Romério Rômulo apresenta sua página dentro do Templo Cultural Delfos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Romério Rômulo

Templo Cultural Delfos é um portal de arte desenvolvido pela Elfi Kürten Fenske e a Gabriela Fenske, com artistas brasileiros e do exterior, especialmente usado por estudiosos e pesquisadores. Ontem fui comunicado pela Elfi de que a minha página já está disponível, sujeita ainda a pequenas correções. Mas já disponível e em exposição. E vai passar por atualizações sistemáticas. 

do Templo Cultural Delfos

Romério Rômulo – poeta dos labirintos bucólicos da alma

 
Romério Rômulo – foto: Laia

sou, por meus inteiros, vários.
minhas frações se fazem de repente.
o olho, de inteiro e faces,
disseca os cacos da manhã (lavada).
múltipla mão, da luz, me regurgita
uma estranha verdade, um denso espanto.

                             (minha doce face fuzilada)
 – Romério Rômulo, em “Matéria bruta”. São Paulo: Altana, 2006.

Romério Rômulo (poeta prosador) nasceu em Felixlândia, Minas Gerais, e mora em Ouro Preto, onde é professor de Economia Política da UFOP e um dos fundadores do Instituto Cultural Carlos Scliar (Ouro Preto, MG). 

Romério Rômulo por ele mesmo

Poeta e homem comum são faces de um mesmo homem. Transitam e transitaram pelos mesmos caminhos. As diferenças só acontecem na externalização dos assuntos. Eu me reconheci poeta aos 16 anos, embora tenha escrito o primeiro poema aos 9. Então, comecei a produzir em grande quantidade.

Ficava a pergunta: “tem valor?”. Aí dependemos do outro, dos outros, que vão contribuir nesta montagem de opinião. Várias rupturas ajudaram no descobrimento. De início, me sentia um poeta maldito, um Baudelaire, algo assim. Caminhei impregnado também pelo Augusto dos Anjos, que sempre esteve na contra-mão da vida e da linguagem. O primeiro livro, “pedras no caminho”, 1979, tem essas marcas. A Laís Corrêa de Araújo e o Affonso Ávila, a quem conheci em 1982, se interessaram por mim. Ela, com uma coluna semanal no “Estado de Minas”, comentou da força do trabalho.

Pra mim, um reconhecimento. O Drummond, o Armindo Trevisan e outros também já tinham se manifestado e reforçavam as minhas energias. Morei no Rio de Janeiro, de 1980 à parte de 1982, e o trabalho deu uma guinada. A cidade grande influenciou claramente. Saiu um livro, “anjo tardio”, publicado em 1983, com outra embocadura. Elegíaco, nerudiano. Mulher, tempo, poeta e poesia como preocupações centrais. Mas algo da terra, do sertão de origem, já se mostrou ali. Sou encantado com os meus amigos e escrevo sempre sobre e para eles. Perguntado da utilidade da poesia, já respondi: “serve para falar sobre os amigos”. Reuni um grupo de poemas sobre amigos, conhecidos ou não, que eles não se encontram obrigatoriamente no nosso cotidiano, ou nós os descobrimos amigos depois que morreram. 

Romério Rômulo, foto: (..)

Em 1986, saiu o “amigos & amigos”. Pela ocasião, conheci o Tião Nunes e começamos a trabalhar algumas coisas juntos. Editamos “o elixir do pajé” do Bernardo Guimarães, edição que teve impacto, na medida em que poesia causa impacto. Esta edição, com prefácio meu, continua a ser comentada por aí. Agucei a embocadura, como deve ser, e saltei à terra. “Bené para flauta e Murilo”, 1990, e a caixa com 4 livros em 2 volumes, “tempo quando”, 1996, mostram isso. Na segunda metade dos anos 80 me tornei grande amigo do manuelzão, o que reforçou a postura da terra. A amizade com o Carlos Scliar também teve um peso definitivo: o homem político pisou mais no meu trabalho, dos anos 80 em diante. Fiquei 10 anos sem publicar um livro, mas escrevendo muito. Em 2006 saiu um dos resultados disso, o “matéria bruta”, pela editora Altana / SP. Daí vem ainda a maior parte do “per augusto & machina”, já em processo de planificação visual para publicação.

:: Fonte: FERNANDES, Hercília. Romério Rômulo: o cantador de mistérios em Vila Rica[entrevista]. in: novidades & velharias, 19 de abril de 2009. Disponível no link. (acessado em 29.1.2016).

é texto de palavra atada e fugidia.
rasgo de alma, fosse chuva e sol.
antípoda gerado eixos: fome, alimento.
alma súcuba de traços: vento e chumbo.
tiro borracha e madeira, certeira testa.
O solto, o desastre, o aço preso do corpo,
em pétalas e mãos, estardalhaço.

                       (o poema)
– Romério Rômulo, em “Matéria bruta”. São Paulo: Altana, 2006. 

OBRAS DE ROMÉRIO RÔMULO 
Poesia 

Romério Rômulo em Ouro Preto MG

:: Só pedras no caminho pedras pedras só pedras nada mais. Belo Horizonte MG: Lemi, 1979. 
:: Anjo tardio. Ouro Preto: Edição do autor, 1983. 
:: Amigos e amigos. – (no prelo). Belo Horizonte MG: Editora Luis Daré, 1986. 
:: Bené para flauta e Murilo. Sabará MG: Edições Dubolso,1990.
:: Tempo quando. (4 livros em 2 volumes). Sabará MG: Edições Dubolso, 1996.  
:: Matéria bruta. [prefácio Dulce Maria Vianna Mindlin]. São Paulo: Editora Altana, 2006, 136p.
:: Per Augusto e Machina. São Paulo: Editora Altana, 2009, 128p. 
:: Há, se eu fosse Maradona!. Sabará MG: Edições Dubolsinho, 2015.  

Prefácio
:: O elixir do Pajé, de Bernardo Guimarães (poesia erótica).. [prefácio Romério Rômulo; organização Sebastião Nunes].Sabará MG: Edições Dubolsinho, 1988.

Antologia (participação) 
ROSA, Gisela Gracias Ramos (org.). Antologia Poética Clepsydra.  Lisboa (PT): Coisas de Ler Editora, 2014. 

Entrevistas
BRANDÃO, Fabrício. Pequena sabatina ao artista. [entrevista]. in: Diversos afins, 30.9.2009. Disponível no link. (acessado em 29.1.2016). 
FERNANDES, Hercília. Romério Rômulo: o cantador de mistérios em Vila Rica [entrevista]. in: novidades & velharias, 19 de abril de 2009. Disponível no link. (acessado em 29.1.2016).
 SILVA, Wilmar. entrevista: romério rômulo. in: revista Germina Literatura. Disponível no link. (acessado em 29.1.2016).

Ensaio
:: (O grito) por Romério Rômulo. in: revista Germanina Literatura, março 2010. Disponível nolink. (acessado em 29.1.2016). 

 

 
Romério Rômulo – foto:  Pedro Vilela/Agência I7
 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Parabens, Romerio.  Voce eh

    Parabens, Romerio.  Voce eh muito, MUITO bom na poesia!

    (So nao sabia que voce mora em OP.  Eu nasci em Congonhas, ja fui la 5 vezes depois dos 3 anos de idade, alias.Em tangente:  meu cunhado de Congonhas tem rosto de…  de…  de…  estatua de Aleijadinho!)

    1. salve, Ivan!

      Há períodos em que me divido entre Ouro Preto e o Rio, Ivan, mas Ouro Preto é a terra principal.

      E acredite, acho que também incorporei uma cara do século 18. É uma coisa estranha, mas é isso.

      Um grande abraço.

      romério

  2. E a poesi de Romério Rômula agora tem uma cara.

    A cara do cara que escreve poesias.

    Também, assim como Romério, me divido entre o mundano mundo e o mundo das letras.

    Arrisco um verso aqui, outro acolá. Ainda é tímida a minha pena. Talvez por pena de quem lê. Mas quem sabe um dia… Um dia é outro dia e assim se sucedem os dias como os versos compõem um poema.

    Para que serve a poesia, te perguntaram um dia. Para instigar distintos instintos que muitas vezes estão hibernando no recôndito das almas.

    Assim se fez poeta o Romério Rômulo remoendo riimas, rímulas rotundas, reais rebentos romerianos.

    P.S.: perdão pelo romeriano, não resisti; mas é melhor do que romulanos, aqueles seres de Star Treck.

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