O que impede alguém de cruzar a rua e nos atacar, por Sergio Medeiros

​O que impede alguém de cruzar a rua e nos atacar, por Sergio Medeiros

A linha que separa o comportamento civilizado da barbárie é tênue – e o que impede os marginais, bárbaros on-line, fascistas, ou pessoas desesperadas por não terem comida suficiente ou um abrigo decente para si ou suas famílias, de nos atacarem no meio da rua ou em qualquer outro lugar – e por serem mais fortes, ou terem uma arma, tirarem o que quiserem, nossos pertences, nossa vida – , é uma mera convenção chamada civilidade.

Não deveríamos nunca termos ultrapassado esta linha, porque depois de avançado por demasia neste terreno, talvez não haja mais como contermos a reação em cadeia. 

O desemprego e a miséria, decorrentes da ideologia política do grupo que se apossou do poder, está sendo combatido com ódio e força.

O povo humilde, sem emprego, sem moradia e sem pão, e seus defensores (maior parte na classe média dita ilustrada), estão sendo reprimidos barbaramente por um coletivo de índole e comportamento fascista.

Então, que não se esperem flores, uma vez que não semeadas. 

Um alerta antigo, infelizmente, talvez seja tarde demais.

Lembrem-se, o discurso do ódio só gera ódio e não respeita nada nem ninguém.

Quando é feito contra partidos e ideias de esquerda era e, ainda é, muitas vezes tolerado, o que, sem hesitação reputo como indigno, pois significa concordância tácita com a barbárie – e pior, com a barbárie contra quem divirjo.

Senão pelas razões de consciência, ao menos pelo fato que, na origem de todos os fascismos sempre esteve a omissão das pessoas em defender minorias ou ideias – pelo simples fato de não concordarmos com elas ou com a opção social sexual ou ideológica envolvidas -, reajam contra o ódio e jamais aceitem que um ser humano possa ser merecedor de ataques que negam a própria condição humana.

Lembrem-se, se não de sua formação religiosa, ao menos de suas convicções humanísticas, e percebam que não vai longe o tempo em que as mulheres, por sua opção de vestimenta eram culpadas por induzir ao estupro, em que os trabalhadores eram reprimidos, queimados, ou excluídos do mercado de trabalho, apenas por se recusarem a trabalhar por jornadas de 12, 14, ou mais horas, que as pessoas com alguma deficiência eram estigmatizadas e excluídas do convívio social e do acesso a vagas de emprego… lembrem-se…

Ódio só gera ódio…

Este discurso que transformou a luta pelo respeito aos direitos humanos – e ai esta inserta a luta contra o racismo, contra a homofobia, contra a diversidade, que ampara a pessoa com deficiência, que emancipa os portadores de necessidades especiais…etc – em uma bandeira a ser proscrita, subverte a luta de pessoas como Ghandi, como Martim Luther King, Maria Teresa de Calcutá, Irma Dulce, da pregação de Jesus Cristo, impregnada de um intenso respeito ao homem…sejam ladrões…sejam leprosos…sejam prostitutas.. sejam infiéis…e isso simplesmente, porque todos nós humanos, merecemos respeito, merecemos tratamento digno…coube isso a Jesus, pergunto a tantos religiosos, porque não cabe a nós???e aos demais, apelo à razão liberal que construiu o processo civilizatório…

Não deixemos que transformem tudo num discurso raso e primitivo, que chega ao ponto de dizer que direitos humanos são coisas dos que se ocupam em defender os marginais e que esta bandeira só pode ser levantada para defender determinados humanos (os que eu considero direitos), meus pares de chá e ideologia – Tentam nos fazer esquecer que, sob tal concepção – os negros escravos não tinham alma, eram algo, coisa – as mulheres em muitos lugares, ainda são, algo, coisa – os com opção sexual diferente, são algo, são coisa – os que divergem da ideologia dominante, são algo, são coisa – , e, com tais distorções colocam na vala comum toda uma luta secular de humanização dos seres humanos… de todos…seja qual for a forma de encarceramento.

Redação

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