Star Wars em Brasília e nenhuma esperança encenada pelos políticos tupiniquins, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Star Wars em Brasília e nenhuma esperança encenada pelos políticos tupiniquins

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Desde que Dilma Rousseff começou a sofrer um Impedimento Midiático, o debate racional tem sido interditado no Brasil. As cronologias do golpe são muitas e depende dos fatos relevantes que forem considerados. A diferença entre as “realizações econômicas” do golpe de 1964 e o de 2016 são evidentes. Além de tentar ficar impune e de proteger os membros da sua quadrilha, Michel Temer está promovendo a destruição programática da economia nacional e do Estado brasileiro. Ele não é um governante sem programa público propositivo e sim um anti-governante a serviço do mercado.

Uma verdadeira pantomima substituiu a atividade pública. O Ministro da Economia não cuida dos interesses públicos e sim dos interesses privados daqueles que pretendem pilhar o Estado. O Ministro das Relações Exteriores é um sem-noção sem qualquer formação diplomática que se destaca apenas por ser uma verdadeira nulidade. O Ministério da Cultura desapareceu, ninguém mais quer comandá-lo. O Ministro da Justiça que caiu era um bandido perseguido pela justiça, o que o substituiu pretende impedir a Polícia Federal de caçar os bandidos ligados ao usurpador. Os principais comandantes militares tentam desaparecer de cena para tentar se preservar. O usurpador assinou um decreto para usar o Exército contra manifestantes num dia e o revogou no outro.

O clima de fim de feira contaminou a Câmara dos Deputados e o judiciário. Ninguém mais acredita na seriedade do TSE, pois a maioria dos seus Ministros não caçou um presidente comprovadamente bandido. O STF parece ter se transformado em refém do regime que ajudou a criar ao dar a Eduardo Cunha tempo para derrubar Dilma Rousseff por causa de pedaladas fiscais. Dias depois da queda dela, o Congresso autorizou o usurpador a dar quantas pedaladas fiscais ele quiser. O Senado ora cumpre ora se recusa a cumprir decisões do STF. A morte suspeita de um Ministro não acarretou uma investigação séria e o filho dele diz que o pai foi assassinado.

A autoridade dos órgãos governamentais foi corroída. A credibilidade da imprensa que fomentou e apoiou o golpe de estado está em frangalhos. A retomada econômica não veio e a recessão se transformou em recessão, mas o usurpador se recusa a renunciar mesmo depois de ser apontado como chefe da quadrilha mais perigosa no Brasil. O vácuo de poder e legitimidade sem dúvida vai corroer os fundamentos do Estado. E em algum momento a hierarquia militar será questionada e desrespeitada lançando dinamite na fogueira.

Nesse contexto, é impossível explicar racionalmente a realidade brasileira. Por isso, retomando Jean-Claude Carrièrre usarei o cinema como fonte de inspiração para dissertar sobre o futuro do Brasil.

A trajetória de Michel Temer é semelhante a do Senador Palpatine. No primeiro filme da segunda trilogia de Star Wars, Palpatine aparece como um político comprometido com a república. Elevado à condição de Supremo Chanceler, ele aparenta defender o regime republicano no segundo filme da série. No terceiro filme da trilogia ele finalmente revela sua verdadeira natureza. Palpatine um mestre Sith, um inimigo mortal dos defensores da república. Desde o princípio vinha sabotando o regime republicano para elevar-se à condição de Imperador absoluto.

Há apenas alguns anos Michel Temer era apenas um obscuro político paulista que ganhou projeção nacional ao ser presidente da Câmara dos Deputados. Nenhum analista político brasileira ousaria dizer que ele chegaria à presidência da república, mas ele conseguiu esta façanha mediante um ardil. Temer se comprometeu com o programa de Dilma Rousseff e depois deu uma rasteira na presidenta eleita pelos brasileiros não sem antes modificar o programa de seu partido e garantir o apoio da Embaixada dos EUA.

Seguro no cargo, o usurpador achou que teria uma vida fácil. O destino porém resolveu explodir no rosto dele. A imprensa internacional denunciou o golpe de estado e o isolamento diplomático do novo regime destruiu as expectativas de uma retomada econômica imediata. A pressão judiciária sobre os principais aliados de Temer não pode ser reduzida e esta semana ele finalmente foi apontado como o verdadeiro chefe de uma quadrilha de ladrões pela revista Época.

As opções do usurpador agora são bastante limitadas. O Exército não quer ser um instrumento de opressão nas mãos dele. A imprensa internacional continua isolando o Brasil e a imprensa nacional está rachada. O único ponto de apoio do novo regime é uma maioria parlamentar composta pelos membros da quadrilha de deputados e senadores que o usurpador comandava com a ajuda de Eduardo Cunha. Preso, o próprio Eduardo Cunha ameaça falar.   

Ao chegar ao poder Darth Sidious (aquele que se escondia sob a imagem do Senador Palpatine) provoca a destruição das duas principais instituições republicanas: o Senado Galáctico e a Ordem dos cavaleiros Jedi. A resistência aos abusos que ele comete dão início às Star Wars.

Darth Temer seguiu o roteiro do Michel Sidious cinematográfico. O final de ambos será semelhante? Isto meus caros dependerá dos políticos brasileiros. Mas a maioria deles parece estar comprometida com a continuação desta farsa provinciana copiada e colada dos roteiros dos filmes de George Lucas. Tanto isto é verdade que Ciro Gomes tem admitido publicamente que Sidious Temer não será derrubado. Na versão tupiniquim de Star Wars, um eterno candidato à presidente já rejeitou o papel de protagonista do episódio A New Hope. Ciro Gomes não é um aprendiz Jedi e eu duvido muito que exista algo semelhante entre nós.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

5 Comentários

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  1. Palpatine temer já deu a

    Palpatine temer já deu a senha para nos livrarmos dele quando afirmou:” só saio daqui morto”.

    Agora, só falta aparecer o Luke Skywalker.

    Tomara que não demore muito.

     

  2. Microm

    O senador Palpatime ainda não nos foi apresentado. Ele será aquele imaculado, não envolvido com a politica mesmo estando comprometido com o mercado e a rede Globo até as proximas dez gerações.

    Algo tipo o Microm (ehehe) frances.

    1. Discordo, mas admito que a
      Discordo, mas admito que a repetição do mesmo enredo é perfeitamente possivel. Aliás, no atual contexto não devemos esperar racionalide política e respeito à CF/88 que foi rasgada por aqueles que deveriam ser seus guardiões.

  3. star wars…

    Engraçado lembrar do Star Wars. Acho engraçado porque também lembrei. Não do Darth Vader, mas do imperador, diante das revelações do Joesley e a lembrança de Eduardo Cunha. No episódia “A Vingança do Sith”, ao final, depois que matam o Sith mortinho da Silva, o Mestre Yoda faz uma pergunta aos outros mestre, dado a habilidade (ou desenvoltura) do guerreiro Sith na arte jedi: “Todo guerreiro tem um mestre. Quem era o mestre do guerreiro Sith?” Era o imperador, tal como na foto de Temer ai em cima. E ai vem o Joesley que – a confirmar – descreve isto tudo, mostrando o Temer, na sua mediocridade, um estupendo articulador de mamatas, “o mestre” de Eduardo Cunha, como disse.  

    1. Mano, na boa… Eu mencionei
      Mano, na boa… Eu mencionei Darth Sidious (o imperador, Senador Palpatine) e você leu Darth Vader. Consulte seu ocultista, pois é óbvio que seu oculista não resolveu seu problema.

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