Bolsonaro se cala, começam perseguições e denuncismos, por Marcelo Auler

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Jovem de 19 anos agredida em Rio Vermelho, Salvador (BA)

Bolsonaro se cala; começam perseguições e denuncismos

por Marcelo Auler

em seu blog

Nesta eleição o medo dominou grande parte da sociedade. Medo do retrocesso político, com as ameaças que o presidente, enfim eleito, Jair Messias Bolsonaro, fez questão de espalhar, juntamente com seus seguidores, entre os quais, os que lhes são mais próximos: seus filhos. De certa forma, seu discurso de ódio inflamou seus seguidores, muitos dos quais, desde o primeiro turno da campanha, saíram perseguindo gays, negros, ou meros eleitores dos adversários, notadamente os que votaram no PT, como ocorreu com o Mestre de capoeira, o baiano Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, na noite do domingo (07/10), em que se realizou o primeiro turno.

Na noite do domingo (28/10) em que as urnas confirmaram sua eleição, o já presidente eleito até prometeu garantir as liberdades, em discurso, pronto para ser lido à frente das câmaras. Falou que “liberdade é um princípio fundamental. Liberdade de andar nas ruas. Liberdade de ir e vir em todos os lugares. Liberdade de empreender. Liberdade política e religiosa. Liberdade de informar e ter opinião. Liberdade de fazer escolhas e ser respeitado por elas. Este é um país de todos nós, brasileiros natos e de coração. Brasil de diversas opiniões, cores e orientações”.

O discurso, por mais boa vontade que se possa ter, soou falso. Simplesmente por ter sido precedido de uma mensagem enviada diretamente aos seus seguidores, pelas redes sociais, na qual ele insistiu na bandeira de perseguição ideológica reafirmando que “não poderíamos mais continuar flertando com socialismo, comunismo, populismo e extremismo da esquerda.” Não foi uma fala dirigida à Nação, mas um discurso ao seu grupo.

Esqueceu, por exemplo, de mandar um recado aos aliados para que evitassem provocar conflitos, gerar discussões inúteis, desfraldando uma bandeira de união. Provavelmente, dado seu espírito bélico, isso não lhe interessa. Assim quase que simultaneamente, começaram a ocorrer cenas de violência em algumas cidades. Em Salvador, no bairro do Rio Vermelho, uma discussão entre eleitores dos dois lados terminou com os ferimentos provocados por policiais militares na jovem, de 19 anos, J.B (cuja identidade preservamos).

mensagens-das-boites.jpgGays, as primeiras vítimas – Em Curitiba, no Largo da Ordem, gays eram esperados na porta das boates Verdant e Slay. Consta que um deles foi agredido, informação que o Blog não conseguiu confirmar. Mas a violência aconteceu, tanto que as duas casas noturnas recomendaram cuidado aos seus frequentadores.

A Sly até tentou socorrer alguns abrigando-os, mas sentiu-se insegura, fechou suas portas e recomendou pelas redes sociais “quem estiver na rua, evite ao máximo permanecer, o cenário está caótico”

A Verdant colocou seus seguranças à disposição dos clientes tanto na espera de táxis/Uber, como para acompanhá-los aos seus carros. Medidas que considerou necessárias “devido a manifestação pro Bolsonaro que ocorre na região”, explicou pelo Twitter.

Já no Bar Gilda, na Rua Cândido Lopes, 323, no centro da capital paranaense, militantes do PCdoB e do PT ficaram trancados enquanto do lado de fora eleitores de Bolsonaro jogavam bombas. Não eram rojões, mas bombas mesmo, explicou um dos que ficou trancado. Também houve manifestação/provocação junto à vigília Lula Livre, na porta da Polícia Federal.

Em Fortaleza, repórteres foram agredidos pelos seguidores do novo presidente. Tais conflitos ocorreram quase simultaneamente à fala do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli conclamando pela união e respeito às opiniões divergentes em discurso feito na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tão logo definido o vencedor:

“É preciso respeitar aqueles que não lograram êxito em se eleger e também a oposição política que se formará. É momento de união, de serenidade e de combate ao radicalismo e à intolerância (…) Deve-se assegurar a pluralidade política do país, um dos mais caros fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito, que tutela a liberdade em suas diversas formas, dentre elas, a liberdade de expressão, de opinião e de consciência política, de crença e de culto, de identidades e de convivência harmoniosa entre diferentes formas de viver e conviver uns com os outros. É na pluralidade e na diversidade que se constrói uma grande nação”, expôs.

Àquela altura, sem que o presidente recém-eleito se manifestasse na defesa do respeito aos adversários e à convivência pacífica, os conflitos aconteciam em algumas cidades envolvendo seus apoiadores/eleitores.

rui-costa-condena2.jpgNo Largo de Santana, bairro do Rio Vermelho, em Salvador, ocorreu o atrito mais sério que se teve notícia. Foi contra petistas e eleitores de Haddad. Segundo relataram testemunhas ao jornal Correio, a jovem J.B foi agredida por volta das 19h30 por um policial quando a irmã dela, T. B., de 20 anos, tentava evitar uma discussão entre eleitores de Fernando Haddad (PT) e apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A agressão foi filmada (acesse o vídeo abaixo).

Perseguição aos nordestinos – A violência que a atingiu foi prontamente criticada pelo governador petista reeleito da Bahia, Rui Costa. Pelo do Twitter, ele repudiou o fato e anunciou ter determinado que a Corregedoria da Polícia Militar investigasse a ação dos soldados.

Ainda em Salvador, outro policial militar foi preso pela própria corporação ao disparar sua arma contra quatro pessoas no bairro da Barra.  Trata-se do soldado Manoel Landulfo Sampaio que discutiu com um ambulante e sacou uma arma, atirando contra quem estava na Rua do Gavazza, onde seguidores de Bolsonaro comemoravam a vitória. Após os disparos, Sampaio foi preso por uma equipe da Patamo e levado para a Central de Flagrantes.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

2 Comentários

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  1. Um exemplo inquietante

    Sempre que preciso vou a uma lojinha de acessórios para carro na cidade do interior onde moro. Os donos, dois rapzes evangélicos de bom trato, humildes e bons profissionais. Há uns treis anos que sou cliente deles. Hoje de manhã tive de voltar à loja. Para minha surpresa os até então discretos e humildes rapazes exibiam um sorriso maroto de dasafio na face, me ironizando e dizendo cuidado o senhor é do PT o capitão vem ai. E não pararam por ai, desandaram a falar mal do PT dizendo que seus eleitores a grande maioria eram traficantes de droga e que a aprtir de agora iriam vender armas no seu comércio. Fiquei estarrecido pois o modo como falavam era como se escondesse esse ódio e  agora precisassem colocá-lo para fora. Sai triste com  medo e perplexo como as pessoas podem ser manipuladas e induzidas ao erro, mesmo dizendo-se cristãs.

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