Tito Amorim e seu espírito de samba na veia, por Augusto Diniz

Tito Amorim

Tito Amorim e seu espírito de samba na veia

por Augusto Diniz

O CD “Espírito samba”, do cantor, compositor e percussionista Tito Amorim, o primeiro de sua carreira, é um conjunto coeso de bons sambas, com dolência e exaltação, ligado às tradições do gênero e referências à natureza, à música e à vida.

Esse músico de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, traz em seu primeiro disco autoral a vasta experiência adquirida acompanhando grandes intérpretes, e de seu longo trabalho no grupo Sandália de Prata.

“Gravei pensando em dizer coisas pertinentes, como amores fraternos, o samba, os amigos, a família, o País, o lado social e político”, diz ele. “Tinha essa ideia desde os 17 anos em fazer um CD assim, mas só aos 36 anos consegui lançá-lo”.

Tito Amorim afirma que levou cinco anos pra colocar o disco na rua – ele saiu ano passado. A produção e os arranjos são de Eduardo Sant’Anna.

O álbum “Espírito samba” abre com “Mensagem de paz”, uma leitura de Hermenegildo dos Santos Pereira, patriarca da família de Tito Amorim e praticante do espiritualismo.

No registro fonográfico, sambas cadenciados da melhor linhagem, como “A mais linda rosa” (Tito Amorim), “Amargo profundo” (Fabio Jurc, Tito Amorim, Robson Capela) e “Melhor desencanar” (Pedro Hugo, Tito Amorim).

Referências à família estão em “Lembrança” (Robson Batuta), “Herança” (Fabio Jurc, Robson Capela) e “Um elo com o mundo” (Tito Amorim), está última com participação de seu pai e de seu filho.

A oitava faixa é um samba de roda de primeira de Anderson Vaz, Adeilton Santos, Robson Capela e Tito Amorim.

Depois, aparece uma sequência de músicas de homenagem a grandes sambistas. A música “Fim do drama” (Fernando Rabelo, Ricardo Rabelo) é uma letra construída a partir do que Roberto Ribeiro cantou ao longo de sua carreira. “Sementes da minha história” (Marquinhos Jaca), outra faixa, faz citação aos grandes bambas.

“Lamentos da mãe natureza” (Ricardo Rabelo, Tito Amorim) é um samba exaltação com participação do Pagode da 27, roda de samba de comunidade da Zona Sul de São Paulo.

“Cores brasileiras” (Rodrigo Stevanin, Tito Amorim, Robson Capela) é um samba às mães. Depois, “Muita calma nessa hora” (Tito Amorim), ótimo samba de breque que chama a atenção para os nossos políticos. Diz o refrão: “Sou bom deputado em momento precário, por isso votei para aumentar 60% do meu próprio salário”.

“Ser compositor” (Evandro Mello, Juninho de Sousa, Tito Amorim) é mais um samba de exaltação a sambistas. “No auge da solidão” (Evandro Mello, Juninho de Sousa, Betinho Moreno, Cica), um samba em dois andamentos; “Show da vida” (Tito Amorim, Diego Dantas), que fala de esperança; e “Negro guerreiro” (Tito Amorim, Leandro Matos), um samba afro, encerram o disco.

A gravação de cada faixa com quantidade expressiva de músicos – com peso na percussão – deu também ao CD qualidade instrumental. Alguns músicos que participam do disco incluem Diego França, Gian Correa (violão de 7), Serginho Madureira, Leandro Matos (violão de 6), Marinho Mattos, Chanel Rigolon, Emerson Bernardes (cavaco), Marcelo Martins (cavaco bandolim), Henrique Araújo (bandolim), Jorge Cirilo (sax), Allan Abbadia (trombone), Dado Tristão (piano) e uma dezena de percussionistas.

Tito Amorim desde jovem já participava de movimentos de samba, como o grupo “Poder da criação”, o que lhe permitiu aperfeiçoamento musical. Na banda Sandália de Prata gravou vários trabalhos que misturam samba-rock, soul music e gafieira, além de shows com artistas de peso no País durante mais de uma década.

Tito Amorim, com esse CD, confirma ser uma revelação do samba paulista. Mais informações sobre o artista e seu trabalho autoral aqui.

Redação

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