Dayana Aquino
Da Redação ADV
A batata doce é uma promissora cultura para a produção de etanol. A planta apresenta boa produtividade do energético, mas ainda é preciso ampliar a produtividade por área planta da seja maior para viabilizar o seu uso em escala. A alta produtividade da cultura motivou um Projeto de Lei para incentivar o uso da matéria prima na produção de etanol em São Paulo.
A título de comparação, uma tonelada de cana-de-açúcar tem uma produção média de 78 litros de etanol, enquanto a mesma quantidade de batata-doce pode chegar a uma produção de 158 litros.
No entanto, o problema reside na produtividade por área agricultável, quesito onde o desempenho da cana é muito superior. De acordo com pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), José Carlos Feltran, a produção média em um hectare de área plantada com cana de açúcar chega à 80 toneladas. Por outro lado, a batata doce oscila entre 15 e 60 toneladas por hectare cultivado.
A diferença entre os números depende do tipo que for cultivado. Feltran salienta que alguns tipos não próprios para a alimentação. De acordo com o pesquisador, o custo é mais alto em relação à cana, porque a produção do etanol à base da batata doce passa por duas etapas. A transformação do amido em açúcar utiliza uma expressiva quantidade de energia que encarece o processo.
Na avaliação de Feltran, pesquisas ainda devem ser feitas para o desenvolvimento de uma cultivar com maior capacidade de produção por área de plantio. Em termos de custo, ele acredita que a produção em escala vai reduzir impacto do gasto adicional no processo de produção e garantir preços competitivos.
Outra vantagem apontada na modalidade é a inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva. Além disso, o ciclo de cultivo é menor, seis meses. O resíduo do processo também pode ser usado na alimentação anima, com características que podem contribuir para a engorda do gado.
Pesquisas
As pesquisas com a planta datam de 1940, mas a produtividade por área cultivada acabou deixando o foco das pesquisas na indústria de alimentos a partir da década de 70.A produção do biocombustível a partir da planta é alvo de pesquisas em diferentes instituições. No Tocantins, há uma miniusina experimental instalada no campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas, que conduz estudo sobre o tema há mais de dez anos.
Em 2008, a universidade chegou a ser premiada pelo projeto de produção de etanol com batata-doce, na 5ª edição do Prêmio Professor Samuel Benchimol, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
Projeto de Lei
O Projeto de Lei número 73, DE 2010, começou tramitar na Assembléia Legislativa de São Paulo neste ano. De autoria do deputado estadual Ed Thomas (PSB-SP) a proposta visa estabelecer um marco legal no estado para a produção de etanol a partir da planta, com grandes incentivos a produção pelo pequeno agricultor.
Dentre as diretrizes do projeto estão o incentivo por meio do Estado a pesquisa; a assistência técnica aos pequenos agricultores e a atribuição de um selo de qualidade aos pequenos agricultores.
Na avaliação do Feltran, projetos que estimulem a produção de energia renovável são bem vindos, mas este projeto em específico deve ser revisto para se adequar as reais necessidades da produção de etanol por meio da batata-doce. Além dos fatores de produtividade que ainda carecem de mais pesquisas para o desenvolvimento de cultivares com maior capacidade de produção, os pequenos agricultores devem entrar na cadeia como fornecedores da matéria-prima, e não como produtores do combustível.
Feltran justifica que a mão de obra na matéria prima pode gerar uma maior rentabilidade aos pequenos produtores rurais, isto porque os mesmos não têm condições financeiras e conhecimento para atuar na produção.
Para saber mais sobre a cultura, clique aqui.
Veja aqui a íntegra do Projeto de Lei.
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