro), é severamente punida, onde os serviços que o governo presta tem preços relativos infinitamente menores do que os nossos, onde as escolar públicas existem em número suficiente e com qualidade excelente para todos, não sendo necessário pagar uma fortuna para que seu filho estude numa escola “supostamente” melhor do que a pública.

  268. Deu mil voltas, mas o óbvio permanece

           Não dá pra questionar meritocracia. Todos esperamos alguma espécie de justiça na vida, em especial
    na distribuição dos recursos escassos, que como tais devem ser distribuidos com algum critério – meritocracia é a escolha razoável.
           O que pode ser atacado são os critérios de mérito, que é o que o autor fez em algumas passagens, sem admitir. Insistiu em martelar ‘meritocracia, meritocaria’ ao mesmo tempo que lamentou por seus próprios critérios meritocráticos não serem os vigentes – e ao mesmo tempo que ignorou (apesar de citar) a utilidade destes critérios: O que mais prático e direto para incentivar desempenho do que premiar por desempenho? Isso não é ‘perverso’, e boas intenções não satisfazem demandas (e convenhamos – as pessoas so trabalham quando precisam). A “ilusória e reducionista objetividade dos resultados” não tem nada de ilusória, pois todos sabemos muito bem para que serve essa métrica.

    Meritocracia é a única chance de ascensão de quem é honesto – natural que quem depende dela a defenda com unhas e dentes (e me surpreende tanta gente concordar com o texto).
     
    Enfim – além de não concordar com a argumentação, o texto me pareceu bem enrolado…e não adianta dar mil voltas se o óbvio permanece.

  269.      Ótimo texto, porém

         Ótimo texto, porém tendencioso à colocar a meritocracia como vilão das desigualdades sociais, quando na verdade ela é bem aceita pela classe média, por promover uma ascensão pessoal (social), por estar enraizada na justiça (no merecimento do trabalho realizado), e na alta probabilidade de avanços técnicos que esta pode proporcionar.

         O texto menciona em um momento os pontos positivos dessa ordem (meritocracia) ..”A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.)”  e trata todo resto de ‘ruim’ que esta traz (nos valores sociais e morais). Apesar desses pontos negativos continua, ao meu ver, que a meritocracia ainda seja melhor que acreditar e um Estado(Líder), que vai melhorar sua vida sem você tenha que fazer nada, prometer um paraíso e nada realizar.

    É preferível a selvageria honesta, que a utopia falsa.

    1. Releitura

      Sugiro uma releitura do artigo, meu caro. O autor define o conceito de meritocracia a partir das relações de poder e interesse envolvidas no decurso. A meritocracia não é a culpada das desigualdades e sim o que está  “por trás” dela. Ela é uma forma de ideologia que sustenta essas práticas (segundo o texto).

  270. “meritocracia”

     Tava comentando isso com um amigo… Acho lindo esse negócio de “meritocracia”. Ai uma pessoa que estudou num colégio de ponta a vida toda, que teve DINHEIRO de familiares pra estudar a vida toda, que não passou fome um dia sequer na vida como eu já passei, vem dizer que não deve haver cotas em prol da “meritocracia”. O mérito foi por ter nascido do lado positivo da balança da desigualdade social? Quer ter mérito próprio, estude como eu a vida toda em colégio publico onde só tem aula dois dias na semana e entre no vestibular sem NENHUMA ajuda… Agora estudando em colégio ótimo e concorrendo com esta classe massacrada, não consigo visualizar meritocracia e sim SORTE de berço. Mas é um ponto de vista… não tiro o mérito de ninguém, muita gente merece estar onde está por merecimento próprio rico ou pobre, só acho que o correto é se observar uma situação com os olhos do outro também. Sou a favor de cotas para que todos neste país possam efetivamente ter condições iguais de concorrência…

  271. A meritrocacia

     

    A meritrocacia nao e excludente as politicas sociais. O que vemos atualmente e uma politica , tambem, nefasta de beneses sem contrapartida. Um governo que uso os impostos de quem merece de maneira pouco transparente e em politicas que nao apontam para uma mudanca social. talvez tenha sido esta politica que tornou a classe media tao reacionaria como vc prega.

     

  272. o mais interessante é a

    o mais interessante é a meritocracia ao final do post e dos comentários… viram as notas em forma de “estrelinhas”????

  273. “a) A meritocracia propõe

    “a) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais (direito à vida, justiça, liberdade, solidariedade, etc.). Então, uma sociedade meritocrática pode atentar contra estes valores, ou pode obstruir o acesso de muitos a direitos fundamentais.”

    Isso nao eh verdade, essa conclusao eh falaciosa.
    Dentro do merito estah incluida a aceitação do desempenho. Quem determina se vc eh merecedor de alguma coisa nao eh sua inteligencia, conhecimento ou competencia e nem muito menos o seu esforço e sim o medidor do seu desempenho que eh a sociedade. Isso significa que numa meritocracia a liberdade, solidariedade e justiça sao fatores fundamentais, eh impossivel haver uma meritocracia sem essas coisas…
    Na verdade quando ha um sequestro da meritocracia por parte do estado que visa “nivelar as diferenças” eh que vc destroi completamente os valores de justiça, direito a vida, liberdade, solidariedade….
    Pq quando ocorre tal sequestro o estado pode dizer que sua habilidade, conhecimento, comeptencia e esforço estao desnivelados por conta da sua classe social ou historia de vida e por tanto age como mediador compensando as pessoas que se encontram em “desvantagem”.
    O problema dessa compensaçao eh q o estado nao tem a capacidade de definir quem eh o merecedor de alguma coisa e por tanto escolhe vencedores e perdedores a esmo, geralmente favorecendo os perdedores.

    O welfare state nos paises citados nao entrou em colapso atoa, ele entrou em colapso pq numa cultura onde os vencedores sao escolhidos pelo estado e nao pelo povo vc cria um sistema onde nao ter uma boa performance eh vantajoso… esse sistema eh sequestrado pelas grandes corporaçoes tambem, nao apenas pelo povo… e daih eh q vc tem um sistema fascista. Que premia o fracasso….

    A meritocracia nao eh perversa, a meritocracia foi pervertida pelo estado e usada pra colocar a populaçao em cheque e os bilionarios no poder.

    A classe media brasileira nao pode ser reacionaria, pq isso seria dizer que eles querem voltar a um passado onde esses valores existiam… tal passado nunca existiu, ao menos nao no brasil… A unica semi meritocracia que eu conheco foi os EUA no seculo XIX… fora isso nao sei de nenhuma e dizer que a classe media brasileira almeja voltar aos eua do sec XIX eh meio esquisito…

    O modelo mais democratico que eu conheço eh a meritocracia… pq a meritocracia depende diretamente do livre mercado (livre mesmo, sem interferencia estatal ou de votos da maioria)…. pq o livre mercado eh a unica forma de a vontade da maioria se fazer valer, pq depende diretamente da seleçao do povo pra funcionar.
    Como vc sabe se um cantor eh melhor que o outro? pelo timbre da voz? pela complexidade das musicas ou da melodia? nao… vc sabe que um cantor eh melhor que o outro pela aceitaçao popular, aplique a lei de Darwin no mercado e vc vai ver o que eh democracia de verdade.
    Quando vc sequestra a vontade do povo e coloca o estado como middle man vc destroi a democracia e cria uma ditadura do 50%+1, essa ditadura eh facilmente sequestrada pelas pessoas disputando o poder, pq tudo que vc tem q fazer eh vender um peixe mais bonito… vc nao precisa nunca entregar o peixe, vc soh precisa prometer… e o que vc usa como collateral pra manter essa promessa? Cobrar impostos dos que foram bem aceitos pelo povo… o que acontece em seguida? os mais poderosos dentre os que foram bem aceitos pelo povo se afiliam aos politicos pq esses agora detem impostos e empregos… e aih oq acontece? fascismo…. e o 50% + 1 passam a viver na coleira pro resto da vida… o sistema eh OBVIAMENTE insustentavel e entra em colapso… mas os bilionarios lah de cima e a classe politica NUNCA perdem… qm perde sao os 50% + todos os outros…

    Nao confundir estadismo com meritocracia pra depois chamar a meritocracia de perversa…. pls.

  274. Há diversos pressupostos

    Há diversos pressupostos errôneos ou sem qualquer sustentação neste artigo. Quem viveu em locais com América do Norte e Europa sabe que a meritocracia é muito mais forte nesses locais que no Brasil, e provavelmente ainda mais no Oriente desenvolvido e no emergente. A meritocracia tem suas virtudes e colaborou para que muitas nações se desenvolvessem, tanto econômica quanto socialmente. Aliás, sua aplicação é muito falha no Brasil, onde os indivíduos muitas vezes conseguem as coisas tirando vantagem dos outros, sem nenhum mérito, mas usando influência. Porém, obviamente, como tudo no mundo, a meritocracia não é uma panaceia e não pode ser levada ao extremo. Precisa ser temperada com amor, compaixão e solidariedade. Na minha opinião, alguns dos maiores problemas do Brasil são na verdade a ignorância, a falta de instrução adequada e de ênfase no bem comum. Há muitas evidências que esses são nossos grandes inimigos, em todas a classes sociais.

  275. meritocracia

    Se os cubanos fizessem a provinha de medicina e passassem, não precisaria tanta filosofada pra explicar um zero na prova. Pra ser médico não tem que merecer, tem que estudar e parar de choramingar e inventar termos idiotas como “meritocracia” e “nota10cracia” , “eficienciocracia”

  276. O autor não conhece a

    O autor não conhece a realidade européia ou a americana. A sociedade americana é fundada e baseada na meritocracia. Há países europeus que não valorizam a meritocracia, de certa forma, como Portugal, Espanha e França, mas são exatamente os países mais decadentes da Europa. Os países que se apoiam extremamente na meritocracia (países nordicos, Inglaterra e Alemanha) são os que têm melhores condições econômicas e sociais. O pobre brasileiro que aproveita a educação que lhe é disponível e que trabalha, pode conseguir melhorias econômicas e sociais. Como em qualquer país do mundo, a evolução é feita em gerações: o pai trabalha, ensina o filho a trabalhar e a terceira geração terá uma melhor condição de vida.

    Toda sociedade organizada faz com que os mais capazes trabalhem para sustentar os menos capazes. Mas, para que os mais capazes trabalhem por 10 ou 20 menos capazes, eles têm que ser recompensados. E estas recompensas são estímulos financeiros, que foçosamente serão distribuídos desigualmente. A instituição da recompensa igual para todos leva o país à falência. Como o que ocorreu com Cuba, URSS, Coréia do Norte, Vietnâ, etc.

    1. Meritocracia no Brasil é diferente

      O problema é que aqui, não há condições iguais de oportunidades, justamente porque o histórico de nossa sociedade reservou terras e riquezas para uma pequena parcela causando desigualdade. Na desigualdade a meritocracia fica descalibrada. E outro problema é o preconceito. Quem obteve méritos, acha que todos poderiam ser igual a ele, mas mesmo que um pobre se esforce e consiga ascender socialmente, terão outros milhões que não conseguirão, e mesmo que eles quiserem, não havera emprego pra todos. Condições iguais seria se todos pudessem ter pelo menos, moradia e alimentação gratuítos, e não, ter que trabalhar para obter esses direitos fundamentais.

       

       

    2. Acesso ao FIES.

      Pois é, Helbert.

      Nossa familia é de classe média com  renda  superior aos atuais 20 vinte salários mínimos, limite

      para inscrever-se no financiamento da faculdade pelo FIES. O que aconteceu é que eu e minha 

      mulher somos funcionários de empresas estatais, admitidos por concurso público e, pelo fato

      de nossa renda e padrão de vida haver evoluído em 37 anos de trabalho no meu caso e 32

      de minha mulher,  no caso de  nossa filha ingressar em faculdade de Medicina  particular (na verdade

      ela está se preparando para isso – já se formou no segundo grau) – não teria direito, atualmente, de pleitear

      o financiamento pelo FIES – O QUE NOS PARECE COMPLETAMENTE INJUSTO – O que fizemos

      de errado para sermos excluídos? 

      Não concordamos com isso – nos consideramos prejudicados em todas as políticas do Governo,

      pois todas elas deixam de incluir-nos, senão vejamos:  Ao pagarmos os estudos dos filhos, pode-se abater

      reduzido valor na declaracao de Imposto de Renda, isso só até os 24 anos – como se depois dessa época

      os pais não têm, muitas vezes, de continuar auxiliando financeiramente os filho –  não se tem bolsa de 

      nome nenhum! Quer dizer, além de não poder financiar pelo FIES (nao seria de graça) não poderia nem

      abater os custos com a educacao dos filhos no imposto de renda. É MUITA INJUSTIÇA – mas o que fazer?

      Antonio.

       

       

  277. Atendimento de sua mãe

    Como algúem pensar que em qualquer nível sociedade, é possivel não existir algum tipo medida meritocrática para organizar quem faz o que? E pensar que isso é uma “arma” da classe média para manter os pobres mesmo pobres?  Eu só posso ver isso como uma tentativa do autor de agradar ao status-quo, e nada mais.

    Hoje em dia, quem mantém os pobres pobres é a politica do governo que não pensa e não investe a longo prazo. Isso é que vai manter os pobres pobres daqui a 10 ou 15 anos, com ou sem bolsa família. Os pobres vão estar pobres não é pelo fato de que os pais de alguém passaram grandes dificuldade, em duas gerações, para que alguém pudesse estudar. Ou os que não tiveram chance acham que todos que estudaram vieram de famílias ricas? Agora essa pessoa que se esforçou é a opressora daqueles que nao tiveram chances? Perá aí…

    Quando ouço esse tipo de comentario, eu em geral pergunto ao autor se ele gostaria que sua mãe doente fosse tratada por alguém que tirou as piores notas da classe. Quem vai responder sim aqui?

    1. E se um gari ganhar mais do

      E se um gari ganhar mais do que vocÊ, o que você vai fazer? ele não teve meritos, vc é algo mais importante que ele. A não aplicação da meritocracia não esta relacionada a vadiagem, é o simples fato de igualar as pessoas a um mesmo degrau.  Que moral uma pessoa da classe média tem pra falar de quem tem bolsa familia e chamar esse povo de vagabundo? As pessoas que usam bolsa familia na sua maioria não tiveram a oportunidade que o estado deveria lhes proporcionar e na contra mão elas tem as mesmas necessidades que uma pessoa de classe média e rica têm. As pessoas que falam isto são as mesmas que estão sentadas em seus confortaveis lares estudando para passar em um concurso e trabalhar nada e ganhar muito,  porque se funcionalismo público fosse bom não seria esssa maravilha que os proprios coxinhas reclamam. Não se trata de ser de esquerda ou direita, se trata de ser justo seja lá qual bandeira for.

       

  278. Adivinha se não é funcionário público…

    Não que todos os funcionários públicos pensem assim, mas um texto como esse contra a meritocracia só poderia vir da mente de um funcionário público, que vive no mundo do faz de conta da estabilidade do emprego, aposentadoria integral e isonomia salarial, independente da real competência da pessoa. É por causa desse pensamento esquerdopata seu, citando ainda a “musa intelectual” da esquerda a Marilena, que tudo anda a passos de tartaruga nesse país. Para que ser competente? Não existe meritocracia mesmo…E outra coisa o autor escreve como se ele mesmo não fosse parte dessa terrível “classe média” brasileira.

    1. O que te fez mais competente

      O que te fez mais competente que outro? sua capacidade de PRODUZIR mais? Pessoas como você são as mesmas que jamais aceitariam ver um pobre coitado subindo na vida sem ter tido as mesmas oportunidades que você. A falta de meritocracia não sustenta vagabundo, pelo contrário, ela abre oportunidade para todos, trazendo igualdade de oportunidades. Continue produzindo.

      1. A capacidade de produzir mais e melhor

        Sim, a produtividade de alguém é fator preponderante e é assim que tem que ser. Não sei se trabalha e onde trabalha, mas no mundo real da iniciativa privada, se você não produz mais do que o custo que gera, você está fora. Simples assim. E não tenho problema nenhum com um “pobre coitado” ganahdno mais do que eu, até porque sou filho de operário que estudou a vida inteira em escola pública, pagou a própria faculdade  e só estou onde estou por algo chamado meritocracia! Gostaria que me citasse um país de primeiro mundo em que a meritocracia não estive no cerne da cultura local e do mercado de trabalho.

         

        1. Vc não entendeu o texto…

          Vc tem mérito e conseguiu. Parabéns! Tem muitos outros que tb têm mérito mas que não conseguiram… o texto é sobre isso.

  279. O mérito

    Vejo que as pessoas estã discutindo meritocracia sem mesmo definir o conceito antes. Vamos definir assim: Meritocracia seria a alocação de determinado recurso aos mais competentes numa determinada área. Só que este conceito é uma função f(x) que necessita de um parâmetro x, neste caso, o que é ser mais competente, melhor. A comparação Paulo Coelho – Mário Quintana é útíl para elucidar isso. Para um critério definido por um grupo que vamos chamar de críticos intelectuais, Mario Quintana é o mais competente.  (Eu mesmo sou um apreciador de sua obra). Mas para o mercado, Paulo Coelho é o melhor, pois soube agradar os consumidores majoritários. Então o mercado, a “mão invísivel”, alocou o sucesso financeiro á Paulo Coelho. Justo? Ao mer ver, sim. O mercado é quem deve decidir o que é o melhor, pois ao contrário do governo (mesmo que este usasse critérios vistos como  “meritocráticos” como formação do escritor e avaliação do mérito técnico de sua obra), ele não impõem nenhum sistema á força, é apenas um consequência da busca das pessoas em satisfazerem seus desejos. O mercado prêmia quem agrada os consumidores, quem tem habilidade de medir riscos e perceber necessidades e desejos. Outros critérios, por mais sensatos (como uma tecnocracia, por exemplo) que pareçam, se dependem da imposição de um sistema via Estado (legislação, etc), violam a liberdade individual. Acho que os Estados Unidos foi o país que chega mais perto de aplicar isso, daí seu sucesso maior. 

    Vejam mais exemplos. Mesmo que o governo premiasse pesquisas inovadoras com financiamento (bancado por impostos), algo visto como justo pela maioria, ainda seria contra-produtivo, pois se estas pesquisas fosses mesmo úteis para alguém, poderiam conseguir financiamento no setor privado como ocorre nos EUA. 

    Não há necessidade de buscar implantar a meritocracia. Se o mercado for livre, desregulamentado (sem restrições a competição e a livre iniciativa), e o governo se limitar a manter duas funções (Defesa da propriedade privada e justiça), a meritocracia (por critérios de mercado) surgiria naturalmente.  Qualquer tentativa de impor algum critério de avaliação pelo governo frustra esse processo. 

    Quanto a esse assunto dos médicos cubanos, gostaria de dizer, que eu não me oponho que qualquer estrangeiro venha exercer qualquer função aqui se vier de livre e espontânea vontade. Não vejo propósito em provas obrigatórias pela força do Estado.  Se eu quiser contratar um médico sem revalidação ou qualquer outra certificação, eu estou por minha conta em risco. Mas sou eu quem deve decidir isso.

    Abraços, um libertário. 

    1. Microeconomia dos medíocres

      Uma constrangedora demonstração econométrica. É por essas e por outras coisas que estudantes brasileiros são motivo de piada nas universidades fora do país. Pelo tom da prosa deve ter lido o manual de micro do Hal Varian. E só. For God Sake.

  280. ótimo texto, parabéns.

    O problema não reside na meritocracia, mas sim na sua métrica. Ainda sob condições de oportunidades normalizadas, a segregação entre diferentes níveis de sucesso será regida pelo mérito.

    1. Um exemplo real

      Concordo com o que disse, Raphael, e quero ilustrar sua fala com um exemplo que presenciei na Austrália, onde vivi por 10 meses. Lá existe desigualdade social, mas ela é consentida e muito menos cruel do que a que existe no Brasil porque todos os cidadãos australianos tem iguais oportunidades na vida. Um homem que se satisfaz em ter uma casa simples e comida na mesa trabalhando apenas 4h por dia não reclama daquele que tem uma mansão em frente ao mar mas que trabalha 10h por dia. Acima de tudo, o primeiro não reclama do segundo porque, se aquele quisesse, ele teria condições de estudar e trabalhar para também poder comprar uma mansão em frente ao mar. A meritocracia também existe lá, mas ela é menos cruel do que a brasileira porque as condições de oportunidade são normalizadas.

  281. Toqueville, minorias e Alemanha

    Muito bom o texto! Não sei se o autor conhece, mas seria muito útil (e a todos que aqui comentam) entender a obra de Toqueville. Toqueville é um francês que tentou entender as diferenças entre Europa e EUA no século XIX. No final, ele prefere o sistema democrático americano e seus valores à Monarquia européia. Porém, aponta que numa sociedade sem muita mudança social, onde filho de sapateiro será sapateiro, o resultado é o melhor sapato do mundo. Enquanto que nos EUA seria um monte de sapatos ruins e baratos que atenderiam o mercado e enriqueceria a pessoa, que mudaria de classe social.

    Numa Floresta tinha uma pequena clareira ás margens de um pequeno lago. Abriram uma pequena estrada e carros passaram a poder chegar na clareira. Os macacos, tucanos, tamanduás, todos se alegraram pois cada vez tinha mais gente aparecendo e dando comida. Depois de um tempo todos juntos decidiram: vamos aterrar um pedaço do lago para assim vir mais gente e assim teremos mais comida! Só esqueceram de perguntar pro casal de peixes que viviam no lago… Assim como não perguntam para os Índios Kayowa…

    Na Alemanha, onde vivo ha mais de 3 anos, são inúmeros os benefícios (Bolsas, para quem quiser). Se vc tem um filho, vc vai receber dinheiro do governo até ele sair da escola, não importa sua classe social. Se vc não tem dinheiro pra pagar o aluguel, o governo te ajuda. Seguro desemprego? tem muita gente na Europa que vive disso. E por assim vai.

    Existe uma política. Existem valores. Muito antes do mérito de cada um. Não são frutos de uma ‘meritocracia’. Porém, mérito existe e sempre vai existir. Democracia não é a vontade da maioria, mas sim como lidar com as minorias.

  282. A Meritocracia Objetivista é incapaz de valorar.

    Eu não acho que exista um problema essencial nos ideais meritocráticos em abstrato. O problema maior ocorre quando a Meritocracia é a pedra fundamental de todo o pensamento de uma classe social.

    Uma ideologia pautada na Meritocracia é, por natureza, uma ideologia que busca fundamentos em uma pretensa “racionalidade objetiva pura”. O grande problema de ideais pautados em “racionalidade objetiva pura” é que toda “racionalidade objetiva pura” é incapaz de valorar. O objetivismo é ótimo para lidar com premissas estabelecidas (ou “constantes”)  e processá-las. É assim que um computador funciona: ele não cria novos valores, apenas processa valores previamente estabelecidos (para mais sobre isso, ler sobre o “Turing Test” e Inteligências Artificiais).

    E por que isso é um problema que acaba se manifestando de maneira tão nefasta na nossa classe média? Simples. Acompanhe o raciocínio. Você tem uma legião de seguidores da Meritocracia, que acreditam que a miséria ou o sucesso devem ser baseados em seus “méritos”. Ora, mas o que é digno de mérito em uma sociedade? Isso está longe de ser uma questão objetiva. Isso é uma questão POLÍTICA. Quem define o que é digno de mérito ou não em uma sociedade não é a razão. A razão não faz esse tipo de coisa. Nós não somos uma colmeia, e provavelmente nunca chegaremos a um acordo comum em relação a isso. E assim o é com qualquer dilema político.

    Ou seja: o que define o que é digno de mérito são os embates políticos e a atividade política, e não um processo pretensamente técnico ou objetivo. E isso acontece invariavelmente. Até mesmo a ideia de usar critérios x ou y, pretensamente objetivos, para definir o que é digno de mérito, é também uma opinião política.

    O mal da nossa classe média é que a meritocracia nos deixa cegos e apáticos aos jogos políticos. Uma classe fundada em meritocracia pura é incapaz de questionar os valores estabelecidos por aqueles que efetivamente controlam o jogo político. Ou seja, a pergunta na mente das pessoas de classe média é sempre “Fulano recebeu o que merece?”, quando deveria ser “O que é digno de merecimento?”. Essa segunda pergunta é sempre posta de lado e analisada de maneira muito superficial.

    Exemplificando: considere um jovem que trabalha arduamente. Ele veio da baixa classe média e batalhou bastante, estudou, passou no vestibular, se formou em Publicidade em uma Universidade Pública e passou a trabalhar numa grande empresa. Trabalhou bastante, ascendeu na empresa pelo seu próprio talento e conseguiu melhorar suas condições sociais, graças aos seus serviços nessa grande empresa de publicidade.

    Esse é um exemplo clássico que a classe média consideraria “meritocrático”. Se esse jovem compra um carro do ano e um espaçoso apartamento pra viver, é porque ele “merece”. Não roubou ninguém, apenas estudou, trabalhou e recebeu o que lhe era devido.

    Né?

    Perceba que durante todo esse exemplo, em nenhum momento chegamos a discutir os valores que estavam em jogo. Esses valores já estavam previamente decididos. Mas mesmo assim, já pareceu razoável admitir que esse jovem merece o que tem.

    Que valores? Considere isso agora: a empresa para a qual ele trabalha faz marketing forte para uma certa marca de refrigerante (refrigerante esse associado a diversos malefícios à saúde). A vida do jovem rapaz trabalhador consiste em convencer as outras pessoas do mundo que elas devem comprar e consumir o tal refrigerante. Ele é muito bom nisso, e por isso é muito bem pago. Mas aí vai a questão: por que ele merece ser recompensado pela sociedade? Qual é a função social do serviço que ele presta, e pelo qual é bem recompensado?

    A classe média meritocrática não pergunta isso. Ela não se preocupa com isso. Esses valores não são decididos por ela. Alguém lá em cima decidiu que vender os tais refrigerantes é um valor a ser estimado pela sociedade (quando na verdade, é um valor de interesse daqueles que mais se beneficiam com isso: grandes empresários, herdeiros, lobistas etc).

    Os três únicos fatores com os quais a Meritocracia parece se preocupar (para dizer se algo é ou não digno de mérito) são:

    1. Exige grande esforço?

    2. Dá dinheiro?

    3. É permitido pela lei? (e esse aqui ainda costuma ser bastante relativizado)

    E pronto. A meritocracia, por fim, não constrói ou questiona qualquer valor estabelecido pela sociedade. Apenas os reproduz. Em um sistema efetivamente democrático, com plena participação da população nos processos políticos, em que todos refletissem e lutassem para construir valores morais e sociais efetivamente úteis a toda a sociedade, e não só a algumas parcelas da população, um pensamento meritocrático a complementar os demais ideais seria excelente. Mas uma meritocracia sem participação política é só uma linha de montagem automática, alimentada de valores arbitrários úteis apenas aos que efetivamente detém o poder político.

    1. A política é capaz de valorar ?

      Mas como seria delegar à política algum juízo de valor ? Isso não me parece nem um pouco razoável. As mesmas regras que se aplicam aos detentores do poder atual como você mesmo citou (grandes empresários, herdeiros, lobistas etc), não se aplicariam ao poder exercido pelos políticos ? O que lhe faz crer que valores seriam melhor trabalhandos no ideal político-estadista vigente do que nas concepções de meritocracia ? O cabedal ideológico que dá significado ao “poder” não faz distinção entre aristocratas e políticos. São todos homens, com suas pretensas ambições individuais ou de grupo. Você expóe seus argumentos com bastante clareza e articulação, mas a posição conclusiva ainda me parece frágil. A meritocracia não encerra “valores”, mas em minha opinião deve ser um dos sustentáculos de uma sociedade digna e próspera. Mesmo porque nunca conseguiremos regular todos “valores” da coletividade sob a régua do Estado. Este deveria se ocupar apenas dos valores básicos (direito à vida, justiça, educação de base, direito à propriedade, etc). Todos os demais são subjetivos e sujeitos ao crivo das experiências e contexto sócio-cultural do indivíduo.

  283. Sergio Buarque de Holanda

    Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil) e Raymundo Faoro (Os Donos do Poder)  esclarecem muito mais sobre o Brasil atual que Marilena Chauí. Para ficar nos autores mais recentes, da mesma geração de Chauí, Philippe Schimitter, falando sobre corporativismo e patrimonialismo, é muito mais esclarecedor. Se houvesse, de fato, no Brasil uma ideologia da classe média ou, melhor, caso essa ideologia fosse a meritocracia, ainda que a meritocracia perversa que o autor descreve, estaríamos num patamar muito melhor.    

  284. Salada de 171

    Você mistura tudo. Para você não importa que um traficante de drogas chegue a ser Presidente da República. O importante é todos, indistintamente, sem opção de escolher, comam feijão com “abóbra” sem tempero. Individualismo e coletivismo são coisas distintas e devem ser tratadas de forma diferenciada. São valores diferenciados e apropriados cada um no seu contexto. Imagine, no meio de uma praça pública, uma demonstração coletiva de sexo explícito! Deixa de enrolação. Devias fazer aqui um balanço de quantos “sem teto” você abriga no teu apto e como divides com o coletivo o teu salário.  É o tipo de “pensador” egoísta que quer manter o pobre na pobreza para se beneficiar com seus discursos. E como não deve ter tido competência para possuir um belo patrimônio material “imagina” que os herdeiros dos ricos são todos analfabetos e assim deveriam ser. Porca miséria!

    1. Acho que você que não entendeu

      Ele separou muito bem…o mérito existe, o problema é se apoiar no mérito para justificar posições de classe, principalmente aqui no Brasil, onde terras e riquezas estão na mão de poucos, desde a época da distribuição das Capitanias Hereditárias para os “nobres” portugueses, o que acabou contribuindo para o latifundio e consequentemente, para a desigualdade social. Se as pessoas tivessem terras para produzir,trabalharia pra si e para sua subsistencia, daí trabalhar para outros seria uma escolha…veja que o mérito não aparece nesse cenário…só aparceria se ela quisesse dedicar o tempo que lhe sobrasse para realizar algum trabalho para atender necessidades de terceiros e receber grafificações por isso…nesse caso, essa terceira pessoa poderia contratar o serviço de quem ela quisesse, podendo também escolher através da observação da qualidade de cada um. Isso é um cenário de igualdade. Aqui no Brasil, o governo pelo menos teria que dar moradia e alimentação gratuitos para as pessoas, para compensar a escasses dos meios de produção provocada pelos latifundios, e que por conicidencia, seus donos estão lá no congresso. Daí fica difícil né! isso é o princípio das lutas sociais, e não tem nada haver com premiar traficantes!

      1. Não entendeu ou está sendo tendencioso

        Realmente parece que o Sr. J.R. não entendeu bem o texto, ou então apenas discorda e está sendo tendencioso ao tentar afirmar seu ponto de vista atacando o autor com argumentos falaciosos clássicos, desenvolva um contra-argumento válido ao invés de apenas tentar desmerecer a opinião bem embasada do autor e ai talvez seu comentário possa ter algum valor.

        1. Não, DK. Você que não

          Não, DK. Você que não entendeu nada. No final do artigo, o autor deu à classe média o status de desempenhocrata (se a palavra existisse). Desempenho só é exigida pelo rico, não pelo classe média. É o dono da rede de varejo, ou banqueiro, que exigem metas com base no desempenho. Não é a classe média. O mérito deve ser, SIM e SEMPRE, levado em conta. Você entregaria sua vida nas mãos de um médico que você sabe não ser competente? Ou seja, você primeiro busca o mérito. Você é que está sem entender nada. O autor do texto usou palavras bonitas e um pensamento bacana para levar a pensar, mas com incidiu no texto premissas inválidas para reforçar seu pensamento. Pode ser que não tivesse a intenção, mas o autor usou de um embuste para manipular a opinião. Não cola.

  285. O SUS não da segurança

    Nassif, descreve uma situação e faz a conclusão, desmerecendo o TODO. 

    Ele concluiu que por não haver nos EUA um sistema de saúde pública como o SUS, logo  “O mérito não dá segurança social alguma”.  Ora, isso é totalmente relativo. Depende da pessoa, dos investiemtos que faz, se tem seguro saúde, ou se tem outros seguros e investimentos.

    Ou seja, se o sujeito não investiu em seguro e não produziu pra se assegurar, logo…  não há mérito, e consequentemente não há segurança.

    Outra coisa: O SUS é que não da segurança.

    No Brasil se o sujeito não paga plano de saúde para não precisar do SUS, que demora 7 meses para fazer uma cirurgia, ele morre. Do que vale o SUS se vc não é atendido quanto precisa, e tem que pagar por fora quando precisa de algo? O mérito nesse caso fica com quem trabalhou e paga seu plano de saúde separado.

    Minha prima teve cancer, e o SUS enrolou tanto que ela morreu antes de fazer a cirurgia. 

    A conclusão é meio canalha e boboca, existem ainda diversos pontos a se considerar.

    Deu preguiça ao perceber que ele escreve tanto, dá tanta volta pra então concluir as coisas de modo tão estreito, restrito, superficial e limitado.

  286. Desvendando espuma.

    O autor tem sua opinião, devemos respeitar. Mas eu pergunto: será que ele já esteve em Cuba? Será que ele frequentou escola pública (pelo menos após a saída dos militares)? Será que ele viu a nova classificação social, onde a alta classe alta tem rendimento familiar aproximadamente 3 vezes maior que a baixa classe alta (não tem média classe alta!)? Será que ele já pediu a algum jovem, egresso do ensino médio, de alguma periferia, para escrever um texto? Será que já perguntou porquê não se investe seriamente em educação?  Será que já perguntou porquê não se prestigia o professor, dando-lhe salário digno e condições de trabalho adequada, além  de  fazer a capacitação profissiconal atualizada com frequência, dando ao aluno o conhecimento necessário para colocá-lo em igualdade de condições ao mais afortunados monetariamente (acredito firmemente que não é utopia), afastando aquela autodepreciação de que é pobre e não tem condições de competir? Será que ele admite o trabalho escravo?

     

    Que venham os médicos cubanos, são bem vindos (pelo menos eu penso assim), pois todos somos cidadãos do mundo (como disse Charles Chaplin), mas que o fruto do trabalho deles seja para eles!!! 

    A máscara da nova classificação social coloca até indigentes que pedem esmolas nas ruas na classe média. Para mim isso é um perigo em termos de manutenção da democracia. Igualar demais desvirtua a sociedade, pode afastar o ânimo para o trabalho, para o progresso. Um pedinte que fique algumas horas numa esquina de movimento médio tem rendimento maior que um indivíduo da classe média que tenha emprego formal e obrigações sociais a atender. E mais, ele ainda terá direito às benesses que são oferecidas pelo governo. Eu gostaria de saber como é a classificação social em Cuba atualmente, pois pelas notas que temos como notícias lá só há o governo e o resto. 

    Nosso país é lindo em todos os aspectos, menos no político! Estou deveras preocupado com o futuro, como ficará nossa sociedade daqui a alguns anos.

    Como disse a “dama de ferro”: O socialismo só dura enquanto durar o dinheiro dos outros. 

    1. Vamos ler o texto??.
      O
      Vamos ler o texto??.
      O problema da população em geral é óbvio: preguiça de ler.
      Principalmente o pessoal modinha que aprendeu a bater no governo, mas não sabe discutir fundamentando sociologicamente certos conceitos.
      O texto por começar com uma defesa ao Mais Médico e por citar Marilena Chauí já é recebido com criticas e fuzilado com adjetivos não condizentes.
      O cara tenta atacar o texto com uma critica feita pelo proprio texto. Bacanaaa.

  287. Excelente texto!

    Concordo em absouluto com o autor. Excelente texto, e os comentarios contra so reforcam seus argumentos sobre a meritocracia. Náo canso de recomendar o texto a professsores, profissionais e alunos!

  288. Isto me fez pensar…os

    Isto me fez pensar…os motivos que levam pessoas egoístas a alcançarem cargos de poder…e diante da necessidade alheia exigir moeda de troca…de forma que pra serem justos…precisamos pagar…é bem verdade que meritocracia é uma cortina de fumaça…camufla a verdadeiras intenções…algo bem fácil de se observar no dia-a-dia….a falsa meritocracia…ótimo texto

  289. Só discordo quanto a classe

    Só discordo quanto a classe pobre não ser meritocratica e que ela viva sem oportunidades. Tanto que a classe média aumentou em muito(não só pela maquiagem estatística do atual governo) e esse contigente de médios não acredito vir dos ricos. Claro que as oportunidades não são muitas e fáceis.

    Também não teria como ser com tanta burocracia e impostos. Fica difícil para o empresário abaixar seus custos de produção, dando um poder de compra maior ao pobre e permitindo que este invista em educação em vez de trabalhos pouco remunerados logo cedo, fica difícil abrir um négocio, fica díficil montar uma escola acessível a todos, fica difícil contratar alguém mesmo que por pouco para que este adquira experiência e possa se sustentar. A pobreza é a constante no mundo. Estamos cada vez mais ricos e saindo de um vida pela sobrevivência para nos permitir futilidades e utilidades além de energia para mais um dia. E o Brasil tem tanto potencial para reduzir a pobreza porém o governo se mantem constantemente atrapalhando, prolongando mais a eterna constante que é a pobreza.

    Mas não vejo os pobres como não meritocráticos. Alguns não o são, mas nisso não me parecem tão homogêneos. Os que são podem estar diminuindo em número por conta do estado “social” que esta sendo construido.  Mas principalmente os mais antigos valorizam o trabalho bem-feito, muitas vezes metódico(como o dos pobres pedreiros de antigamente que não se vê nos de hoje) e almejam dar aos filhos também uma profissão. Hoje realmente parece menos, não sei se devido ao estado assistencialista.

    1. Pelo que entendi do texto, a

      Pelo que entendi do texto, a classe baixa não é meritocrática, pois aqueles que a integram, pelos motivos expostos no texto,   não têm a meritocracia como justificativa da sua condição social. Aqueles que ascenderam pelo “mérito” não mais integram a classe baixa.

      É contraditório você pugnar por menos impostos e por boa escola acessível a todos. Boa escola acessível a todos custa caro. 

      É muito difícil ascensão social sem alguma ajuda do Estado. Talvez esse contingente de novos integrantes da classe média decorra das opções políticas do governo petista, demonstrando que só o mérito individual não é suficiente.

      Minha vida é um exemplo de ascensão social graças ao Estado. Sou de família pobre, estudei em escolas e universidades públicas e sou funcionário público. Na minha juventude não vislumbrava a menor possibilidade de ganhar a vida sem esses recursos (no caso do cargo público o recurso é o concurso).

      1. É, mas só não concordo que a

        É, mas só não concordo que a esse incremento na classe média decorra de programas petistas. Escola de base e universidade pública existem desde sempre. E financiamento estudantil também (antes o super-antigo FIES, agora com nome  de ProUni). A oportunidade estava para todos. Não sei se você ingressou numa universidade por algum programa de cota, mas, acredito, se você tem obstinação, faria a faculdade de qualquer jeito. E, teve essa obstinação, pois não passaria num concurso público se não o tivesse. O Estado já ajuda há muito tempo. E a classe média nunca se opôs à isso. Se opõe, sim, a programas sociais eleitoreiros, como o Bolsa-Família.

      2. Pois é, Antonio Carlos,

        Pois é, Antonio Carlos, também fiz curso superior somente quando consegui cursar uma faculdade estadual e melhorar minha renda, graças a um concurso público, pois do contrário, teria sido bem complicado.

        Apesar disso, considero que venci obstáculos sem ajuda do governo, pois não me beneficiei de cotas e concorri em relativa “igualdade de condições” no concurso, dependendo sempre de meus anos de estudo e esforço próprio para isso, mesmo tendo começado a trabalhar cedo.

        Esse assunto tem muito a se debater. Eu, por exemplo, sou contra cotas raciais, sendo mais favorável a cotas econômicas, pois acho injusto uma pessoa ser pobre e não ser beneficiada da mesma forma que outros só porque são de “aparências” diferentes. 

          

  290. Classe Média ?

    Sinceramente o problema é na definição de classe média. É uma piada ao ver a distribuição de renda, se ver isto, a classe média é tão próxima da pobre, que para todos os efeitos: exemplo: http://exame.abril.com.br/economia/noticias/65-dos-moradores-de-favela-sao-de-classe-media

    Então no fundo a Marilena Chauí está falando dos pobres ou dos ricos ? Então toda essa argumentação são palavras vazias. E já está na hora dela se aposentar e deixar lugar para pessoas novas falarem, e que conhecem melhor a realidade, o chão do Brasil. Ela já virou nefelibata faz tempo. 

  291. O enigma da classe média brasileira

    Caro Renato.

    Adorei seu artigo; bem articulado, pensado (o que pouco ocorre no Páis atualmente), enfim, uma pérola para reflexão.

    No entanto — e de qualquer forma —, isso não justifica a intolerância da ala esquerda radical contra a classe média. Você citou a Merilena Chauí, que esbraveja seu ódio contra a classe média. Em uma de suas entrevistas ela exemplificou, como justificativa de sua indignação contra a classe média, um episódio sobre uma vaga de estacionamento, associando a falta de educação com a classe média. Ridícula comparação, considerando que educação no trânsito é coisa universal: ou se tem, ou não, independemente de qualquer outro atributo do motorista.

    Se a meritocracia é uma característica da classe média, e sem ela a classe média não existisse (como você citou, foi o merecimento que formou o médico, que concursou o funcionário público, que fez o bacharel passar no exame da OAB e por aí vai), então ela deve existir. Você colocaria sua vida nas mãos de um médico, se porventura houvesse progressão continuada nas universidades de medicina? Do ponto de vista social não devem existir médicos deméritos de seus diplomas. Ou, você entregaria a construção de sua casa a um engenheiro formado de qualquer jeito? Você não investigaria antes sua competência como profissional, com medo que a casa ruísse sobre a cabeça de seus filhos? Mérito. Fazer por merecer e se superar.

    O desempenho já é uma característica não só da classe média, mas da classe alta, também. São eles, eu te garanto, os mais exigem nas altas performances. A maioria, na classe média não quer ser rico. Quer apenas garantir seus filhos e ter uma vida digna. Por isso, seu conceito de desempenho atrelado à classe média está errado. Quem engrossa a fila do desempenho é o rico. É este, dono da rede de lojas de varejo, banqueiros, industriais, que exigem desempenho no alcance de metas da empresa, na tomada hostil de mercados, enfim.

    É a classe média que sustenta o País. É ela que consome, que paga imposto em larga escala. É ela que se esforça para merecer, é ela que forma opinião.

    Por isso, acredito que possa haver uma correção no seu texto. A intolerância contra a classe média vem por outros motivos, que não são, de forma alguma, moralmente justificáveis. Não vou entrar na questão, mas acredito que você poderia ver por outros ângulos.

    1. a classe média

      Sensacional sua resposta.

      Realmente, texto muito bem escrito. Tbm acho válido refletirmos a respeito de “até que ponto” a meritocracia deve determinar todas as coisas. Acrescento aqui alguns contrapontos:

      1 – A meritocracia é inescapável. A ela, até o mundo animal e vegetal de submete (infantil, simplista, mas é natural) – os melhores fetos sobrevivem, os não, a natureza aborta; o mais fraco, o leão devora. Felizmente somos humanos e conosco não é assim, tão radical. Entretanto, isso não significa que não seja assim no “nosso mundo”.

      Se a meritocracia é algo tão repugnante, em todos os sentidos (e repito, na minha opinião ela NÃO deve pautar todas as searas da sociedade – já explico embaixo), qual seria a alternativa à ela? Como empossar um Ministro de Estado sem que ele já tenha demonstrado aptidões para o cargo, acima dos demais – seja o conhecimento na área ou aptidões para negociar entre outras coisas? Nomear incompetentes para setores estratégicos pode causar danos irreversíveis, a toda a sociedade – classe média ou não. Reforçando o exemplo do comentário acima, como contratar um médico especialista sem critério de desempenho? Acho a crítica muito boa pra reflexão, porém, se tratada como dogma, como rejeição, sem o oferecimento de uma opção à essa “chaga” ora apontada, 

       

      2 – Nossa Constituição Federativa deixa claro que o Brasil, como Estado de Direito, ideologica e definitivamente NÃO é um Estado meritocrata (como objetivo de nação e vertente ideológica), apesar de o ser tantas vezes, na prática governista. Nossa Constituição é linda (opinião honesta), pois, não obstante acertos de que necessita, ideologicamente tende a ser muito ‘justa’, distributiva.

      Ela defende a força do trabalho e da livre iniciativa; defende o direito de propriedade; mas também traz a determinação que nos leva à reforma agrária, imponto limites sociais à propriedade urbana e privada como princípios, por exemplo.

      A interpretação do “todos são iguais perante a lei” constitucional é que trata-se da igualdade material – reza que ‘todos são iguais, mas podem ser tratados desigualmente na medida em que se desigualam”. Isso nada mais é que a exceção à meritocracia! Graças à nossa constituição, é possível cotas em universidades (seja social ou racial); assentos para idosos ou gratuidade no transporte; a quantidade de auxílios que são concedidos, sem questionamento pela sociedade, já é prova de que a meritocracia no nosso meio não é tão determinante assim. Numa sociedade liberal tvz isso não fosse possível! Dei aqui apenas exemplos pequenos, simples e quotidianos.

      Ideologicamente, estamos bem servidos com a nossa constituição. Já temos o DNA que nos leva a ‘dividir o bolo’ – um país extremamente liberal, como os EUA, não.

      Enfim, o que gostaria de dizer pra encerrar é que a meritocracia não é uma criação – ela é natural. Entretanto, pode ser exacerbada ou tida como política de governo (o que não é o caso do Brasil, definitivamente). O que precisamos é ‘fazer crescer o bolo’ para que todos possam usufruir de uma boa condição de vida. Seja puramente pelo mérito do seu trabalho, seja recebendo auxílios do governo quando possível. 

  292. a classe media e a meritocracia.

    Simplesmente o melhor texto que ja li sobre a classe media e a meritocracia. Lendo esse texto, acabei de dar inteira razão a M. Chaui, por sinal grande estudiosa do assunto. Sou comerciante e trabalho ha vinte anos diretamente com a classe media (eu proprio me incluo nela). Nesse tempo todo pude observar que é uma classe que come mortadela e arrota caviar, são cheio de querer ser aquilo que não são e querem levar vantagem em tudo. Por exemplo: sou prestador de serviço e apesar de cumprir todas as regras do contrato, muitas vezes pra receber o que tenho direito acabo fazendo o dobro do serviço contratado, porque sempre acham um defeito, uma brecha, alguma coisa pra reclamar e fazer com que voce trabalhe mais que o combinado. Se voce reclama que aquilo não foi concordado, ainda te ameaçam com um processo e voce sempre acaba fazendo mais pra receber o que lhe é devido. A unica coisa que não concordo inteiramente com o autor é o fato de que essa prerrogativa não ser exclusiva da classe media, e sim do brasileiro como um todo. Abraço…

     

  293. Discordo do seu ponto de vista

    Seu discurso contra a meritocracia é inútil e utópico. Tenta falar para os espermatozoides que meritocracia não funciona. Isto ao menos explica porque os governantes brasileiros são tão incompetentes. Isto tbm explica um bolsa presidiário e aprovação compulsória nas escolas públicas. A meritocracia funciona no governo, é a máxima na frase: Não pergunte o que seu país pode fazer por vc, mas o que vc pode fazer por seu país. E parece ter dado certo nós EUA.

    1. Entendo que para quem lê esse

      Entendo que para quem lê esse texto, fica uma pergunta coçando à mente: Como então seria controlada uma sociedade?

      Também não tenho essa fórmula e acredito que não seja fácil achar uma unidade.

      Mas penso que, quando não se sabe a solução para algo que vc já identificou que não está bem, não significa que tenha de aceitar a situação, que seja a melhor forma, que tenha de se acomodar.

      Acredito que é preciso se preparar, enfrentar, quebrar os paradigmas e deixar acontecer mesmo sem saber exatamente como será o resultado disso. As coisas naturalmente serão reinventadas. Isso é necessário.

      Muitas vezes a forma mais prática e objetiva de olhar as coisas é também a mesma que leva ao comodismo, à manutenção. E aí, não adianta reclamar.

      É relativo, claro. Assim como é relativo vc achar q a sociedade americana “deu certo”.

    2. Meritocracia

      Não existe bolsa presidiário.

      Esta é uma criação facista para enganar tolos.

      O auxílio reclusão é para os detentos que descontavam para o INSS antes da prisão.

      Você pode procurar o site do INSS e sair da ignorância.

      Se for facista, nada mais a declarar.

  294. Ridículo o pensamento do

    Ridículo o pensamento do autor! 

    Se a meritocracia é a praga da sociedade moderna, como propõe que seja organizada a sociedade então? 

  295. Texto fundamentalmente ideológio
    Vou elencar abaixo as principais teses defendidas no artigo e posteriormente tentar mostrar por que elas são falsas ou mal construídas, não correspondem a realidade seja brasileira ou fora daqui e o viés ideológico por trás de toda esta argumentação “aparentemente” bem construída retoricante falando. Basicamente a tese do autor é de que ele encontrou a explicação para o reacionarismo da classe média brasileira e o culpado seria o fato de que ela acredita e se conduz de acordo com o principio da meritocracia e que este principio é fundamentalmente individualista, e não promove o desenvolvimento social e a busca coletiva de soluções que agreguem toda a sociedade de forma humanista saudável e correta. A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora ( sic) Argumento 1) As classes brasileiras alta e baixa (os nossos ricos e pobres) também não são meritocráticas. A classe alta é patrimonialista; um filho de rico herda bens, empresas e dinheiro, não precisa fazer sua vida pelo mérito próprio Argumento 2) Para a classe pobre o mérito nunca foi solução; ela vive travada pela falta de oportunidades, de condições ou pelo limitado potencial individual Resposta a A1 e A2 : Ambas são mentiras. Um jovem que herde uma empresa do seu pai precisa ter o mérito de fazê-la andar, crescer e competir isso é mérito e se ele não tiver isso a empresa quebra rapidinho e o capital se esvai da noite pro dia. Por outro lado muitos empresários brasileiros se fizeram por conta própria acreditando na sua capacidade de empreendimento. Não haveria Carros não fosse John Ford acreditar na linha de montagem, não haveria luz se Edson não persistisse centenas de vezes tentando criar a lâmpada, não haveria vacinas se Pasteur não insistisse nos seus inúmeros experimentos para provar a existência de germes e não haveria antibióticos se Fleming não acreditasse no seu potencial para criar a penicilina. Conheço uma infinidade de pobres que deram certo por acreditar no esforço próprio e no mérito, o que se vê nos pobres do Brasil de um modo geral é que querem que as coisas caiam do céu ou sejam dadas pelo governo e isso de fato é o que o nosso país faz. Argumento 3) A meritocracia propõe construir uma ordem social baseada nas diferenças de predicados pessoais (habilidade, conhecimento, competência, etc.) e não em valores sociais universais.Resposta a A3. Outra grande mentira. Desde quando estudar, se preparar para fazer bem um trabalho, acreditar na capacidade de realizar projetos, aprofundar-se num tema e ter força de vontade agindo contra os reveses e obstáculos não são valores universais ?? O autor parte do erro de achar que um sucesso pessoal não traga vantagem coletiva e isso é uma mentira como já disse antes nos casos das grandes invenções e descobertas, todas elas baseadas no mérito do seu autor ou descobridor. Não consigo enxergar um conflito entre buscar o sucesso indo de encontro a querer uma sociedade melhor, aonde está provado isso ? Na história da humanidade sempre que se alcança um sucesso seja na tecnologia , seja na ciência seja no mundo do trabalho, mais cedo ou mais tarde todo mundo acaba se beneficiando com isso. Argumento 4) A meritocracia exacerba o individualismo e a intolerância social, supervalorizando o sucesso e estigmatizando o fracasso. Resposta a A4. Ora bolas isso precisa ser provado pelo autor também. Nós humanos somos guiados pelos bons exemplos, pelos heróis que conseguem grandes conquistas e não pelo fracasso. A própria evolução age desta forma recompensando a boa adaptação e punindo a falta dela. Esta questão de se estigmatizar o fracasso também não é verdade trata-se de frase de efeito, a moral capitalista é simples: Se você fracassar, não desista, tente novamente se o sistema é aberto e te dá oportunidades você sempre as terá, ao contrário do socialismo onde sucesso e fracasso são atribuídos a questões metafísicas ou de ordem aleatória ou culpados externos, mas nunca a falta de previsão, planejamento, boa execução, combate a corrupção etc. Os pobres na sociedade brasileira são estigmatizados por outros motivos e o fracasso deles é muito mais causado pelo fracasso do sistema de governo em não promover uma sociedade justa do que pelo sucesso daqueles que de alguma forma conseguem realizar seus objetivos. O socialista tem uma visão maniqueísta de que se alguém se dá bem é por que alguém tem que se dar mal, é um jogo de soma zero, se ha rico, necessariamente tem de haver pobres e eu rejeito isso pois não é assim que o sistema funciona ha muito tempo por sinal. Acreditar nesta tese é não entender o capitalismo moderno que criou uma riqueza enorme, contrariando todas as previsões socialistas de que não há criação de riqueza. Argumento 5) A meritocracia esvazia o espaço público, o espaço de construção social das ordens coletivas, e tende a desprezar a atividade política, transformando-a em uma espécie de excrescência disfuncional da sociedade, uma atividade sem legitimidade para a criação destas ordens coletivas. Resposta a A5. Outra mentira. Nas sociedades modernas a meritocracia faz parte da política de construção liberal e é justamente é uma das condições capitais na construção destas sociedades a ponto de inclusive muito dos seus fundamentos fazerem parte da constituição de alguns países que garantem o direito a liberdade de expressão e empreendimento pessoal. Sim ela tende a desprezar a atividade política pois de um modo geral, em qualquer parte do mundo os políticos se reúnem para, na maior parte das vezes, dificultarem a ação do individuo em beneficio das suas demandas pessoais e familiares. Neste ponto o Brasil é pródigo em criar leis para dificultar a meritocracia seja criando toda uma gama de favorecimentos sociais que podem ser úteis e necessários num primeiro momento,mas que no longo prazo desestimulam a meritocracia por garantir ao indivíduo aquilo que deveria ser construído no seu trabalho ou empreendimento to pessoal. O que é “construção social das ordens coletivas ” ??? Que eu saiba seria investir na educação macicamente para dar oportunidades para todos terem seu espaço de meritocracia, mas não é o que o governo PT vem fazendo, portanto não passa de demagogia barata escondida atrás de uma frase de efeito cuja significado não ficou claro para mim. Argumento 6) A meritocracia esconde, por trás de uma aparente e aceitável “ética do merecimento”, uma perversa “ética do desempenho”. Numa sociedade de condições desiguais, pautada por lógicas mercantis e formada por pessoas que tem não só características diferentes mas também condições diversas. Resposta a A6. Ora bolas novamente, é claro que as pessoas são desiguais e pelos mais diversos motivos. No Brasil essa desigualdade é amplificada pela falta de uma política social de inclusão por parte do próprio governo que não investe um misero centavo para qualificar os pobres. Que eu saiba dar bolsa família pode ate alimentar melhor as pessoas e isso é digno de nota, mas não qualifica ninguém para o mercado de trabalho e muito menos ensina as pessoas a “pescar” Então de quem é a culpa afinal de existir as “condições desiguais” ? Outra besteira, toda sociedade capitalista é pautada por lógica de mercado, não fosse assim ela teria sucumbido como aconteceu com o socialismo. Afirmar isso pode parecer bonito mas é desconhecer o funcionamento do sistema ou pior saber que ele existe e culpar algo que nada tem a ver com esta lógica, no caso a meritocracia, ao invés de por o dedo na ferida e explicar que a maioria do povo brasileiro não consegue aderir a lógica do mercado por que o governo não move um dedo para ajudar a preparar estas pessoas para assimilar, em condições de igualdade, esta “lógica de mercado”. Argumento 7) A meritocracia é a única ideologia que institui a desigualdade social com fundamentos “racionais”, e legitima pela razão toda a forma de dominação. Resposta a A7 ) Bem, aqui o autor finalmente se desvela ou se desnuda de forma clara. O discurso deixa de ser técnico para se tornar essencialmente ideológico. É estranho o autor “esquecer” de comentar que os países onde há a menor taxa de desigualdade social são justamente aqueles onde o sistema de meritocracia é estimulado e baliza a maior parte do que a sociedade produz, seja no trabalho, seja na tecnologia ou na ciência. Pergunte a um europeu, asiático ou americano se ente sente esta tal “forma de dominação” Cacete, o que ele sente é quando ha falta de emprego que faz parte das crises do sistema capitalista de um modo geral ou a excessiva tributação. Ninguém vai a uma rua destes países pedir bolsa família ou cota disso ou daquilo, eles vão para reclamar da falta de investimento, tributação excessiva e dos gastos públicos que endividam os países e que depois recaem sobre os cidadãos. Esse papo furado e ultrapassado de exploração capitalista e desigualdade social só é usado nos países mais atrasados da Europa e nunca vi ser usado nos EUA,  Europa desenvolvida, Japão ou tigres asiáticos.

    1. Resposta

        Concordo com vc, Antônio. “Os pobres na sociedade brasileira são estigmatizados por outros motivos e o fracasso deles é muito mais causado pelo fracasso do sistema de governo em não promover uma sociedade justa do que pelo sucesso daqueles que de alguma forma conseguem realizar seus objetivos”.

      A classe média quer ver o retorno daquilo que é pago através de impostos, vindo como investimentos à sociedade geral. Afinal, pagamos o que é dever, e reivindicar, não pode ser visto como algo calamitoso.

  296. Esse texto está tão

    Esse texto está tão escandalosamente errado, que eu nem sei por onde começar.

    O ponto de vista do autor é reacionário, ideologizado, sem noção, cheio de preconceitos e falsas informações.

    Sem noção.

  297. Mérito

    Vamos tentar definir:

    MÉRITO: Capacidade de produzir mais e/ou melhor do que a espectativa apezar da adversidade;

    MERITOCRACIA: Sistema de recompensa e/ou premiação do mérito.

    E concluir: A sociedade que não possua o ideal do mérito e nem meritocracia está fadada ao fracasso porque esgotará seus recursos premiando a mediocridade improdutiva.

  298. O Brasil é um país onde os

    O Brasil é um país onde os pseudo-intelectuais esquerdistas fazem a festa, mesmo.

    2 Grandes Falácias do Texto:

    1) O Mérito individual ser incompativel com a sociedade plural, linha de pensamento que beira o socialismo. Méritos individuais, criam empresas, geram empregos, geram impostos, geram bom funcionamento das linhas de produtivas da sociedade. Alias o texto supoe outras baboseiras, como se a meritocrácia fosse apenas uma questão de competitivadade por um status, ou que pessoas seriam reduzidas humanisticamente a resultados.  Reduzido é o pensamento que associam estas coisas, pessoas sempre serão mais complexas que isso.

     

    2) A Classe média está mesmo é revoltada pela seguinte situação:

    Pagar uma altíssima carga tributária, beirando aos 40% de seu trabalho, e não ver retorno social algum. Apenas um assistencialismo barato de compra de votos, para manutençao do poder.

    – A classe média, além de pagar esses impostos, tem que pagar uma escola particular pros seus filhos

    – Planos de Sáude, caríssimos para na morrer na fila do SUS

    – Financiar um carro e ser refém de um banco, para poder ir trabalhar.

    – Comprar um apartamento, murado para ter segurança, mais uma vez ficando refém de bancos.

    Percebe? A Classe média SUSTENTA os pobres pagando imposto, e SUSTENTA os ricos consumindo coisas que deveriam ter por pagar seus impostos!

    Já o governo petista se beneficia exatamente pelo oposto, compra os pobres que são constituem a massa com poder de voto, e é financiado pelos ricos que se beneficiam deste tipo de situação , donos de planos de saúde, empreitaras, construtoras, empresários da educação.

    A Classe média faz parte da sociedade assim como qualquer outra, e quer ver seus impostos beneficiando a todos de uma forma construtiva,numa forma que todos se beneficiem (inclusive ela mesma, por que não) em setores como educaçao e saúde. A Partir deste ponto,onde essas politicas realmente estruturantes se mostrarem para toda a populaçào, que cada um escolha seu modo de vida, Se quer sair por aí fazendo por merecer, ou se quer viver sendo sustentado por sua família.

    Há Exemplos bem claros de países meritocráticos que deram certo. Porém não há um único exemplo de país com politicas populistas que deram certo.

    Nos EUA,um país o povo que adoece não tem não tem saúde? Mas tem escola pública de qualidade, tem segurança, podem comprar as coisas com um pouco de esforço, em empregos mais humildes e ter uma vida digna.

    Países que viviamm situaçoes semelhantes ao Brasil como os Tigres Asiaticos, conseguiram sair dessa lama.

    Se quer adotar um sistema com alta carga tributária, tudo bem basta fazer aos moldes dos países da Europa Setentrional e investir em politicas públicas.

    O que não pode acontecer, é esquerdista, querer achar, que as pessoas é errado pessoas crescerem ao seu próprio mérito, num país que faz de tudo para que uma pessoa fracasse.

     

     

     

  299. Estou chocado

    Não acredito que alguém consiga escrever um texto tão errado com tanto preconceito e que favorece que não quer se esforçar.

     

     

    1. Vestiu a carapuça!

      O inacreditável é como VOCÊ vestiu completamente a carapuça! Ou seja, quem é pobre é porque não quis se esforçar. Parabéns, você justifica toda a crítica à irresponsabilidade e inconsciência social da classe média brasileira!

  300. Texto vazio e sem argumentação
    O autor por vezes faz comentários sobre a condição da classe media americana que, segundo ele próprio NÃO meritocrata. Conclui pela condenação da meritocracia alegando que não ajudaria os americanos. Sofismas a parte, falta lógica no texto. Dados são ventilados sem fontes! Perdi dez minutos do meu dia.

  301. O conceito esta deturpado
    O conceito de meritocracia que vincula a Administracao Publica, portanto sustenta a existencia de concursos publicos, vestibulares e outros tipos de avaliacao de desempenho, e webberiano.
    O sociologo alemao Max Webber, que viveu no seculo XIX, disse que existe a sociedade tradicional marcada pelo patrimonialismo (confusao entre publico e privado) na qual so prosperam os “amigos do rei” , bem como existe a sociedade burocratica marcada pela meritocracia, significando que todos estariam sujeitos as mesmas regras ou normas, e que venceria o que tivesse maior desempenho sob essas normas, independente de ser “amigo do rei”.
    O maior exemplo disso e o concurso publico, onde ha uma norma comum (edital), o mesmo instrumento (prova) e cada um e avaliado por criterios objetivos ( classificacao).
    A meritocracia objetivava acabar com o nepotismo, o clientelismo e a subjetividade nas contratacoes. Webber era alemao, viveu na epoca que a Europa deixava para tras resquicios feudais e se transformava num continente industrial, e obviamente tinha horror ao patrimonialismo da epoca dos reis absolutistas, pois eram signos de atraso. Ele tambem e fruto de uma religiao protestante, que crer no trabalho duro como forma de praticar virtudes cristas.

  302. Pelos comentários nota-se a

    Pelos comentários nota-se a deficiência no treino à interpretação de textos fruto de anos de uma educação errada no Brasil.

     

    O autor não ataca a meritocracia em si, ele fala da desigualdade que a meritocracia provoca em um país onde nem todos possuem condições de, ainda que a pessoa seja merecedora, alcançar o sucesso. Condições forjadas pelo próprio Sistema e que excluem grande parte da população. E a classe média, por sua vez, condena quem não tem tais condições utilizando como argumento a “falta de merecimento”,  vagabundagem, sendo que as coisas não são bem assim. E aí ela entra exigindo que os pobres trabalhem de forma quase escrava para provar o seu valor (e sustentar a classe média e rica, por trás das ideias): “Hoje não se acha uma empregada doméstica que queira dormir no emprego e ganhar 1 salário mínimo”.

     

    Utilizar a meritocracia como base para condenar um país e sua classe social mais pobre é ser reacionário e não entender que a grande maioria não tem a menor chance de exercer a sua capacidade, é querer transferir a sua vida de boas oportunidades para aqueles que não as tiveram. A pessoa alcançou o sucesso através do mérito, tudo bem, o Estado deve garantir, mas o mesmo Estado também deve garantir condições de vida para aqueles a quem a meritocracia não chega nem perto de acontecer.

  303. Fácil

    É muito fácil apontar o dedo para a classe média e vomitar todos os problemas sociais sobre ela, bem como na meritocracia!
    Os problemas sociais existentes no Brasil hoje, não é culpa de FHC ou Lula e sim do Estado que deixou à margem milhões de pessoas, enquanto bonificava poucos com muito dinheiro.
    Acabar com a classe média ou com a meritocracia não é a solução. Precisamos é deixar de reclamar dos impostos pagos e dar educação àqueles que, de forma preconceituosa, difama programas sociais.
    Mas não podemos deixar de salientar que os problemas vem sendo enfrentados de forma errada pelos governos PT. Claro que precisamos dar acesso aos menos favorecidos economicamente, mas é preciso agir no cerne do problema, dando acesso à educação de qualidade e segurança alimentar a quem precisa!
    Claro que estou sendo muito simplista e que existem milhares de outros vetores que influenciam em um país mais igual para todos nós. Mas não podemos ser irresponsáveis de jogar a culpa na meritocracia ou na classe média. Dessa forma, estaremos sendo tão simplista como meu texto foi!
    Abraços, saúde e paz a todos e a todas!
     

  304. O enigma da classe média brasileira

     

    Os reacionários de sempre nunca aceitarão esse texto, como não aceitam que “ninguém escolhe ser pobre”….

  305. Foi difícil aceitar os saltos

    Foi difícil aceitar os saltos de raciocínio: classe média = reacionarismo = meritocracia = desempenho. É preciso sacrificar muito pensamento pra chegarmos a essa fórmula. Ainda assim, os argumentos não são válidos.

    Vamos nos ater apenas ao exemplo do literatos. Se eu não estou enganado, pela meritocracia,  o Quintana deveria estar na ABL e o Paulo Coelho, não. Porque o primeiro fez uma obra literária digna e bela, por isso merece reconhecimento. Já o segundo escreveu apenas para ganhar dinheiro, portanto não merece reconhecimento dos pares. Ponto. Isso é meritocracia. O resto, que o autor do texto acima tentou descrever, é um travestimento do velho discurso marxista. O que o Nassif tentou fazer foi dizer que a meritocracia é a “ideologia” dos burgueses, que justifica a opressão da classe trabalhadora e etc. 

    Não colou.

  306. Nunca li um texto tão reaça

    Nunca li um texto tão reaça travestido de pensamento liberal. Toda essa análise fajuta tirada entre uma janta e uma soneca na varanda do seu apartamento é no mínimo um texto que vai ser escavado por arqueólogos por cientístas para questionar como certas irracionalidades eram construídas e por quem eram construídas. Esse texto é bom para enfatizar o rancor da classé média brasileira no vídeo da sociologa e corrobora a tese dela que há um trauma, quase um edema cerebral nessa população que fantasia uma escalada social por seu suor para um dia ser tão cretina quanto “as elites” que almeja ser e critica. Tem pavor do pobre e o coloca como um resquício de nosso passado colonial de escavos índicos e bandidinhos e ao mesmo tempo sonha ser dono de uma série de privilégio, estes conquistados ou não, mas que tratem desse trauma de ser o que não é, nem pobre de fato, nem rico, mas um ser triste, deslocado, meio patético, que acredita em fantasias como a que escreveu. 

  307. O melhor texto sobre o conceito de meritocracia no Brasil.

    Excelente texto. De alguém que conhece realmente como funciona a mentalidade e as estruturas das classes em nosso país.

  308. Parabéns pela análise!

    Meus parabéns! 

    Esse foi um dos melhores textos que já li, se não o melhor, sobre a real conduta da população brasileira e em especial a classe média, da qual eu também faço parte. Bem estruturado, crítico e reflexivo. Mais uma vez, meus parabéns Renato.

  309. Reaças em peso

    Os reacionários, defensores da meritocracia, compareceram em peso.

    Defendem fervorosamente o mérito. Que mérito?

    Que mérito é esse onde, numa maratona, um concorrente começa com 10 quilômetros de vantagem?

    Caso o concorrente em desvantagem vença, isso não é mérito, é heroísmo. 

    Para haver mérito é necessário, antes de tudo, que hajam iguais condições de disputa. O que não é o caso no Brasil.

    Algumas pessoas saem do ensino público e conseguem se formar com louvor nas melhores universidades do país, é possível, mas não é justo. 

    A reaça quer falar em mérito enquanto têm vantagem. Que mérito é esse?

    1. Vamos aos fatos

      Sr Wilson, vou te ilustrar a situação em fatos concretos, não aplaudindo palavras de ordem que são bradadas com estúpida pretensão justa e revolucionária.

      Meu pai e minha mãe são de origem pobre. Mas ambos foram à luta desde cedo. Tiveram, apesar das dificuldades, boa orientação de seus pais, uma educação focada e família estruturada, que mesmo sendo realmente pobre e em meio a vicissitudes diversas , pode lhes dar o suporte mínimo e necessário.

      Saíram cedo de casa e pela força da educação, trabalho e MÉRITO SIM, conseguiram sua autonomia e ascenção econômica. Por conta desse esforço e mobilização contínua, puderam me dar condições bem melhores das que eles mesmo tiveram.

      Pela sua lógica truncada, então eu deveria ser privado daquilo que meus pais conquistaram por heroísmo (segundo você mesmo disse) pois eu estaria em vantagem em relação aos que tem menos que eu em termos materiais. Isso que você chama de justiça social? 

      Sua interpretação de justiça social é torpe, equivocada e descontextualizada dos fatos em sua própria concepção. Ela cai em contradição por si só. Segundo sua análise, qualquer um que conseguisse “heroicamente” uma ascenção social partindo de condições mínimas, posteriormente deveria abrir mão dessa conquista porque tem gente que não conseguiu.

      Parabéns, continue pregando essa doutrinação idiota  que só beneficia quem a prega para iludir as massas em proveito próprio.

       

       

       

       

      1. Concordo plenamente. Meu pai,

        Concordo plenamente. Meu pai, órfão, vendia pasteis para ajudar a mãe. Não podia comer pois os 20 totões fariam falta para a casa. Venceu, por mérito, concorrentes quando disputou um trabalho. Contra tradicionais famílias mineiras. Criou 11 filhos. Com fartura e educação. 

        Essa coisa de ser contra o mérito ou de que começa ‘a frente e conversa fiada para dominar a política. Não perceberam, ainda, que ao aceitarem esse canto de sereia, só ajuda na sua escravização mental. Os que pregam isso, assumem os cargos políticos, arranjam suas mamatas e vc que se dane. 

        E para manter a ilusão, roubam. E muito.

  310. classe média não é elite

    O primeiro ponto que me chama a atenção no artigo, é a tática diversionista empregada pelo autor. Logo no início diz discordar da boçal afirmação de Marilena Chauí para, logo em seguida, dizer que concorda com ela.

    Feio fica no escolha do episódio escolhido, o dos médicos cubanos, e piorando o que parecia não ser possível, generalizar a atitude dos médicos, considerados de classe média, atribuindo-a a todos os segmentos da classe média. 

    O autor deve desconhecer, ou fingiu desconhecer, os critérios que definem classe média. Especialmente os do Brasil. Conforme o governo brasileiro, em documento de 2013, a classe média no Brasil começa nas famílias que tem uma renda per capital individual de R$291,00. Não paga sequer uma cesta básica.

    Deste primeiro erro conceitual e invalidante da análise, nem deveríamos passar. No entanto, tem mais, e pior.

    A partir desse ponto o autor perde os escrúpulos e parte para seu objetivo. Justificar o confisco dos resultados do trabalho individual para que uma facção política imponha seu ponto de vista. E para isso é preciso que os saqueados, os esbulhados permanença quietinhos. Para alcançar esse objetivo é necessário abater o moral do adversário, incutir nele um sentimento de culpa, deprimi-lo. Táticas amplamente utilizada pelo terrorismo para cooptar colaboradores (ou vítimas já que são escolhidos para morrer).

    O texto é longo, mas a essência é esta. Não vou perder mais tempo. Por muito inteligente que seja o autor é só mais um inocente útil acometido da doença do esquerdismo.

    Virou pardal.

     

    P.S. : os textos abaixo eram anotações para prosseguir, Não vale a pena.

    Chamar a classe média de elite é um absurdo. Típico dos pardais que sofrem da doença infantíl do esquerdimos. Classe média, no Brasil e em outros países, é o pessoal assalarido ou profissionais liberais que tem um padrão de vida razoável, bom. 

    Nessa categoria, ampla, se inserem funcionários públicos detentores de privilégios, ou direitos, concedidos pelo governo, médico, advogados, etc e os assalariados do setor privado que não tem os privilégios que os do serviço público tem apesar de serem eles que pagam as contas.

  311. A opinião dos médicos não se baseia em meritocracia

    Olá,
    O texto sobre Meritocracia motivou-me até a escrever minha crônica semanal, hoje. Para não precisar copiar todo o texto, peço licença para colocar o link:
    http://www.kbrdigital.com.br/blog/saude/
    Vou realçar aqui um parágrafo do texto que esclarece melhor a minha opinião, mas peço que leiam tudo no link acima, pois acho que o meu artigo pode contribuir para o tema dos médicos.
    Aqui está o parágrafo que exemplifica porque a opinião dos médicos não se baseia na meritocracia:
    “Para dar um exemplo mais esclarecedor: se um médico canadense quisesse praticar no Brasil em contato direto com a população, teria que saber falar muito bem o português e fazer uma atualização de seus conhecimentos, por exemplo, na área da Medicina Tropical. E teria que passar por uma avaliação para ser confirmada ou não a sua aptidão para cuidar da saúde da população brasileira, com suas peculiaridades, que são tão diferentes das canadenses. Um médico que tenha cursado medicina e sempre vivido no Canadá, não estudou a Esquistossomose ou a Doença de Chagas como são estudadas no Brasil, só para citar alguns exemplos. Além disso, ele nunca terá visto um caso na sua prática, exceto se tiver atendido algum paciente originário dos trópicos, que tenha uma dessas doenças. Isso seria muito difícil acontecer, pois para um estrangeiro vir morar no Canadá, ele passa por exames médicos completos e, se for detectada alguma doença, na maioria dos casos o indivíduo não é admitido no país.”

    Obrigada,
    Maria do Carmo

  312. comentario

    Estou cansado da superficalidade das discussões políticas filosóficas e outras quaisquer. Pessoas que se dizem inteligentes refletem chavões muitas vezes com ódio  e colocam toda a emoção em uma discussão que deveria ser racional.

    Provoque uma pessoa qualquer a discutir política. Vai ouvir palavras de ordem da mídia como corrupção, cpi, lavajato etc.

    NUNCA vai ter uma discussão de, por exemplo, políticas públicas.

    Ver um artigo como esse me dá esperanças que ainda existem cabeças inteligentes , cultas e principalmente politizadas

    Gostaria de tê-lo escrito.

    Parabens

    1. Concordo.

      Não vejo essa inteligência na grande mídia que defende e alardeia os valores aqui questionados. Concordo contigo. É muito bom ter lido e também gostaria de ter escrito.   As vezes pensamos assim mas não estamos só em nossas esperanças.

  313. Panorama das desigualdades no/do Brasil como sociedade.

    A leitura desse artigo ajuadou-me um glareamento de algumas implicações que tenho acerca da desigualdade existente na/da sociedade brasileira detalhe a sociedade é constituidade de HOMENS seres humanos e são esses que constroem as ideologias e os processos que por sua vez transformam os homens.

    O mapa conceitual das ideologias que pude mentalizar apartir dessa leitura: Racionalismo/ Positivismo/ Meritocia (Combustiveis) da MODERNIDADE…

  314. Muita bobagem num lugar só

    Engraçado ver como um texto mistura tantos conceitos de maneira errada ao mesmo tempo.

    Primeiro, fala dos “milhares que foram a classe média”. Provavelmente usando a definição de classe média do governo, que envolve pessoas que ganham de pouco mais de R$230,00 até aproximadamente R$1.200,00. 

    Depois o autor diz que faz parte da classe média e cita os médicos. Bem, segundo a definição do governo, nem ele e nem os médicos fazem parte dessa classe. Mas ok, vamos dizer que agora estamos falando da classe média com critérios sociais e não estatísticos…

    Depois, ele parte a crítica dos médicos como uma forma de criticar a meritocracia. Surpresa: aquilo não é meritocracia e é justamente contra isso que a meritocracia luta. O que vimos foi um grupo de pessoas reguladas pelo estado lutando bravamente para manter o seu direito ao monopólio de prestar os serviços de saúde. O argumento meritocrático ali é disfarçado. Eles dizem “eu segui a cartilha que você, governo, me impôs, em troca da proteção que você me prometeu. agora exijo que você mantenha essa proteção, mesmo que eu não esteja disposto a trabalhar direito.” É exatamente o mesmo caso dos taxistas e do Uber. Ali, poucos estão interessados em quem presta os melhores serviços. Estão mesmo interessados em manter um privilégio e afastar pessoas que teriam mais mérito do que eles.

    Uma sociedade meritocrática de fato teria poucas regulações, pois estaria interessada no crescimento dos indivíduos.


    Finalmente, como não poderia faltar, cita a Europa. E dizer como investem no social e condenam a meritocracia. O que é uma mentira deslavada. A maior parte dos países desenvolvidos, inclusive os Europeus, tem ALTÍSSIMO grau de liberdade econômica. São essencialmente países liberais sociais. Basta consultar índices como o da Heritage Foundation para ver. Alguns países, como a Suiça, Dinamarca e Irlanda apresentam um capitalismo mais selvagem que os próprios EUA. Há políticas meritocráticas fortíssimas, inclusive no poder público.

    O autor confunde uma preocupação com equidade (que é garantir que todos partam do mesmo lugar) com meritocracia – que é um sistema que beneficia mais quem se esforça mais. Um não é excludente do outro. A maior parte das desvantagens apresentadas para a meritocracia, não são problemas da meritocracia em si, e sim, do fato de que, no Brasil, nós possuímos um governo extremamente controlador, que IMPEDE pessoas de ascenderem socialmente e que obtenham mérito real por suas ações. Ou seja, ele usa argumentos que mostram um governo controlador, corporativista e NADA meritocrático como prova de que a meritocracia não funciona – como se algum dia ela tivesse sido aplicada.

    Finalmente, começa todo um discurso sobre diversidade humana para criticar a existência de indicadores de desempenho. Toda ação tem impacto na sociedade, e qualquer um irá querer saber se esse impacto é bom ou ruim. Quando não há critérios, as ações ruins apenas se manifestarão no pior momento possível, por exemplo, quando faltar comida na sua mesa ou quando a inflação subir. Em suma, quando o estrago já estiver feito. Os indicadores podem ser criados com base em qualquer critério e boa parte deles não são financeiros – mesmo num sistema meritocrático.

    Criticar indicadores é uma forma patética, e até perigosa, de tentar justificar políticas que não dão certo, como as adotadas pelo atual governo. 

  315. Seu artigo está bem

    Seu artigo está bem fundamentado, mas esta questão tem uma análise mais simples, SÓ SE PODE MEDIR O MÉRITO QUANTOS OS CONCORRENTES TIVEREM OS MESMOS DIREITOS E OPORTUNIDADE.

    O REACIONARISMO DA SETORES DA CLASSE MÉDIA TEM ORIGENS MUITO MAIS PROFUNDAS, DENTRO DE UM ASPECTO SOCIOLÓGICO A CLASSE MÉDIA TEM A TENDÊNCIA DE ABSORVER  A IDEOLOGIA DA CLASSE DOMINANTE É A ESTA NO BRASIL É PROFUNDAMENTE REACIONÁRIA E FASCISTA FUNDADO NO ASPECTO SELVAGEM DO CAPITALISMO BRASILEIRO.

    PARABENS PELO SEU ARTIGO

    GASPAR.

     

  316. Aconteceu alguma coisa de década de 1990 e 2000 que promoveu esta incapacidade reflexiva e filósofica destes que defendem cegamente meritocracia sem pensar criticamente seus efeitos estruturais na sociedade.
    Prova de que são escravos do tecnicismo racional é essa maneira infantil, ou perversa, de lidarem com lógica quando a conversa é no campo da sociologia ou da história.
    Não pensam por si mesmos e não estão abertos ao conhecimento crítico, e um dos motivos parece ser a defesa do lugar que conquistaram a partir dos esforços heroicos de seus ascendentes. Ou seja, defendem aquilo que são. Logo, usam o raciocínio para justificar o lugar em que se encontram, e não para de fato ler a realidade a partir de relações e conceitos fundamentais e inescapáveis como desigualdade ou injustiça social, liberdade, relações de poder, o que seria mérito, etc.
    Calcados na premissa dogmático-religiosa, que devem ter aprendido de alguma maneira, de que é preciso combater a esquerda, suas falas são evidentemente estereotipadas ou tentam ser congruentes, frias e lógicas (e não o são)mais se assemelhando a uma frieza psicopata do que a uma obediência a uma ética de verdade ou honestidade intelectual.
    Partem para atacar o espantalho da esquerda toda vez que alguém critica conservadorismo, meritocracia. Ou seja, não se preocupam em combater argumentos, ou o mais importante, trabalhar com conceitos de forma crítica, atacam a entidade por trás do argumento.
    Essa onda de defensores de direita, não que o pensamento de Direita seja desprezível ou não tenha contribuições a dar na seara da cosmovisão política de mundo, mas essa onda de defensores da Direita está mais repleta de imbecis e arrogantes do que de gente séria e honesta intelectualmente.
    Quando não discutem na frente do ataque ao espantalho, utilizam-se de estratégias retóricas rudimentares que acreditam piamente desconstruir o argumento do outro. E não estão.
    A crítica a um texto enfocando nos dados utilizados pelo autor, se são verdadeiros ou não, ou se são explicados, como no caso do exemplo dos médicos cubanos, de maneira questionável, não serve para invalidar necessariamente as ideias que circulam no texto. Nem sempre a corrupção ou a não pureza do dado ou do exemplo invalida uma premissa, principalmente, como é o caso do texto, quando está repleto de outras análises que continuam se mantendo correntes entre si e continuam a sustentar a coesão das ideias.
    E não se supõe má-fé do outro. Prova-se.
    Inclusive a presença deste exemplo controverso dos médicos cubanos (da motivação para o que fizeram) mostra que o que está em jogo é a discussão de ideias, de conceitos ou relações de motivação e causalidade na ordem social, e não a missão de demonstrar por qualquer meio possível o ponto de vista. O texto é primordialmente crítico, ou seja, ainda que esteja contaminado com visões de mundo do autor, o que ele está a fazer é apresentando essa visão de forma crítica. Tenho certeza que o autor não está interessado em cultivar ilusões de esquerda ou de direita, mas está preocupado sim em manter visões críticas de leitura da realidade, e no caso, da realidade brasileira.
    Retomando o mérito de alguns ataques ao texto que vi por aqui, verifico que demonstram às vezes ingenuidade cientifica e ausência de crítica da própria racionalidade, como por exemplo quando execram o autor no uso do conceito de classe média, e chegam a dizer que o seu mau uso inviabilizaria todo o texto e derrubaria toda a argumentação.
    É óbvio que o autor não considera de classe média alguém que ganha R$290,00 por mês. Uma pessoa dessas é pobre, isso é evidente.
    O fato de o texto não explicitar o conceito de classe média utilizado por índices oficiais não inviabiliza, definitivamente, sua discussão. Aí entra sim a má-fé de seus comentadores. O que aliás está tomando de assalto o debate público nas redes sociais, como se o fundamental fosse uma ideologia vencer, e não uma construção coletiva de saber.
    De maneira alguma o conceito de classe média é equivocadamente tratado no texto, e vocês sabem muito bem disso.
    Um erro grosseiro de uso de pseudo-logica foi quando outro comentador inviabilizou a argumentação do autor usando um tática de provocação de choque, ao adicionar na sua contra-argumentação uma conclusão a que o autor do texto não chegou. O autor do texto não defendeu, nem concluiu que quem tem hoje um lugar melhor na sociedade, fruto do heroismo dos pais, deve abandonar tudo que tem em favor de quem não tem. Dizer isso é um absurdo, visto que o autor não defendeu isto em nenhum nomento. O que ele fez foi esclarecer que a luta dos pais seria antes heroísmo que meritocracia. E ao fazer isto o autor não está retirando o mérito dessas pessoas batalhadoras, pelo contrário, só está dizendo que chamar isto de mérito enquanto ideal coletivo é uma perversidade, e por isso mesmo ele alça essas pessoas à condição de heroi. Ou seja, o que o autor aponta como fato negativo de efeitos perversos, é a elevação da meritocracia, dentro da ideologia neoliberalista,como valor social universal. O indivíduo continuará a ter mérito, pode ficar tranquilo. E não é esse o ponto? Vc não acha que todos têm algum mérito? Não importa qual seja? Se vc fosse um mendigo e não tivesse estudado , mas estivesse por aí nas ruas, sobrevivendo, vc não acha que você teria algum mérito. Por que quando se fala mérito isso tem que trazer consigo necessariamente a ideia de comparação, de melhor desempenho que o outro, de currículo? Aí que está. Não tem necessariamente. Se assim o é, o é como fruto de convenção, e por que não: conveniência. Conveniência de todo o tipo: ideológica, defesa da sobrevivência, ausência de outra lógica mais empática, costumes e o conforto mental que os hábitos e costumes acarretam, evitando que nos confrontemos com realidades que fazem revolver o sentimento de desamparo do homem no mundo e a sua miséria moral…

    Discordar das conclusões do autor ou visualizar problemas na lógica de argumentação é perfeitamente cabível desde que haja boa-fé intelectual, mas a tentativa de destruir a argumentação ou a imagem das pessoas como forma de silenciar o debate (de temas de suma relevância pra quem de fato pensa a realidade social, como desigualdade social, meritocracia, liberalismo, conservadorismo, reacionarismo, micro e macro fascismo etc) é a prova de que não se quer debater, se quer esmagar o adversário.
    Noto que as pessoas estão entrando a debater com jargões prontos como armas para defender a sua ideia de mundo, e não para aumentar sua capacidade de ver o mundo com mais lentes.
    Falta empatia e espírito de cooperação. Viramos zumbis de ideologia e de defesa de grupos. Não parece que estamos nem aí para o outro.
    Isso é muito ruim, não faz progredir debates, enclausura as pessoas em caixas ideológicas para além das caixas dos papéis e posições sociais nas quais já nos encontramos, prova que há muita intolerância ao pensamento quando os resultados da atividade de pensar tocam em feridas abertas mexem, ainda que só hipoteticamente, com lugares ocupados, com posições de poder ocupados, com confortos cristalizadas.

  317. Aconteceu alguma coisa de década de 1990 e 2000 que promoveu esta incapacidade reflexiva e filósofica destes que defendem cegamente meritocracia sem pensar criticamente seus efeitos estruturais na sociedade.
    Prova de que são escravos do tecnicismo racional é essa maneira infantil, ou perversa, de lidarem com lógica quando a conversa é no campo da sociologia ou da história.
    Não pensam por si mesmos e não estão abertos ao conhecimento crítico, e um dos motivos parece ser a defesa do lugar que conquistaram a partir dos esforços heroicos de seus ascendentes. Ou seja, defendem aquilo que são. Logo, usam o raciocínio para justificar o lugar em que se encontram, e não para de fato ler a realidade a partir de relações e conceitos fundamentais e inescapáveis como desigualdade ou injustiça social, liberdade, relações de poder, o que seria mérito, etc.
    Calcados na premissa dogmático-religiosa, que devem ter aprendido de alguma maneira, de que é preciso combater a esquerda, suas falas são evidentemente estereotipadas ou tentam ser congruentes, frias e lógicas (e não o são)mais se assemelhando a uma frieza psicopata do que a uma obediência a uma ética de verdade ou honestidade intelectual.
    Partem para atacar o espantalho da esquerda toda vez que alguém critica conservadorismo, meritocracia. Ou seja, não se preocupam em combater argumentos, ou o mais importante, trabalhar com conceitos de forma crítica, atacam a entidade por trás do argumento.
    Essa onda de defensores de direita, não que o pensamento de Direita seja desprezível ou não tenha contribuições a dar na seara da cosmovisão política de mundo, mas essa onda de defensores da Direita está mais repleta de imbecis e arrogantes do que de gente séria e honesta intelectualmente.
    Quando não discutem na frente do ataque ao espantalho, utilizam-se de estratégias retóricas rudimentares que acreditam piamente desconstruir o argumento do outro. E não estão.
    A crítica a um texto enfocando nos dados utilizados pelo autor, se são verdadeiros ou não, ou se são explicados, como no caso do exemplo dos médicos cubanos, de maneira questionável, não serve para invalidar necessariamente as ideias que circulam no texto. Nem sempre a corrupção ou a não pureza do dado ou do exemplo invalida uma premissa, principalmente, como é o caso do texto, quando está repleto de outras análises que continuam se mantendo correntes entre si e continuam a sustentar a coesão das ideias.
    E não se supõe má-fé do outro. Prova-se.
    Inclusive a presença deste exemplo controverso dos médicos cubanos (da motivação para o que fizeram) mostra que o que está em jogo é a discussão de ideias, de conceitos ou relações de motivação e causalidade na ordem social, e não a missão de demonstrar por qualquer meio possível o ponto de vista. O texto é primordialmente crítico, ou seja, ainda que esteja contaminado com visões de mundo do autor, o que ele está a fazer é apresentando essa visão de forma crítica. Tenho certeza que o autor não está interessado em cultivar ilusões de esquerda ou de direita, mas está preocupado sim em manter visões críticas de leitura da realidade, e no caso, da realidade brasileira.
    Retomando o mérito de alguns ataques ao texto que vi por aqui, verifico que demonstram às vezes ingenuidade cientifica e ausência de crítica da própria racionalidade, como por exemplo quando execram o autor no uso do conceito de classe média, e chegam a dizer que o seu mau uso inviabilizaria todo o texto e derrubaria toda a argumentação.
    É óbvio que o autor não considera de classe média alguém que ganha R$290,00 por mês. Uma pessoa dessas é pobre, isso é evidente.
    O fato de o texto não explicitar o conceito de classe média utilizado por índices oficiais não inviabiliza, definitivamente, sua discussão. Aí entra sim a má-fé de seus comentadores. O que aliás está tomando de assalto o debate público nas redes sociais, como se o fundamental fosse uma ideologia vencer, e não uma construção coletiva de saber.
    De maneira alguma o conceito de classe média é equivocadamente tratado no texto, e vocês sabem muito bem disso.
    Um erro grosseiro de uso de pseudo-logica foi quando outro comentador inviabilizou a argumentação do autor usando um tática de provocação de choque, ao adicionar na sua contra-argumentação uma conclusão a que o autor do texto não chegou. O autor do texto não defendeu, nem concluiu que quem tem hoje um lugar melhor na sociedade, fruto do heroismo dos pais, deve abandonar tudo que tem em favor de quem não tem. Dizer isso é um absurdo, visto que o autor não defendeu isto em nenhum nomento. O que ele fez foi esclarecer que a luta dos pais seria antes heroísmo que meritocracia. E ao fazer isto o autor não está retirando o mérito dessas pessoas batalhadoras, pelo contrário, só está dizendo que chamar isto de mérito enquanto ideal coletivo é uma perversidade, e por isso mesmo ele alça essas pessoas à condição de heroi. Ou seja, o que o autor aponta como fato negativo de efeitos perversos, é a elevação da meritocracia, dentro da ideologia neoliberalista,como valor social universal. O indivíduo continuará a ter mérito, pode ficar tranquilo. E não é esse o ponto? Vc não acha que todos têm algum mérito? Não importa qual seja? Se vc fosse um mendigo e não tivesse estudado , mas estivesse por aí nas ruas, sobrevivendo, vc não acha que você teria algum mérito. Por que quando se fala mérito isso tem que trazer consigo necessariamente a ideia de comparação, de melhor desempenho que o outro, de currículo? Aí que está. Não tem necessariamente. Se assim o é, o é como fruto de convenção, e por que não: conveniência. Conveniência de todo o tipo: ideológica, defesa da sobrevivência, ausência de outra lógica mais empática, costumes e o conforto mental que os hábitos e costumes acarretam, evitando que nos confrontemos com realidades que fazem revolver o sentimento de desamparo do homem no mundo e a sua miséria moral…

    Discordar das conclusões do autor ou visualizar problemas na lógica de argumentação é perfeitamente cabível desde que haja boa-fé intelectual, mas a tentativa de destruir a argumentação ou a imagem das pessoas como forma de silenciar o debate (de temas de suma relevância pra quem de fato pensa a realidade social, como desigualdade social, meritocracia, liberalismo, conservadorismo, reacionarismo, micro e macro fascismo etc) é a prova de que não se quer debater, se quer esmagar o adversário.
    Noto que as pessoas estão entrando a debater com jargões prontos como armas para defender a sua ideia de mundo, e não para aumentar sua capacidade de ver o mundo com mais lentes.
    Falta empatia e espírito de cooperação. Viramos zumbis de ideologia e de defesa de grupos. Não parece que estamos nem aí para o outro.
    Isso é muito ruim, não faz progredir debates, enclausura as pessoas em caixas ideológicas para além das caixas dos papéis e posições sociais nas quais já nos encontramos, prova que há muita intolerância ao pensamento quando os resultados da atividade de pensar tocam em feridas abertas e mexem, ainda que só hipoteticamente, com lugares ocupados, com posições de poder ocupados, com confortos cristalizados.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador